Safe And Sound escrita por GarotaDoValdez


Capítulo 15
Capítulo 15 - Trio de facas.


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez não demorei tanto para postar esse capitulo pois semana que vem é a semana de Natal e ficarei até dia 26 de viagem.
Então até lá, vocês ficarão apenas com esse capitulo.
Podem chorar.
kkkkkk boa leitura a todos (:



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Nunca me sentira tão sozinha. Desde pequena tive a companhia de Diana, e quando não estava com ela, tinha minha família. Até mesmo na Capital, sempre tive Aiden ao meu lado. Mas agora não existe mais isso, não nos Jogos Vorazes.

Até alianças não duram muito tempo aqui na arena. Mas, de novo, estou tão sozinha que até mesmo uma aliança desleal me confortaria agora.

O que estou fazendo? Não preciso de alianças. Sou forte sozinha, consigo fazer isso. Nada nem ninguém pode entrar no meu caminho. Eu não permi...

– Ah... Ah... - ouço uma voz fina. Será minha imaginação? - Ah...

Parecem suspiros de dor.

Uma sombra para em frente à caverna onde estou escondida. A sombra se abaixa, e percebo que ela esta vindo em minha direção, para o fundo da caverna. Estremeço.

– Água... Frio... - ouço um murmúrio baixinho. É uma voz feminina.

Uma mão comprida que não para de tremer toca meu joelho. Não é minha imaginação.

Consigo sentir a menina assustada.

– Não, não me mate por favor! - a voz foi ficando mais alta.

– Calma, calma. - tateio em busca da mão da garota. - Não vou te matar... Se você me prometer que não vai me matar também.

– Prometo, prometo. - ouço ela falando.

Sem dizer nada, voltamos à entrada da caverna, buscando a luz. Não demora muito para ver um brilho verde, os olhos dela.

Ficamos em pé. Ela é mais alta que eu e obviamente mais velha também, talvez 15 anos, tem cabelos castanhos-chocolate e olhos verdes que ofuscam a vista de tão claros. A menina do 3, aquela que atirou as facas depois de mim. Ela segura três facas na mão direita. A esquerda treme descontroladamente.

– Lexy. - ela estende a mão que treme.

Fico com medo primeiro, mas ela parece tão inocente que retribuo o comprimento.

– Faith.- digo.

– Faith... Você tem água? - Lexy pergunta, meio envergonhada. - Me machuquei faz um tempo, e não tomo nada desde a cornucópia...

– Não se preocupe, eu divido minha água com você. - digo, puxando a mão dela de volta para a caverna. Chegamos na minha mochila e dou o cantil aberto para a garota. Ela parece desesperada, mas sabe se conter, tomando apenas um pouco da água.

– Quer comer também, Lexy? - pergunto, abrindo o pote com frutas. - Colhi essas daqui ontem. Não se preocupe, não são venenosas.

Ela pega algumas frutinhas na mão, e eu faço a mesma coisa.

Permanecemos um tempo em silêncio, mas é reconfortante ter alguém ao meu lado. O silêncio de Lexy me lembra Diana.

– Deu medo quando aquela menina explodiu? - a garota quebra o silêncio.

– Não foi exatamente medo... Mais como susto. - respondo, diretamente. - Como você ficou sabendo?

– Estava perto, duas plataformas de distância de Josh. - ela responde.

– Josh? - pergunto. Não reconheço o nome.

– Sim, Josh Collins, o menino que veio comigo.

– Ah, certo. - respondo. - Você... você viu ele depois da cornucópia?

– Não. Mas vi o menino do 4. Falando nisso... - a mão dela volta a tremer. - Sei onde ele está escondido.

– Isso é bom ou ruim? - fico indecisa.

– Bom, muito bom, acho. - Lexy responde. - O que você acha do nós irmos atrás dele. Talvez até...

– Já entendi! - digo, rindo um pouco. - Mas não podemos matá-lo. Prometi para meu mentor que não mataria ninguém.

– Você sabe que vai ter que matar alguém alguma hora, certo? Faz parte dos Jogos.

– Prefiro não pensar nisso agora.

