Decode escrita por Julio Kennedy


Capítulo 23
O limite de cada um


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, não tenho o que dizer sobre.



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Acordei em um corredor de um prédio qualquer, estava escuro e minha cabeça doía muito, minha visão a principio esta turva, mas aos poucos fui recuperando o foco e pude ver que deitados ao meu lado estavam May com metade do rosto sujo de sangue e Luiz, havia vestígios de sangue no nariz dele e em sua orelha, pelo menos a qual eu tinha visão.

Sentados ao decorrer do corredor conversando estavam Lud com uma cara péssima e Weverton, e em pé em cada extremidade do corredor estavam Sofia, Shoutmon e Will rindo de alguma coisa juntos, e do outro lado Pedro, Thiago e Willis, todos armados.

_Onde estamos? – perguntei puxando meu corpo mais pra cima e me sentado mais confortavelmente, mas assim que tentei apoiar meu braço direito senti uma dor insuportável, eu não consegui mover meu braço livremente.

Lud se levantou em um salto – cala a boca líder – resmungo May ainda com os olhos fechados ao meu lado, ela franziu a sobrancelha ao dizer.

_Como você esta? – perguntou Lud se agachando perto de mim – não faça muito esforço – me pediu ela.

Tentei não gemer enquanto me esforçava para levantar sozinho – o que aconteceu com Luiz? Mephistomon? A batalha – disse me esforçando para lembrar, será que eu havia presenciado? Não me lembrava de desmaiar.

Weverton veio em seguida – Nós destruímos Mephistomon com o poder de Deckerdramon – me informou meu primo.

_Luiz, ele... – Lud hesitou em terminar a frase – não sabíamos as consequências de invocar um Kyuukyokutai – disse ela olhando para ele deitado no chão, sua cabeça sobre uma jaqueta enrolada cinza, provavelmente de algum dos agentes do RAD junto a nos.

Abaixei-me devagar ao lado de Luiz, May abriu os olhos e os pousou sobre o garoto – acordo logo cara, precisamos de você – pedi a ele baixinho.

Me senti meio zonzo assim que me levantei de novo, Weverton que me conhecia melhor que qualquer um ali, se aproximou de mim e pegou meu braço, o passando sobre seus ombros, ele sabia que eu não iria admitir nem pedir ajuda, mas que eu precisava.

_Contem a ele – disse Pedro alto do fim do corredor, ele e os agentes me olhavam de lá, Wil e Sofia abaixaram a cabeça.

Franzi minhas sobrancelhas e perguntei – contar o que?

Ninguém respondeu e então depois de alguns segundo de silencio Pedro fez um som com sua boca em repreensão e então ele mesmo começou a falar – trocamos todas as informações que temos, e nos acreditamos que com a bomba dimensional nos podemos fechar de vez o portal – ele me contou.

_Genial – disse sorrindo, mas ninguém pareceu se empolgar com a ideia - mas?

_A bomba dimensional estava com Maristela – disse Thiago, o agente do Rad de pé ao lado de Pedro – mas a ultima informação que temos dela é que ela e mais um agente estavam se trancando na sala do pânico que existia no quartel.

Minha cabeça meio que rodopiou – mas o prédio desabou – afirmei confuso.

_Exatamente – prosseguiu o agente – mas temos motivos para acreditar que a sala do pânico continuaria intacta, ela era feita com o material desenvolvido a partir das pesquisas relacionadas a Digimon, cromo digizoide é chamado.

Willis resmungou – mas não temos certeza se ela ainda estava lá quando o prédio desabou, eu me encontrei com Mauro enquanto estava fugindo do prédio, e aquele puxa-saco estava indo escoltar Maristela para fora, mas por pouco eu não escapei, tive sorte de sair naquele instante, foi questão de minutos até Mephistomon destruí-lo.

_Então na pior das hipóteses nós entramos nos escombros e achamos a sala do pânico vazia e vários corpos esmagados por perto, ou encontramos a sala do pânico, mas de qualquer forma mais alguns cadáveres asfixiados e uma bomba? – eu quis saber, estava com dificuldade pra processar informação, e não nego que por um segundo me senti vingado por saber que era improvável Maristela ter sobrevivido, se eu a encontrasse me encheria de satisfação, bom, mas era melhor não ter esse tipo de pensamento – a bomba não deveria ter explodido assim que fosse esmagada?

