Isto não é mais um romance água-com-açúcar escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 37
Voltando ao mundo real




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— Hm... O Shinpachi vai falar um monte nos meus ouvidos hoje... – Gintoki murmurou ainda bastante sonolento ao olhar a hora estampada no relógio de parede daquele lugar.

— Acho que estamos na mesma situação, vou ter que me explicar para a Hinowa. Ela deve ter ficado preocupada comigo. A Sakuya vai me dar aquela bronca. – Tsukuyo também acabava de acordar àquela hora.

Estavam dividindo o mesmo futon naquele cômodo no qual as roupas de ambos estavam espalhadas na mais perfeita bagunça. Não era preciso ser um gênio para saber o que ocorrera durante a noite do casal.

Aliás, se pudessem, ficariam ali por mais tempo se amando loucamente... Sentindo o calor, o toque um do outro, a paixão que irradiava de ambos. Porém, não dava pra fazer isso. Tsukuyo tinha bem mais obrigações do que Gintoki e não podia se dar ao luxo de fazer isso com frequência. Por isso, era hora de sair dali e encarar o mundo externo.

O local de encontro deles era um cômodo em Yoshiwara, numa parte mais afastada do distrito. Era de propriedade de uma conhecida da líder Hyakka. Essa mulher em questão insistia para que ela aceitasse qualquer coisa como gratidão por ter seu comércio salvo de ladrões graças à loira. Daí a cessão daquele cômodo para que puxasse Gintoki para que, juntos, fizessem suas “aventuras noturnas”.

Assim que ambos terminaram de se vestir, Gintoki se espreguiçou mais uma vez. A preguiça nunca sairia dele, mas a ressaca do dia anterior fora completamente embora. Olhou para a namorada e disse com um sorriso cínico:

— Tô muito mal-acostumado com isso.

— Eu também. Vou ser bem sincera... No começo eu não dava nada por você.

— É mesmo?

— Sim.

— Agora você dá, né?

— Detecto duplo sentido nas suas palavras, Gintoki. – a Cortesã da Morte disse em tom de deboche. – Tá muito assanhadinho.

O ex-samurai chegou perto dela e a enlaçou pela cintura. Seus olhos vermelhos fitaram os olhos violetas dela. Por fim, seus lábios encontraram os dela, num beijo faminto, mas ao mesmo tempo, doce, repleto de carinho e cumplicidade.

Se pudessem, certamente continuariam ali por muito mais tempo. Esqueceriam tudo e todos e se amariam muito, sem parar. Mas... Não era possível, pois cada um tinha suas responsabilidades, fossem muitas ou poucas.

Eles se separaram e pegaram o que faltava. Mas...

— Tsukuyo, você não viu a minha bokutou por aí?

— Nem percebi se você a trouxe, Gintoki.

— Eu não saio sem ela, então eu sei que a trouxe.

O ex-samurai deu mais um passo e pisou no objeto procurado, o que fez com que ele perdesse o equilíbrio e caísse em cima da loira... E metesse mais uma vez sua cara entre os seios dela. Ele suou frio, prevendo um nocaute, mas isso não aconteceu. Encarou Tsukuyo, completamente constrangido. Porém, ele não viu nenhuma reação e novamente a beijou com vontade, parecendo insaciável. Ela, claro, cedeu mais uma vez e deixou-se levar por mais aquele momento em que Gintoki extravasava novamente toda aquela paixão que sentia ao vê-la.

Aquele momento podia não terminar mais, que já estava muito bom. Aquela paixão arrebatadora era tão deliciosa, tão explosiva, que não conseguiam parar. Separaram-se completamente ofegantes, procurando repor todo o ar que fora perdido naquela hora.

— Você é mesmo oportunista, hein, Gintoki? – Tsukuyo debochou.

— Desculpa... Eu não resisti. Isso que dá ter uma namorada bonita.

— Tá comigo só porque eu sou bonita? Nem sou tanto assim.

— Você sabe que é linda, sim... Mas não é só por ser bonitona que estou com você... E nós dois sabemos muito bem que não é por isso.

— Assim como não é só pelo seu cabelo prateado.

— O meu cabelo é a única parte pela qual não morro de amores. Eu ainda não sei o que você vê de tão especial nele.

— Bobo... Você ainda vai descobrir. Mas vamos sair logo daqui, senão a gente vai tomar ainda mais bronca do que o esperado.

— Ah, Tsukuyo... – o albino fez bico enquanto se levantava de cima dela e colocava a bokutou no cinto. – Por que tem que me lembrar da vida real...?

— Porque só amor e sexo não enchem a barriga, não concorda?

Gintoki ouviu seu estômago roncar e disse constrangido:

— É... Tenho que concordar, porque sinto que preciso repor todos os meus açúcares queimados recentemente...!

*

Gintoki, obviamente, havia tomado uma bronca daquelas de Shinpachi por ele ter simplesmente desaparecido desde a tarde do dia anterior. Só depois do sermão do quatro-olhos é que ele disse a razão de ter sumido, o que o deixou completamente constrangido, mas sem deixar de dizer que ele deveria ter avisado.

Naquela manhã, o trio Yorozuya não tinha nenhum serviço, o que permitiu que Gintoki fosse dar uma andada por Kabuki. Como estava sem um iene no bolso, não tinha nem como apostar no pachinko. Era ficar mesmo na vontade e sentar-se num banco e ver o tempo passar... Ou jogar conversa fora com um certo morador daquelas redondezas.

E, ao seu lado no banco, fumando um cigarro e com uma expressão bastante desanimada, estava ele. Bom, a expressão desanimada era típica daquele sujeito, mas tinha algo mais nele.

— Yo. – Gintoki o cumprimentou.

— Yo, Gin-san. – Hasegawa respondeu por mera formalidade.

— Quais as novidades, Hasegawa?

— Nenhuma. Suponho que você é quem tem... Não é mesmo? Como estão as coisas com a Tsukuyo-san?

— Andei tendo uma crise de ciúmes e passando vexame. Mas já nos acertamos.

— Bom.

— Ei, ei, Hasegawa... Tem alguma coisa te incomodando?

— Não é nada importante. Coisas de um simples madao.

Hasegawa jogou fora a bituca de cigarro, ajeitou os óculos escuros e saiu dali. Após o homem de óculos escuros sair dali, Gintoki encontrou no chão uma pequena foto que ele deixara cair ali.

Era uma foto de mulher. Mais precisamente, de Hatsu, a mulher que abandonara Hasegawa.

Como era possível aquele idiota amar uma mulher que lhe chutara o traseiro logo que ele perdera tudo? Era muito diferente de cair de amores por uma mulher que, volta e meia, lhe acertava kunais na testa ou o nocauteava quando era apalpada, mesmo que acidentalmente, em público.

Mesmo sendo abandonado por aquela mulher, ele ainda a amava. Tanto que, por mais azarado que ele fosse, não desistia por muito tempo de tentar e tentar mostrar a ela que se esforçava, sim, em ser mais digno.

O ex-samurai guardou a foto em seu quimono e murmurou:

— Depois eu que sou o bobão apaixonado...!


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