Passei a aula toda pensando naquele ser incrível que tinha se esbarrado em mim, queria saber mais sobre ele, conhecê-lo, mas não podia deixar os problemas de lado. Assim a tristeza me dominou de novo, junto com outros estranhos sentimentos. E agora eu chorava no escuro da sala de aula.

Fui para casa sozinha, pois não queria ter que falar com minha tia no carro.

Logo que cheguei pude perceber pela gritaria, que estava tendo briga. Não havia pessoas na sala, a discussão era no quarto.

Sem ser notada me aproximei e pude ouvir minha tia falar a meu primo Kaytor:

 - Você é maior de idade, já pode se virar sozinho, pega essa sua mulher e vai embora da minha casa e da minha vida!

- Eu sei os motivos pelo qual você nos quer longe daqui, ta com medo do passado renascer na sua vida, não é? Pois eu e Khadija não iremos embora, mas não contaremos nada. Por enquanto.

- Não sei do que você está falando.

- Sabe sim mãe, a senhora sabe.

Agora eu já não entendia nada, de que passado eles falavam? O que Khadija teria haver com isso? Eu não imaginava minha vida sem ela, ela era mais do que uma amiga para mim.

 Meus olhos percorreram o quarto, enquanto eu entrava ainda em silêncio. Pude ver que a expressão de minha tia tinha mudado completamente, agora ela fitava o vazio, preocupada e rígida. Ela saiu e meu rosto percorreu mais um pouco encontrando Khadija, num canto com uma pequena lagrima que caia sobre seu lindo rosto. Aproximei-me um pouco e vi sua expressão. Ela me chamou, eu a abracei e vi que seu toque era preocupado. Ela sussurrou para mim que tudo ia se esclarecer com o tempo, e que eu não precisava me preocupar com nada, ela sempre estaria comigo.

A vontade de chorar foi maior que eu, e antes que ela pudesse perceber eu pedi licença e sai. Como todas as vezes fui para o quarto, e deixei minha cabeça rodando em perguntas.

 Com o tempo fui me acalmando e percebi que já era tarde, hora de continuar a vida e levantei deixando uma única pergunta dominando minha mente: O que o passado escondia?