Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 13
Capítulo XIII


Notas iniciais do capítulo

Aaaaaaaaah!
Felicidade define!
Capítulo sem demora, enooorme de grande e ainda muito apaixonante.
Mds, tô muito feliz, cês não tem noção.
Espero muito que curtam, porque eu gostei muito de escrever.
Vamos, leiam!



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Lizzie

Muito provavelmente eu não acompanharia – e muito menos prestaria tanta atenção – às aulas de Química, Matemática e História se Jude não acabasse, sem perceber, me induzindo a isso, ao se mostrar tão atenta e interessada nos três primeiros horários daquela sexta-feira.

Ao chegarmos ao refeitório para o almoço, percebi que a minha colega de quarto se apressou para falar com Anne, se calando enrubescida quando eu me juntei a elas na mesa.

Preferindo não constrangê-las com perguntas impertinentes, simplesmente fingi que não havia percebido nada, comendo a minha comida e, depois, entrando no assunto que Anne iniciou.

Quando mal havíamos nos levantado para aproveitar os minutos finais de intervalo antes de voltar à aula, uma garota que não aparentava mais de 17 anos, correu até o nosso pequeno grupo, chamando por Jude.

Esta, por uma fração de segundo, pareceu confusa ao ter seu nome chamado, mas ao ver o rosto que lhe parecia conhecido, abriu um sorriso ainda maior que os habituais.

– Kristin!

Exclamando o nome que devia ser dela, Jude já apertava a jovem de cabelos castanhos, lisos e muito curtos num abraço sincero.

Ao se separarem, as duas se olharam e eu percebi que Kristin tinha um rosto alongado, nariz fino, lábios claros e estreitos e um sorriso com os mesmos traços afinados. Seu corpo seguia o padrão: ela era alta, magra e quase toda reta, com seios que mal se mostravam na camisa de uniforme.

– Jude! Você está linda! – Ela exclamou, segurando o rosto da minha colega de quatro entre as mãos, enquanto eu percebia que trincava os dentes.

Tentei relaxar, olhando para as paredes, a mesa, meus sapatos, o chão e tudo o mais que eu podia, ignorando a sensação incômoda que me invadia ao ver a relação de carinho entre as duas.

Continuei ali, encostada na mesa, ouvindo vagamente a conversa que se desenrolava, até a sensação ruim se tornar insuportável, fazendo uma pressão irreal, mas incômoda no meu peito. Nesse momento, deixei o refeitório, seguindo com os olhos os ladrilhos que ornamentavam o chão ali.

Jude

– Preciso ir agora, se não vou me atrasar. Nos vemos por aí, Jude! Depois quero que você me apresente melhor a fujona, hein? Quero ver quem está cuidando da minha baixinha agora.

Ri baixo, enrubescendo com as palavras de Kristin. Respondi-a com o mesmo carinho, despedindo-me dela com outro abraço e, depois que ela saiu, me vi sozinha.

Kristin Jones era, antes de viajar para a França, a minha melhor amiga em St. Leonards, quando eu não conhecia nem mesmo Lucy e Anne. Dois anos mais velha que eu, ela dividira seu quarto comigo e, por isso, era quase como uma irmã mais velha, que se preocupava e cuidava de mim. No entanto, depois que se mudou, acabamos inevitavelmente nos afastando, e então me mantivera sozinha no chalé 69 até Lizzie chegar.

Lizzie.

Mordi o lábio e cerrei os punhos quando meu pensamento chegou a ela, ao mesmo tempo em que uma certa culpa me tomava, junto a um tipo de receio.

Eu conversara com Kristin a ponto de esquecer, por alguns segundos, da presença de Lizzie ali. A ponto de não perceber o momento em que ela saíra, e eu me xingava internamente por isso, ao mesmo tempo em que buscava um motivo para a sua saída.

Talvez ela simplesmente tivesse algo para fazer, talvez quisesse se adiantar para a aula, talvez estivesse com outra pessoa. Suspirei. Lizzie não era, ou melhor, não parecia sensível o suficiente para se incomodar com isso, mas mesmo assim…

– Jude!

Era Lizzie quem me segurava pelos ombros, segundos antes de meu corpo ir de encontro a um arbusto.

Ri por reflexo, me virando para ela.

– Meu Deus, obrigada.

Lizzie sorriu de lado.

– Atenção por onde anda, garota.

Senti meu rosto enrubescer vendo o sorriso e o tom quase carinhoso de Lizzie ao falar comigo, e sorri quase que por reflexo.

– Acho que estava distraída.

Lizzie riu baixo.

