Acharam que eu ia focar na minha história? Tomem! Eu não vou falar sobre meu lindo gato azulado! Irei falar sobre as minha últimas vítimas: Rima e Nagihiko. Bem, como começar? Pelo começo, eu acho...

– Você demorou! – a loira reclamou enquanto os dois iam em direção ao quarto dela.
– Foram só dois minutos depois que a Rikka entregou o bilhete. – Nagihiko comentou sem entender a tal “demora” que a garota não parava de dizer.
– Eu preciso de alguém para desabafar e você é única pessoa disponível para fazer isso. – Rima disse enquanto pegava uma escova e um prendedor de cabelo.
– Os outros estão em relacionamentos, o que esperava? – ele pergunta.
– Esperava compreensão de pelo menos um deles e que me ajudassem. – ela disse e o ordenou a sentar na frente de sua penteadeira e ele o fez.
– O que pretende fazer? – ele perguntou sem entender enquanto a mulher de baixa altura começava a mexer nos longos e lisos cabelos do homem.
– Eu queria uma amiga para desabafar. Então no caso, seja uma amiga. – ela disse e amarrou o cabelo dele em um rabo de cavalo – Agora faça uma voz feminina. – ela ordenou.
– É sério isso? – ele perguntou não querendo fa zer isso por lembrar do passado.
– Sim, é sério. – ela disse e suspirou – Está bem, não o faça. – ela diz se lembrando da razão dele não querer fazer isso – Apenas poderia fingir que é uma boa pessoa e me escutar?
– Assim você me ofende, Rima. Eu sou uma boa pessoa. – ele diz e desfaz o penteado que ela tinha feito em seu cabelo e eles se sentam na cama dela.
– Eu discordo. – ela diz não dando o braço a torcer.
– Mas me diga, o que te preocupa tanto para chegar ao ponto de ser obrigada a chamar a pessoa com quem você ama discutir a toa?
– Você sabe sobre aquele meu problema com minha família, certo? – ela pergunta um pouco receosa.
– Sei. Aliás, me deixa ver seu pulso. – ele pede e ela estica o braço mostrando a pele branca.
– Não se preocupe, eu não tenho mais me cortado. – ela diz feliz com a preocupação – Acho que eu era muito burra na época que eu fazia isso. – ela admite olhando as próprias pernas que balançavam.
– E por que acha uma coisa dessas? – ele pergunta estranhando.
– Não tem muita lógica uma coisa dessas.
– Eu não tive problemas familiares como esses, então não posso dizer nada sobre você se cortar porque seus pais estão sempre a discutir.
– Mas o seu problema familiar é muito estranho. – ela comenta e ele ri.
– É uma tradição de família. É algo complicado, mas eu não podia contestar, era isso ou isso.
– Eu teria fugido de casa. – ela admite.
– Iria me refugiar onde? – ele pergunta e ela não responde – Por isso que eu aceitei me tornar uma garota.
– Mas sua família ainda podia ter usado a Nadeshiko.
– Eu nasci primeiro, não adiantava argumentar.
– Mas foi questão de algumas horas! – ela exclamou indignada.
– Eu sei, mas isso foi o suficiente para convencer eles a me fazer seguir a tradição. Nós já discutimos sobre isso quando estavamos todos juntos falando sobre nossos passados, Rima. E que eu saiba eu não vim aqui falar sobre isso. Vamos, fale.
– Ah, sim. Meus pais estavam pretendendo assinar o termo para se divorciarem, eu estava desesperada, quase cai na tentação de voltar a pegar a gilete, mas eu lembrei do que você me disse quando me pegou no flagra.
– Sempre há um jeito, mesmo que ela não dure para sempre, ou temos de aceitar as coisas como são. – Nagihiko diz contente por isso.
– Sim, eu lembrei que para meus pais estarem juntos ainda era por causa do Tsukasa, então eu lembrei da Amu e fui pedir isso a ela. Ela recusou. – ela disse.
– Mas você não parece estar triste por isso.
– E não estou. Amu me disse que eu não deveria fazer ela interferir no caso deles, pois ele precisam se separar, eles já acharam novos amores, mesmo que ainda não tenham notado isso. “Eu sei que isso é difícil, Rima, mas você vai ter que aceitar cedo ou tarde. E acredite você irá gostar do resultado, eles estarão muito felizes. E a felicidade deles é o que importa, certo?” Foi o que ela disse. – a loira disse modificando um pouco a voz ao me imitar – E de fato, mesmo que ainda não tenham encontrado outro par, eles estão muito mais felizes, estão até se dando bem.
– Mas então essa é uma excelente notícia.
– Sim. – ela concorda e o abraça – Obrigada por me escutar, eu queria contar para alguém, compartilhar minha felicidade.
– Sua felicidade sempre será a minha felicidade, queen. – ele murmurou baixo o suficiente para ela não ouvir.
– Disse algo, Crossdresser? – Rima pergunta saindo do abraço.
– Não disse nada, está ficando com problemas mentais? – ele pergunta sentindo que ficou vermelho.
– Você está bem? Ficou vermelho do nada. – ela pergunta confirmando o que ele pensara.
– Eu estou bem, não se preocupe. – um silêncio de alguns segundos se instala no local.
– Eu te escutei claramente, sabia? – a loira diz quebrando o silêncio com um mínimo sorriso.
– O-Ouviu...? – ele não conseguiu evitar de guaguejar.
– Ouvi e eu posso dizer o mesmo. – ela admite sentindo o rubor preencherem suas bochechas.
– E se eu te beijasse, isso te deixaria feliz? – ele pergunta de forma normal.
– B-B-B-Beijar?! – agora não eram mais somente suas bochechas que estavam vermelhas, era seu rosto inteiro.
– Não vai me dizer que você nunca... – ela o calou com um beijo.

Para uma pessoa que nunca beijou ela teve que reunir muita coragem, Rima nunca havia parado para pensar se já havia gostado de alguém, ela nunca se importou com isso, mas se ela tivesse parado para pensar, provavelmente teria namorado uns três garotos, mas parece que aquele murmuro de Nagihiko fez Rima refletir o suficiente para fazer ela chegar em uma conclusão concreta, ela o amava.

– Isso responde a sua pergunta? – ela pergunta com um pequeno sorriso em seus lábios.
– Responde, sim. – ele a abraça – Aceita ficar comigo pelo século ou até quando nos permitirmos?
– Aceito, com certeza aceito. – ela diz e corresponde ao abraço e dá um beijo em sua bochecha. – Só não me culpe se nunca transarmos, ok? – ela pergunta corada.
– Tudo tem seu tempo e eu sei me contentar com seus beijos, são ótimos. – o rubor não fica cansado de tem que invadir o rosto dela?
– Obrigada. – ela se limitou a apenas agradecer por ele a compreender.

E ambos se entenderem tão bem já era o suficiente, certo? E agora, você me pergunta: Amu, onde que você se meteu nessa história? Quem você acha que fez a situação do divórcio ocorrer? Quem você acha que fez as deusas dizerem que não iam poder mesmo com a Rima implorando para elas irem a casa dela? Eu! Então não digam que essa foi a única história que eu não me intrometi que eu me intrometi sim.
O problema é que eu estou preocupada com a Nadeshiko, o que será que ela anda aprontando...?