_Havia grandes chances de isso ter ocorrido – afirmou Thiago.

Eu sorri mais uma vez – então vamos lá, o que estamos esperando?

_Isso não é tudo – me interrompeu May ainda sentada.

Raiva tomou conta de mim – então me contem – gritei de todo meu pulmão.

_Lilithmon surgiu, segundo a profecia ela libertara Lucemon – afirmou Will do lado de Sofia, Shoutmon grunhiu.

Eu me senti novamente tonto, me apoiei na parede fazendo Weverton se assustar e ter o impulso de me segurar – Temos que destruí-la antes que ela consiga liberta-lo – disse a todos, coloquei a mão na cabeça – cadê meu notebook?

Weverton apontou para um canto no chão, assim que eu o vi percebi os arranhões espalhados pelo aparelho – me diga que ele esta funcionando – disse a Weverton esperançoso.

_Esta, só desligamos eles, a bateria não deve durar muito mais que cinco horas – ele afirmou.

Suspirei de alivio - então vamos – chamei o pessoal.

_Não sem um plano dessa vez – interveio Lud.

_Não tem planos, não tem escolhas – disse indignado – vamos nos dividir em dois grupos, os feridos, May, Luiz assim que ele acordar, Weverton e sei lá, esses dois agentes vão atrás da bomba, precisamos dela – afirmei – e nós que estamos em condição de lutar vamos impedir que Lilithmon liberte Lucemon.

Eu não pude perceber o olhar caído de Weverton por não poder ajudar, ou mesmo o desanimo e o medo nos olhos dos outros a principio, estávamos próximos de encerrar esse capitulo – só mais uma vez galera – pedi ansioso, não me entenda mal, minha ansiedade era pra acabar com aquilo logo, eu já não aguentava mais, eu estava surtando, eu sentia tanta raiva o tempo todo agora.

_Vamos esperar Luiz acordar – disse May por fim – eu não aguento mais isso – a garota disse se levantando.

_Já chegamos até aqui – disse Will dando de ombros.

_Eu estou com vocês desde o dia em que fomos remanejados de sala, vamos acabar com isso pessoal – acrescentou Lud.

Sofia, Pedro e os dois agentes também concordaram fazendo sinal positivo com a cabeça, mas Weverton ficou em silencio, de cabeça baixa – primo? – chamei sua atenção.

Ele saiu andando de cabeça baixa, e eu fui atrás dele, May gritou alguma coisa e me seguiu. Subimos até o topo do prédio, então pude perceber que não estávamos muito longe de onde saímos afinal, as ruinas do quartel RAD estavam próximas – Weverton? – chamei de novo sua atenção.

_Eu só... eu to cansado de não servir pra nada – o garoto desabafou, e só então percebi toda sua angustia.

_Você não pode batalhar, mas isso não quer dizer que não tenha nos ajudado – afirmei.

_Sem você nenhum de nos estaria aqui – disse May chegando atrás de mim.

Weverton riu – não precisa mentir para me fazer sentir melhor - balancei a cabeça negativamente, mas ele tinha um pouco de razão.

_Não precisamos fazer isso – contei-lhe – vem – pedi a ele indo me sentar na beira do prédio com as pernas balançando no vazio, a escuridão da noite nos impedia de ver muita coisa além do mar de dados verdes na imensidão a nossa frente – tudo começou quando eu fechei aquele livro que nunca mais eu voltaria a ler, eu havia chorado sim ao sair da casa, deixei amigos e família para trás para realizar meu sonho... – e comecei a contar-lhe a historia de como tudo chegou aquele ponto, May se sentou junto a mim, e logo em seguida Will e Pedro chegaram correndo preocupados com armas nas mãos.

***

Ponto de vista de Jonas

Nos cinco passamos umas três horas no terraço repassando a historia de como tudo chegou aquele ponto, conheci pontos de vista da nossa historia que não conhecia, e isso me fez entender melhor eles e talvez a mim mesmo.