***

Depois de planejarmos o truque, Lexy me guia em absoluto silêncio até o esconderijo do menino, felizmente perto de uma moitinha que dá muitas frutas. Frutas venenosas.

Avisto o garoto ao longe, estirado contra o sol que sai em tiras pelas árvores. O cabelo castanho-claro parece loiro, brilhando um pouco. Seus olhos verde-azulados estão focados na faca que está afiando, muito concentrado Nem vai notar nossa presença.

Tiramos o pote onde guardo as frutinhas da minha mochila, enchemos com um pouco de água e misturamos frutas venenosas com as doces. Mexemos com uma das minhas facas até parecer um suco avermelhado. Deixamos o pote bem perto da pedra onde o garoto está apoiado. Estamos prontas para ir embora. Lexy me certificou que não há maneiras de se matar alguém desse jeito, devido a quantidade de água e frutas não venenosas.

– Achavam mesmo que eu não iria ouvir vocês?

Congelamos. É a voz do garoto.

– Dá próxima vez, Faith Meinerz, tente não fazer muito barulho ao misturar as frutas com a água. E, Lexy Caillet, não te aconselharia a se aliar com essa menina. Muito inocente. Se eu não fosse tão bom, mataria ela agora.

Ele atira a faca, e ela finca em pé na grama.

O menino se levanta e contorna a pedra em que estava apoiado. Ele é alto, um pouco maior que Lexy, mas a diferença entre mim e ele é grande. Como ele conseguiu gravar meu nome e o da menina junto comigo?

– Então. - o garoto estende a mão com indiferença. - Eu sou Harry, prazer.

Ando para trás.

– Acho que você já sabe nossos nomes. - puxo o braço de minha aliada. Deveria chamá-la assim? - Vamos, Lexy.

– Não vão sobreviver muito tempo, vocês duas juntas. - ele diz. - Melhor se aliarem comigo.

– Não preciso de outro aliado. - Puxo mais forte o braço da garota ao meu lado, mas ela finca os és no chão.

– Ele tem razão, Faith. - ela diz. - Não somos tão fortes juntas.

– Mas somos inteligentes! - rebato com força.

– Mas mais cedo ou mais tarde deverão mostrar força, se não quiserem ser mortas.- Harry entra na discussão.

– E quem quer? - murmuro.

O menino alto tira uma faca do bolso atrás da calça vermelha larga.

– Aliança ou morte, 5. - ele ameaça, os olhos faiscando. - Você escolhe.

– Você não faria isso... - vou andando para trás. Ele caminha para frente. Trombo de costas em uma árvore e Harry me prende contra ela, pressionando a faca contra minha garganta. - Você não...

O garoto pressiona a faca mais forte.

– Ah, faria. Principalmente com alguém tão novo quanto você.

– Por favor. - falo baixinho.

– Aliança. - ele me fulmina com o olhar. Não tenho escolha.

– Aliança. - respondo, e ele me solta. Respiro fundo.

– Bom. - o menino volta para a pedra. - Agora, se quiserem se sentar...

– Não acha aqui um lugar muito exposto? - pergunta Lexy como quem não quer nada. Nos sentamos opostas ao menino.

– Acho. - Harry responde, calmo.

– Não entendi... - começo, mas o garoto me interrompe antes.

– É tão exposto que ninguém vai passar por aqui.

Faz sentido. Faz muito sentido. Como não percebi isso antes? Começo a imaginar Terie batendo a mão na testa como se eu fosse lenta para entender as coisas. Sou, não sou?

– Mas nós teremos que mudar, mais cedo ou mais tarde, certo, Harry? - Lexy faz outra pergunta.

– Sim, claro. - o menino continua afiando facas. Ele me irrita. - Principalmente porque Laureen sabe dessa tática.

– Laureen? A menina que veio com você? - Novamente as mãos da minha aliada começam a tremer. Ela segura uma das suas facas para evitar o movimento.

– Isso mesmo.

– Você está muito calmo, Harry. - digo, ríspida. - Pra alguém que pode morrer.

