Shot At The Night escrita por Danna


Capítulo 10
Finalmente a verdade!


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, tudo bem?
Dessa vez eu não demorei tanto não é? Haushha...
Eu quero agradecer a Ane por favoritar a fic. Obg mesmo amr! Você não sabe como esse tipo de coisa me inspira.
Esse capitulo mostra um pouco da amizade entre a Jullie e a Lena, e pelo título acho que vocês já sabem que ele vai ser de grande importancia na fic...
Só lembrando, deem uma passadinha no tumblr da fic...
Boa leitura!



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Eu tenho o sono pesado... Menos quando se trata de panquecas. E nesse exato momento é disso que estou sentindo cheiro.

Meu estômago roncou, me lembrando de que desde ontem à noite não como nada e me fazendo levantar da cama, indo ao banheiro fazer minha higiene pessoal. Olhei para o espelho e finalmente, depois de tantos dias, estava sem olheiras. Eu consegui dormir essa noite! Muito bem ainda.

A manhã estava chuvosa e fria, e esses motivos fizeram com que eu continuasse de pijama e pegasse o cobertor da minha cama para me enrolar e descer comer minhas queridas panquecas.

Quando estava no meio da escada, consegui ouvir várias vozes, entre elas a de Jullie. Finalmente minha irmã estava em casa.

Terminei de descer as escadas correndo e fui para a cozinha acompanhando as vozes, dando de cara com Hunter e Jace cozinhando – por incrível que pareça – e Jullie com Mia no colo conversando com a mamãe.

– Olha, a Bela Adormecida acordou! – disse papai com um sorriso falso no rosto, provavelmente fui a única que percebeu que ele está preocupado com alguma coisa.

– Lena, você está parecendo uma mendiga com esse cobertor nas costas e esse cabelo bagunçado, sabia? – disse Jullie colocando minha irmãzinha no chão e vindo me abraçar. – Você está melhor? A mãe me ligou ontem à noite para contar o que aconteceu.

– Eu estou melhor sim. Foi só o choque do momento, depois passou. – respondi sentando em um dos bancos que ficam em volta do balcão.

Peguei Mia no colo.

– A Angel e a Jane virão aqui de tarde está bem? – disse Jace. – Elas estão preocupadas com você, e segundo elas, você precisa fazer compras para a festa da Zoey.

– Que festa?

– Ela vai fazer uma festa de aniversário sexta feira – respondeu Jace.

– Tudo bem. – disse com um falso entusiasmo encarando a bagunça que ele fazia enquanto tentava cozinhar alguma coisa. Parece que Hunter se sai melhor na cozinha já que ele pelo menos sabia fazer panquecas, as quais eu já estava devorando. – Só uma pergunta, por que vocês estão cozinhando?

– Perdemos uma aposta com a Jullie. Ela duvidou que nós conseguíssemos acertar um balão de água em um balde lá do telhado, e bem, nós perdemos – respondeu Hunter, com uma cara emburrada. – Então ao invés dela fazer o café da manhã, nós fizemos.

– Isso aconteceu enquanto eu dormia? Que horas são? – perguntei.

– São quase onze horas. Você ainda perdeu o Hunter caindo do telhado, foi hilário! – respondeu Jullie. – Sorte que ele caiu em cima de um monte de folhas.

– Falando nisso, vocês ainda tem que terminar de tirar elas de lá – reclamou meu pai.

– Espera, vocês estavam varrendo o quintal e não me chamaram? Tudo mundo sabe que eu adoro fazer isso! – exclamei indignada, enfiando mais um pedaço de panqueca na boca, falando de boca cheia. Desde pequena, adoro o outono. Como temos muitas arvores no quintal, suas folhas caem e por causa disso temos que tira-las de lá. Sempre foi um dos meus passatempos preferidos.

– Você precisava descansar querida – disse mamãe. Percebi que ela estava com olheiras profundas, assim como meu pai. – Nós precisamos ter uma conversa séria com você e com Hunter mais tarde.

