Waiting For The Impossible Girl escrita por Harpia


Capítulo 2
Alucinação Noturna


Notas iniciais do capítulo

AAA... Obrigada por favoritarem... Mas e os reviews? :(



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No terceiro feixe de luz, a iluminação da casa piscou e a névoa lilás se dissolveu conforme a imagem se tornava mais real, se fragmentando pouco à pouco em pontos dourados como mágica. Sem se convencer do que enxergava, Amy Pond desconfiou de que houvesse um buraco na parede e que aquele fosse um cômodo secreto da casa. O quarto largo possuía papéis de parede cor de salmão com desenhos vitorianos estampados e móveis de madeira escura talhados nas extremidades em formas ornamentais. Parecia mais o quarto de uma velha solteirona do que de alguém de vinte e cinco anos – Amy deduzia. Só poderia ser uma brincadeira da imobiliária! Imagine! Até parece que venderiam aquela casa tão espaçosa e bem localizada por um preço tão baixo sem que fosse uma piada!

– Que brincadeira ridícula é essa?! – ela aumentava o volume da voz e adicionava ênfases à suas palavras.

Mal conseguia encarar a jovem de cabelo castanho acima dos ombros e camisola vermelha apertada.

Piscando dezenas de vezes, a morena do outro lado riu, mas era nítido o quanto estava alarmada. – Qual brincadeira? Como assim brincadeira?! Quem é você?

Para Amy, aquela era a mulher mais fascinante que já viu em suas duas décadas de vida. Seu rosto tão incomum e angelical combinava essencialmente com sua voz doce e impertinente.

– Eu moro aqui – afirmou autoritária e trêmula de tão espantada. – Me diga seu nome.

– Clara Oswin Oswald – ela a respondeu, erguendo seu queixo bonitinho e um pouco pontudo.

Sem se conformar com a rejeição, esboçou um sorriso acanhado, sacudindo a cabeça. – Não vai perguntar o meu?

Botando as mãos na cintura, Clara franziu a testa. – Hunf... Isso é o que menos me interessa agora, quero saber o por quê você está do outro lado do meu espelho.

– Na-ão sei, eu vi uma luz e... – por tropeçar demais nas palavras foi interrompida pela morena hiperativa.

Saltitante, Clara rodeou a área que seu espelho abrangia e ficou vasculhando. – Isso é um vidro? Estão me gravando para algum programa de pegadinhas, é isso?

Amelia também se aproximou do suposto vidro e o tocou com a palma de sua mão, sentindo a superfície gelada.

– Isso é impossível! – sussurrou maravilhada.

Suspirou, revirando os olhos. – Impossível é acordar com uma idiota gritando do outro lado do meu espelho. Você tem noção de que horas são? Você não tem nada melhor pra fazer, não é?

– Você também está do outro lado do meu espelho, falando comigo e gastando o meu tempo – arqueou as sobrancelhas, franzindo os lábios.

De repente, Clara estalou os dedos como uma fada madrinha descobrindo uma solução para um feitiço indestrutível. – Já sei! Você é um fantasma?

– Não – respondeu séria.

– Adoro seu sotaque escocês. Qual é o seu nome?

Estava mais extrovertida do que no início, talvez por que seu cérebro estivesse se acostumando com a ideia maluca de ter alguém do outro lado da parede.

– Amy Pond.

– Muito prazer em conhecê-la, seja lá o que você for, amanhã eu vou acordar e isso vai ter sido apenas um sonho confuso – fez um sinal de positivo com o polegar.

Os pontos dourados começaram a se formar novamente e a névoa brotava da aceleração dos átomos.

– Já vai? – temeu, sua voz rouca soou mais pegajosa do que deveria.

Clara franziu a testa, estranhando o apego da estranha ruiva. – Já vou para onde?

– Embora, é óbvio.

– Não tem como ir embora, estou no meu quarto e... – Subitamente, Clara pulou em sua cama.

Sua voz se dissipou conforme Amy ergueu o espelho para se certificar de que não havia um buraco atrás dele e que essa fosse realmente alguma pegadinha de programa de televisão. Ao abaixá-lo, voltou a enxergar sua reflexão como normalmente acontece. Estava com uma aparência desgastada. Haviam bolsas roxas abaixo de seus olhos e seu cabelo estava cheio de espuma por conta da louça. Talvez fosse uma alucinação noturna e na verdade estivesse dormindo no sofá com a boca aberta e babando em cima das almofadas.

Chamou apreensiva. – Clara?