– Não duvido. E muito provavelmente uma distração grande, para você quase cair por aí andando.

Dei um sorriso e olhei para baixo, enquanto caminhava ao lado de Lizzie em direção à sala de aula.

– É, acho que sim.

A minha colega de quarto riu baixo outra vez, e então o silêncio se estabeleceu entre nós, até ser quebrado, pouco depois, por ela.

– Jude, você me fez pensar ontem… – Ela começou, com o olhar voltado para o horizonte.

Mordi o lábio, sem saber exatamente o que ela queria dizer.

– Fiz?

Lizzie riu.

– Relaxa, não é nada de mais. Não precisa ficar tensa.

Enrubesci, levemente incomodada com o fato de ser tão transparente com as minhas reações. Depois de alguns segundos, percebi que ela ainda queria uma resposta.

– Então… O que é? – Me fiz dizer, xingando mentalmente a sala de aula, por estar tão perto.

– Você me deixou curiosa, eu acho. – Ela riu baixo, e então olhou para mim. – Jude… Você acredita em amor de verdade?

Por um segundo, senti o ar fugindo dos meus pulmões, ao mesmo tempo em que meu coração batia furiosamente. Aguardei, acreditando que aquilo era algum tipo de piada, mas Lizzie me olhava séria. Mordi o lábio com força.

– Eu… – Hesitei, lembrando do que ela dissera na noite anterior. – Eu não sei. – Acabei sorrindo, envergonhada.

– Não sabe o que responder ou não sabe se acredita?

Sorri outra vez.

– Não sei… Se acredito.

Ela me olhou.

– Você já amou, Jude?

De repente, meu rosto queimava. Torci as mãos e olhei para baixo.

– Eu… Não. Eu acho que não.

– Você nunca amou?

Não olhei para o seu rosto. Apenas acenei com a cabeça.

– E você já ficou com alguém?

Voltei a corar, e ela percebeu.

– Eu… Me desculpe, Jude. Não devia ter te invadido assim. Você não precisa responder, se não quiser.

– Não, não. Está tudo bem. Eu já… Já sim. Uma vez. Com Noah Carter. Ele é um garoto, filho dessa família, amiga da minha. Minha mãe sempre quis nos juntar, e como eles frequentavam nossos jantares, acabamos conversando várias vezes. Um dia ele disse que me achava bonita e me agarrou.

Terminei de contar despreocupadamente, até ver o olhar de Lizzie voltado para mim. Vi sua mandíbula travar quando ela rangeu os dentes, e vi nos seus olhos a mesma rigidez.

– Ele… Te beijou a força?

De repente, me arrependi de ter falado tanto.

– Não. Quero dizer, sim, mas… Foi um beijo, só. E sei lá, não foi horrível, isso é normal… – Me enrolei com as palavras, vendo Lizzie voltar a respirar.

– Tudo bem.

Dei um sorriso pequeno.

– Mas quer dizer que você só beijou alguém uma vez?

Assenti, novamente vermelha. De repente, pensei em Carrie, na noite anterior, em tudo que Lizzie já poderia ter feito…

– E você tem vontade, Jude?

– Vontade? – Ergui os olhos, saindo da minha divagação, e então compreendi. – Ah, sim. Tenho, sim, é claro.

Lizzie deu um sorriso bem pequeno, e ficamos caladas por alguns segundos. Pouco depois, ela voltou a erguer os olhos para mim.

– Você tem vontade de beijar alguém? Alguém em especial?

Mordi com força o lábio. Sem ter absolutamente nada para responder, suspirei de alívio vendo a sala da nossa próxima aula diante de nós.

– Estamos muito atrasadas?

. . .

Depois do fim da última aula do dia, deixei Lizzie para ir ao chalé de Anne, mas não sem deixar de pensar nas “amigas” que a minha colega de quarto possuía no colégio, como Carrie.

No caminho para o bloco onde se situava o chalé de minha amiga loira, eu quase tremia. Depois da conversa ocorrida no intervalo com Lizzie, eu estava ainda mais perdida. E não conseguia me achar sozinha.

– Jude! – Anne estava na porta quando cheguei ao seu chalé.

Sorri e cumprimentei-a com um abraço, antes de ser conduzida para dentro do chalé.

– Onde está Rebecca? – Perguntei, me referindo à sua colega de quarto.

– Por aí. Só sei que vai demorar a voltar.

Sorri.

– Que ótimo, então.

Anne concordou, rindo.

– Sim. Teremos paz. E agora… Você se importa de eu tomar um banho rápido?

Neguei com a cabeça, me esparramando confortavelmente na cama de Anne.

