Central De Atendimento escrita por P Shiro


Capítulo 1
Sexo, drogas e rock'n roll.


Notas iniciais do capítulo

Essa história não vai ter mais que cinco capítulos, pensei em fazer oneshot mas não sei escrever as coisas sem detalhes (a outra fic é exemplo disso). Espero que gostem e comentem, se não gostarem comentem também.



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Vrum vrum.

'Posso te ver hoje?' - dizia o torpedo recebido.

'Claro, 15hrs no parque, pode ser?' - respondeu.

Quem era?

Uma amiga, quer me ver.

Outra? - riu debochando da garota.

Pois é, elas não resistem.

Vrum vrum.

'Tá ótimo, não vejo a hora de te abraçar *-*' - era o que dizia a nova mensagem.

Tu não tá exagerando? Já vai sair com a Nanda e a Bia hoje, sua louca.

Ela gargalhou alto e olhou para o amigo lançando-lhe um olhar despreocupado.

É sempre bom ter um plano B e C.

No seu caso, é quase um alfabeto inteiro. Só não entendo como tu consegue sair com três no mesmo dia, sem que nenhuma delas desconfie.

Isso é uma mágica que aprendi com o tempo, eu chamo de programar bem as coisas.

Hahaha, muito esperta, e qual a programação pra hoje?

Não posso falar ainda, te conto quando voltar.

Despiu-se na frente do amigo, entrou no banheiro, regulou o chuveiro para água quente e se entregou ao banho demorado.

Ah, Estela... Como eu queria que não fosse lésbica.

O quê? - perguntou confusa no barulho da água caindo.

Nada, vou indo nessa, a gente se fala na escola. - gritou na direção do banheiro e saiu do quarto bagunçado.

Estela tomava banho cantando no banheiro, o sabonete era seu microfone e no box de vidro os fãs desenhados admiravam inertes o talento, fechava os olhos turquesa massageando a cabeça relaxada, enfim saiu dali percebendo as rugas nos dedos de tanto tempo na água. Foi para o quarto, vestiu uma regata qualquer, meia calça bordô e short jeans curto, fazia poses sensualizando no espelho enquanto arrumava os cabelos loiros natural pintados de preto.

Era dez da manhã, ela estava pronta para o primeiro encontro, tinha marcado com a Bia no shopping do centro da cidade, assistiriam a primeira sessão de um filme de terror e depois hora do almoço, planejava sair dali antes das 14, já que tinha outro compromisso na praça.

Uau, tu tá muito linda. - elogiou a recém chegada.

Obrigada, tu que tá linda, como sempre, e desculpe pelo atraso.

Tudo bem, vamos entrar, já deve tá acabando os trailers.

Entraram na sala de cinema escura e se acomodaram nas poltronas da última fileira, não demorou muito para o filme começar, as duas se agarrarem nas cenas de suspense e por fim se pegarem loucamente aproveitando a distração das pessoas.

Faz tempo que eu quero ficar contigo.

Eu sei, pelos olhares da última aula, pensei que ia me devorar.

Posso fazer isso agora. - Estela disse levando a mão para a parte íntima da outra garota.

Passaram o resto do filme naquilo, movimentos ritmados e respiração descompassada, as duas encenavam um próprio pornô particular, com cuidado para ninguém dali perceber.

Terminando a sessão foram à praça de alimentação, pediram o almoço e comeram conversando sobre diversos assuntos.

Me diverti muito contigo, mas agora preciso ir, tenho ensaio mais tarde.

Que pena, queria ficar mais tempo ao seu lado.

Podemos marcar outro dia, ou sábado depois da aula.

Sábado está tão longe.

Vai passar logo, agora tenho que ir. - Estela se despediu com um beijo no rosto e seguiu até a saída mais próxima. Olhou para o relógio do celular, já estava atrasada para o próximo encontro, então enviou um torpedo:

'Gatinha, vou me atrasar um pouco, quero ficar bonita para ti'.

Apressou os passos até o ponto de ônibus, tinha se tornado rotina sair com várias garotas por dia, mas ainda sentia uma certa adrenalina nessas situações, talvez fosse o medo de ser descoberta a qualquer momento. Alguns minutos se estenderam até o ônibus passar, estava quase lotado, mesmo assim entrou, estava atrasada demais para esperar o próximo.

Não tem mais casa? - era a voz amarga e irônica do padrasto de Estela.

Tenho, é que tem pessoas lá que fedem e não quero me contaminar.

Devia agradecer por ainda ter um teto, senão fosse pela sua mãe tu já teria caído fora da MINHA casa. - esforçou-se para dar ênfase a palavra minha.

Não se preocupe, só estou de passagem na tua casa.

Está de passagem há quase um ano, espero que algum dia passe mesmo.

Pode deixar, esse dia chegará. - disse secamente e desceu no próximo ponto.

