A Hospedeira: Meu Final Feliz escrita por Absolutas


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!



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Todos – ou todos que amávamos Peg, estávamos reunidos no pequeno hospital, para ver como ela reagiria ao acordar em outro corpo. É claro que a maioria esperava sua fúria, mas eu, particularmente, sabia que ela seria incapaz de nos odiar, mesmo que por um breve segundo. Ela era boa demais.

De repente, fui distraído pela lembrança de tê-la segurado no momento da inserção. Ela era tão pequena, tão frágil... Tão linda! Aquela fascinante criaturinha prateada, que fez meu coração se aquecer quando a toquei de verdade. Toquei-a. Não apenas o corpo em que ela se hospedava, mas ela. Esse sentimento apenas confirmou o que eu já sabia. Eu a amava mesmo sem um corpo. É claro que sentia falta de conversar com ela, de ouvi-la, de admirar seus olhos com os reflexos prateados que eu tanto amava, de senti-la, de beijá-la... Mas mesmo sem tudo isso, nessas semanas em que Melanie juntamente com Jared e Jamie, foi atrás de um corpo para ela; eu fui feliz! Apenas pelo fato de tê-la ao meu lado.

- Ian – chamou Doc, me tirando de meus devaneios. – Acho que ela precisa de um estímulo. – assenti e virei-me para ela, pegando sua mão.

- Peg? – chamei – Você consegue me ouvir, Peg? – olhei ansioso para o belo rosto, que agora a pertencia, esperando uma reação. Mas para a minha decepção, não houve nenhuma... e isso me preocupou.

- Peg. Volte. Nós não vamos deixar você ir. – disse Melanie depois de alguns segundos. Ela ainda não se moveu.

- Use o acordar! – sugeriu alguém. Mesmo sendo uma boa idéia, não me virei para ver quem a havia tido. No momento, apenas Peg importava.

Doc pegou o spray, e o espirrou no nariz de Peg. Ela não abriu os olhos mais houve um movimento mínimo na mão que eu segurava. Abaixei meu rosto para falar em seu ouvido.

- Peregrina? Estamos todos esperando por você, querida. Abra os olhos. – sua respiração se acelerou ao som de minha voz, e meu coração apaixonado se encheu de esperança com essa pequena reação dela. Mas, eu ainda não estava tranqüilo, pois seus olhos ainda estavam fechados. Esperei mais alguns segundos, mas seus olhos continuavam fechados.

E então, impulsionado pela ansiedade, tomei uma decisão ousada. Não sabia qual seria sua reação a mim nesse novo corpo e isso me deixava cauteloso, porém, o que estava prestes a fazer, seria de certa forma, uma confirmação dos meus sentimentos por ela. Não queria que ela tivesse dúvidas quanto ao meu amor. Por isso, ignorei a parte de mim que dizia que talvez eu pudesse ser mal recebido, e estendi a mão para acariciar ternamente seu rosto. Depois, dominado pelos meus sentimentos por ela, aproximei meu rosto do seu e beijei seus lábios e pálpebras levemente.

Assim que afastei meu rosto, pude vê-la piscar e meus lábios se abriram em um sorriso involuntário.

- Ela está acordando! – gritou Jamie, animado com o retorno de Peg.

Vi, esperançoso, seus olhos abrirem e entrarem em foco. Ela semicerrou os olhos para a luz azul que Doc apontava para eles. Minha mão, por vontade própria, tocou seu rosto.

- Peregrina? – chamei.

Ela virou a cabeça e, finalmente, seus olhos encontraram os meus. E isso acalmou meu coração.

- Ian? – disse ela , fazendo meu coração pular de alegria por reconhecer-me antes dos outros. – Ian, onde estou? – ela pareceu assustada com o timbre da sua nova voz – Quem eu sou?

- Você é você – informei-lhe – e esta exatamente onde devia estar.

Ela puxou as mãos das minhas para tocar o próprio rosto, mas as parou no meio do caminho e ficou analisando a pequena mão com unhas compridas e bem cuidadas que estava diante dos seus olhos. Depois ela ficou imersa em pensamentos; remexendo nas memórias de Pet, penso eu.

- Cadê ela? – perguntou – Cadê a Pet?

- Ela está bem aqui. – assegurou-lhe Doc – No tanque e pronta para ir. Nós achamos que você podia nos dizer para onde mandá-la.

Peregrina se virou para Doc, seu rosto formando uma expressão de decepção.

- Doc! – exclamou – Doc, você prometeu! Você me deu sua palavra, Eustace! Por quê? Por que não cumpriu com sua palavra?

Essas palavras fizeram com que eu me lembrasse do seu plano de nos deixar. De me deixar. Isso me destruiu naquela época! Mas, não agora. Não que eu já esteja isento da dor só de lembrar no que quase havia acontecido, mas estava aliviado por tê-la tão perto e isso tornava mais fácil ignorar a pontada de raiva que me atingia sempre que o assunto vinha à tona.

