Perfeitamente Imperfeitos escrita por Danny Winchester


Capítulo 9
Decepção




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O caminho de volta para casa foi quieto, eu não falei, Pietro não falou, a única voz que se ouvia era a do Bruno Mars que tocava no Pen Drive. Passei o tempo todo olhando pela janela, fechava meus olhos, suspirava e eu olhava pela janela de novo, os vinte minutos que ficamos lá pareceram uma eternidade.

Pietro estacionou o carro na garagem, eu já estava saltando do carro antes mesmo de ele desligar. Fui para dentro e corri para o conforto do meu quarto, não acendi as luzes, tirei os saltos e os joguei no chão. Entrei no banheiro, liguei as luzes, tirei a maquiagem, escovei os dentes e por fim me olhei no espelho.

Eu me sinto a pior pessoa do mundo, o que eu fiz foi horrível, a única coisa que eu prometi não fazer, a única coisa que eu não podia fazer, eu a fiz e agora eu me sinto um lixo, a pessoa mais desprezível do mundo. Eu sinto atração por o Pietro, isso agora é totalmente inegável, mas eu adoro o Nick e estamos juntos há quase um ano, eu não tinha direito de ter feito isso com ele. Sinto as lágrimas começarem a escorrer por o meu rosto e quando vejo já estou discando um numero no meu celular. Um toque, dois toques, três toques e finalmente atende.

-Mel? – A doce e familiar voz da Soph invade meus ouvidos. – Aconteceu alguma coisa para você me ligar a essa hora?

-Soph... Eu fiz uma coisa horrível – sussurro.

-Mel, o que foi? Você tá chorando? – agora ela está preocupada. – Me conta o que aconteceu?

-Saímos hoje, estávamos na boate e eu bebi demais e ele também, então... Eu beijei o Pietro Soph – soluço. – Eu me sinto horrível, eu não tinha o direito de fazer isso com o Nick.

-Mellie se acalma – ela diz. – Você vai falar para o Nick né? Você vai explicar, se vocês se terminarem, não é como se você o amasse.

-Ah, ótimo conselho Sophia – resmungo. – É obvio que eu vou falar para ele e não é só porque não o amo que quero machucar ele. Nick foi meu primeiro namorado, meu melhor amigo, eu me apaixonei por ele e nem percebi. Ele foi o meu primeiro amor Soph, conheço ele há anos e não quero o magoar, não quero que ele me odeie, eu não vou aguentar se ele me excluir da vida dele.

-Ele não vai! Aquele garoto ciumento, fofo e insuportável te ama e ele vai te perdoar, mesmo que vocês terminem, ele não vai te excluir da vida dele porque ele também te ama como amiga. Vocês eram melhores amigos antes de namorarem, ele não tem coragem de fazer isso porque se ele não te amar mais do jeito de agora, ele ainda vai te amar como a melhor amiga dele, assim como você o ama. Um dia você foi apaixonada por ele, mas não agora e você tem que admitir isso para você e libertar ele, você quer estar apaixonada por ele novamente, mas não pode Mel. Não vê os pais da Livie? Eles se amavam, então um dia não mais, se separaram e depois decidiram que se amavam de novo, mas não conseguiam fazer dar certo porque não era o suficiente.

-Eu preciso pensar – falo.

-Mel, não demora em falar para ele, você sabe o que aconteceu comigo – ela sussurra.

-Tá bom – falo. – Obrigada por me ouvir.

-Sempre – sinto pela voz dela que está sorrindo. – Te amo Mel, fica bem.

-Também te amo sua chata – sorri.

-Eu sei, todos amam – ri. – Dorme bem.

-Boa noite – falo.

Desligo o celular e vou para a cama. Não troco de roupa, apenas me deito na cama, me enrolo com o edredom e choro até cair no sono, como se o desprezo, a culpa e a dor que eu estou sentindo fosse sair junto com elas.

Acordo às cinco da manhã de acordo com o meu celular, tento voltar a dormir, mas não consigo então coloco um short de malha, uma regata, prendo meu cabelo em um coque, coloco meu tênis, pego meu Ipod e vou correr.