Parei de mastigar instantaneamente, fazendo Jullie e Jace darem risada e Hunter esboçar um sorriso. Eu tinha a ligeira impressão que já sabia sobre o que eles queriam conversar comigo.

– Meu Deus! O que os dois aprontaram? Eu sabia que o ódio que um tinha pelo outro ia dar em alguma coisa! – disse Jace, e eu fiquei corada, para variar.

– O Hunter namora esqueceu? Fora que eu não sinto nada por ele e tenho certeza que ele também não sente nada por mim. – falei, e logo que essas palavras saíram percebi que a maior parte era mentira, pelo menos sobre eu não gostar dele. Também percebi o como queria que as palavras restantes continuassem sendo mentiras.

– Se você diz... – respondeu Jace, dando de ombros.

– Mudando de assunto, eu acho melhor vocês irem recolher as folhas lá fora se não o vento vai fazê-las voar de novo – disse meu pai. – Daqui a pouco nós chamamos vocês para almoçar.

Subi para me trocar enquanto o resto das pessoas foi lá para fora recolher as folhas.

Eu sabia o que meus pais queriam conversar comigo e também sabia que devia ter contado tudo o que aconteceu comigo no acidente para Hunter. Resumindo, precisava contar sobre o campo de força, e que ele foi à única coisa que me protegeu. Ele iria me achar louca.

Desci para o quintal decidida a falar com Hunter e tentar entender o que estava acontecendo comigo de fato.

Logo que abri as portas de vidro para ir ao quintal vi Mia correndo e pulando no monte de folhas, junto com Jace e uma Jullie logo atrás, me fazendo abrir um pequeno sorriso... Que se apagou quando vi Hunter sentado em uma espreguiçadeira perto da piscina. Ele estava com uma cara carrancuda e os olhos fechados.

Era agora ou nunca.

Fui até onde ele estava e tirei um dos fones de seu ouvido, o fazendo dizer alguns palavrões.

– Lena, agora não! Não estou de bom humor – disse mal educado. E aquele simples ato fez com que uma raiva incontrolável subisse pelo meu peito.

– Ótimo – respondi um pouco grossa demais. – É você que vai ficar sem saber o que realmente aconteceu no acidente.

Juro que não conseguia entender Hunter. Há umas 14 horas atrás ele estava cuidando de mim de verdade, fazendo com que eu me sentisse bem. E agora, ele vira um ogro. Já não sabia mais o que pensar sobre ele.

Comecei a andar para onde meus irmãos estavam quando o diabinho júnior chamou meu nome, fazendo-me virar para ele com uma cara de poucos amigos.

– Eu acho melhor você me contar logo o que aconteceu – falou. Sentei ao seu lado na espreguiçadeira, me concentrando nas ondas que se formavam na agua da piscina quando o vento batia. Se o encarasse não conseguiria falar.

– Enquanto o carro capotava – gaguejei nas primeiras palavras – alguma coisa me protegeu. Parecia um campo de força, e, achei que fui eu quem o projetou – mesmo não olhando para Hunter, sabia que o mesmo me observava.

– Isso é impossível! Essas coisas não existem – disse com a voz baixa. – Você tá imaginando Lena.

– Não Hunter, não estou! Alguma coisa me protegeu, e eu tenho certeza que se nada o tivesse feito eu não estaria viva hoje. O que aconteceu foi um pouco mais sério do que você acha! – falei, tentando manter a calma.

– Já pensou em procurar um psicólogo? Eu acho que deveria sabia? Você está passando por muitos problemas ultimamente.

O olhei indignada. Nós nunca conseguiríamos ser amigos. Como eu pude achar que sentia alguma coisa por ele? Raiva, ódio, tudo transbordava de mim agora e a vontade que tinha de mata-lo era gigante. Por que ele era assim apenas comigo? Qual o meu problema? Não, espera... Qual é o problema dele?