E quando finalmente voltamos Luiz ainda estava apagado – é melhor irmos sem ele – disse Will agora mais certo de que deveria lutar.

_Precisamos também da bomba – afirmei – esse pode ser o único modo de acabar com isso.

_Eu vou – disse May balançando a cabeça positivamente – não vou ser útil em batalha, mas posso ajudar com isso.

_Certo, eu vou com ela – disse Sofia surpreendendo todos. May agradeceu.

Weverton se sentou ao lado de Luiz fazendo um pouco de barulho – me deem uma arma, eu cuido do garoto até que ele acorde.

Pensei em pedir a Willis ou Thiago para ficarem com Weverton, mas preferi confiar no meu primo, eu tinha que fazer isso – vamos então, onde Lilithmon esta?

_No centro, próxima ao portal, e não sozinha é claro – contou-me Pedro.

Abracei May e disse no ouvido dela – traga a bomba morena, eu confio em você – ela suspirou.

_Eu também confio em você, não deixe Lucemon aparecer – pediu-me ela.

Então começamos a nos mexer, mas antes de sair disse a Weverton – Quando ele acordar jure pra mim que não o deixara ir para a batalha.

_Eu juro – respondeu ele nervosamente.

***

Então partimos, levamos um pouco mais de uma hora até chegarmos ao centro da cidade a pé, fomos nos esgueirando entre os edifícios tentando chegar sem sermos percebidos, mas quando estávamos a cerca de cinco quarteirões do portal apareceram quatro digimons.

Shoutmon grunhiu quando o primeiro pousou no meio da avenida, um enorme Digimon dragão negro, com quatros olhos e garras vermelhos – Devidramon – comentou Thiago.

_Serio que você tem que ser esse Wikipédia Digimon? – reclamou Willis – e ainda não acredito que a vadia da Marcelia fugiu.

_Ela não tinha obrigação de estar aqui – interveio Pedro repreendendo o comentário do agente.

Os agentes apontaram as armas, Lud, eu e Will nos preparamos psicologicamente acredito. O enorme monstro rugiu, rugiu tão alto que pode ser ouvido por quilômetros acredito. Pedro atirou na cara do Digimon que grunhiu num misto de espanto e dor, e então começamos a correr.

A criatura alçou voou iniciando a perseguição – Shoutmon – gritou Will.

O Digimon gritou como sempre fazia e pulou girando seu corpo para trás atirando uma bola de fogo no Digimon negro. Devidramon desviou do ataque e novamente rugiu, e desta vez surgiram mais dois dele voando do alto de um prédio a nossa frente – temos que lutar Jonas – disse Pedro.

Balancei a cabeça e peguei meu notebook, olhei para Lud e ela fazia o mesmo, a tela do computador acendeu, o sistema iniciou em segundos e F5, mas dessa vez não houveram raios, não havia mais energia elétrica na cidade, pelo menos no centro onde o mar de dados dominava.

Os dados coloridos foram se aglomerando aos poucos, me senti mais zonzo ainda, minhas pernas fraquejaram, mas eu não podia parar, e instantes depois o enorme dinossauro azul estava a minha frente.

Will tentou questionar porque não houveram raios desta vez, pude ver Lud passar pela mesma situação, não era hora dessa discussão. A boca de Greymon se encheu de chamas e em seguida uma rajada de fogo foi lançada em direção a um dos digimons que levou o ataque em cheio.

Mailbirdramon por sua vez ganhou altura no voou e começou a atirar do alto, Devidramons não poderia ser tão poderosos, a questão era como acabar com eles depressa, mas como nada nunca sai como nos queremos Lilithmon apareceu.

Montada em um Devidramon a Digimon demônio seguiu gargalhando, todos olhamos para cima assim que sua voz preencheu o lugar, estávamos em uma avenida próxima ao parque central, em uma enorme esquina que dava vista em linha reta da avenida Afonso Pena que se seguíssemos por alguns quarteirões nos deixaria na cara de onde um dia havia sido a praça sete.

