Isto não é mais um romance água-com-açúcar escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 23
As notícias voam ainda mais rápido se forem ruins




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/424498/chapter/23

— Tsukuyo-nee! – era a voz de Seita. – Ele tá acordando!

Gintoki abriu os olhos lentamente, ele ainda estava meio zonzo. Havia sonhado que Tsukuyo lhe dissera que estava grávida. Mas... Será que realmente tinha sonhado? Não tinha nem como botar a culpa no saquê que tomara antes de aparecer ali. A última coisa de que se lembrava era de ter ouvido a kunoichi dizer que estava grávida. Depois disso, simplesmente havia apagado.

Seus olhos por fim se focaram, e ele viu Tsukuyo o encarando, completamente constrangida:

— Gintoki – ela perguntou – Você está bem?

— Acho que sim, Tsukuyo... – ele se sentou. – Apenas acho que tive um sonho meio esquisito, em que eu chegava e abria a porta do seu quarto e ouvia você dizer que estava grávida, e...

— Não foi um sonho.

Ele engoliu seco e questionou:

— N-Não...? Não foi um sonho...?

— Não. Eu fiz o teste de gravidez e deu positivo.

— M-Mas... Como isso poderia acontecer...?

— Não é óbvio? – Tsukuyo o encarou com expressão cética. – De tanto a gente transar, só podia dar nisso.

— Ahh, claro... Aí a gente “brincou” e eu te engravidei mesmo. Faz todo o sentido agora.

— Sim. Se não quiser assumir, eu vou entender.

— Ei, espera aí! Quem é que disse que não vou assumir?

— Quer dizer que...?

— Essa criança não tem culpa de existir. – ele disse com seriedade. – Não vejo problema em assumir, já que ajudei a fazer.

*

— O QUÊÊÊÊÊ?? – Shinpachi e Kagura estavam totalmente em choque.

Essa dramaticidade toda já era esperada dos dois. Gintoki suspirou aborrecido. Já não bastava ele mesmo ter recebido semelhante choque? Ficava parecendo que ele era uma aberração.

— Dá pra pararem de drama?

— Mas... Mas, Gin-san, não dá pra acreditar! – Shinpachi disse. – Você nem se cuida, quanto mais de um bebê! Por que deixou isso acontecer?

— Ei, Shinpachi!! O mais velho aqui sou eu, esqueceu? Eu sei muito bem o que eu fiz, sei que foi um acidente de percurso, foi uma falha tanto da Tsukuyo como também foi minha, mas não dá pra desfazer o que foi feito! Eu não sou nenhuma criança e sei muito bem o que eu fiz!

— Pelo menos, eu espero que o bebê da Tsukky não seja igual a você. – Kagura opinou.

A resposta do albino foi apenas um facepalm. Haja paciência...

*

Em Yoshiwara, no entanto, a notícia a respeito de Tsukuyo não agradava a todos. O romance entre ela e o “Salvador de Yoshiwara” não era tão bem visto como se supunha. Percebiam que o ponto fraco da poderosa Cortesã da Morte era justamente o envolvimento dela com aquele homem.

Enquanto ela estava ali liderando a Hyakka durante as rondas rotineiras, tudo mantinha a mesma aparência de sempre. No entanto, ao final, enquanto Tsukuyo se ausentava, uma parte de suas subordinadas sempre se reunia em segredo.

Para esse grupo de mulheres, Tsukuyo não deveria se deixar levar pelo coração. Não havia condição de haver na liderança uma pessoa que estava ficando cada vez menos racional. Ela estava quebrando a promessa de renúncia que fizera a si mesma.

E, assim como ela, a Hyakka era formada por mulheres que fizeram a mesma promessa de renúncia. Mas um grupo delas não admitia que a loira mudasse sua postura.

Surgia ali uma divisão. E esse grupo de dissidentes acabava de eleger uma líder.

Seu nome? Aomame.

*

Alguns dias se passaram desde que sua gravidez fora descoberta. Tsukuyo já começava a aceitar a nova realidade e continuava a sua rotina como líder da Hyakka. A princípio, nada impedia que ela continuasse suas rondas diárias em Yoshiwara. A única diferença é que diminuíra os encontros a sós com Gintoki.

Porém, não significava que ele não trocasse uns beijinhos, uns amassos e uns carinhos com ela. O romance continuava igual nesse sentido.

Ao fim de mais uma ronda, Tsukuyo chegou ao seu quarto. Estava cansada, pois tivera algum trabalho com uns arruaceiros bêbados que estavam incomodando as redondezas. Nada fora do rotineiro, pois havia dias em que isso acontecia. Após um bom banho e vestir sua roupa de dormir, passou em frente ao espelho e se deteve diante dele. Virou-se de lado e percebeu que à medida que os dias passavam ela estava diferente.