– Acho que você quem deveria visitar um psicólogo, afinal quem tem distúrbio de bipolaridade não sou eu! – gritei para ele, o deixando com uma cara engraçada. Me levantei e fui para onde meus irmãos estavam, não olhando para trás.

– Vem cá Naná – disse Mia, puxando-me pela mão quando cheguei lá perto. – Vem brincar comigo!

Não pensei duas vezes para sair correndo e me jogar no monte de folhas com uma criança pulando em cima de mim logo depois.

– Olha quem resolveu voltar a ser criança! – disse Jace brincando com a minha cara.

– Ei, por que ele está emburrado? – perguntou Jullie, apontando para Hunter com a cabeça.

– Me diz um dia que ele não esteja emburrado? – retruquei.

Ela apenas deu uma risada e me puxou para entrar na varanda do espaço gourmet, levando Mia com a gente e fazendo Jace ir conversar com a fuinha albina. Minha casa tinha duas cozinhas, uma dentro de casa e outra fora, onde normalmente fazíamos churrascos, os quais não faziam diferença para mim já que era vegetariana, e almoços em dias especiais. Seu piso era de madeira e em seu canto esquerdo havia sofás e redes, no qual nós nos sentamos.

– Qual o seu problema e o do Hunter hein? Por que vocês simplesmente não facilitam? Aposto que seria mais rápido. – disse Jullie, e eu fiquei de boca aberta tentando entender o que ela falava.

– Oi? – perguntei.

– Tá meio na cara que vocês se gostam! – exclamou me encarando.

– Ele não gosta de mim.

– Há! Então você gosta dele – ela me pegou agora. Eu gostava? Ou era apenas uma atração passageira? Ao invés de falar alguma coisa, dei apenas de ombros.

– Bom, não importa se você gosta de verdade ou não, eu já passei pela sua idade e eu sei que vocês apenas pensam eu uma coisa. Sexo.

– Jullie...

– Não, nem vem, eu sei que é verdade Lena. Você que ainda é santa e não sabe como isso é! Aposto que você adoraria descobrir com o Hunter. – disse cantarolando a ultima parte, me deixando mais vermelha que um tomate.

– Esse assunto está me deixando desconfortável. Podemos parar?

– Você sabe por que ele está com a Zoey?- perguntou me ignorando. Eu a encarei como se dissesse que já sabia o porquê. – Exatamente...

– E como você sabe disso?

– Nós conversamos bastante hoje, e eu tenho a ligeira impressão que se você desse alguma permissão para ele se aproximar vocês já estariam juntos varando a noite...

Taquei uma almofada nela não deixando que terminasse a frase, o que a fez e gargalhar e deitar no sofá. Não conseguia entender como as pessoas conversavam sobre isso tão facilmente, é vergonhoso.

Logo depois de seu ataque de riso passar, Jullie se sentou e começou a conversar comigo sobre assuntos variados, até chegar na bendita festa da Zoey, que eu nem sabia que iria acontecer até algumas horas atrás.

– Você precisa ir maravilhosa está bem? Apenas para mostrar para ela quem manda. Vai que você consegue sei lá, ficar com o Joe? Meu Deus imagina a cara do Hunter, ia ser hilário. Ele pegava a ex do Joe e o Joe pegava a que ele na verdade queria pegar.

– Eu não vou ficar com Joe – disse rapidamente. – Não sinto mais nada por ele e ficar por ficar não é comigo.

– Está vendo, santa demais! – exclamou olhando para mim com uma cara bizarra. – Mudando de assunto, eu sei que você tem pouco tempo para organizar a festa de Halloween, então se precisar da minha ajuda é só pedir está bem?

Concordei com a cabeça e continuamos a conversar. Amava ficar com a minha irmã. Ao mesmo tempo em que falávamos sobre tudo, não falávamos sobre nada e essa era a melhor parte.

