Isto não é mais um romance água-com-açúcar escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 34
Amigos estão sempre por perto nem que seja pra enfiá-lo num cômodo apertado




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— Gin-san, Tsukuyo-san – era a voz de Shinpachi do outro lado da porta.  – Aproveitem para botarem a conversa em dia, que eu e a Kagura-chan ficamos aqui pra garantir que ninguém atrapalhe vocês!

— Shinpachi, que brincadeira é essa? – Gintoki perguntou.

— Gin-chan, deixa de ser burro! – Kagura respondeu. – Aproveita pra namorar a Tsuki, senão a gente não te ajuda mais!

O ex-samurai não tinha como argumentar contra isso. Aqueles dois eram realmente amigos de verdade, para fazerem o que fizeram por ele. Sorriu, reconhecendo o esforço deles para ajudá-lo.

Tsukuyo olhou nos olhos do albino. Era hora de aproveitar aquela chance que surgira, para fazer o que queriam fazer. Ela agarrou o quimono dele e grudou seus lábios nos dele, para aproveitar cada segundo daquele momento em que finalmente estavam realmente juntos.

Beijavam-se sofregamente, mal restando qualquer fôlego para poderem respirar. Havia demorado até conseguirem escapar para aquele local graças a Shinpachi e Kagura, o cômodo onde ficavam as ferramentas usadas pela zeladoria. Num golpe de sorte, tinham conseguido se enfiar lá.

Finalmente, podiam fazer o que mais tinham vontade, sem ninguém além deles para atrapalhar.

Os dois se beijavam de uma forma que parecia que fazia uma eternidade que não se viam. Logo que se separaram, tomaram algum ar. Gintoki deixou escapar um suspiro de alívio, imediatamente notado por Tsukuyo:

— Até parece que faz eras que a gente não se encontra. – ela disse com tom de deboche. – Que desespero é esse?

Ele, mais relaxado agora, respondeu:

— É que eu achava que era a única chance do meu plano dar certo!

— Que plano?

— O meu plano de ficarmos a sós aqui nas águas termais. Não aguento mais aquela bagunça do Zura fugindo do Shinsengumi, nem do Shinpachi berrando com a Kagura o tempo todo! Sem contar que desde aquele meu resfriado a gente mal se viu!

— Quer dizer que sentiu a minha falta?

— Você nem imagina o quanto.

Ela ficou rubra, mas nem deveria se sentir assim, porque também havia sentido a falta dele. Estava tão ocupada em Yoshiwara recrutando novas integrantes para a Hyakka, que não havia como dar uma escapada até Kabuki. Claro, ele poderia ter ido vê-la, mas devido àquele resfriado, precisava evitar o máximo possível sair naquele frio.

— Posso te confessar uma coisa, Gintoki?

— Claro que pode. O que é?

— Eu também não aguentava ficar longe de você.

— É mesmo? Então, vamos compensar isso... Aqui e agora. – ele sussurrou no ouvido dela.

Gintoki a pressionou contra a parede e começou a devorar seus lábios de forma afoita. Cada minuto ali era valioso demais para ser desperdiçado. Tsukuyo correspondeu com vontade e estava adorando aquela pressão do corpo dele conta o dela. O calor daquele contato era irresistível e aqueles beijos eram ardentes e deliciosos.

Não fosse pelo espaço muito apertado e por estarem em um local facilmente acessado por outras pessoas, faria amor com ele ali mesmo. Mas, se contentou em dar ao menos uma generosa apalpada nas nádegas do albino, que se surpreendeu.

Separaram-se já ofegantes, pois ali a temperatura havia subido, e muito. Fazia muito tempo que não faziam isso. Mas agora era hora de sair daquele cubículo, antes que desconfiassem do sumiço deles.

O Yorozuya foi abrir a porta, mas...

— Ué, tá trancada?

Ele tentou de todas as formas abrir a porta, mas sem sucesso. Nem forçando, a porta cedia.

— Ei, Tsukuyo... Você não tem algum grampo de cabelo?

— Não. Não uso quando solto o cabelo.

— Você não sabe nenhuma técnica de arrombamento?

— Sem usar uma kunai, não. E não tenho nenhuma kunai comigo.

— Já vi que vou ter que usar a força!

Gintoki tentou tomar alguma distância, mas naquele espacinho de nada isso era praticamente impossível. Procurou forçar a porta jogando seu próprio peso contra ela, mas ela não cedia.

Lembrou que Shinpachi e Kagura estariam por perto, afinal isso fora um plano deles.

— Shinpachi! Kagura! Abram esta porta!

Os dois adolescentes o ouviram, e o garoto de óculos perguntou à Yato:

— Kagura-chan, cadê a chave?

— Tá bem guardada.

— Então pega ela aí pra gente abrir a porta pro Gin-san.

— Não dá.

— Como assim, "não dá"?

— Eu a guardei bem até demais.

— Não diga que sumiu com ela!

— Não, é que eu a engoli.

— QUÊÊÊÊÊ??

— É que ela caiu dentro do bolinho de arroz que eu tava comendo.

— E COMO VOCÊ NÃO PERCEBEU UMA COISA DURA ENQUANTO COMIA O BOLINHO DE ARROZ? – Gintoki berrou de dentro do cômodo trancado.

— Eu não mastiguei o bolinho, foi o que aconteceu. Mas já sei como resolver isso. Se afasta da porta, Gin-chan!

Nem deu tempo para o albino questionar, pois Kagura desferiu um poderoso chute na porta, que se soltou e o atingiu em cheio. Tsukuyo foi a primeira a sair e Gintoki apareceu em seguida, completamente atordoado com a portada que havia levado. Ainda zonzo com isso, ele tropeçou e caiu em cima dela, com a cara mais uma vez entre os seios da Cortesã da Morte. A reação dela foi imediata: não hesitou e acertou nele um poderoso soco em sua cara, nocauteando-o.

*

Seguindo o caminho para casa, o Trio Yorozuya conversava entre si. O saldo da estadia em Osui fora bem positivo, principalmente para Gintoki, graças à demonstração de amizade que Shinpachi e Kagura tiveram para com ele. Não conseguia mais imaginar a sua vida sem aqueles dois. Era como se eles completassem, em seu coração, o lugar que era reservado para a sua família.

Eles eram a sua família. E isso era tão forte em Gintoki que, se alguém ousasse encostar o dedo para fazer algum mal àqueles dois, não pensaria duas vezes em acabar com a raça do dito sujeito.

O mais engraçado era o esforço em juntar ele e Tsukuyo. Tanto insistiram e ajudaram que a coisa entre os dois deu certo.

— Shinpachi, Kagura! O que acham de comermos um bom lamen juntos?

— Sério, Gin-chan? – Kagura perguntou com um sorriso no rosto.

— Sério. Vai ser por minha conta.

— Gin-san – Shinpachi o encarou desconfiado. – De onde você vai tirar dinheiro pra pagar o lamen pra gente?

— Para umas coisas é preciso sacrificar outras.

— O que você sacrificou desta vez, Gin-san?

— Nada de novo... Apenas o pagamento do aluguel da velha.

— Gin-san... Você não tem jeito mesmo...

— Fique feliz, porque tô tentando pagar o salário de vocês! Ou querem que eu o use pra pagar o lamen?

— Não, que é isso...? – o garoto de óculos sorriu sem graça. – Vamos sacrificar o dinheiro do aluguel!

Na verdade, Gintoki não tinha a menor intenção de gastar o dinheiro dos outros dois. Eles mereciam um pagamento justo depois de tanto enrolá-los.


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