Com aquela roupa clara, notava que sua barriga começava a ter alguma saliência, mas qualquer desavisado diria que ela estaria com um pneuzinho apenas. Com a sua roupa preta habitual, isso era praticamente imperceptível.

Nisso, a porta corrediça se abriu e, refletido no espelho, viu Gintoki com seu costumeiro gesto de chegar ali cutucando o nariz.

— Nem dá pra ver essa barriga direito, Tsukuyo... Tá tão empolgada assim?

— Podem fazer apenas três meses, mas comecei a me acostumar com essa ideia e estou bem ansiosa. – ela sorriu enquanto levava a mão ao ventre.

— Só vocês, mulheres, para ficarem ansiosas com barrigas grandes e com dor de parto.

— Bobo... Você não acha que é mais importante um bebê nascendo do que um monte de dor?

— Sei lá, eu não sou mulher.

— Você acha que pode ser o quê? Um menino, ou uma menina?

— Poderia ser um menino com o cabelo liso.

— Por que cabelo liso? A sua permanente natural, como você diz, é mais interessante.

— Não quero que essa criança sofra o que eu sofro com meu cabelo. – ele respondeu enquanto colocava o dedo mindinho no ouvido para retirar a cera.

— Se for uma menina, eu gostaria que ela fosse uma Paako-chan.

Nisso, Tsukuyo começou a rir, lembrando do dia em que Gintoki se vestira como uma mulher. A imagem do Yorozuya de maria-chiquinha e de quimono rosa nunca havia saído de sua mente. Gintoki, claro, sabia perfeitamente do que ela estava se lembrando e resmungou aborrecido:

— É por isso que eu quero que seja um menino, e com o cabelo liso...!

— Você fica ainda mais charmoso quando fica corado.

Quando Gintoki menos esperava, Tsukuyo o beijou ternamente. Adorava fazer isso. Amava aquele homem, por isso não se importava em ter engravidado dele do jeito que foi. E sabia que ele também não se importava por ter sido algo inesperado. Pois sabia e sentia que ele a amava com a mesma intensidade.

O albino enlaçou sua cintura com um dos braços, procurando aprofundar mais o beijo. A loira era viciante, não conseguia mais ficar sem pelo menos dar um selinho nela. Se bem que não seria má ideia se fosse um pouco além, mas por enquanto era melhor se segurar. Só o simples contato com ela por enquanto já bastava.

No entanto, aquilo durou pouco, pois uma kunai, em grande velocidade, passou muito perto deles e se cravou na parede oposta à da janela. Talvez, se não estivessem juntinhos como estavam na hora, um dos dois poderia ser atingido.

Tsukuyo foi até a kunai que estava cravada na parede e a retirou dali. Desenrolou um papel que estava nela, que continha a seguinte mensagem:

“Tsukuyo, você deve renunciar à liderança da Hyakka, ou terá que arcar com as consequências.”

O bilhete também chamou a atenção de Gintoki, pelo tom de ameaça. Estava sem remetente, mas Tsukuyo murmurou:

— Aomame...

O ex-samurai perguntou:

— Quem é Aomame?

O olhar dele não permitia que a kunoichi desse qualquer resposta evasiva. Tinha que confiar nele e compartilhar com ele o que sentia. Então, decidiu contar:

— Gintoki, Aomame é uma das integrantes da Hyakka. Ela tem uma presença forte no grupo e já faz algum tempo que percebo que ela quer tomar meu lugar na liderança.

— E isso já tem algum tempo?

— Desde que eu assumi que nós dois estamos juntos.

— Como assim?

— Ela insinua que eu não deveria estar à frente da Hyakka, porque estou envolvida com você. Como se eu não soubesse conciliar a minha vida pessoal com o meu trabalho. – ela deu de ombros. – Aliás, acho que a Aomame deveria era se preocupar em cumprir com seus deveres como uma Hyakka. Ela não me intimida.

*

Noite seguinte. Hora de mais uma ronda, agora na calada da noite. As mulheres da Hyakka já estavam todas agrupadas para receberem as coordenadas de Tsukuyo, quando um grupo que estava próximo à Cortesã da Morte passou a empunhar as kunais e apontar para ela.

A loira, com um semblante aparentemente calmo, estava de olhos fechados e braços cruzados, enquanto uma mulher de longos cabelos negros, presos em um rabo-de-cavalo, e olhos dourados, se aproximava de forma ameaçadora. Tsukuyo abriu seus olhos violetas e sorriu com ironia:

— Eu já esperava por isso... Aomame.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Isto não é mais um romance água-com-açúcar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.