13 de Agosto de 2013.

O céu estava escuro e estrelado, o vento soprava calmamente e a rua estava completamente silenciosa; diferente daquela noite, quando a vida de todos que Léon conhecia mudou. Seu corpo nunca fora encontrado, mas a polícia tinha informações suficientes para determinar que Léon fora assassinado. Ainda tentavam descobrir o motivo de sua morte e seu assassino.

Violetta estava deitada na cama com a cabeça entre os joelhos, tentava dormir, mas seu corpo não correspondia seus comandos e fazia anos desde que não tinha uma noite calma, sem sonhos ou pesadelos. A morte de Léon havia mudado sua vida e Violetta tentava achar uma maneira de seguir em frente. Nessa noite, à meia-noite e meia, completaria 3 anos que León fora assassinado sem motivos ou causas e a deixara, depois de um dia maravilhoso que tiveram.

Levantou-se da cama e olhou através da janela. A noite estava como nunca vira, apesar de sempre ficar acordada com dificuldades para dormir. Violetta não dava bola para o mundo ao seu redor, muitas vezes nem se dava conta do que acontecia com ela e com os outros. Fechou os olhos tentando esquecer tudo, para que o sonho que acabara de ter saísse de sua cabeça, mas a imagem era mais do que nítida.

– Nunca me abandone, Violetta. – Disse Léon acariciando seu cabelo cacheado de 3 anos atrás.

– Eu nunca abandonaria quem amo, e quero que você também nunca faça isso. Já passamos por tanta coisa, mas tudo isso valeu a pena, por você. –Respondeu Violetta o abraçando.

– Eu sempre vou te amar, mesmo que haja uma pessoa impedindo que sejamos felizes. Essas foram as palavras naquela tarde, uma das melhores tardes que tiveram juntos.

Eles não sabiam que à noite tudo teria mudado, que o amor deles seria destruído por alguém que nunca quis vê-los juntos. Violetta suspirou e lágrimas escorreram dos seus olhos, a dor dominava-a em cada dia que passava. Estando infeliz, queria morrer assim como Léon.

Voltou para a cama totalmente anestesiada por aquele momento que tanto ansiava: a volta de Léon, mas ele nunca mais voltaria. Se ao menos soubessem onde estava o corpo dele, tudo seria mais fácil, porque poderia encontrar o conforto de saber onde ele estava. Entre os seus pensamentos tristes e complicados, Violetta adormeceu com medo de que aqueles sonhos retornassem.

Amanheceu, o sol adentrava a janela do seu quarto que havia ficado aberta durante a noite passada. Acordou com dificuldade e, apesar do dia lindo, não tinha nenhuma vontade de levantar da cama. Mesmo assim o fez, porque teria que sair de casa pelo menos naquele dia. Vestiu uma roupa qualquer, tentou achar algo que lhe agradasse, mas dificilmente isso aconteceria.

Saiu do quarto com medo; medo de que tudo o que restava na sua vida desse errado, mas precisava disso. Desceu as escadas depressa, torcendo para que seu pai não lhe visse ali, e parecia que a sorte estava com ela naquele dia, pois saiu de casa sem ser vista.

Andou pelas ruas decoradas de Buenos Aires devido aos dias comemorativos que estavam chegando e, depois de alguns minutos andando, avistou o cemitério frio e abandonado de sempre. Mesmo que o corpo de Léon não estivesse ali, eles fizeram questão de enterrar um caixão com os pertences dele. Viu a lápide com o nome dele escrito, ele era ainda tão novo, apenas com 19 anos. Ela o amava tanto. Perdeu as forças que a tinham trazido até ali e caiu de joelhos sobre a grama escura do cemitério. Lágrimas inundaram seus olhos e deu um soco leve com raiva sobre a grama. Queria que fosse ela ali, queria que ela estivesse morta.

Assim que levantou o rosto sobre a lápide, seus olhos encontraram os dele. Como em todos os anos que viera ali no dia de sua morte, Léon vestia uma roupa branca simples, mas estava gracioso como sempre. Era o espírito da pessoa que amava e, para Violetta, era como se ele estivesse ali, com ela e ao seu lado, sem nunca tê-la deixado.

Fechou os olhos como sempre fazia e pôde sentir os dedos de Léon tocando os sulcos de sua clavícula, com o encaixe perfeito, fazendo-a se acalmar e se sentir completa depois de anos.

– Vai ficar tudo bem, meu amor. Eu nunca vou te deixar. – Era como se pudesse ouvi-lo dizer ao seu ouvido. – Chegará uma hora que tudo será resolvido e você poderá entender o motivo da minha morte, mas peço que nunca me abandone, nunca se esqueça que eu sempre vou te amar. Pode ter passado apenas 3 anos, mas para mim se passaram 30... – Ela sabia que Léon teria continuado a falar se outra voz eufórica não soasse no cemitério.

– Violetta, aí está você! Fui até sua casa procurá-la, mas nem sinal. Pensei que estivesse sumida, mas aí me lembrei onde você estaria. – Disse Natalia abaixando a voz.

Depois da morte de Léon, Natalia se tornou sua melhor amiga. Ela entendia bem o que Violetta estava passando, era a única pessoa que tinha nesse momento.

– Natalia... Eu vi! Eu o vi como todos os anos, mas não foi como as outras vezes, foi real. Até pude sentir... – Sua voz transmitia a esperança de que ele voltasse.

– Você sabe que está ficando louca com isso, não sabe? – Franziu o cenho.

– Eu não estou. É uma decepção que nem você acredite em mim. Olhe, já faz 3 anos e ninguém sabe nada dele, como quer que eu fique? – Sussurrou com a voz fraca.

– Eu sei, me desculpe por dizer essas coisas. É que eu não entendo esse seu comportamento insano. – Natalia abraçou Violetta em seguida.

Natalia sabia o que fazer. Violetta estava cada dia, cada semana, cada mês, cada ano pior e mais louca. Ao vê-la, Natalia teve certeza de que a amiga precisava de um tratamento melhor do que os medicamentos que tomava. Ela teria que ir para um manicômio.