Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 38
Capítulo XXXVIII


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente. Cês tão bem?
Nem venham reclamar de demora, plz. Julgando a minha falta de tempo, acho que até andei rápido demais hahahaha
Tá, brincadeiras a parte, espero de coração que gostem do capítulo. Eu acho que cheguei a comentar, em algumas respostas, que tô mudando umas coisas na fic. Não é nada relevante e não é nada que vai ser postado, mas é esse o motivo do capítulo estar maior que os habituais. De todo jeito, espero que gostem!
E leiam as notas finais, viu?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/423351/chapter/38

Jude

— Bom dia, Juddy! — James exclamou, segundos antes de se jogar na cadeira diante da mesa de jantar vestido apenas por uma calça de pijama.

— Eu estou enxergando direito? James Oliver Ward está acordado a essa hora da manhã?

— E Jude Ward está fazendo ironias. É, estamos no apocalipse.

Ri sem querer, tomando mais um gole de chá quente.

— Seu feriado não é o único que vai acabar cedo. — ele sorriu, explicando-se, e então pegou uma torrada para si. — Mamãe e papai, onde estão?

Encolhi os ombros.

— Sei lá. Acho que ela ainda está dormindo. Ele... deve estar no escritório.

Jay assentiu com a cabeça, mastigando, e ficamos em silêncio por alguns momentos.

— James, eu... Queria conversar uma coisa com você. Mas não dá pra ser aqui. — murmurei, engolindo o nervosismo, e ergui os olhos como que para indicar nossos pais, no andar de cima.

Ele acenou positivamente com a cabeça, sorrindo de um jeito cúmplice que quase dizia “eu te entendo” não-verbalmente.

— Eu preciso levar minha guitarra na loja hoje. E como vai fechar cedo, tô querendo ir daqui a pouco. Quer ir comigo?

Abri um sorriso, mesmo que o nervosismo fizesse um bolo na minha garganta.

— Claro!

Cerca de uma hora depois — tempo suficiente para eu e James terminarmos nossos cafés, tomarmos banho e nos trocarmos, ouvi sua voz na base da escada, pedindo que eu andasse rápido.

— Jude, vai sair? — a voz grave do meu pai soou através da porta entreaberta do gabinete, enquanto eu deixava meu quarto.

Andei até lá, empurrando-a delicadamente até conseguir vê-lo sentado em sua cadeira de couro.

— Vou, pai.

Ele olhou-me por sobre os óculos de leitura.

— Com quem?

Acabei rindo pelo nariz.

— Com Jay, ora.

Ele meneou a cabeça.

— Divirta-se, Jude.

Sorri, acenando em agradecimento, e pedi licença antes de deixar o gabinete.

— O que ele queria saber? — James perguntou-me, assim que desci as escadas.

— Se eu ia sair, com quem... Essas coisas.

Meu irmão riu enquanto atravessávamos a porta de entrada.

— Que bonitinho! Ele se preocupa muito com a filha única.

Ri da sua ironia.

— Para, Jay. Não é assim também.

— Não é? Jude, pros nossos pais só existe você.

Engoli em seco, olhando para baixo. James era “menos amado” pelos nossos pais não apenas por ser o mais velho, mas também porque desde muito novo já provara não ter a menor aptidão para a advocacia, se voltando para o mundo da música. Perguntei-me, no fundo da minha mente, o que eles pensariam de mim se soubessem qualquer coisa sobre Lizzie.

— Não é assim também. — ri, mas sem muita convicção.

— Não esquece do cinto. — ele piscou para mim quando entramos no carro absurdamente caro que ele ganhara aos dezesseis anos.

Momentos depois, andávamos pelas ruas da cidade.

— Jude, eu tenho que te pedir desculpas por a gente quase não ter se visto no feriado — ele se virou para me olhar enquanto dirigia, me deixando levemente assustada. — mas se bem que você saiu tanto também, né?

Acabei rindo, concordando.