Depois de aproximadamente uma hora brincando com Mia e conversando com Jullie, meus pais apareceram na varanda, chamando a mim e Hunter.

Estremeci. Agora era a hora que eu quis prolongar o máximo possível. A hora em que toda noite pensava antes de dormir e que invadia meus sonhos os transformando em pesadelos, e, a hora que todo meu passado viria à tona.

Levantei da rede ao mesmo tempo em que Hunter se levantou da espreguiçadeira, arrumando seu suéter vermelho e olhando para mim de canto de olho. Subi as escadas da varanda com ele logo atrás. Meus pais fizeram um sinal para segui-los e foi nesse momento que eu paralisei, no meio da sala de estar, fazendo com que o diabinho júnior se chocasse com as minhas costas, sentindo todos seus músculos se retraindo. Se fosse em outras situações, eu já estaria corada, mas agora nem meu cérebro raciocinava direito.

– Lena, eu achei que você quisesse saber a verdade – sussurrou Hunter, segurando minha cintura por trás, apenas para impedir que eu caísse, enquanto meus pais sumiam de vista, indo para a biblioteca.

– Eu também achei – respondi. – Será que é muito tarde para fingir um desmaio?

– Acho melhor não. Teve um bom motivo para você ainda não ter entrado no grupo de teatro.

Virei-me e o encarei, lançando meu melhor olhar mortal, o qual não assustava nem mosca. Ele apenas abriu um meio sorriso mostrando sua covinha deficiente, já que ele tinha apenas de um lado e não era funda.

– Para sua informação, eu nunca tentei entrar para o grupo de teatro, não é algo que me atraí.

– Só... Vamos terminar logo com isso Lena – disse me encarando, parecendo cansado. Por um tempo nossos olhares se cruzaram e eu logo me esqueci do quão idiota ele era. Hunter abaixou a cabeça e passou por mim, indo atrás de meus pais. Fiz o mesmo. Não tinha para onde fugir.

Enrolei o máximo possível para descer as escadas que levavam à biblioteca. Logo no começo da escada já víamos ela inteira. Encontrei meus pais sentados em um sofá perto da lareira e provavelmente Hunter estava lá perto também.

– Então... – disse descendo os últimos degrais. – O que vocês têm de tão importante para conversar?

– Sente-se querida – falou minha mãe, apontando para o sofá a sua frente, com uma xicara de sei lá o que na mão. Hunter estava encostado na parte de madeira da lareira, olhando para mim.

Sentei-me e encarei meus pés, segurando minhas mãos em cima do meu colo, para não mostrar o quanto elas tremiam.

– Nós vamos começar a falar, mas, por favor, espere até que terminemos para você perguntar alguma coisa, está bem Lena? – perguntou meu pai. Acenei com a cabeça. – Nós sabemos como você é curiosa.

– Curiosa até demais... – comentou Hunter.

– Você também mocinho – falou meu pai, enquanto o branquelo fazia uma careta. Se estivesse em outra situação, teria rido. – Voltando ao assunto... – encarou mamãe.

– Quando você nasceu, nós trabalhávamos para uma empresa chamada Morcleine, responsável por realizar mutações genéticas. Éramos cientistas – começou minha mãe. –Certo dia, nosso chefe, o pai de Hunter, decidiu que para certo tipo de experiência se desenvolver, seria necessário que ela fosse realizada em um recém-nascido.

“Por você ter acabado de nascer e nós trabalharmos para ele, Charles ameaçou a nos demitir e por já termos dois filhos, achamos melhor não arriscar ficar desempregados, não tivemos escolha. Resolvemos então lhe entregar, mas para isso acontecer nós que iriamos realizar o tal experimento”.

“Quando aconteceu a tão misteriosa mutação genética, a maioria dos cientistas da empresa foi chamada para nos auxiliar. Colocamos eletrodos em você que eram ligados a uma máquina que todos desconheciam a utilidade e assim você ficou por um bom tempo. Naquela noite chovia muito e houve um apagão no laboratório, danificando todos os materiais eletrônicos”.

