A Canção Permanece A Mesma escrita por Bella P


Capítulo 12
Capítulo 11




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MATLOCK, INGLATERRA - Agora

- Ron! - Harry gritou, dando um pulo no lugar quando a algema novamente queimou os seus pulsos. Weasley se afastou, os olhos piscando intensamente e com as pupilas dilatadas. Malfoy estava certo: a pancada que o ex-Comensal deu no ruivo deixou sequelas. Leia-se: uma bruta dor de cabeça.

Ron abaixou a varinha, a apontando para o chão, enquanto Harry soltava um bufo frustrado e sentava-se na calçada em frente aos quartos do motel.

- Talvez seja melhor eu chamar o apoio e resgate. Com a dor de cabeça que estou não garanto nos aparatar de volta a Londres sem deixar pedaços para trás. - Ron sugeriu e Harry soltou outro bufo irritado.

A equipe de apoio e resgate era uma equipe formada por aurores com treinamento médico e que se achavam sempre a última bolacha do pacote. Eles sempre eram requisitados para resgatar aurores em campo que estavam feridos ou, por alguma razão, impossibilitados de usarem a sua magia.

E obviamente quer vir resgatar Harry Potter sempre ocasionava duas reações distintas: ou eles agiam como um bando de fangirls histéricas ou espalhavam para o Ministério inteiro que Potter não era lá grandes coisas. Não se não conseguia se livrar de um simples par de algemas.

- Tarde demais amigo. - Ron afastou-se, ignorando o olhar contrariado de Harry, e recolheu o seu celular, começando a discar o numero da equipe. Eles eram os outros poucos aurores que usavam o aparelho trouxa, como previamente mencionado.

Potter suspirou derrotado e enquanto via o amigo conversar com alguém do outro lado da linha começou a reavaliar o que tinha acontecido.

Além de estar completamente diferente do rapaz que conheceu em Hogwarts, Malfoy tinha enganado o Ministério em relação a morte de Nico e Scorpius. Porque aqueles dois meninos eram Nico e Scorpius, independentemente dos nome pelos quais respondiam agora. E se Malfoy havia conseguido forjar isso, o que mais ele conseguiu? Será que Astoria estava realmente morta?

- O resgate está a caminho. - Ron havia voltado para perto de Harry e sentado-se ao seu lado, esfregando a têmpora com as pontas dos dedos para ver se isso dispersava a sua dor de cabeça. Malfoy sabia como render alguém inconsciente, e de maneira bem dolorosa.

Dez minutos depois da ligação de Weasley, o som baixo de ar sendo sugado como um aspirador, o som causado pelas chaves de portais ao abrirem mais uma porta no espaço, chegou aos ouvidos dos dois aurores previamente em silêncio e Harry ergueu a cabeça já esperando pelo pior... Que não veio, pois quem tinha acabado de surgir no estacionamento do motel havia sido Hermione.

- Você realmente achou que eu iria chamar alguém da equipe do mala do Zacharias Smith? - Ron comentou e por um lado Harry estava agradecido pela esperteza do amigo. Por outro, as suas orelhas já doíam pelo sermão que estavam prestes a receber de Hermione.

- O que foi que vocês aprontaram agora? - ela disse em um tom exasperado, marchando na direção deles e com os seus saltos clicando no chão de concreto do estacionamento. Pela maneira com que estava vestida: saia social e blazer sobre uma camisa de botões, Ron com certeza a tirou do escritório, no meio do expediente, com o seu pedido de ajuda.

- Deixamos um suspeito fugir. - Potter resmungou e ao seu lado Ronald soltou um ruído de escárnio.

- Nós é muita gente amigo. Você deixou Malfoy algemá-lo com algo que repele magia e depois fugir. - Potter fuzilou o ruivo com o olhar. Ele não precisava ficar esfregando o sal ferida.

- Vocês dois são impossíveis. - Hermione interrompeu qualquer propensa discussão entre os dois homens e dirigiu-se à Harry, ajoelhando-se atrás dele e avaliando as algemas e as marcas de queimado que elas deixaram nos pulsos do amigo. - Muito interessante. - murmurou.

As algemas possuíam vários símbolos entalhados no metal que não aparentava ser simplesmente ferro, não pela maneira com que estava polido e brilhava contra a luz do sol da tarde.

- Ele repele magia? - perguntou e viu a cabeça de Harry assentir em concordância. - Vocês tentaram abrir da maneira convencional? - Hermione não precisava ver o rosto do amigo para saber que ele rolava os olhos para ela. Os ombros tensos eram uma boa indicação.