– Estou esperando.

– Eu não demoro. – A loira sorriu, já adentrando o banheiro.

Realmente não passara muito tempo quando vi Anne voltando ao quarto, envolta em uma toalha rosa clara.

– Agora, sim. Diga, Jude, o que aflige seu coraçãozinho.

Dei risada.

– Achei que você soubesse.

Anne riu, se virando para o armário e tirando a toalha. Meus olhos foram automaticamente para as suas costas nuas, e eu observei, quase sem querer, o movimento de suas omoplatas à medida em que ela mexia os braços, a linha da sua coluna, as curvas da cintura e do quadril…

– Eu sei. Só queria a sua confirmação.

Voltei a mim, e voltei a rir.

– Você a tem.

A minha amiga se virou e, quando percebi, meus olhos esquadrinhavam novamente suas curvas nuas, com um tipo de curiosidade que eu nunca vira antes em mim.

Respirei e ignorei aquilo, desviando minha atenção para o que ela falava.

– Lizzie, não é?

Confirmei sem me dar ao trabalho de disfarçar.

– Eu não sei o que está acontecendo comigo, Ann.

Ela, já vestida, sorriu e sentou-se ao meu lado na cama. Dei espaço para que ela se acomodasse, me sentando da mesma forma.

– Não quer explicar melhor?

Suspirei, jogando meu cabelo para trás.

– Eu acho que estou ficando louca. – Sentenciei, fazendo-a rir baixo. – É sério, Ann. Isso não é normal. Fico vermelha só de vê-la sorrir ou falar meu nome. Quase tremo diante dela e ontem eu chorei, chorei, Ann, de raiva por ela ter sumido sem avisar, e voltado depois com Carrie. Eu fiquei com raiva, e confusa, e curiosa, tudo ao mesmo tempo! E nem ao menos estou na época de ter TPM. E ainda tive coragem de perguntar para ela sobre amor! Não sei de onde me veio isso, mas eu simplesmente falei, e conversamos sobre isso. E ela me vez a mesma pergunta hoje. Perguntou se eu já tinha amado, se já tinha ficado com alguém, se queria ficar com alguém… Eu achei que fosse brincadeira, sério. Mas não era. Eu, que só beijei uma pessoa na vida e ela, ontem mesmo…

Me calei quase ofegante, os olhos já marejados.

– Ah, Jude. – Anne sorriu, me puxando para um abraço.

Aceitei-o de bom grado, e ela voltou a me olhar.

– Ei, não chora. Calma. – Ela sorriu, complacente. – Você não sabe o que está sentindo, sabe?

Neguei com a cabeça.

– Jude, Jude. Você lê tantos livros de amor! Não é possível que não veja isso.

Antes que eu percebesse, estava arregalando os olhos.

– Ver o que?

Anne sorriu.

– Você está amando, Jude. Você está amando a Lizzie. E eu acredito muito bem que seja recíproco.

Meu coração falhou uma batida.

– Amando? Mas… É a Lizzie! É uma menina, como eu! É ela… Ela é…

Anne riu.

– E qual é o problema disso, Jude? Não foi você que acabou com uma amizade, só porque a Rebecca falou mal da Lizzie, quando você mal a conhecia? Não foi você que a acolheu e superou, e ignorou todas as encaradas e murmúrios sobre ela?

Mordi o lábio, olhando para baixo.

– Eu estou certa, Jude. Você sabe, não sabe?

Assenti, e a minha amiga sorriu.

Ergui os olhos, olhando diretamente para ela.

– E o que eu faço agora?


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Notas finais do capítulo

Tô tão feliz, mds! Feliz pelos acontecimentos da fic, que tão felizes. Feliz por ter conseguido postar rápido, por ser um capítulo grandão e feliz porque não fui abandonada pelas leitoras. Ai mds!
Mas enfim.
Não se esqueçam de comentar, hein? Digam o que acharam.
Sem mais delongas, as lindas pessoas que comentam:
— Ms Lee
— Leah Shintekyo
— brunafs
— ArayaN
— TConty
— Paçoquinha
— Gabriiele Novaes
— Newmee14
— Samyni
E fim!
Bem vindas as leitoras novas, obrigada às antigas.
Fiquem, de novo, aí com a minha fic recém terminada e com a minha nova one, pra matarem as saudades enquanto eu estiver longe.
http://fanfiction.com.br/historia/281704/So_mais_uma_historia_de_amor/
http://fanfiction.com.br/historia/488291/Happy_birthday_Alice/
E não esqueçam de comentar, hein?
Até mais! o/