O Digimon pousou batendo suas enormes assas levemente, Lilithmon era muito branca, ela usava um longo vestido roxo, que contrastava com seus longos cabelos pretos, em suas costas pendiam assas negras como as de um morcego, e em seu rosto ela trazia um olhar forte, intimidador.

Eu fiquei paralisado pela surpresa, ela parecia tão pequena, tão frágil, como ela poderia ser um Kyuukyokutai? Ela seria um desafio totalmente diferente de tudo que já enfrentamos antes.

_Droga – exclamou Pedro virando a arma imediatamente para Lilithmon, mas pude ver a hesitação, a confusão em seus olhos.

Lud fez uns sons esquisitos com a boca tentando falar – mas, mas, mas, ela... – e por fim não disse nada.

_Humana – exclamou Will.

A mulher/Digimon caminhou até encurtar a distancia entre nós pela metade – Guardiões – disse ela, sua voz era como a de uma mulher adulta, firme e de certa forma desconcertantemente sensual. Sensual como tudo que transparecia dela, seu longo vestido roxo era largo, mas a cada passo dado o movimento do pano mostrava as curvas da Digimon, seus enormes seios eram firmes e em sua boca ela trazia um leve sorriso malicioso.

Tive vontade de gritar, Digimons são outra espécie, se sentir atraído por um é como se excitar com um cachorro? Que nojo de mim mesmo.

Shoutmon saltou acertando uma bola de fogo na cara de um Devidramon, o som da explosão nos fez acordar do transe/choque/confusão/excitação?

_Sugiro que desistam – disse Lilithmon, levantando o braço. Os Devidramons começaram a cuspir fogo, chamas trepidavam ao nosso redor, nos afastamos até a parede de um prédio e então escutei o grunhido de Greymon, ele havia agarrado um Digimon com seus dentes e eles giravam no chão agora como um crocodilo com um antílope na boca.

Mailbirdramon se jogou contra outro, fazendo os dois acertarem o chão com força, se arrastando por alguns metros. E Shoutmon começou a correr em direção a Lilithmon, o microfone em sua mão virou chamas e então ele saltou, arremessando a bola de fogo na Digimon demônio que apenas levantou sua mão fazendo as chamas explodirem sem deixar-lhe um arranhão se quer.

_Vocês já fizeram sua parte – disse Lilithmon sorridente, ela nos olhou com a mesma expressão e então deu de ombros – depois do levante das testemunhas eu serei a liberdade de Lucemon, - ela afirmou sorridente – vocês me entediam, andem depressa.

_Se é isso que você quer – disse Ludmila aos berros, Mailbirdramon se ergueu em um segundo, as luzes em suas assas se acenderam, e então a Digimon alçou um voou rápido indo em direção a Lilithmon.

Mas Lilithmon se quer pareceu preocupada, apenas levantou sua mão direita, garras apareceram e ganharam tamanho. A Digimon fez um movimento brusco acertando Mailbirdramon com tanta força que nos pudemos ouvir o estalo do metal azul que cobria o corpo do Digimon.

Mailbirdramon bateu em um prédio quebrando a parede e invadindo metade de uma loja de calçados que ali havia, Lilithmon gargalhou – É com isso que querem me derrotar? – perguntou ela sarcástica.

O Devidramon que estava livre surgiu em cima de Will, o garoto gritou e Shoutmon pareceu, acertando com seu microfone na cara do Digimon, Pedro e Willis estavam com problemas para segurar o outro Digimon, eles não estavam com o melhor armamento para batalhar.

Thiago voltou até nos e outro Devidramon surgiu cuspindo fogo, começamos a correr, a dor no meu ombro estava começando a se tornar insuportável, eu mal podia usar aquele braço para segurar o notebook.

Greymon finalmente conseguiu destruir um dos Devidramons, mais ainda restavam três, Thiago atirava no Devidramon que estava nos atacando enquanto corria de costas, Ludmila estava suando bastante, havia algo de errado com ela, então Mailbirdramon surgiu no ar novamente levando uma nuvem de pó com sigo, atirando contra o Devidramon atrás de mim, Lud e Thiago, uma explosão aconteceu e um Devidramon desceu do céu pousando em nossa frente, esferas de energia foram lançadas de longe, Pedro e Willis estavam o acertando.