Ainda estava longe do ponto que devia descer, teria que andar várias quadras até a praça e provavelmente atrasaria mais ainda, começou a correr enquanto segurava as lágrimas. Teve muita má sorte em pegar o ônibus com o seu pior inimigo, Estela odiava seu padrasto tanto quanto ele a odiava, sentia-se incomodada de morar na sua casa como uma intrusa que não fazia parte daquela família, mas não tinha outra opção no momento.

Chegou na praça mais de meia hora depois do combinado, ainda tremia de raiva lembrando da conversa que teve no ônibus a pouco, olhou ao redor em busca da sua companhia respirando devagar, tentava manter a calma e pose de que estava bem.

Adivinha quem é? - alguém tapou seus olhos e perguntou.

Deixa eu pensar... quem poderia ser? - brincou por um instante, disfarçando seu esquecimento, não podia errar o nome da garota. Bia, Carol, Nanda, Dani, não... - Renata, minha gatinha.

Certo! - a garota abraçou Estela por trás e mordiscou sua orelha. - Nossa, tá gelada e tremendo, se sente mal?

Não, é minha reação de ficar próxima de ti.

Que bobinha, não precisa disso, eu te amo muito. - disse lhe apertando em um longo abraço.

Estela ficou em silêncio, não podia responder a isso, apenas virou-se para ficar em frente a garota e deu um selinho rápido.

Já passou, parei de tremer.

Eu sei do que tu precisa, vamos para um lugar mais afastado. - falou puxando a outra pelo braço.

Caminharam até o canto mais vazio da praça, sentando no chão macio de grama falsa, a garota então colocou as mãos em um dos bolsos da jaqueta e tirou uma folha de caderno dobrada em várias partes.

O que é isso? Me escreveu um poema?

Não, são as passagens.

Passagens?

Sim.

Novamente colocou as mãos, só que dessa vez no outro bolso, tirando um saquinho com pequenas ervas verdes. Aquilo era parte das passagens, passagens para uma viagem que só as duas fariam.

Renata, tu é mesmo um anjo. - disse olhando a amiga com carinho.

E tu é minha estrelinha.

As garotas passaram a tarde fumando, rindo das pessoas do parque e delas mesmas, sentiram uma fome enorme mas não tinham coragem de sair dali já que o cheiro adocicado da droga a acompanhariam. Começaram a se acariciar para esquecer aquela fome, logo estavam se tocando sem censuras, as duas nem se lembravam que estavam em um lugar público só o que importava era continuar com aquele prazer proibido, depois de atingirem a incrível sensação de êxtase Estela sentia sono, então deitou no colo da outra e em menos de um minuto apagou.

Vrum vrum.

Acordou assustada com o som de torpedo recebido no celular, a amiga também parecia ter acabado de acordar, devia ter dormido debruçada sobre ela.

'Você não vem para aula hoje?'

Não precisou olhar para o relógio para ver que havia perdido a hora, já estava escuro e as luzes da praça estavam acessas.

Acho que te fiz perder a hora.

Tudo bem, ainda dá tempo de chegar na segunda aula.

Levantaram e correram até algumas quadras dali, em um terreno baldio aberto as duas se despediram calorosamente. Estela saiu para a escola, ainda sentia muita fome mas estava sem dinheiro e tempo para comer.

Chegou no meio da segunda aula, entrando no momento em que o professor estava distraído escrevendo na lousa, sem nenhum material escolar ninguém percebeu que estava chegando aquela hora, sentou no fundo da sala como de costume ao lado dos seus amigos.

Que demora! O dia foi longo, hein? - o mesmo amigo que foi à sua casa de manhã perguntou.

É, foi sim. Me passa uma folha e caneta, não deu tempo de passar em casa.

O garoto arrancou duas folhas e lhe passou, um outro garoto da frente também entregou uma folha, só que essa estava com algo escrito.

'Minha prima perguntou se vai ficar com ela no intervalo'

Na outra linha dois quadradinhos, e na frente de cada, uma alternativa 'SIM' ou 'NÃO'. Estela sorriu com aquilo, desenhou um rostinho feliz no que correspondia ao SIM, e passou para frente a resposta.

O professor começou a explicar algo sobre parnasianismo, por mais que gostasse de literatura não conseguia prestar atenção, sentia apunhaladas no estômago.

Eu vou morrer daqui a pouco cochichou para o amigo ao lado.

Ah, para, nem é tão chato assim.

Não é isso, é que estou com muita fome.

Espera o intervalo, só falta uma aula.

Não dá, vou fazer outra coisa no intervalo, e também estou dura.

Te empresto dinh...

Será que vocês podem ficar quietos? - o professor interrompeu irritado com a conversa dos dois.

Sim, desculpe.

A garota suspirou ansiosa, apertou a barriga enxuta tentando conter a dor que sentia, seu amigo lhe olhou preocupado e passou um bilhete com uma nota de dinheiro:

'Compre alguma coisa para ti, e me traga chocolate. Depois quero saber o que aconteceu hoje.'

