Eu estava na porta do salão esperando encontra-la, minha alma clamava por sua doce presença que tanto me alegrava, ao invés disso a insistente Leda ficou a me cercar por todo o baile, fiz suas vontades e cedi aos seus caprichos, porém a doce duquesa não saia de meus pensamentos, a todo instante eu a via e quando ela finalmente adentrou o salão fiquei estupefato, tamanha era a perfeição e para minha alegria ela estava com a fantasia combinando a minha, tinha que falar com ela, arrumei qualquer desculpa para deixar Leda, mas esta estava determinada a me cercar e foi o que fez durante todo o baile a ironia de ser um baile shakespeariano, eu me sentia o próprio Romeu e minha doce e pura Paulina minha Julieta, nem acreditei quando que por obra do destino dançamos juntos, meu coração palpitava de alegria, só de poder contemplá-la eu era o ser mais feliz de todo o universo e de todas as épocas. Ela foi doce como sempre porém evasiva, tinha um compromisso, nosso amor era proibido.

Depois da dança ela saiu com seu noivo a passear pelos belos jardins de minha propriedade e embora eu tivesse prometido a mim mesmo que nunca sentiria ciúmes, nem tampouco ódio, eu tive um breve vacilo quando a vi abraçando seu noivo estava feliz, um sorriso inerte estampava em seus lábios rosados e naquele instante não pude me segurar e sai dali como se estivesse acabado de sair derrotado de uma guerra muito íntima, Leda me acompanhou e juntos fizemos um brindes aos nossos fracassos e me embriaguei tal como na noite em que minha esposa fora assassinada.

Depois disso minha mente escureceu, eu apaguei e lembro-mede ter acordado no dia seguinte com Leda ao meu lado, isso me deixou apavorado como era possível eu não conseguia acreditar que eu tivesse feito algo com Leda, seria o fim para mim, pois eu não poderia desonrar alguém sem casar-me depois, sai dali apavorado tinha que colocar minha mente no lugar, sem nem pensar fui até a casa de Rodrigo e lhe contei sobre o acontecido e sobre minhas angustias, Rodrigo se compadeceu de minhas preocupações e receios e prometeu ajudar-me, estava refletindo sobre isso quando alguém bateu na porta e para minha grande alegria, surpresa e entusiasmo era minha doce musa Paulina, estava radiante com um lindo vestido azul claro com branco e seus cabelos estavam soltos, eu não pude falar nada apenas contemplei o anjo a minha frente com todo o cuidado de não acordar caso eu estivesse sonhando, Rodrigo me trouxe de volta a realidade quando enfim fomos resolver meu problema, tivemos uma conversa difícil com Leda, cada palavra dela era como uma apunhalada certeira em meu coração, meus medos e temores haviam se confirmado, o matrimonio seria inevitável, sai transtornado, precisava refletir e fui ao lugar especial onde levei minha amada, estava perdido em meus devaneios e nem percebi que minha musa me observava com seu olhos sorridentes, ela estava radiante e misteriosa, parecia esconder algo, não tive coragem de contar a ela o que tinha acontecido e para meu espanto ela estava totalmente entregue e mim e palavras nunca antes proferidas emanavam de seus de seus doces e belos lábios, seu beijos eram quentes e repletos de desejo e eu em uma atitude insana e impensada permiti que ela perdesse sua pureza deixando o ato ser consumado por pura luxuria e falta de bom senso, como me arrependi depois, eu a havia desgraçado, como eu conviveria com isso, iria me casar com Leda e isso sempre me assombraria nunca teria o amor de minha vida e em ato louco a havia desonrado, ela parecia tranquila como se soubesse de algo que era novo e desconhecido para mim, depois disso eu mantive distância, achei que ela estaria me odiando por ter permitido tal ato, as poucas vezes que nos vimos estávamos sob olhares de curiosos, e assim me abstive de falar co assunto. Um mês se passara e meu padrinho, o homem que me criara, para minha ironia era noivo de minha doce e bela musa, ele me convidou para jantar em sua casa, Leda me acompanhou, não que eu apreciasse tal companhia, mas ela me acompanhava em todos os lugares desde que haviamos ficados noivos, Alexandre me chamou para conversarmos e ele me contou que ia abrir mão de seu casamento com Paulina para eu me casar com ela, mas era tarde, muito tarde, como eu queria que o tempo voltasse, como eu estava me odiando nesse momento e Alexandre me intimou a contar a Paulina acerca de meu casamento, seria o fim para mim, mas teria que fazer o que era certo e com um pesar no coração fui contar a ela, eu a vi tão radiante com a fim de seu noivado e no instante seguinte eu despedacei seus sonhos, eu me senti o ser mais impuro nesse momento, ela ficou tão mal que desfaleceu em meus braços, eu não sabia o que fazer, meu primeiro impulso foi gritar por socorro e chamar alguém para ajudar, mas eu conhecia Paulina, ela era fina e discreta e  ficaria muito triste se alguém suspeitasse de suas fraquezas, eu molhei seu rosto com um pano molhado e ela abriu seus belos olhos verdes e ficou me fitando durante alguns instantes e depois lagrimas de tristeza começaram a descer por sua face, ela desabou de lamurias, era um ser destruido pela tristeza, eu tolo não sabia o que fazer, apenas a abracei, porém ela se afastou de mim, meus medos estavam confirmados, ela achava que eu era um canalha aproveitador, que  havia me aproveitado de sua fraqueza e de seu momento de entrega. Ela saiu dali aos prantos e eu desolado fui embora, meu martírio estava por vir, casar-me sem amor, enquanto minha razão viver me tomaria como um monstro, canalha, aproveitador e sem sentimentos.

Espero um dia de alguma forma que nós possamos ficar juntos e que nosso amor não termine em tragédia tal como Romeu e Julieta.