Rostos sorridentes, uma melodia suave, velas acesas nos candelabros, flores impecáveis em tons de rosa e branco preenchiam o resto da decoração da igreja. No altar na minha frente Andrei e minha mãe estavam olhando ansiosos para mim com o sorriso do gato da Alice. Aos seus lados estavam seus padrinhos, e ao lado do Andrei o seu filho mais velho.

Eu caminhava lentamente com um vestido longo cor de pêssego feito em medida, levando minha irmãzinha Penny no colo; ela estava levando as alianças em uma pequena cestinha cheia de flores. Minha mãe estava radiante em seu lindo vestido inspirado no da duquesa de Cambridge, seu véu e seus olhos verde claro dando contraste. Ao seu lado Andrei estava lindo com seu smoking, seu cabelo loiro estava arrumado ao invés da bagunça de sempre e seus olhos azuis brilhavam na mesma intensidade dos da minha mãe.

Cheguei ao altar e tanto minha mãe quanto Andrei, pegaram suas alianças e deram um beijo no rosto da sua filha mais nova e em mim. Fui até meu lugar ao lado das madrinhas da minha mãe e minutos mais tardes minha mãe deixara de ser a Sra. Devito e agora era a Sra. Martins.

E eu agora estava me sentindo muito perdida.

Quando todos os convidados que estavam na igreja foram para a festa e nós seguimos para o salão de festas do hotel Palace na limusine. Minha mãe com Penny em seu colo e Andrei ao seu lado, enquanto eu estava no banco em frente ao deles com o Pietro sentado ao meu lado. Minha mãe falava algo sobre a lua de mel deles e que horas o voo para Paris iria sair amanhã de manhã.

– Porque tá tão calada Melanie? – Pietro me fitou com os olhos azuis que tinha herdado do seu pai.

–Humm? Uma garota não pode ficar quieta por um minuto e você já acha que é algo? – franzi a testa.

– Não acharia errado se você qualquer outra, mas no caso estamos falando de você. - seus lábios se ergueram em um breve sorriso. - Claro que deve ter algum problema.

– Não tem não! Por quê? – olho para ele.

– Você tá calada e você nunca para de falar. – ele deu de ombros. – Alguma coisa deve estar errada.

– Eu estou ótima – revirei os olhos e virei meu corpo para olhar pela janela.

–... E vocês vão ficar com a Penellopy na casa nova enquanto voltamos de lua de mel. – Minha mãe fala e essa é a única parte da história que eu ouço.

– O quê? – arregalo os olhos. – Eu não vou cuidar de um bebê de três anos. Eu tenho planos para o meu último mês de férias. Eu vou com a Soph pra casa de praia dos pais dela.

– Nem eu! – Pietro fala indignado. – Eu estava planejando uma viagem com os meus amigos.

– Pietro Martins! A Penellopy é sua irmã. – Andrei o repreende.

– Mas isso não quer dizer que eu tenho que tomar conta dela. – Pietro resmunga.

– E eu não sei cuidar de um bebê! – eu falo. - Nem quero.

– Claro que sabe, Mel. Você cuidou dela quando nós fomos passar o final de semana em Gramado. – minha mãe fala. – São só duas semanas e depois vocês vão poder passar as férias como planejaram.

– Foi um fim de semana! Ela só tinha dez meses, dormia, comia e dormia de novo. Sem mencionar que a vovó tava junto! – choramingo. – O Nick vai pra a casa de praia dos pais da Soph com a gente, eu tenho que ir.

– Você vê o Nick o tempo todo, ele vive lá em casa. – minha mãe revira os olhos. – E a família da Soph sempre vai para casa de praia três vezes ao ano. Você pode ir da próxima vez. E a vovó estava doente, passou o tempo todo de cama, quando você cuidou sozinha da Penny pela primeira vez.

– Mas o Nick é meu namorado, ele quer que eu vá – resmungo.

– E eu sou sua mãe, e quero que você fique Melanie Devito. São duas semanas! Você ainda vai ter uma semana pra curtir as férias com o Nick e a Soph. – Minha mãe esbraveja.

– E você vai ficar porque precisamos de um maior de idade na casa para cuidar das duas. – Andrei fala para Pietro.

– Eu tenho vinte e um. Não sou tão mais velho que ela – Pietro franze a testa.

– Eu sou quase maior de idade, entro na faculdade no fim das férias e não preciso de babá. Além do mais ele não sabe cuidar nem dele mesmo, quanto mais de mim e da Penny. A mentalidade dele é a de um feto então não vai servir de nada a não ser atrapalhar. - Retruquei.

– Você não tem nem dezessete anos Melanie. Só porque é adianta no colégio não quer dizer que você já é uma adulta. - Minha mãe revira os olhos.

– Eu sei me cuidar.– ele me olha indiferente e depois olha pra o seu pai. - Tudo bem, eu fico. – Ele suspira.

–Ótimo! – minha mãe se irradia novamente com um sorriso e olha para Pietro. – E vai ser bom para vocês se conhecerem. Você se mudou para fazer faculdade antes que seu pai e eu fossemos morar juntos, então nunca passou um tempo com a Melanie. Seria bom para vocês se conhecerem, já que vão dividir o apartamento quando a Melanie for para a faculdade. Vai ser divertido!

O conheço o suficiente para achá-lo idiota e morar com ele pelos próximos anos será a pior coisa do mundo. Quando o conheci Andrei e Pietro, eu fiquei animada. Minha mãe tinha sofrido muito com o meu pai e merecia ser feliz e Andrei a fazia feliz. Sem falar que eu estava feliz por ter um “irmão”, então eu era cheia de expectativas de que ele ia ser legal e seria como os irmãos das minhas amigas, mas não foi bem assim já que Pietro era mais velho que eu e chato pra caramba. Então os anos passaram e então minha mãe e Andrei resolveram casar, pouco tempo depois ela descobriu que estava grávida. Pietro entrou na faculdade, o Andrei comprou um apartamento pra ele perto do campus, Pietro se mudou, minha mãe e Andrei venderam suas casas o que deu dinheiro suficiente para comprarem uma casa enorme com tudo que se tem direito, Penny nasceu e agora eles casaram. Então, passei tempo suficiente com o Pietro para saber que essas férias serão tão chatas quanto os filmes que o Nick gosta de assistir.

– Porque não deixa a Penn com a vovó? – pergunto.

– Porque sua avó é pior que você pra cuidar de uma criança na idade que ela tem e você sabe que a vovó está doente Mel! – minha mãe responde.

–E a minha mãe está de férias com o novo marido nas Bahamas. Acredite, eu adoraria deixar a Penny em outras mãos, mas vocês dois são a última esperança. – Andrei bufa.

– A vovó não cansa. – Pietro ri e brinca com a Penny que ri animadamente e estende os braços para ir para ele, que a pega imediatamente do colo da minha mãe.

– E eu realmente tentei falar com as minhas irmãs, mas uma criança é impossível de lidar no dia delas. – Andrei deu de ombros.

–Tenho certeza que vocês vão se divertir juntos e com a Penny. – Minha mãe diz.

Tenho certeza que será totalmente ao contrário.