- E uma boa ideia... se tivéssemos a chave. - Potter zombou.

- Às vezes eu não acredito que vocês dois são aurores treinados. - Hermione rebateu irritada e retirou de entre as mechas do cabelo alguns grampos que o prendia, começando a cutucar o cadeado das algemas.

Dois minutos depois as algemas se abriram com um clique e Hermione as balançou nas pontas dos dedos na frente do rosto de Harry que torceu o nariz em uma careta enquanto ignorava Ron rindo ao seu lado em zombaria.

Potter esfregou os pulsos feridos, na vã esperança de assim aliviar a dor, mas os próprios estavam praticamente em carne viva e precisariam de muito unguento mágico para cicatrizarem.

- Hermione? - chamou e a mulher parou por um minuto de examinar Ron, verificar se ele tinha alguma concussão, para olhar para Harry. - Há a possibilidade de um bruxo forjar a própria morte? - com trouxas essa possibilidade existia. Mas, no mundo mágico, certas coisas eram mais complicadas de se falsificar. O próprio óbito era uma delas.

- Não que eu saiba. Por quê? - perguntou e Harry começou a contar para ela o que tinha ocorrido desde o momento em que chegaram em Matlock até a hora em que entrou no quarto do hotel para encontrar duas crianças, com uma delas apontando uma arma para ele, terminando com a aparição de Draco Malfoy e a sua fuga.

- Eu tenho certeza que aqueles meninos eram Scorpius e Nico Malfoy. A idade bate e agora relembrando o acontecido, eles possuíam uma certa semelhança com Draco e Astoria.

- Não faz sentido Harry. Eles morreram na mesma hora que Astoria, talvez com alguns segundos de diferença, o arquivo nem sempre é preciso no horário, mas é exato quanto a aparição e cessão de assinaturas mágicas. E eu mesma cuidei da papelada já que Astoria era funcionária do meu Departamento.

- Na verdade há uma maneira, mas ela não é usada há séculos exatamente por isso. - Ron comentou com um olhar distante, fixo na estrada além do estacionamento.

- Se importa de elaborar? - Harry perguntou irritado quando depois de segundos o amigo não disse mais nada.

- Antes de o Beijo do Dementador ser implantado como forma de punição máxima do Ministério a bruxos criminosos, uma outra maneira era bloquear a magia deles de modo que eles não fossem mais uma ameaça a sociedade e despachá-los para prisões trouxas. O problema veio quando o sistema de detecção automática de assinaturas mágicas foi criado. O número de nascidos trouxas estava aumentando e o Ministério precisava de uma maneira mais eficaz de monitorá-los.

Ron ficou em silêncio por mais alguns segundos e Harry estava começando a considerar que a pancada tinha sido mais forte do que ele imaginou.

- Só que no momento em que a magia do bruxo é bloqueada, a assinatura dele deixa de existir. - o ruivo completou.

- E o sistema interpreta isto como morte. - Hermione concluiu. - É brilhante! - exclamou assombrada e Potter a olhou feio. - O quê? Você tem que admitir que foi bem inteligente da parte do Malfoy.

- Pode ser. Mas aí fica a pergunta: por quê? Por que Malfoy bloqueou os poderes dos filhos e desapareceu depois da morte da esposa? Isso se Astoria estiver morta mesmo.

- Crianças não têm controle da própria magia. O Ministério com certeza seria capaz de localizar Malfoy através dos filhos. - explicou Hermione. - E se ele é o principal suspeito...

- Não tenho mais tanta certeza assim de que ele é suspeito. - Potter murmurou.

- Olha Harry! Uma Armadilha do Diabo. - os olhos de Hermione e Harry foram para Ron que erguia as algemas cheias de símbolos na altura dos olhos.

Potter grunhiu. Novamente a tal Armadilha do Diabo, que eles sabiam para o que servia, mas não entendiam o porquê de Astoria e Malfoy estarem a usando.

- Espera um segundo! - Hermione praticamente arrancou as algemas das mãos do marido. - Eu conheço este símbolo! - Harry inclinou-se na direção da amiga para ver qual símbolo ela se referia. Tratava-se de um sol com um pentagrama no centro deste. - Astoria tinha uma tatuagem como essa no pulso. Dizia que era para proteção. - e daí? Pensou Potter. - Mas aí eu fiquei curiosa e procurei mais sobre o assunto. Na verdade é uma tatuagem anti-possessão.