O dia ainda está meio escuro quando saio de casa, coloco os fones de ouvido e ligo a música, a primeira que começa a tocar é Something That We’re Not. Minha cabeça está uma confusão, elas ecoam as palavras que a Soph me falou ‘Você não está mais apaixonada por ele’. Eu estou apaixonada por ele, é claro que estou... Não é? Claro que sim, quem não seria? Ele é fofo, carinhoso, romântico, o sonho de todas as garotas com genes absurdamente românticos iguais a mim.

...

Chego a minha casa as oito da manhã molhada de suor depois de alguns quilômetros corridos, eu estou dolorida, com muita sede, mas não acho que eu consiga comer alguma coisa. Três horas de caminhada e corrida ainda não foi o suficiente para me ajudar a pensar, tudo que eu sei é que eu tenho que falar isso para o Nick hoje, porque ele merece e não faço ideia sobre como agir com o Pietro.

-Bom dia querida – Doroteia diz quando me vê entrar na cozinha.

-Bom dia – falo.

-Todos resolveram sair de manhã? Você foi caminhar e o pedaço de mau caminho disse que estava indo surfar – ela sorri. – E stá com fome?

-Não. – suspiro.

Pego a garrafa de água na geladeira e coloco em um copo com duas rodelas de limão.

-Você tem que comer – ela diz.

-Eu não estou com fome Dora – choramingo. – Eu prometo que mais tarde eu como. Agora preciso fazer uma coisa.

Subo para o meu quarto, vou para o banheiro e entro no chuveiro, espero que a água tire o peso que eu sinto, mas ela não tira. Termino o banho e coloco um short jeans, uma blusa vermelha florida e faço um rabo de cavalo. Sento na cama e pego o celular. Procuro na lista de contatos o numero do Nick.

É agora ou nunca.

Aperto em chamar.

...

Quando a ligação acaba eu estou perdida no meu rio de lágrimas de novo. Ele não fez o que eu achei que faria, ele não gritou, ele estava calmo, sua voz era fria e as suas palavras me mataram. ‘Você era a última pessoa na face da terra que eu esperava que fosse fazer isso comigo linda, por quê? Eu te amo muito Mel, mas não posso lidar com isso agora, vamos conversar quando eu chegar. Eu não estou bravo, só decepcionado’.

E então ele desligou.

Agora eu preciso de uma amiga e todas estão viajando e eu preciso do meu ursinho pelo menos e ele está no quarto da Penny. Eu preciso ser abraçada e como o ursinho é minha única opção eu vou lá embaixo pegar. Desço as escadas e vou para o quarto da Penny e lá dentro procuro por o meu ursinho, ele está na poltrona rosa de bolinhas brancas, vou lá e o pego, ele está com o cheirinho delicioso de bebê, especialmente da Penny.

Quando saio do quarto para subir novamente dou de cara com o Pietro, seu cabelo está molhado, ele está com uma bermuda de praia. Seus olhos verdes encontram os meus vermelhos.

-Você está bem? – pergunta.

-Sim – forço um sorriso.

-O que houve com os seus olhos? – ele franze a testa.

-Ah, é só uma coceira, às vezes isso acontece, é só colocar colírio – digo.

-Então, sobre ontem à noite... – ele começa. Pietro obviamente desconfortável.

-Não precisamos falar sobre isso – limpo a garganta.

-É eu só quero pedir desculpa – ele coça o queixo. – Eu não deveria ter te beijado.

-E eu não deveria ter correspondido – dou de ombros. – Eu contei para o Nick.

-Hm, e então? – ele me olha.

-Não foi tão ruim. Eu esperava que ele gritasse dizendo que me odiava que eu sou uma vadia, que ele nunca mais queria olhar na minha cara e terminasse tudo. – ouço minha voz falhar. Não, não eu não posso chorar aqui na frente dele. – Ele só falou que estava decepcionado e que esperaria isso de qualquer outra pessoa, mas não de mim. – E eu estou chorando.

Pietro me puxa pela cintura e me abraça forte. Eu o abraço de volta e encosto a cabeça no seu ombro. Parece errado estar assim com ele depois do que aconteceu ontem, mas nesse momento Pietro é a coisa mais próxima que eu tenho de um amigo.

-Me desculpa por ter feito isso – ele sussurra.

-Não foi sua culpa. Foi culpa do álcool, foi minha culpa, você não pode beijar alguém sozinho – forço um sorriso.

-Mas eu te beijei.

-E eu correspondi – esbravejo.

-Mas eu não tinha nada a perder.

-E eu não perdi nada, ainda.

