Isto não é mais um romance água-com-açúcar escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 7
Cai o disfarce




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/424498/chapter/7

— Tsukuyo-sama? – uma das mulheres reconheceu a líder Hyakka. – É você, Tsukuyo-sama?

Tsukuyo se recriminou em pensamento. Deveria ter colocado mais base e corretivo para esconder direito a enorme cicatriz de seu rosto. Gintoki deveria ter reparado isso, mas...

... Homens nunca reparavam em muita coisa, na verdade.

E, por falar no único homem dali...

— Essa Paako não me é estranha. Eu já a vi em algum lugar.

— Não, que é isso...? – Paako, quer dizer, Gintoki, tentou disfarçar. – Eu sou nova por estas bandas...

— Sim, você já a viu. – a loira respondeu. – Gintoki, pode parar de atuar.

— O quê? – ele disse com sua habitual entonação de voz.

— É bobagem ficar brincando de teatrinho com quem já nos reconhece. O importante é fazer isso com quem está traficando mulheres.

— Então a Paako, na verdade, é aquele homem que salvou Yoshiwara? – outra mulher perguntou.

— É sim. Ele está me ajudando a investigar o tráfico de mulheres e esse harém.

— Tsukuyo-sama, pior do que sermos leiloadas é sermos arrematadas por aquele sujeito.

— Por quê?

— Aquele Amanto já matou várias das mulheres que tinha adquirido porque elas não conseguiram satisfazê-lo.

— Se ele fizer isso com todas as mulheres vai ter que apelar pra macho depois. – Gintoki observou de forma despreocupada.

— Se ele fizer isso com todas as mulheres vai ser uma crueldade sem tamanho. – a loira replicou com seriedade. – Elas não são obrigadas a se submeterem a esse tipo de capricho.

Ela tinha razão. Nenhuma mulher deveria ser apenas objeto para os homens. E era por isso que Gintoki rechaçava tanto Sacchan. Detestava o tipo de mulher que era submissa e sem amor-próprio. Não curtia mulher-objeto. Nem se a mulher fosse obrigada a isso, nem se ela fosse por vontade própria.

Por isso que correspondia o afeto que Tsukuyo começava a demonstrar a ele.

Nisso, a porta se abriu. Um ser baixinho chegava para buscar mais uma mulher para seu patrão, e as oito que estavam confinadas há mais tempo já se encolheram de medo. O Yorozuya e a Cortesã da Morte se puseram à frente do grupo e o Amanto decidiu levar justamente eles até seu patrão.

— O patrão vai gostar muito de “brincar” com suas novas aquisições... Caso o satisfaçam, claro.

*

Chegaram a uma suíte imensa, após percorrerem o longo corredor daquela grande mansão. O dono daquilo tudo era um Amanto de posses. Chamava-se Timus, e era um comerciante intergalático bem-sucedido, quase ao nível de Sakamoto Tatsuma, velho amigo de Gintoki. Timus era conhecido por ser muito exigente para as mulheres de seu harém particular. Era sabida a existência desse harém, mas não se conhecia ainda os meios escusos de aquisição de fêmeas terráqueas para satisfazer seus gostos... Muito menos se conhecia o fato de que ele eliminava as fêmeas que não o satisfaziam adequadamente.

Tsukuyo estava determinada a defender as mulheres de Yoshiwara de tal coisa. Por isso, não ofereceu resistência para encarar o tal do Timus. Como mulher, sabia que tinha algum risco de seu intento ser malsucedido, mas a sua sorte foi Gintoki ter sido também escolhido.

À frente dos dois, estava o “dono” do harém particular. Mais ou menos da altura de Gintoki, esguio, pele lilás, olhos negros penetrantes, cabelos prateados e roupas bastante refinadas. Olhou para as “concubinas” de alto a baixo e deu um sorriso discreto de aprovação, enquanto seu empregado saía de lá.

— Agora que estamos frente a frente, é hora de ver se valeu a pena arrematar vocês.

Aproximou-se de Tsukuyo, a fim de vê-la mais de perto. Gintoki não estava gostando de ver aquilo, mas tinha que manter o disfarce. Não que oficialmente estivessem namorando nem nada, mas aquele cara certamente era repulsivo e adoraria que a loira enfiasse uma kunai na cabeça dele... Antes que o Yorozuya o acertasse com a bokutou que trazia consigo à cintura, e que ninguém dera muita importância a isso, como se fosse apenas um acessório.

Porém, Timus se afastou dela e se aproximou dele, que suou frio. Pelo menos aquele cara estava longe de Tsukuyo, o que o deixava aliviado.