- Mesmo um Homem honesto às vezes cede à coação, Peg.

- Coação – zombou Jared.

- Eu diria que uma faca na garganta conta como coação, Jared. – isso me fez lembrar de que esse momento só está acontecendo por causa de Jared. Se ele não estivesse agido rápido, ao invés de estar admirando o novo rosto da minha amada, eu provavelmente estaria depressivo eu tentando cometer suicídio nesse exato momento. Era ridículo ter que agradecê-lo quando eu só queria odiá-lo, por ter feito Peg sofrer tantas vezes!

- Você sabia que eu não a usaria de verdade. – disse ele.

- Sabia nada. Você foi muito persuasivo.

- Uma faca? – Peg tremeu.

- Shh. Tá tudo bem. – tranqüilizei-a. Meu hálito soprou alguns fios de cabelo em seu rosto e ela os afastou. – Você realmente achou que nós íamos deixar você ir assim? Peg! – suspirei feliz, aliviado. Não importava se ela ainda amasse Jared, não importava se ela não sentia o mesmo que eu. Ela estava aqui e, por ora, isso era o suficiente.

- Eu te disse que não queria ser uma parasita. – sussurrou. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, todos ouvimos Mel se manifestar.

- Deixa eu passar – ouvi-a dizer. Peg desviou o olhar de meu rosto para olhá-la, e pareceu feliz em vê-la ali. – Ouça, Peg. Eu sei exatamente o que você não quer ser. Mas nós somos humanos, somos egoístas e nós não fazemos sempre a coisa certa. Nós não vamos deixar você ir. Acostume-se.

- Mel? Mel, você está bem! – exclamou Peregrina.

- Claro que estou. Não foi esse o motivo do drama todo? E você vai ficar bem também. Não fomos idiotas quanto a isso. Não pegamos simplesmente o primeiro corpo que vimos.

- Deixa! Deixa que eu conto! – gritou Jamie, se enfiando ao lado da irmã. Assim que ele se aproximou, Peg pegou sua mão e, por incrível que pareça isso me incomodou. Ah, pensei, eu não acredito que estou com ciúmes de um garoto!

- Jamie! –exclamou.

- Oi Peg! Isso é legal, não é? Você é menor do que eu agora! – ele sorriu, feliz com o fato que acabara de declarar.

- Mas ainda sou mais velha. Eu tenho quase... – ela se interrompeu no meio da frase. – Meu aniversário será em duas semanas. – continuou – Vou fazer dezoito.

Agora eu estava realmente surpreso e, quando meus olhos passaram pelos de Melanie, percebi que não fui só eu. Olhei para Peregrina, analisando-a. Eu não daria mais que dezesseis anos para esse corpo! A surpresa foi substituída por outra emoção quando vi Jamie acariciar o rosto dela.

- Eles me deixaram ir à incursão para te pegar – informou-lhe Jamie.

- Eu sei – murmurou Peregrina – Eu lembro...Bem, Pet lembra de te ver lá. – ela encarou Mel e pelo canto do olho vi-a dar de ombros.

- Nós tentamos não assustá-la – Jamie disse – Ela é tão... Aparentemente frágil, sabe. E boazinha também. Nós a escolhemos juntos, mas eu quem decidi! Veja bem, Mel disse que tinha que ser alguém jovem – alguém que tivesse maior porcentagem de vida como alma...ou algo assim. Mas não muito jovem, porque ela sabia que você não ia querer ser criança. E então Jared gostou desse rosto, porque ele disse que ninguém jamais poderia...desconfiar dele. – sempre Jared! – Você não parece nada perigosa.Você parece o oposto de perigosa. Jared disse que qualquer pessoa que te visse iria querer te proteger naturalmente, né Jared? Mas fui eu quem dei a palavra final, porque eu estava procurando alguém que parecesse com você. E achei que ela parecia com você. Porque ela meio que parece um anjo, e você é boa assim. E muito bonita. Eu sabia que você tinha que ser bonita. – Jamie sorriu. Nisso eu tinha que dar razão ao garoto. Peg é boa e linda como um anjo!

- Ian não foi. – continuou – ele ficou aqui sentado com você – disse que não se importava com a sua aparência. – fiquei feliz por ele não ter omitido esse detalhe. Assim ela saberia como eu a amo. - Não deixou ninguém colocar nem um dedo no seu tanque, nem mesmo eu ou a Mel. Mas Doc me deixou ver dessa vez. Foi muito legal. Eu não sei porque você não queria deixar eu ver antes. Mas eles não me deixaram ajudar. Ian não deixou ninguém tocar em você além dele.

Isso me lembrou do quão incrível foi segurá-la, e não consegui reprimir o comentário seguinte.

- Eu segurei você na minha mão, Peregrina. E você era tão linda... – disse apertando sua mão.