Saiu da sala minutos depois aproveitando novamente a distração do professor, foi a cantina da escola, comprou um pedaço de torta e o chocolate. Devorou a torta com rapidez, nunca esteve tão faminta, ainda estava com fome mas se sentiria mal se gastasse todo o dinheiro do amigo, bebeu muita água, e voltou para a sala para entregar o chocolate e esperar até o intervalo.

Ainda teria três aulas até a hora de ir embora, isso a desanimava bastante, não é que não gostasse da escola, o problema é que estava exausta e precisava dormir um pouco. Pensou em tirar uma soneca até o intervalo mas sua vaidade não permitia, não podia ficar com cara de derrubada.

Quando vai me contar?

Depois do intervalo te conto tudo o que quiser saber.

É bom que conte mesmo, senão vai apanhar.

Riu da ameaça infantil, e finalmente todos ouviram o sinal ensurdecedor do intervalo.

Aleluia!

Como em um passe de mágica o ânimo da garota voltou, seguiu para fora da sala com o amigo, passaram pelo corredor de braços dados despreocupados, todos sabiam que eram apenas amigos. No caminho para o pátio uma veterana do terceiro ano veio cumprimentar-lhes, seria a terceira do dia, Estela soltou do amigo e foi conversar com a garota.

Tu que é a Nanda? A prima bonita do Rafa?

Sim, mas não sou bonita. - disse rindo envergonhada.

Tem razão, não é bonita, é linda. Não tem garotas assim nos primeiros, acho que nem nos segundos e terceiros, é uma raridade.

Obrigada, tu também é muito linda, e eu queria te perguntar uma coisa também...

Pode perguntar.

A tua banda, ainda estão atrás de uma vocalista?

A garota mudou de expressão ao ouvir aquilo, ela era a vocalista e percursora da banda, nunca procuraram outra vocalista, pelo menos não que soubesse.

Não, já encontramos uma. - respondeu secamente.

Ah, que pena... Seria bem interessante cantar ao teu lado.

Seria sim mentiu rindo, é óbvio que se ela entrasse tirariam Estela da banda.

Mas talvez se eu cantar no seu ouvido, tu mude de ideia, sei lá.

Pode ser. - rezou para aquilo ser só uma cantada, o que aquela garota queria afinal? Ficar com ela ou tomar seu lugar na banda?

A veterana aproximou-se do ouvido dela e começou a cantar uma música qualquer bem baixinho, era quase inaudível pelo barulho do pátio, sem perceber as duas foram andando até as escadas, já imaginava que isso iria acontecer, subiam os degraus rápido desviando de quem seguia direção contrária.

O banheiro do terceiro andar era o menos movimentado, nem as viciadas costumavam usá-lo, as garotas entraram ali e se agarraram, Estela empurrou a outra contra a parede e beijou seu pescoço enquanto ela ainda cantava a música, agora dava para ouvir que não tinha nenhuma afinação, seria um desastre tê-la numa banda, tentou fazer com que calasse a boca lhe beijando, ela cedeu passando a língua por todo seu lábio e depois acariciando sua nuca de tal modo que deixou-a toda arrepiada, a desafinada mostrava-se cheia de desejos mas disposta a fazer um joguinho de resistência, por duas vezes Estela tentou tocá-la e teve sua mão retirada. Estava começando a se irritar com aquela garota, até que finalmente sentiu ela puxando sua mão esquerda para o caminho dos deuses.

Não tenho muita habilidade com essa mão.

Tentou trocar de mão, mas a veterana não lhe deixava sair dali, então fez o que pôde para fazê-la sentir alguma coisa. Parou apenas quando ouviu o sinal anunciando o término do intervalo, mas como ainda não tinham chegado ao fim as duas continuaram o que estavam fazendo.

Saíram do banheiro uma hora depois, Estela com o pulso esquerdo doendo e a outra garota caminhando de modo meio embaraçoso, devia estar sentindo dor também. As duas foram para as suas respectivas salas esperar a última aula.

Terminando a aula, a garota voltou para casa na companhia de um amigo que morava na mesma rua, estava cansada, com fome e dor no pulso. Chegou cansada, sorte que todos já estavam dormindo e ninguém podia reclamar de nada, tomou um rápido banho quente, comeu umas torradas e caiu na cama.

Vrum vrum.

O som do torpedo recebido fez com que sentisse raiva do celular, pegou o aparelho e leu a mensagem:

'Amor, finalmente consegui um emprego! No meu primeiro salário vou aí te ver. Boa noite e se cuida sz'

'Natasha Namorada', era quem enviara.


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Notas finais do capítulo

Que danada essa Estela, fica com várias garotas e ainda tem uma namorada. Mas será que essa namorada também é assim? Ou será uma garota fiel, pura e casta, como a autora que vos escreve? Isso saberão no próximo capítulo, isso se alguém comentar esse.Até a próxima ou como diz uma amiga see ya!