— Eu fico feliz por isso. — ele continuou. — Digo, eu tinha medo do seu cérebro ter sido permanentemente estragado pelos nossos pais, sabe? Que bom que não foi.

Comecei a rir outra vez, já esquecendo o nervosismo.

— Mas e aí, como vai a banda?

— Bem. — ele encolheu os ombros e logo depois abaixou a voz, como se fosse contar um segredo. — Sabe, eu deixei de esperar que a gente fosse uma banda famosa faz muito tempo. Pra falar a verdade, eu tô gostando muito da faculdade de Engenharia Ambiental. Acho que vou acabar fazendo isso mesmo.

Ergui as sobrancelhas, surpresa.

— Então... Por que você continua agindo assim em casa?

Ele riu.

— Jude, nossos pais são terríveis. Eu não perderia a chance de irritá-los. — encolheu os ombros, e então se voltou para mim. — Desculpa, eu sei que você não gosta quando eu falo assim.

Ri pelo nariz, acenando com a mão como quem deixa para lá.

— Na verdade, acho que eu não ligo mais.

Jay acenou com a cabeça, aprovando, e riu.

Quando chegamos à loja, o nervosismo voltou a pesar em meu estômago, embrulhando-o. Meu irmão sorria, com a capa da guitarra pendurada no ombro, e cumprimentou calorosamente um homem que, pela cara, devia ser o dono da loja. Os dois conversaram por um tempo, enquanto eu passeava pelas lojas observando os instrumentos e CDs (e lembrando-me dos gostos de Lizzie). Em pouco tempo, James surgiu ao meu lado.

— Demorei?

— Nem um pouco.

Ele sorriu.

— Para onde vamos agora?

Encolhi os ombros, pensando nos passeios que eu fazia com Lizzie — nada além de andarmos pela cidade, conhecendo muitas vezes lugares novos e interessantes.

— Que tal andarmos pelo centro?

— É uma boa ideia.

Sorri, sem nada responder.

Quando entramos no carro, antes mesmo de James fechar a sua porta, vi, através do vidro da frente, duas garotas sorridentes, andando de mãos dadas na calçada.

Engoli em seco.

— James, olha ali. — indiquei-as, atraindo seu olhar. — O que você... acha disso?

— Nada. — ele encolheu os ombros.

Encarei-o, sentido um fio de esperança.

— Nada?

— É, nada. Elas são só pessoas que se gostam. Eu não tenho que achar nada.

Soltei um suspiro de alívio, mas ele não percebeu.

— Não me diz que a Sra. Ward encheu sua cabeça com essas bobagens de que é errado.

— Não, não. — me apressei em dizer, sentindo minhas unhas fincando as palmas das mãos, tamanho meu nervosismo. — É... outra coisa.

— O quê? — ele me olhou de lado, atento na direção.

— Eu... É... — engoli em seco. — Sabe a Lizzie? A menina com quem eu saí?

— A do cabelo legal? — ele perguntou, olhando para frente.

Olhei para as minhas mãos, confirmando com um murmúrio.

— O que tem ela?

— Nós... — engoli em seco pela última vez, e tomei fôlego antes de terminar a frase. — estamos namorando.

Fechei os olhos, temendo a reação de James, e a minha respiração falhou quando senti o carro frear.

— Namorando?

Abri os olhos devagar, encarando a expressão surpresa no rosto dele, e só pude assentir com a cabeça.

— Faz quanto tempo?

Voltei a respirar fundo, tentando buscar palavras.

— A gente... se conheceu no início das aulas — comecei. — e começamos a ficar em outubro. Ela me pediu em namoro no Natal.

Ele assentiu, e eu não pude ler a sua expressão. No instante seguinte, vi-o sorrir.

— Caramba, Jude, é a sua primeira namorada! Por que não me contou antes?

Afundei no banco do carro, quase chorando de alívio.

— Não faz nem uma semana. E você mesmo disse, a gente quase não se viu.

Ele riu.

