Isto não é mais um romance água-com-açúcar escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 39
Sim, um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar!




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Alguns dias se passaram desde aquela noite no Host Club Takamagahara. De fato, Gintoki não ganhara dinheiro nenhum, graças às duas kunoichis malucas que brigaram lá por causa dele. Pelo menos, em outros serviços ele conseguira, junto com Shinpachi e Kagura, algum trocado para comprar os mantimentos.

Bom, dos males o menor. Era mais fácil do que aguentar uma loira alcoolizada. E, nesses últimos dias, os encontros com ela compensavam o constrangimento que tivera.

Porém, de duas noites para cá, Tsukuyo agia de forma estranha. Parecia não querer conversar muito com ele. E aparentava um leve abatimento.

Neste momento, ele, Shinpachi e Kagura seguiam mais uma vez até Yoshiwara. Ele não era muito de ir atrás de alguém, mas algo lhe dizia que era bom ir. O trio logo chegou até lá, bem no horário do café da manhã, tanto que o albino ainda dava um generoso bocejo por ter acordado cedo.

Hinowa como sempre os cumprimentou, junto com Seita. O trio começou a comer o que lhes foi oferecido... Principalmente a Yato esganada. A última pessoa a chegar ali fora Tsukuyo, que acordara naquela mesma hora, após chegar quase ao amanhecer de mais uma ronda.

A kunoichi se sentou para comer alguma coisa. Parecia bem distante.

— Ei, Tsukuyo – Gintoki questionou, encarando-a com seus olhos vermelhos. – Você tá com algum problema?

— Não. – ela desviou o olhar. – Eu estou bem.

Hinowa começou a servir um chá para Shinpachi e seu suave aroma tomou conta do ambiente. Foi o suficiente para que Tsukuyo sentisse seu estômago revirar violentamente. E, naquele mesmo instante, se levantou rapidamente, levando a mão à boca e saiu correndo rumo ao banheiro.

Um denso silêncio se abateu ali, todos ali estavam com olhares perplexos. Logo, aqueles olhares encararam Gintoki, que se sentiu incomodado:

— Ei, ei, por que estão me encarando desse jeito?

Foi quando sua cabeça começou a fazer a somatória... Agir estranho, mais falta de disposição, mais abatimento, mais acordar tarde, mais enjoos... Tudo isso depois de várias noites seguidas de amor e paixão ardentes, e...

— QUÊÊÊÊÊ??! – o Yorozuya berrou após fazer tal conta e constatar o resultado.

*

Não sabia como, mas conseguira chegar até ali mesmo ainda tendo resquícios do mal-estar recente. Ainda sentia, mesmo de forma mais branda, que continuava enjoada. Não sabia ao certo por que saíra dali, por que fugira, e por que não queria falar nada a Gintoki.

Respirou fundo, seu coração precisava desacelerar. Mas era difícil. Estava com medo. Não tinha medo do Yorozuya, mas da reação dele diante do que acontecera.

Estava grávida novamente... E isso fez com que voltassem à sua mente os momentos mais dolorosos, sobretudo aquele golpe que levara de Aomame. O pior de tudo é que não esquecia o momento em que Gintoki a abraçara, completamente arrasado.

Tinha muito medo de tudo isso se repetir. Temia que voltasse a sofrer o que sofrera, que num momento em que ficasse mais fraca, fosse atacada de forma impiedosa.

Sim... Era esse medo que a fizera chegar até lá. Sem pensar, havia chegado àquele cômodo, onde tivera várias noites tórridas com o ex-samurai. Naquele momento, aquele lugar era o seu refúgio, onde tentava colocar seus pensamentos em ordem.

Mais uma vez, ela havia se descuidado. Mas, como não se descuidar no momento em que os dois ficavam desesperados para se amarem sem parar? Esse era o maior problema que tinham: ficavam tão desesperados para partir logo aos “finalmentes”, que esqueciam o resto.

Se queria levar aquilo adiante mais uma vez? Sim. Mesmo com medo, queria agarrar essa nova chance. Nem se fosse preciso lidar com uma possível rejeição.

Pôs suas mãos de forma protetora em seu ventre. Mais uma vez, foi-lhe dada uma oportunidade de cuidar para que novamente uma vida se desenvolvesse em seu interior. Seu coração lhe dizia que deveria aproveitar essa oportunidade.

— Tsukuyo – ela ouviu a voz de Gintoki, não havia percebido a porta corrediça se abrir. – Posso entrar?

Ela olhou para trás e respondeu:

— Você já entrou.

— Ah, que seja. – ele disse passando a mão pelo cabelo encaracolado de forma relaxada. – Podemos conversar?

Ela não respondeu de imediato. Aliás, nem olhava diretamente para ele. O medo ainda não se dissipara do seu coração totalmente. O silêncio dominava aquele cômodo.

— Ei, Tsuki – Gintoki estava meio constrangido pela falta de resposta. – Você me ouviu? Podemos conversar? Por que você saiu correndo daquele jeito? Se quiser que eu saia daqui e venha depois, eu saio.

— Não. – Tsukuyo finalmente respondeu. – Não quero que saia.

Mais uns instantes de silêncio se passaram até que ela finalmente olhasse para ele e dissesse:

— Gintoki... Eu... Eu estou com medo...!

— Medo do quê? Você não é de ter medo. Se você tá falando de ter medo de me contar que tá grávida de novo, não precisa ter, porque já sei.

Ela ficou desconcertada. Diante disso, Gintoki falou enquanto limpava o ouvido calmamente com o dedo mindinho:

— Eu fiz a conta... Transamos muito, demos mais uma bobeada, você começou a agir esquisito, estava desanimada, não quis vir aqui por dois dias seguidos, acordou tão tarde quanto eu costumo acordar, teve enjoo... Às vezes um raio cai duas vezes em um mesmo lugar, não? Não vou ficar fazendo drama só porque um espermatozoide meu resolveu ir atrás do seu óvulo e se engraçou com ele.

O jeito do albino falar aquilo soou tão engraçado que Tsukuyo acabou rindo. Só ele mesmo para soltar pérolas como aquela. Mas, logo voltou a demonstrar apreensão. Uma parte do seu medo tinha acabado de sumir, mas a outra parte, não. Gintoki percebeu e se aproximou dela, abraçando-a por trás. A loira não ofereceu qualquer resistência, pois se sentia aconchegada nos braços dele.

— Você ainda tem medo de quê? – ele perguntou num sussurro.

— Ainda não me esqueci daquele dia... Foi o dia que mais sofri, Gintoki... E sei que você também sofreu muito. Eu... Eu tenho muito medo de que isso se repita.

— Não deveria ter. Se para algumas coisas, o raio cai duas vezes no mesmo lugar, para outras isso não acontece.

— Só você pra me fazer sentir mais segura... Bom, não apenas a mim agora...

A kunoichi levou a mão do Yorozuya até seu ventre e sorriu. Gintoki logo entendeu o que Tsukuyo queria dizer. Desfez o abraço por trás e ela se virou para beijá-lo. Um beijo carinhoso, como se retribuísse a sensação de segurança que ele lhe dera. Sentia-se protegida por ele, não sentia mais aquela insegurança e seus medos, por fim, se desvaneceram.

Permaneceram abraçados por um bom tempo. Se pudesse, Tsukuyo ficaria abraçada para sempre com Gintoki. Se ela se sentia fraca perto dele, é porque ele era capaz de protegê-la.

— Gintoki...

— Hm?

— Vamos sair daqui? Eu estou com um desejo de comer dangos com molho de catchup...

— Como é que é? – Gintoki, meio confuso, perguntou.


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