Seus olhos ficaram úmidos.

- Você está gostando, né? – perguntou Jamie, preocupado de repente. – Você não esta zangada? Não tem ninguém aí com você, tem?

- Eu não estou exatamente zangada – sussurrou – E eu...eu não achei ninguém aqui dentro. Só as memórias de Pet. Ela tem estado aqui dentro desde...Eu não consigo lembrar quando ela não estava. Não consigo lembrar nenhum outro nome.

- Você não é uma parasita. – afirmou Mel, pegando uma mecha dourada dos cabelos de Peg, e deixando-a escorrer pelos dedos. – Esse corpo não pertencia a Pet, mas não havia mais ninguém para reivindicá-lo. Nós esperamos para ter certeza. Tentamos acordá-la quase por tanto tempo quanto tentamos com Jodi.

Sim, nós havíamos tentado. Melanie e eu trabalhamos fervorosamente para acordá-la, mesmo que no fundo, nenhum dos dois quisesse verdadeiramente que ela acordasse.

- Jodi? O que aconteceu com a Jodi? – Lembrou Peg. Ela tentou se sentar e eu a ajudei, apoiando suas costas com facilidade. Assim, ela olhou para todos que estavam na sala, seus olhos parando em Jared e entristecendo, para minha decepção.

- Jodi não reagiu. Nós tentamos o máximo que pudemos. – explicou Doc. A expressão de Peg era quase de dor. – Nós a mantivemos hidratada, mas não tinha como alimentá-la aqui. Nós nos preocupamos com atrofia...seus músculos, o cérebro...

Enquanto Doc explicava, os olhos de Peregrina ainda vagavam pela sala. Até que ela encontrou Sunny agarrada ao meu irmão.

- Sunny! – exclamou.

- Eu consegui ficar! Como você! – disse Sunny, quase vaidosa. E então ela olhou para o rosto de Kyle, e seu rosto entristeceu. – Mas eu estou tentando, estou procurando por ela. Vou continuar procurando. – senti pena de Sunny, nesse momento. Ela realmente amava o idiota do meu irmão! Amava-o a ponto de abrir mão da própria felicidade para fazê-lo feliz...mesmo que para isso, ela tivesse que partir.

- Kyle nos fez colocar Sunny de volta, quando pareceu que íamos perder Jodi...- acrescentou Doc discretamente.

Peg continuou olhando para Kyle e Sunny, chocada por um momento. Depois seus belos olhos voltaram-se para os meus, fazendo meu coração bater mais forte novamente. Meus sentimentos eram confusos. Eu me sentia feliz, muito feliz por tê-la ali, tão perto de mim. Mas, por outro lado, eu tinha medo. Medo de que esse corpo a tivesse feito esquecer seu amor por mim... E isso me deixou nervoso.

- Você está bem aí? – perguntei querendo me certificar de que ela estava feliz por ter voltado.

- Eu...eu não sei. Isso é muito... estranho. Tão esquisito quanto mudar de espécie. Mas estranho do que pensei. Eu...eu não sei. – ela olhou nos meus olhos novamente e corou. Seu coração batia tão rápido quanto o meu agora.

- Você não se importa muito de ficar aqui, não é, Peg? Você acha que pode tolerar? – perguntei, querendo uma resposta mais esclarecedora.

Jamie apertou a mão dela. Melanie colocou a sua mão em cima da dele e sorriu ao ver Jared acrescentando a dele também. Trudy colocou a mão no pé dela, enquanto os outros a olhavam ansiosos. Até Kyle, junto com Sunny, sorria. Acariciei seu rosto lentamente, afastando uma mecha de cabelo dourado do seu rosto.

- Eu acho que posso fazer isso. – murmurou Peg. –Se te faz feliz.

- Não é bom o bastante, na verdade. – discordei. – Tem que deixar você feliz.

Eu fiquei feliz em saber que ela me amava o suficiente para se importar com meus sentimentos desse jeito. Mas eu não suportaria vê-la infeliz por culpa minha. Eu preferiria morrer, a fazê-la infeliz.

- Eu...acho que...sim. – concordou ela. – Acho que isso pode me fazer muito, muito feliz.

Uma imensa alegria me inundou. Ela ficaria. Ela ficaria comigo.... e isso a faria feliz! Tanto quanto me faria feliz!

Com essa confirmação dos seus sentimentos, não pude mais me controlar.

Ergui seu rosto até ela olhar em meus olhos e, assim que o fez, ela ruborizou.

- Então quer dizer que você vai ficar. – disse antes de me inclinar e a beijar.

Beijei-a na frente de todos, sentindo-me mais feliz do que pensei que fosse possível. Assim que seus lábios encontraram os meus, um choque percorreu meu corpo fazendo me estremecer. Interrompi o beijo, lembrando-me de que não estávamos sozinhos.

- Eu fico. – afirmou, ofegante.

E esse foi o início do meu final feliz.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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