A boca do Devidramon a nossa frente se encheu de chamas, e no segundo seguinte vi a nuvem vermelha trepidando em nossa direção, tentei correr de volta aos tropeços, Ludmila acabou caindo, mas antes que as chamas e torrassem Mailbirdramon surgiu, se jogando frente do fogo e recebendo todo o ataque.

Lud gritava, Greymon tentou vir até nos, mas assim que ele começou a correr em nossa direção Lilithmon o acertou com um soco, jogando o Digimon com tanta força avenida adiante que ele arrancou mais de quatro arvores até cair.

Shoutmon estava se agarrando ao pescoço de outro Devidramon um pouco mais a frente, o Digimon o balançava de um lado para outro enquanto o pequeno Digimon vermelho grunhia e Will gritava para ele coisas sem sentido.

Pedro e Willis começaram a atirar novamente, mas dessa vez no Devidramon atrás de nos, dados começaram a sair do Digimon que agora alça voou tentando fugir das armas Raders.

O Devidramon a nossa frente surgiu atrás de Mailbirdramon enfiando suas presas na assa da Digimon que emitiu um som muito parecido com um piado metálico, corri enquanto os dois digimons se engalfinhavam no chão e puxei Lud, a dor no meu braço era aguda, e tomava conta do meu ombro inteiro.

_Você esta bem? – perguntei enquanto ela corria junto a mim, Thiago se uniu a Pedro tentando acertar o Digimon no auto, ele não poderia arriscar acertar Mailbirdramon.

Não houve tempo para Lud responder, Lilithmon começou a falar novamente, mas dessa vez seu tom de voz era diferente – Por que se atrevem a ir contra a libertação do metre Lucemon? – perguntou ela dessa vez rígida, a olhei e encontrei uma expressão que nunca vi antes em ninguém, ela não parecia muito mais humana, havia algo muito mal nela.

_Esquece vadia digital, não vamos deixar acontecer mais zueira no nosso mundo – gritou o agente Willis.

_Vocês não tem poder para me deter, olhem em sua volta – disse ela girando o corpo, Greymon estava se levantando devagar enquanto Mailbirdramon tinha problemas para se livrar do Devidramon que a atacava, Shoutmon parecia uma piada, apenas distraindo o Digimon o agarrando pelo pescoço, e em um angulo maior os dados tremeluzindo para todos os lados.

_Por quem estão lutando? – perguntou ela mais uma vez, mas desta vez sua voz tomou outro tom, um doce e irritantemente sexy – eu prometo que não deixarei nenhum mal os assolar, vocês já foram feridos, traídos, mortos. Por que não deixam essa luta de lado? Ela não pertence a vocês, a outros Guardiões, me deixem apenas terminar o que eu vim fazer.

_Do que ela esta falando? – perguntou Thiago a mim assim que eu e Lud nos aproximamos dele, os Devidramons pararam de atacar, tudo estava assustadoramente calmo.

_Eu... eu não sei – indaguei, outros guardiões? Do que ela estava falando.

Ela saltou de repente caindo a poucos metros de Lud, Thiago e eu, tentei correr, mas minhas pernas não funcionaram – ingênuos – disse ela se aproximando de mim – pobre humano – disse ela chegando bem perto de mim, ela era poucos centímetros maior que eu, mas de perto ela não parecia tão mais humana, sua pele era perfeita, não haviam poros.

Então ela tocou meu rosto, segurando minhas bochechas forte com sua mão esquerda – então nos conte – disse tentando ganhar tempo, ou sei lá, ela poderia me matar a qualquer momento, minhas pernas estavam tremulas, meu coração a mil, se contar as dores.

_O que quer saber? – ela me perguntou, pude ver pela minha visão periférica Lud e Thiago nos olhando com expressões aterrorizadas.

Eu tentei falar, mas a voz não saiu, então enchi meu peito de ar e disse no estalo – o digimundo, ele existe? – perguntei por fim.