— Você é a Paako, não é? Você tem um físico bem diferente das outras. Onde estão seus seios?

O sujeito foi mais atrevido e queria comprovar que Paako não era uma tábua. No entanto, Gintoki tentou desempenhar seu papel, afinando a voz e dizendo como uma donzela cheia de pudores:

— Por favor, não agora... Eu morro de vergonha...!

— Onde estão seus quadris? – Timus perguntou e deu uma generosa apalpada na poupança do ex-samurai, que se segurou muito para não se entregar.

Tsukuyo estava admirada do quanto Gintoki parecia se segurar, mas perguntava-se até que ponto o explosivo Yorozuya aguentaria aquilo.

— Tem certeza de que você é uma mulher, Paako-san?

Na hora que Timus ia fazendo menção de botar a mão onde não devia, recebeu um poderoso soco bem no meio da cara.

— NEM VEM, QUE NÃO TEM! AQUI VOCÊ NÃO PÕE A MÃO NÃO!

— Minha nossa, mas você bate feito homem! – Timus exclamou enquanto passava a mão no rosto golpeado.

Gintoki já mandara sua atuação para os ares e bufava furioso.

— Claro que bato feito um homem... É PORQUE EU SOU UM HOMEM, BASTARDO!

Arrancou os apliques de maria-chiquinha e, com a manga do quimono rosa, tirou a maquiagem da cara e ainda afrouxou o quimono, de forma que soltou a manga direita como fazia com seu quimono branco favorito, expondo seu peitoral parcialmente. Arrancou a bokutou da cintura e a apontou de forma ameaçadora para o Amanto.

— Eu não vou deixar um macho pegar nos meus países baixos nem sob tortura! E, se quiser que eu poupe a sua vida e os seus países baixos, pode tratar de soltar aquelas mulheres do seu harém nojento!

Não era como Tsukuyo havia planejado, mas já servia. Afinal, já deveria ter previsto que o Yorozuya não iria aguentar muito, ainda mais com um macho querendo passar a mão nele. O bom é que o albino conseguira acuar Timus com sucesso.

— Vocês conseguiram me enganar direitinho... Mas não vão conseguir me derrotar tão fácil!

O Amanto apertou um botãozinho do relógio, que emitiu um alerta. Seguranças apareceram no aposento, cercando os dois enquanto ele empreendia fuga. Porém, Tsukuyo pegou suas kunais e arremessou, acertando todos ali, enquanto ela, junto com Gintoki, corria para fora dali.

Os dois se separaram. A loira foi até o local onde estavam as outras mulheres, para ajudá-las na fuga, enquanto o albino corria atrás de Timus.

No entanto, um segurança mascarado se colocou no caminho da Cortesã da Morte, que lançou rapidamente várias kunais que deveriam ser certeiras... Mas o mascarado conseguiu se esquivar facilmente e contra-atacar.

Não seria tão fácil escapar dali, como Miwa conseguira. Ela tivera um grande golpe de sorte.

Timus saiu correndo, mas era perseguido de perto por Gintoki. Alcançou uma katana e partiu para atacar o Yorozuya, que se esquivou facilmente. Ele bloqueou mais um ataque do Amanto com maestria e emendou um contra-ataque, que o desarmou.

O ex-samurai conseguiu dominar rapidamente seu adversário. Apesar de conseguir isso, sentiu-se meio decepcionado, porque esperava ter um duelo mais interessante. Mas... O que se esperar de alguém que estava mais do que na cara que tinha intimidade zero com uma espada?

No entanto, Timus berrava de dor. Gintoki estava pisando nos “países baixos” do Amanto e nem parecia se dar conta disso.

— Ah, foi mau. – ele disse enquanto tirava o pé.

Ouviu um tumulto e percebeu que eram homens do Shinsengumi chegando. Pelo jeito, Miwa havia lhes dado as informações necessárias. Assim sendo, saiu dali para procurar e encontrar Tsukuyo.

Percorreu aquele grande casarão, até encontrá-la próxima ao cômodo onde era o harém particular de Timus. A loira já havia conseguido orientar as mulheres que estavam ali para fugirem logo, o que foi feito com sucesso.

Aparentemente, Tsukuyo tinha aquela situação sob controle, o que já era esperado. Lançou mais uma kunai contra seu adversário, porém este lançou uma bomba. A kunai atingiu a tal bomba e o atrito entre os dois produziu faíscas.

Gintoki percebeu o perigo e não pensou em mais nada:

— TSUKUYO!!

E, nisso, a bomba explodiu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Isto não é mais um romance água-com-açúcar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.