“Não sabíamos se o experimento tinha dado certo ou não, já que ninguém tinha ideia do que aquela máquina criada por Sebastian RedFren fazia, apenas que nela possuíam vários tipos de materiais genéticos que foram destruídos pelo apagão – nesse momento Hunter se desencostou da lareira, interessado no assunto e veio se sentar do meu lado. - Por segurança, todos acharam melhor nos afastarmos da empresa, incluindo Charles. Ele nos deu uma nova oportunidade de vida, mas sempre esteve em nossas mentes que você precisaria voltar para a Morcleine realizar novos testes, já que o que tivesse acontecido poderia se desenvolver no futuro.”

Não conseguia me mover, nem respirar. Eram tantas informações que não faziam sentido. Senti meu corpo amolecer e com certeza, se não estivesse tão decidida a terminar de ouvir a história, teria desmaiado.

Era quase impossível acreditar no que meus pais haviam me contado. Eu era apenas um bebe quando sofri o experimento, o qual teve um problema técnico que explica o campo de força. Pelo o que sei, campos de força são feitos de energia, e foi exatamente isso que fez dar “errado” a mutação genética.

Por incrível que pareça, saber disso me acalmou. Agora, eu sabia o que tinha acontecido naquele carro e o porquê, mas isso não fez com que a magoa que senti dos meus pais passasse.

Não era raiva, nem ódio... Era mágoa. Eu entendi seus motivos para me entregar, mas mesmo assim ainda machucava. Eles abrirão mão de mim para cuidar dos meus outros dois irmãos.

E se eu morresse no experimento? E se eu virasse um monstro? Eles iriam se importar? Ou fingir que eu não era filha deles e agir com suas vidas normalmente?

Fui tirada de meus devaneios pela voz rouca e preocupada de Hunter.

– Vocês conheciam meu pai? – perguntou.

– Sim querido, seu pai e sua mãe eram nossos amigos. Muito importantes para nós e para a empresa. Foi um choque quando soubemos que eles tinham morrido. – respondeu minha mãe.

– Vocês sabem o que causou a morte deles?

– Segundo Charles uma explosão causada em um experimento falho, mas nós só sabemos o que ele diz – falou meu pai. – Você tinha apenas dois anos na época.

Hunter acenou com a cabeça e virou sua atenção para mim, que ainda estava concentrada em meus dedos do pé.

– Lena? – me chamou com uma voz doce, a qual ele nunca tinha usado antes.- Você me prometeu que não iria surtar...

Levantei a cabeça para ele, encarando seus olhas cinzas azulados, aparentemente cheios de preocupação. Mas apenas aparentemente. Já cansei de tentar entender esse garoto.

– Eu não vou surtar, nem pirar, nem gritar – disse. – Eu sei me controlar.

– Então você não está brava nem com ódio? – perguntou meu pai.

– Não – respondi tentando manter minha voz firme. Não queria arrumar briga com eles, fora que a coragem de respondê-los não existia.

Minha mãe apenas me encarou, junto com os outros dois homens na sala. Minhas bochechas ficaram rosa.

– Que foi? – perguntei. – Eu entendo o lado de vocês. Juro. É só que... Ainda não me acostumei com a verdade.

– Não vamos cobrar isso de você querida. – falou mamãe.

– Por que aqueles caras com máscara querem me sequestrar? – perguntei.

– Os sequestradores pegaram sua ficha na Morcleine – Hunter tomou à dianteira. – Nela estava escrito que seus super hiper mega poderes criados acidentalmente no experimento iriam se desenvolver no futuro. Eles trabalham para Aicone, uma empresa de mutação genética rival. Era óbvio que para eles era mais fácil terminar um trabalho já começado.

– E agora? O que vai acontecer? – continuei meu interrogatório. Já que começaram a esclarecer minhas dúvidas, agora terminem.