_Uma humana do seu mundo disse uma vez “como podem não acreditar em Deus se eu lhes mostrei o Diabo” – recitou ela lindamente, o rosto dela se aproximava do meu a cada palavra dita – você ainda tem duvida sobre o que há do outro lado daquele portal? – perguntou-me ela.

E então tudo aconteceu de uma vez, Greymon se jogou em um Devidramon que estava atrás de nos, enfiando a lamina em seu elmo nas costas do outro Digimon o arremessando para o alto e cuspindo fogo transformando o Digimon dragão negro em dados.

Pedro e Willis atiraram nas costas de Lilithmon que gritou horrorizada pela nossa ousadia imagino eu e por um segundo de confusão acabou me soltando, Thiago atirou também a fazendo olha-lo com tanto ódio que pensei que ele cairia morto.

Eu corri o máximo que pude com o Notebook na mão e gritei finalmente a Lud – D2 – ela apenas balançou a cabeça positivamente e deu o comando, não houveram raios novamente, me senti tão fraco que cai de joelhos no mesmo instante que os dados dos dois digimons se misturavam. Lud se manteve em pé fazendo muito esforço, minha cabeça queimava.

Pude ver que todos começaram a correr em nossa direção, Will foi o ultimo a chegar, Metalgreymon estava no alto, com o brilho nas assas, dois segundos depois raios de energia começaram a ser disparados, acertando os últimos Devidramons sobreviventes e Lilithmon que ergueu seus braços em forma de x para tentar se defender do ataque.

Varias explosões aconteceram, fumaça tampou nossa visão – conseguimos? – perguntou Will ainda tomando folego depois da corrida. A pergunta dele foi respondida em seguida quando uma gargalhada correu entre a fumaça, uma gargalhada fria e sarcástica, Lilithmon estava lá, de pé no mesmo lugar sem nenhum arranhão se quer.

***

Ponto de vista de May

Foi um trabalho cretino que nos deram, estava escuro e Sofia e eu tivemos que nos esgueirar entre escombros do prédio até encontrar uma passagem até a tal sala do pânico.

Demoramos mais de meia hora levantando pedaços de concreto, os mais leves é claro, e olhando cada pedaço do que restou do prédio até que encontramos algumas paredes erguidas, e debaixo de uma enorme placa de concreto havia uma escada, tivemos que empurrar e puxar para passarmos na pequena passagem que achamos.

La embaixo estava pior ainda, apenas à metade do que foi um corredor um dia, com paredes totalmente rachadas e o teto? Nem existia mais, apenas o entulho seguro por vigas de metal que não estavam a mais de um metro e meio do chão.

_Tente não encostar em nada – me preveniu Sofia – esta tudo muito instável.

Eu sorri na escuridão – claro – como se fosse fácil.

Sofia ligou seu celular iluminando fracamente o caminho até que encontramos outra escada, que nos deixou na garagem do prédio, haviam paredes caídas, e muita poeira no ar, mas essa parte debaixo do prédio parecia ter resistido melhor que os andares acima do solo.

Havia um som estranho, um zumbido que ficava mais alto a cada passo que dávamos em direção ao subsolo – o que é isso? – perguntei a Sofia.

_Esse barulho? – indagou ela, não a roupa que você esta usando, filha ela te deixa gorda – acho que o gerador de emergência ainda esta funcionando.

Dei de ombros, tanto fazia, eu só queria sair dali depressa.

_Droga – exclamou Sofia.

_O que aconteceu? – perguntei curiosa após tropeçar em qualquer coisa que fosse no meio do breu.

_Não sei, olha só pra isso – disse ela apontando o celular para frente e virando o corpo devagar. Haviam muitos escombros no chão, um parede havia caído no meio do corredor, mas ainda sim o que impedia passagem era algo amarelo e metálico.

_O que é isso? – perguntei curiosa.

Sofia pegou uma pedra no chão e bateu com força no objeto enterrado na parede o fazendo estalar, mas onde ela acertou a coisa, nem se que ficou um arranhão para contar historia – não existia nada assim aqui em baixo, já estamos sobe a garagem, deveria haver somente um corredor aqui que nos levaria direto a sala do pânico mais a frente.