-Vocês não terminaram? – ele pergunta surpreso.

-Acho que não. Ele não deixou muito claro, falou que a gente ia conversar quando ele voltasse. Eu que a gente termine, mas eu não quero perder a amizade dele – suspiro.

-Sabe do que você está precisando para se animar? – ele pergunta.

-Não me diz que é outra festa – dou um sorriso fraco.

-Não é não! – ele ri. – Sorvete, vamos à sorveteria. Eu vou tomar um banho e você vai lavar esse rosto.

-Não estou muito afim – falo. – Só porque há uma chance bem pequena de que o meu namoro não ter chegado ao fim, não quer dizer que eu esteja bem.

-Eu sei – ele disse. – É por isso mesmo que eu quero te tirar daqui. Esteja me esperando em quinze minutos.

Pietro me solta do abraço e sobe as escadas correndo, subo atrás dele e vou para o meu quarto deixo o ursinho na cama e vou até o banheiro. Lavo o rosto, enxugo com a toalha de mão e passo um lápis de olho. Solto o cabelo e o arrumo de forma que caem sob os ombros. Pego meu celular e dinheiro, coloco no bolso e desço para a sala. Doroteia está cantarolando enquanto arruma os livros de arquitetura da minha mãe na estante.

-Vai sair Mel? – ela me olha.

-Vou sim – sento no sofá e olho para ela.

-Com o Pietro? – ela pisca.

-É com o Pietro – arqueio uma sobrancelha.

-Vocês ficaram bem próximos só nesses poucos dias não é? – ela sorri.

-Sim, ele é mais legal do que eu imaginava – falo.

-É um bom rapaz, bonito, educado... – ela diz pretensiosa.

-Não começa Doroteia – repreendo.

-Menina – ela ri.

...

A sorveteria é bem legal, o ambiente é escuro, as mesas são transparentes e altas com holofote colorido embaixo de cada mesa, os bancos altos com estampa preta de bolinhas brancas. Fomos até o balcão e pedimos. Eu pedi sorvete de baunilha e brigadeiro, Pietro de chocolate e hortelã.

Sentamos em uma mesa no primeiro andar, tinha uma vista linda, dava para ver todo o mar, as montanhas, é perfeito.

-Você poderia me levar para conhecer o apartamento – sugiro. – Já que eu vou me mudar para lá, seria legal saber como é.

-Eu poderia – ele sorri. – É um típico apartamento de solteiro.

-Só não me diz que você é do tipo que deixa tudo jogado em qualquer lugar, deixa cueca em cima da pia e uma pia cheia de louça suja – faço careta. – O apartamento do irmão da minha melhor amiga é assim. Não sou louca por limpeza nem nada, mas era demais, eu encontrei duas cuecas embaixo da almofada da sala, quase corri de lá.

-Não, não é tão terrível assim – ele ri. – Não deixo cuecas espalhadas por os cantos, nem muita bagunça na pia. Não passo muito tempo lá, eu sempre fico mais no dos meus amigos que moram no mesmo prédio.

-É bom mesmo – sorri. – Ou eu te expulso do apartamento. Jogo suas coisas no corredor que nem nos filmes.

-A é? – ele sorri. – Você ainda nem se mudou e já está querendo me botar para fora? Esses próximos anos vão ser realmente muito interessante.

-Tenho certeza que sim – falo. – Vou adorar assustar suas namoradas.

-Pensei que eu tivesse dito que eu não namoro – ele sorri.

-E eu pensei que você tinha me dito que iria me levar para conhecer o apartamento – digo e mordo a casquinha do sorvete.

-E eu vou – ele pisca. – Quando nós terminarmos o sorvete.

-É? Acho que eu já enchi, quer um pouquinho do meu? – ergo meu sorvete de modo que bate no rosto dele.

-Você vai pagar por isso Devito – ele ri e me mela com o sorvete dele também.

Eu o melo de volta e ele também e estamos rindo iguais a acrianças e sujos iguais porquinhos.

-Acho melhor você me levar para ver o apartamentoantes que eu te empurre daqui de cima – eu ri.

-Depois você se jogava atrás de mim para me pegar – ele sorri.

-Eu? Não movia um dedo, apenas apreciava a linda cena – fiz bico.

-Vamos logo Devito – ele revira os olhos e levanto.

Eu ri e o sigo para a saída.


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