- E? - Harry indagou.

- Eram símbolos usados por druidas para evitar que espíritos e demônios se apoderassem do corpo de mortais e causassem terror em terra. - continuou a mulher e Potter rolou os olhos.

- E Astoria poderia ter achado o desenho interessante e resolveu gravar no corpo. Isso não quer dizer nada. - completou em tom azedo.

Estava mal humorado, quem poderia culpá-lo? Ron ainda estava voltando ao mundo terreno depois da pancada que levou, Malfoy tinha escapado, ele descobriu que os filhos do casal não estavam tão mortos assim, adicionando mais lenha naquela fogueira. Agora uma grande interrogação surgia na história: se Scorpius e Nico estavam vivos, havia chances de Astoria também estar. E para onde virava dava de cara com aquela maldita Armadilha do Diabo que não lhe esclarecia nada.

- Hum... - Weasley murmurou, chamando novamente a atenção de Harry e Hermione para ele. - O relatório do Ministério informou que Draco não deixou a mansão uma vez sequer no dia em que Astoria morreu. Então, como ele realizou o ritual necessário para o bloqueio dos poderes dos filhos se ele só foi embora de casa depois dessa explodir?

Ron tinha razão. Os alarmes de monitoramento do Ministério não soaram informando sobre a violação de Draco de sua pena em nenhuma vez no dia da morte de Astoria, só o fizeram quando a mansão foi pelos ares. E eram alarmes complexos, que restringiam Malfoy a propriedade e bloqueavam qualquer tentativa dele de sair desta. Feitiços que se desfizeram no momento em que a casa dos Malfoy, aquilo que ancorava o feitiço, deixou de existir.

- A mansão não explodiu para acobertar o assassinato, ela explodiu para desfazer os feitiços de monitoramento sobre Malfoy. - Harry concluiu.

- Oh meu... - Hermione ofegou e ambos os aurores viraram-se na direção dela. A mulher estava com os olhos largos e cobria a boca com ambas as mãos. - Malfoy estava sendo monitorado. Logo, se ele colocasse feitiços explosivos na mansão isso alertaria o Ministério em segundos. A magia dele estava sendo monitorada. Isso só pode significar... - Ron pareceu ficar curado de sua dor de cabeça em um segundo ao acompanhar o raciocínio da esposa.

- Astoria colocou o feitiço e o ativou. - concluiu por ela.

- Astoria Malfoy se matou? - Harry soltou incrédulo. - Por quê? - o avaliador responsável pelo caso de Malfoy sempre dizia em seus relatórios que o casal Malfoy era um casal apaixonado e bastante unido. Então, o que levaria Astoria a cometer suicídio?

- Onde vocês disseram que conseguiram a pista do paradeiro de Malfoy? - Hermione perguntou.

- Meanwood. Aparentemente ele foi visitar uma médium que vive lá. - Ron respondeu. Tecnicamente não deveriam estar divulgando detalhes sobre o caso a uma civil, ainda mais a promotora do Ministério que tinha como responsabilidade levar suspeitos a julgamento e ser totalmente imparcial em seus casos. Mas o que os seus superiores não sabiam, não os afetava. E não era a primeira vez que a jovem Sra. Weasley auxiliava a dupla em um caso. Como nos velhos tempos.

- Símbolos anti-possessão – Hermione começou a listar e os dois homens já podiam ouvir as engrenagens funcionando dentro da mente brilhante dela. - Armadilha do Diabo, médium... O cristãos acreditam que suicidas ao morrerem vão direto para o Inferno. - Harry riu em deboche enquanto Ron piscou os olhos repetidamente.

- Você acha que Astoria se matou para ir para o Inferno? - zombou.

- Não, não. - Hermione o interrompeu. - Quando os aurores recuperaram os corpos dos Comensais da Morte depois da Batalha de Hogwarts, Greyback estava entre eles. O laudo dizia que ele foi morto com balas de prata banhadas em acônito e havia entalhado nas balas essa Armadilha do Diabo. - como ela sabia disso, Ron e Harry nem queriam saber.

Haviam estudado esse caso na Academia. Os legistas ficaram surpresos ao encontrarem as balas dentro do corpo do lobisomem, mas não conseguiram compreender como em meio a uma batalha mágica, alguém conseguiu entrar em Hogwarts portando uma arma trouxa. E no meio da confusão não haveria como saber quem foi, afinal, que deu cabo de Greyback.