Eu peguei o celular da mão dela e me deitei no chão direcionando a luz para uma pequena passagem que havia por baixo daquilo – acho que da pra passar deitada – disse ignorando toda a logica de que aquilo poderia cair em cima de mim e eu morreria sem ninguém se quer imaginar onde estou.

Ela fez um som com a boca mostrando aprovação e então comecei a me esgueirar pela fenda apontando o celular para frente, me senti uma minhoca. Pó descia de fendas sobe o metal amarelo, e depois de cinco angustiantes minutos chegamos a um espaço um pouco maior, onde uma viga manteve parte do teto de pé.

Assim que me levantei apontei a luz para a saída e esperei até que Sofia se arrastasse para fora do buraco – o que você encontrou? – me perguntou ela se levantando devagar.

_Não sei ainda – disse apontando o celular para as paredes. Rodei primeiro atrás de mim, e apenas havia escombros, e então houve um som, era um tossido abafado – ouviu isso? – perguntou Sofia, então virei depressa o celular para a direção de onde veio o som.

Assim que virei me deparei com um objeto meio verde, metálico em forma de raio estendido na altura de nossa cintura, bom da minha, Sofia era bem mais alta. Continuei apontando a luz seguindo a extensão do objeto e percebi que ele estava ligado ao metal amarelo – o que é isso? – perguntei, o metal ali parecia estar contorcido de maneira que ele se parecia com...

_Merda, o que é isso? – gritou Sofia, um urro muito alto fez com que eu me abaixasse no mesmo instante, o prédio pareceu começar a desabar. Quando apontei a luz do celular pra frente vi dois enormes olhos, e uma boca maior ainda se abrindo e grunhindo, aquilo era um Digimon.

A criatura começou a se debater, e meu coração quase parou, ouvimos o barulho do que Sofia disse ser o gerador aumentar, mas agora ele parecia com turbinas, o Digimon começou a se erguer levantando o teto consigo e escombros.

Sofia agarrou meu braço e me puxou para baixo do Digimon que começou a se levantar abrindo caminho para cima, paredes e escombros caindo aos montes ao nosso redor, poeira fazia a respiração e a visão ficarem horríveis.

Houve então uma enorme explosão sobre nos, um clarão vermelho iluminou tudo em volta fazendo sombras dançarem na nuvem de poeira, e então a criatura alçou voou, eu e Sofia corremos o mais rápido possível para sei lá que lugar, e quando olhei para o céu me surpreendi, era o mesmo caça gigante daquela noite onde tudo mudou.

Aquele era o Digimon que fez com que nossas vidas chegassem a esse ponto – Aegisdramon meu Deus – exclamou Sofia enquanto o resto do prédio desabava deixando uma clareira no meio, bem onde estávamos.

Olhei para o lado e gritei, havia um braço no meio dos escombros, Sofia olhou assustada e exclamou – a sala do pânico tem que estar aqui. Então ouvimos tossidos, ainda haviam pessoas vivas, meu Deus.

Virei procurando qualquer coisa, havia muita poeira no ar dificultando minha respiração. Comecei a levantar o máximo de pedras que conseguia, sem rumo, sem saber o que fazer, e depois de alguns minutos me deparei com algo de metal prata, dei um salto em direção ao objeto. Eu tossia e minhas mãos se cortaram com alguma coisa. Saindo entre os escombros apareceram um soldado que nunca vi antes, e um Rader, um garoto. Levantei a maleta que havia achado a pouco mostrando a mesma para Sofia – é isso – gritou ela – você é brilhante.

Até então eu não havia entendido nada, mas sim, eu era.


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Notas finais do capítulo

Ha... viu so, voce que ficava se pergntando como Jonas podia narrar a historia de outras pessoas se eles nao estava la! Pode nao ter sido a melhor explicação do mundo, mas é um explicação. Pensei em outra alternativa, memorias postumas, mas pra isso alem de matar ele teria de matar as pessoas que tiverem POVs tbm.



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