Eu escolhi esperar.

Pois palavras sempre fogem-me dos lábios quando alguém pede para descrevê-lo. O que, certamente, é deveras triste, já que o motivo para qual não é tão simples assim.

Eu não me lembro de você.

Não me recordo perfeitamente do seu rosto ou da sua voz, mas apenas do seu jeito.

Já faz tanto tempo, tanto tempo...

E quando perguntaram-me, em uma certa ocasião, quem foi o seu primeiro amor?, eu não tive como responder.

Por que eu não o amava. Eu não o queria como quero agora, não necessitava da sua presença.

Eu escolhi esperar.

Esperar para vê-lo mais uma vez, confirmar as suspeitas de que você fora a única luz que apareceu neste desperdício que nomeei de vida. 

Para pegá-lo pelo braço mais uma vez e conduzir os seus passos em uma dança calma, onde apenas os nossos pés e as nossas próprias almas conseguiam se pronunciar.

Eu escolhi esperar.

Esperar para poder dizer que sim, Shion, você fora a única pessoa pela qual já tive um sentimento positivo antes. O único homem que eu poderia ter chamado de meu, mas que por uma brincadeira infame do destino, escapou-me pelos dedos.

Eu escolhi esperar.

Esperar e tomar os seus lábios uma vez, mais uma vez, como se aquele toque fosse desconhecido para nós. Sentir o seu beijo, aproveitar cada movimento tímido, rir de cada tentativa falha sua. Tê-lo para mim, e oferecer-me para você.

Eu escolhi esperar.

Esperar para ser feliz novamente. Ter a sensação de ser amado, e de retribuir-lhe com todo o carinho que ainda existe neste coração imundo.

Eu escolhi esperar.

Por tudo.

Por nós.