— Tudo bem, você tá certa. Mas caramba, eu não acredito. Acho que é a última coisa que eu esperava. Minha irmãzinha ser...

Balancei a cabeça.

— Para, Jay. Não é nada de mais. Eu não mudei, nem nada.

Ele olhou-me.

— Na verdade, mudou sim.

Ergui as sobrancelhas.

— É sério, Jude. Mas você mudou para melhor. Pelo visto a... Lizzie, não é? Te fez bem. Já te falei, eu tinha medo de que você acabasse influenciada pelas loucuras da Sra. Ward.

Acabei rindo, mas a referência à nossa mãe me fez sentir um arrepio.

— E falando nela... — ele tamborilou os dedos no volante, a expressão se fechando. — Como vai ser isso?

Dei de ombros.

— Sei lá, Jay. Eu meio que não sou obrigada a contar para ela.

— É, você tá certa. Até porque, se contasse...

Balancei a cabeça, afastando aquela possibilidade.

— Eu não consigo nem imaginar.

Ele abriu um pequeno sorriso, concentrado em estacionar o carro.

— De todo jeito, você vai tomar cuidado, né?

Confirmei com a cabeça, um sorriso pequeno nos lábios e o coração mais leve.

— Obrigada, Jay.

Ele sorriu e bagunçou meu cabelo.

— Obrigada a você, Juddy, por confiar em mim a esse ponto.

Abracei-o de lado, no momento em que saímos do carro.

— Quando vai me apresentar a Lizzie?

Ergui os olhos.

— Que tal agora?

. . .

— Meu Deus, eu amo aquele riff! Tudo que eu queria é saber tocar ele inteiro.

— Eu te entendo! Acho que foi o que eu mais demorei a aprender na vida. Foram uns dois meses, sem parar, até eu tocar do início ao fim tudo certo.

Comi mais uma batata, tentando segurar o riso ao ver a empolgação de Jay e Lizzie. Estávamos no Fries & Burger, uma lanchonete em que ela me levara uma vez, onde as paredes eram pintadas a tinta de quadro negro e havia giz colorido em todas as mesas. Era hora do almoço e, desde que eu os apresentara um ao outro, meu irmão e a minha namorada haviam começado a conversar sobre tudo — desde tatuagens até música —, se dando tão bem que chegava a ser cômico.

— E o Vinil, você conhece?

— Fala sério. — Lizzie sorria tão largamente como eu só a vira fazer raras vezes. — Antes do St. Leonards eu ia lá praticamente todo fim de semana.

— Eu toco lá direto. — Jay sorriu. — Eles valorizam muito as bandas novas, e a comida lá é incrível.

Eu também sorria, observando. Os dois pareciam crianças pequenas descobrindo que gostavam do mesmo desenho animado. E, por mais engraçado que fosse, eu adorava aquilo, afinal era bom ter pelo menos uma parte da minha família aceitando abertamente o meu relacionamento.

— Mesa cinco!

Ergui os olhos ao ouvir o atendente anunciar o número da mesa onde estávamos e me levantei, ignorando os dois que conversavam sem nem olhar para o lado. Quando voltei, equilibrando a bandeja nas mãos, o olhar de Lizzie estava voltado para a minha direção, e seu sorriso mostrava que sua atenção não estava nos hambúrgueres que eu segurava. Corando, pousei a bandeja sobre a mesa e me sentei ao lado dela.

— Obrigada, Juddy. — Jay sorriu, bagunçando meus cabelos, e se pôs a abrir a embalagem do seu hambúrguer.

Sem tirar o sorriso dos lábios, Lizzie segurou-me a mão sob a mesa, inclinando-se apenas para me dar um suave beijo no rosto. Sorrindo eu deitei a cabeça no ombro dela, e mesmo quando nos pusemos a comer, continuamos bem próximas uma da outra.

. . .

— É, Juddy, você escolheu bem. A Lizzie é linda. — Jay sorriu, e eu não gostei nada do duplo sentido que usou nas palavras.

