Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 18
Capítulo XVIII


Notas iniciais do capítulo

Oooi gente! o/
Nem demorei né? Pois é!
Não esperem nada desse cap. Sou má e amo enrolar, fim!
Mas, sem mais delongas, leiam!



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Jude

Eu conhecia suficientemente bem a natureza provocativa de Lizzie para saber que era este o motivo dela não ter me beijado no nosso chalé. Da mesma forma que ela se divertia causando irritação em Rebecca ou me deixando sem jeito, via graça agora em me fazer ter ainda mais vontade de beijá-la. Mas eu não me incomodava isso. Compreendia que, para me provocar assim, ela provavelmente queria assim como eu. Lizzie era provocante, mas não era má.

Ao descermos para o jantar, era como se nada houvesse acontecido. Ou pelo menos para Lizzie foi. Pois, na minha cabeça, aquele momento e todos e todas as reações que ela me causava se repetiam num looping infinito. Eu pensava no toque firme das mãos dela na minha cintura, no contato do meu corpo ao dela e principalmente, no toque suave e quase imaginário de sua boca na minha que, por mais que houvesse sido real, parecia bom demais para ser verdade.

No refeitório eu fiz questão de sentar perto de Lizzie, pois sua provocação fora efetiva no que concernia a despertar em mim um desejo de tocá-la, ficar perto, sentir seu calor. Desejo esse que parecia quase suplantar a minha timidez e meus receios.

Assim, quando senti sua mão roçar a minha por sob a mesa acariciando suavemente, abri um sorriso pequeno e entrelacei os dedos nos dela, percebendo pela primeira vez como sua mão era maior que a minha, os dedos longos e delgados.

Durante o jantar eu e Lizzie conversamos mais sobre coisas simples, a escola, uma matéria de História, um exercício de Física. Mas, mesmo assim, quando ela sorria era como se não existisse refeitório, barulho, nada. Apenas sua voz, seu rosto.

– Jude!

Eu me sentiria irritada com qualquer pessoa que nos interrompesse naquele momento, mas não seria tanto quanto eu me senti ao ver Kristin. Diante da sua falsidade, refreei o impulso de bater nela.

– Você já terminou o jantar? – Perguntou ao se aproximar. Sem tem o que dizer, optei pela verdade.

– Já sim.

Kristin olhou para baixo, parecendo terrivelmente culpada.

– Me acompanha em uma volta? Eu... Queria conversar.

Hesitei. Ela parecia sincera, mas havia dito tudo aquilo a Lizzie e eu ainda não esquecera da sua tentativa de me beijar.

Minha colega de quarto tocou-me o braço, e eu voltei o olhar para ela. Sua expressão era grave e cautelosa.

– Eu quero me desculpar, Jude. Não queria ter feito aquilo. – Kristin voltou a falar, baixo e discretamente.

– Bom, eu... Tudo bem.

Lizzie ficou séria.

– Jude...

– Está tudo bem, Lizzie. – Sorri de leve, tentando passar-lhe confiança. – E, qualquer coisa, você está aqui.

Ela acabou sorrindo, e eu apertei-lhe suavemente a mão.

– Está tudo bem okay? – Voltei a sorrir e ela riu.

– Tudo bem, Jude.

Lancei-lhe um último olhar carinhoso e me levantei para seguir Kristin, deixando para Lizzie a tarefa de inventar uma desculpa para esclarecer a confusão estampada no rosto de Anne e Lucy.

O ar da noite quente veio em forma de dedos gelados acariciando-me o rosto e as pernas, puxando levemente meus cabelos e a saia.

– Sabe, Jude eu queria me desculpar. – Kristin começou.

Andávamos em direção a pequena praça gramada, com bancos e postes que iluminavam de maneira mais ou menos uniforme. Olhei para ela, os ombros estreitos encolhidos, as mãos nos bolsos. Eu estava decidida a não me deixar levar novamente, por mais sincera que ela pudesse parecer.

– Eu não devia ter feito aquilo, não daquela forma. – Falou e eu continuei em silêncio. – É só que...

De repente, Kristin voltou-se para mim, olhando-me com intensidade. Suspirou, baixou o olhar e voltou a erguê-lo.