Outro caso que eles estudaram foi o de Amos Donald. Harry tinha que confessar que o lobisomem mereceu o que teve depois de ter matado Michael Collins. Mas a morte dele em si foi bastante esquisita. Cabeça decepada e corpo queimado. E, curiosamente, amostras de prata foram encontradas no corpo. Quem cortou a cabeça de Donald havia usado um facão de prata.

O instrutor havia passado os dois casos a classe e pedido para eles conjecturarem que tipo de pessoa poderia ter cometido tal crime. Várias hipóteses foram levantadas, mas nenhuma acertada até que o próprio professor ofereceu a sua teoria.

- Como eu sou estúpido! - Harry deu um tapa estalado na própria testa. - Estudamos o caso Greyback na Academia. Ele e Amos Donald, e o nosso instrutor teorizou algo sobre o assunto. Você se lembra Ron? - Ronald franziu as sobrancelhas e em seguida assentiu com a cabeça. Ele se lembrava.

- Caçadores. - disse. - Eles são praticamente uma lenda urbana na comunidade mágica. - continuou o ruivo. - A maioria dos bruxos nem mais lembram da existência deles e os que lembram são aqueles que vêm de gerações e gerações de sangue puros.

- Caçadores? - Hermione perguntou curiosa. Às vezes o marido dela a surpreendia com o conhecimento de coisas que somente são ensinadas a sangue puros. Passado de geração para geração de bruxos e que nem ao menos escrito em livros estava. Era impressionante saber que estava há vinte anos vivendo na comunidade mágica e ainda tinha muito o que aprender.

- Trouxas que caçam os monstro da noite. - Harry respondeu. - Lobisomens, fantasmas, vampiros, bruxos... Um outro tipo de bruxos pelo que o nosso instrutor falou. Todos esses monstros que você vê em filmes de terror? Eles caçam. E, entre os monstros, aparentemente, demônios. - e por isso da maldita Armadilha do Diabo.

- Sinceramente Harry... - Hermione rolou os olhos. - Você vê Malfoy como um caçador? Orgulhoso sangue puro que fugiu gritando feito uma garotinha da floresta proibida em uma noite de detenção?

- Tínhamos onze anos. - Harry riu da lembrança. - E antes eu não via Malfoy como um caçador... A não ser que ele tenha se casado com uma caçadora.

- Os Greengrass? - Hermione continuava incrédula.

- Sophia Greengrass era trouxa e eu suspeito que a família Campbell não era do tipo que se reunia aos domingos para caçar cervos.

- Se as irmãs Greengrass foram treinadas para serem caçadoras – Ron meteu-se na conversa, mais alerta do que antes. - e se o ritual para o bloqueio da magia foi feito por alguém que não foi o Malfoy...

- Acho que Daphne Greengrass não foi assim tão sincera com você. - Potter completou.

- Talvez esteja na hora de prestarmos uma nova visita à ela. - Ron ergueu-se da calçada em um pulo, cambaleou um pouco diante da tontura, mas logo se estabilizou. Hermione e Harry o imitaram, com Hermione lançando um olhar preocupado para o marido que apenas lhe sorriu confiante.

- Eu vou voltar ao Ministério, pesquisar mais sobre isso...

- Hermione. - Ron a chamou antes que ela desaparatasse. - Tecnicamente civis não deveriam se meter nas investigações.

- Tecnicamente. Mas não é a primeira vez que eu ofereço uma consulta, não é mesmo? Além do mais, estou extremamente curiosa: se Astoria era uma caçadora, por que ela se matou sabendo que iria diretamente para o Inferno? Está faltando uma peça neste quebra cabeça.

- Está faltando várias peças neste quebra cabeça. - Harry respondeu.

- Vocês vão ver Daphne, eu vou ver se descubro alguma coisa. - e com isso ela desapareceu em um estalo.

- É como nos velhos tempos. Ela fica com a pesquisa e nos manda fazer todo o trabalho braçal.

- Foi você que a chamou aqui.

- E você está reclamando? As teorias tela nos acelerou em dois dias de investigação.

- Estou começando a desconfiar de que você a chamou aqui não para evitar a equipe do Smith nos zoando, mas sim para ela nos ajudar, mesmo que involuntariamente.

Ron não respondeu à Harry, apenas deu um sorriso misterioso ao amigo, pousou uma mão no ombro dele e os desaparatou rumo a Spinner's End, torcendo para que não deixasse nenhum pedaço extremamente necessário para trás.


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