Ergui a sobrancelha, encarando meu irmão.

— Como assim, James Oliver?

Ele riu.

— Linda, ora. De rosto, corpo...

— James! — exclamei, dando-lhe um tapa no ombro. Rindo, meu irmão se voltou para o volante, preocupando-se em dirigir.

Os beijos de Lizzie, escondidos, quando nos despedimos na lanchonete ainda estavam claros em minha memória e impressos em meus lábios, me deixando com um sorriso bobo, que sumiu assim que James e eu entramos em casa.

— Bom dia. — minha mãe ergueu os olhos da revista que folheava e sorriu.

— Oi. — James meneou a cabeça, praticamente indiferente.

— Bom dia, mãe. — eu respondi então, consciente de que seria bom manter ao máximo a aparência de boazinha depois dela ter “conhecido” Lizzie.

— Vocês não almoçaram aqui. Onde estavam?

Prendi a respiração, buscando alguma resposta plausível, mas Jay foi mais rápido.

— É, deixa eu ver... — ele começou, o tom irônico. — Levamos minha guitarra para consertar, passeamos no centro, entramos em uma livraria e almoçamos numa lanchonete. A Jude estava a fim de comer hambúrguer.

— Da próxima vez, por favor, avisem quando saírem assim. — ela sentenciou. — Hoje May e Anne ficaram esperando por vocês.

Assenti com a cabeça, em silêncio, e vi James revirar os olhos. A moça que fora contratada para cozinhar para nós chamava-se Andrea, e não Anne, e a referência às empregadas era apenas uma desculpa de nossa mãe para dramatizar mais a nossa ausência.

— Tudo bem, mamãe.

Ela meneou a cabeça e então acenou com a mão, num gesto que também usava para dispensar os “serviçais”.

— Podem ir.

Segui James em direção às escadas e as subimos em silêncio. Quando chegamos ao andar de cima, entretanto, ele bufou.

— Mal posso esperar para ir embora daqui. — murmurou, e era possível ver a irritação em suas palavras. — Arrumar um lugar para mim e sair fora dessa loucura, sem depender de ninguém aqui.

Olhei-o, fazendo uma expressão dramática.

— E vai me deixar sozinha?

— Claro que não, Juddy. — ele riu, bagunçando meus cabelos, e me puxou para um abraço desajeitado. — Vou te levar comigo.

Sorri e me desvencilhei de seus braços, e nos separamos quando ele entrou em seu quarto e eu, no meu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi de novo, galere! Então... Antes de listar o povo que comentou, eu queria fazer uma pequena divulgação. Nesse período em que fiquei sem postar, eu acabei "traindo" vocês, e postei umas nove ou dez one-shots novas. Algumas realmente foram escritas nesse período, mas outras eu só reescrevi e repostei. Enfim. São todas Yuri e têm temas variados, então, se quiserem dar uma olhada enquanto não vem capítulo novo, fiquem à vontade. Não vou colocar os links aqui porque não tem sentido, já que acabaria só enchendo (mais) esse campo e, afinal de contas, eles estão todos no meu perfil. Tem drama, romance, drama com romance, orange, songfic e por aí vai. Se vocês lerem, opinarem, criticarem, comentarem, eu vou amar (mais ainda) vocês! :3
Agora, sem mais delongas, bora pra quem comentou.
Primeiro, o capítulo 36:
> Nêmesis
> ArayaN
> deboraoliveira
> Ana Pereyra
> GabsNovaes
> Lua
> Saah Chan
> Beatriz
> Samyni
> Mina
> Simba Loxar TBF
> Ms Lee Jauregui

E pra não deixar as notas maiores que já estão, vou botar aqui só quem comentou no 37 e não no 36:
> Kitsune
> memk
> ErikaTomazRodrigues
> naty
> AnaCarolina
> leitoraanonima
> vic
> Sociopath
> lih

E a Ene, que tá comentando os primeiros capítulos ainda.
Muuuuito obrigada a todxs vocês! Amo muito! :3