Sozinha e de braços cruzados, esperou até nove horas que ela retornasse do outro lado da parede, mas nada aconteceu, aliás, aconteceu sim, do lado de fora a chuva se intensificou e Amy ficou com tosse por causa da friagem. "Clara desapareceu para sempre", admitiu. Decepcionada e assumindo de que estava completamente louca, pegou um velho livro qualquer no meio das caixas no hall e marchou com passos pesados até seu novo quarto. Deitando-se em sua rangente cama macia posicionada ao centro, ficou se remexendo e olhando para o relógio na mesinha do abajur até cair no sono.

Uma hora.

Três horas.

Seis horas.

Oito horas.

Com as gotas e os galhos de uma árvore arranhando a janela, Amy Pond não conseguiu fechar os olhos e dormir, contudo, já estava acostumada; não dormia desde o acidente com seus pais, estava sempre vigiando. Uma pena que sua falta de ciclo de sono estivesse refletindo em sua saúde, coisas como imunidade baixa e palpitações eram comum para ela. Sua cabeça estava girando e seus pensamentos estavam direcionados à fatídica aparição. Precisava de Clara para esclarecer aquilo. Não queria se apegar depressa às pessoas, mas sentiu que ela era diferente das outras.

"Tenho que esquecer disso, não foi real e eu não vou enlouquecer", repetia em sua mente.

Finalmente quando o sol havia penetrado pela fresta da cortina e engatinhado até o meio da cama, Amy decidiu se levantar e ir tomar café. Encheu uma xícara e isso lhe bastou. Botando seus óculos, saiu de casa e decidiu ir até a casa de Martha para chamá-la para sair, mas ao atravessar na faixa um carro prata que entrava na rua sem saída quase a atropelou. Instantaneamente, uma mulher ruiva de mais ou menos quarenta anos saiu e correu até Amy. Seu nome era Donna Noble, estava escrito numa plaquinha grudada em seu blazer branco.

– Você é retardada? – Donna gritava empurrando-a pelo ombro.

Amy se afastou, na defensiva. – Cala a boca, você que veio pra cima de mim, nem deu seta!

– E se eu tivesse te machucado? Como ficaria? Eu não tenho nem aonde cair morta, quanto mais pagar um hospital!

– Aff... Não precisa, estou bem. Tenho um bom dia, senhora – se apressou, alcançando a calçada.

A mulher continuava berrando atrás dela, em seu encalço. – Senhora? Está me chamando de velha? Eu pareço velha para você? Idade é consequência e a sua feiura? Qual é a sua desculpa?

Apressando os passos e ajeitando os óculos tortos, Amy fugiu de Donna, se aproximando da porta da casa de Martha. E como sabia que essa era a casa dela? Na caixa de correspondência fincada no jardim lateral estava escrito em branco num garrancho "Martha Jones".

– Eu hein, todo mundo nessa cidade é maluco pra caralho – murmurou para si mesma, tocando a campainha de Martha.

Ao atendê-la dois minutos depois, Martha assumiu uma pose suspeita na porta semicerrada. – Veio dizer que o bolo te deu dor de barriga?

Ela teve a impressão de que ela estava prestes a bater a porta na sua cara.

– Não, por que eu faria isso? Eu vim perguntar se poderíamos sair hoje, sabe.

– Por que não sai com seus outros amigos ou então com aquela mulher que estava gritando com você no meio da rua?!

Amy deu qualquer outra desculpa para não passar vergonha ao dizer "Eu não tenho amigos". – Sou nova aqui, não conheço ninguém além de você.

– Ah... – Martha corou, sendo facilmente manipulada. – Vou pegar uma blusa.

Abaixo do céu cinzento no momento seguinte, elas passearam pelas ruas sem muito assunto para puxar além de comentários sobre o clima e os destroços da tempestade de ontem. Amy pensou em contá-la sobre o que aconteceu com seu espelho, mas não havia um jeito de não soar louca.

Tomaram sorvete (mesmo cientes do frio que estava) numa sorveteria na esquina e o funcionário por trás do balcão de atendimento não desgrudava os olhos de Amy. Martha disse que ele se chamava Rory e que era um tremendo gamer que passava os finais de semana inteiro no escuro. Ao invés de julgá-lo, o compreendia. Pagaram a conta, se despediram e cada uma voltou para sua própria casa. Amy se sentia renovada porque há muito tempo não saia para se "divertir".

Ao entrar no quarto para guardar a bolsa, examinou decepcionada sua própria reflexão no espelho. Se convenceu de que realmente Clara havia sido somente uma alucinação...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Acham que mais pra frente da fic a Amy vai ficar dividida entre o Rory e a Clara? :O



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