Estou o tempo todo buscando algo novo, o mundo me intriga, me estimula e me fascina de modo inexplicável eu tento alcança-lo, me lanço no nada procurando pelo tudo. Nunca me canso de conhecer, por mais fatigada que esteja, o procurar me faz erguer, me faz farejar o ar, me faz abrir os olhos e os ouvidos, me faz estender as mãos enquanto ponho minha língua para fora... quero sentir todos os cheiros, pintar e ser pintada com todas as cores, quero escutar todos os ruídos, sejam eles harmoniosos ou não, quero tocar, quero descobrir o gosto que tem.

Há sim correntes que me prendem, mas a cada momento eu me solto de uma delas e vou um pouco mais longe do que estava antes. Atravesso portas sem medo de me perder, fecho aquelas pelas quais nunca quero voltar outras mantenho abertas, quem sabe um dia volto para revisitar algo que me fez bem? Sei que não será como na primeira vez, nunca é, mas nada impede que seja tão proveitoso quanto ou talvez até mais. Forço as minhas amarras na esperança de ir mais longe, ser totalmente livre é um sonho com o qual gosto de brincar.

Tropeço em pedras, contorno algumas, outras pulo, as vezes caio mas me levanto, ou as vezes fico um pouco no chão, estendida. Tem horas que é preciso parar e pensar um pouco antes de tornar a me levantar, mas eu nunca deixarei de faze-lo pois ainda há muito mais o que conhecer, e enquanto houver um novo caminho, uma nova porta, um canto que seja para ser explorado eu não vou parar até tê-lo feito. O desconhecido é o que me seduz, o conhecer é o meu amante, o saber é meu afrodisíaco. Eu me lanço por tuneis, me jogo de abismos, mergulho no mais profundo oceano, caio por buracos, e continuo a caminhar sempre em frente, ou para os lados, ou retrocedo, quem sabe ao certo o qual é o caminho?! E é bom não saber. Não tenho a menor pressa, ando devagar para que eu possa apreciar o que cada passo me trás.

Por todos os lugares que passo eu deixo uma marca, em todas as pessoas que conheço deixo uma impressão. Cada pessoa é um universo diferente e é tão interessante encontrar-me com esses mundos individuais quanto é explorar o mundo em si. Gosto de ver as pessoas irem e virem, gosto de fazer parte da vida de alguns, gosto de sentir que tenho certo poder sobre elas, a alguns eu encanto outros enojo, para alguns eu me torno importante para outros sou insignificante. O que define o que eu vou ser para você é apenas questão de ocasião. Mas o que não é?

Durante todo este tempo estive falando sobre mim, você por acaso se identificou comigo? Ou talvez você já saiba até mesmo quem eu sou. Bem eu não sei, mas quem sabe um dia não nos encontraremos por ai, como sempre eu estarei apenas de passagem, mas pode ser você queira vir comigo, descobrir coisas novas, pessoas diferentes, lugares incríveis... ou talvez você não seja do tipo que se lançaria ao nada e então nos encontraremos apenas brevemente, não sei se tempo o suficiente para nos tornarmos importantes um para o outro mas isso também não caberá a nós decidirmos. O que eu sei é que há outros como eu que sempre sentem a necessidade de se desconhecer continuamente para então se conhecer. São esses os que tem normalmente um mundo mais amplo, os que sabem viajar mesmo sem sair do lugar. O mundo está aí para ser descoberto, cabe a você faze-lo, basta querer... ou não.