– Você vai com Hunter para Morcleine.

– Não há alguma alternativa? – perguntei.

– Só se você quiser morrer. É só você me falar que eu te entrego rapidinho para os sequestradores – disse Hunter, sendo extremamente arrogante. Seus modos demonstravam que ele estava preocupado, mas sua fala dizia contrário. O ódio que eu estava sentindo por ele nesse momento era inexplicável.

– É, talvez eu queira morrer. Prefiro isso a ter que conviver com você 24 horas por dia até chegar na Morcleine. – respondi devolvendo seu olhar raivoso.

– Eu achei que a fase das provocações tinha terminado – tagarelou meu pai. O encarei irritada.

– Voltando... Se eu aceitar ir até essa empresa para finalmente ficar “segura”, o que eles irão fazer comigo lá?

– Apenas alguns experimentos para ver se o experimento realmente deu certo ou não. – disse mamãe.

– E se ele não tiver funcionado? – perguntei mesmo sabendo que era mentira. Sim, ele havia funcionado.

– Te deixarão ir embora, mas até aí, os sequestradores não irão mais estar atrás de você – Falou meu pai. Hunter soltou algo como um engasgo misturado a uma risada junto com uma tosse. Eu sabia que ele estava apenas tentando disfarçar a gargalhada que tinha se formado em sua garganta. Alguma coisa dita foi tão absurda que o fez rir.

– Eu tenho certeza que não será tão fácil assim pai. Pelo jeito uma vez que eu for não tem mais volta. Certo, Hunter? – ele me encarou com um misto de surpresa e desconfiança. Depois voltou sua atenção a meus pais.

– Ela estará segura lá. Vocês confiam no meu pai e na empresa.

– Eu não confiaria, sabe? Eles fizeram vocês doarem um bebe recém-nascido para um experimento. – agora eu tinha extrapolado, Hunter nunca mais olharia para minha cara.

– Não temos escolha filha! Já estamos fazendo você se arriscar em todos os sentidos. Temos que confiar em Hunter e no seu pai – um sorriso de satisfação brotou nos lábios daquele ser branquelo, e percebi que dentro daqueles mesmos olhos que eu achava maravilhosos, existiam vários demônios escondidos.

– Óbvio. Nunca temos escolhas, certo? – falei gritando, me levantando do sofá e indo em direção as escadas para me trancar no meu quarto. De preferencia para sempre. – Quando partimos?

– Precisamos esperar o final de um grande evento, para disfarçar os sequestradores. Se formos agora, seremos mortos no caminho – respondeu Hunter. – E eles apenas atacam quando estamos sozinhos.

– Depois da festa de Halloween? Quando todos estiverem indo embora? – sugeri, parando no meio das escadas.

– Ótima ideia princesa – respondeu Hunter, com seu tão famoso sorriso cínico, o qual eu já não via em seu rosto há um bom tempo. – Ás vezes eu te subestimo, sabia?

– Todos me subestimam – respondi, subindo as escadas sem olhar para trás.

Quando cheguei em meu quarto, desabei em minha cama e me permiti chorar tudo o que estava segurando há um bom tempo.

Eu sabia que o que mais me machucou no dia de hoje não tinha sido o que meus pais haviam me contado e sim o que Hunter tinha feito. Eu já esperava ouvir o que meus pais disseram, aquilo não foi um choque, apenas um momento triste em que eu ouvi a verdade das pessoas que eu mais amava. Mas o Hunter realmente me decepcionou hoje.

Tão imprevisível, tão bipolar, tão impossível. E o pior era que mesmo sabendo que ele sempre foi assim, me permiti ser magoada e pisoteada.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Por favor comentem! Eu não vou ser aquelas escritoras que falam que se não tiver pelo menos 5 comentários não irá postar o próximo capitulo, mas eu peço por favor para vocês comentarem. A fic tem até que bastante leitores e menos de 1 quinto dá as caras! Então por favor...