– Eu sempre gostei muito de você, Jude. Desde quando nos conhecemos, eu sempre tive aquele instinto protetor em relação a você. Só que, com o tempo, eu vi que era mais. Senti isso principalmente depois de ir para a França, depois de ter experiências diferentes...

– Tudo bem, Kristin. Eu entendi. – Cortei-a. Havia entendido suficientemente bem o que ela dissera, e não queria ouvir mais. – Eu sinto muito, de verdade. Mas não posso corresponder o seu sentimento.

Vi o olhar de Kristin fraquejar, talvez por confusão.

– Não? Mas... Você e Elizabeth... Eu achei que você gostasse...

Balancei a cabeça.

– Eu gosto de Lizzie, Kristin. O meu sentimento é por ela.

Agora eu via raiva no semblante dela.

– Por que, Jude? Eu fui sua colega de quarto primeiro. Eu cuidei de você. Essa garota estranha não fez nada por você!

– Kristin, quando nos conhecemos eu era pouco mais que uma criança! Não estamos falando de dois, três anos atrás. Seja sensata. Não é questão de fazer ou não fazer o que quer que seja. É questão de gostar, se sentir bem. Me desculpa, Kristin. Você foi e é uma boa amiga, mas não é por você meu sentimento.

A vi me encarar fixamente por alguns segundos, então ela suspirou, derrotada.

– Tudo bem. Eu entendo.

Aproximei-me dela.

– Há tantas garotas bonitas por aí. Eu não sou a única. – Toquei-lhe suavemente o rosto, com um sorriso amigável. Ela lançou-me um olhar triste, e eu, por reflexo, a abracei.

– Sinto muito, Kristin.

Lizzie

Quando ouvi os passos de Jude, automaticamente me levantei do degrau em que eu aguardava, na escadinha que levava ao refeitório. Corri os olhos pelo seu rosto, buscando qualquer sinal de infelicidade ou incômodo, e suspirei aliviada ao não ver nada.

– Está tudo bem? – Acabei perguntando, por precaução. – Ela fez algo com você?

Ela riu, e eu me vi aliviada ao ouvir aquele som.

– Não Lizzie. Só conversamos.

– Que bom. – Sorri de lado. – Sua amiga ou não, juro que eu bateria nessa Kristin se ele fizesse qualquer coisa com você! – Falei meio sem pensar, e Jude sorriu abertamente, me fazendo perceber que eu não estava nem um pouco arrependida da ameaça.

– Ela não é minha amiga. – Ouvi-a dizer. – Não mais.

Pela segunda vez só naquele momento, o alívio veio em ondas, junto a uma incrível felicidade. Eu estava feliz ao ver uma amizade antiga se acabar, e não exatamente me orgulhava disso. Preferi mudar de assunto.

– Se não for invasão, Jude, o que ela queria falar com você?

Minha colega de quarto deu um sorriso pequeno e encolheu os ombros ao ouvir a minha pergunta.

– Nada de mais. Ou melhor, nada para mim. Ela meio que... Se declarou pra mim. Algo assim.

Ergui as sobrancelhas, surpresa e bastante enciumada.

– E você?

Jude voltou a dar de ombros, o mesmo sorriso pequeno.

– Eu, nada. Falei com ela que não sentia o mesmo, essas coisas.

Ouvi as palavras saírem da minha boca antes que eu permitisse.

– E por que não?

A minha colega de quarto poderia ter inventado uma resposta qualquer, ficado desconcertada ou apenas sem graça, mas antes que pudesse ter qualquer reação, um trovão ressoou, alto o suficiente para fazer os antigos tijolos das construções de St. Leonards tremerem, e uma chuva grossa desabou.


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Notas finais do capítulo

Eentão...
C'est tout!
Sim, é isso, só, fim, cabou.
Como a internet tá péssima e eu já tô saindo de casa, vou botar correndo quem comentou e fim.
Adios! o/
> Baunilha
> Ms Lee Barbosa
> AnaCarolina
> brunafs
> Lud
> Beatriz Cunha
> Leah Shintekyo
> TConty
> Stefanie Gattini Dusse
> caçadora de jujubas
> tamis
> Riott
> Samyni
> ArayaN
> Alice Drumont Hanfik Oliveira
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