– Sempre pense positivo, Faith. - o garoto responde, virando os olhos claros para mim. - Meu lema. Deveria ser o seu também.

Ficamos um tempo em silêncio. Harry afiando suas três facas, eu mexendo aleatoriamente nas coisas da minha mochila e Lexy brincando com as facas dela como se fossem inofensivas. Sinto uma coisa dura na minha mochila e a tiro de lá. São aqueles óculos esquisitos. Abro as hastes, pronta para colocá-lo, mas o menino se ajoelha na minha frente e tira o objeto da minha mão.

– Quer queimar seus olhos!? - ele pergunta, olhando fixamente para mim. - São óculos de visão notura, você não vai conseguir nada com eles agora.

Me assusto com a espécie de bronca, então pego os óculos pelas pontas dos dedos e os coloco de volta na bolsa.

– Vamos usá-los depois, certo? - pergunto, não para ninguém em especial. - Quando formos vigiar.

– Obviamente, Faith. - não gosto do jeito com que ele pronuncia meu nome. Quase como se estivesse falando uma palavra feia. - Eu fico primeiro, depois Lexy. Essa noite você vai poder dormir sossegada.

– Obrigada. - digo, sem convicção. Mas então penso mais um pouco. - Isso é alguma tática? Você vai me matar enquanto eu durmo? Ou vai fugir com Lexy e me deixar sozinha?

– Faith, com você falando isso parece até que eu te odeio. - Harry guarda as facas e a pedra com que afiava as armas. Ele senta nos calcanhares e olha para mim, aquele olhar fixo que percebo que não sai do seu rosto. - Você vai dormir por mais tempo porque vai. Não há estratégias nem táticas. Somos uma aliança, lembra?

Faço que sim com a cabeça. Estou aliviada.

– Você confia em mim? - a pergunta do menino me assusta. - Se fosse eu que dormiria mais, você fugiria com Lexy? Me mataria? Teria coragem, Faith Meinerz?

Por que todos insistem em me ameaçar? Qual é o problema, afinal?

– Não, Harry, não fugiria. Muito menos te mataria.

– É uma promessa, certo? Você prometeu para Terie Stone que não mataria ninguém.

– Sim, sim... - Paro um pouco. - Como você sabe disso?

– Assisti à edição que ele participou. Bem a cara dele, pedir para seus tributos não matarem ninguém.

– Deus, você parece Josh. - Lexy finalmente entra na conversa. - Sabe tudo sobre qualquer coisa. Tem certeza que você é do Distrito 4?

Harry olha a menina com o rosto incrédulo.

– Sim, tenho. - ele responde, frio. - Está querendo dizer que as pessoas do meu distrito não são tão inteligentes?

– Nunca mencionei meu distrito, Harry. - a garota ao meu lado responde com firmeza.

Agora é a vez dos dois de discutir. Mas não quero ouvir, porque se ouvir, terei de mencionar que era considerada a mais inteligente da minha sala de aula. E isso geraria uma discussão perigosa.

Fico quieta um pouco. Ter Harry como aliado me reconforta, se for pensar pelo lado bom. Ele é inteligente, forte e caridoso ao mesmo tempo. Pelo menos para mim.

Olho para o menino. Ele tem três facas, assim como eu, assim como Lexy. Me lembro dos dois no treinamento, aquele dia das facas. Nunca imaginei que faria uma aliança com aquelas pessoas. Mas também nunca imaginei que sobreviveria até depois do banho de sangue. E nunca, nunca imaginei que seria escolhida para os Jogos.

Nossa mente nos engana. Quando imaginamos algo, planejamos o roteiro e as sensações, tudo vira de cabeça pra baixo. A vida nem sempre corresponde com a nossa imaginação. As vezes muda para melhor, as vezes para pior.

Tento prestar atenção à discussão de Harry e Lexy, mas ela já acabou. Os dois apenas trocam alguns olhares entre eles, e às vezes olham para mim. Me sinto pequena perto deles, mas é essa sensação que me faz sentir protegida. Sentia a mesma coisa perto de Aiden.

Ah, Aiden. Não lembro de nenhum canhão soando hoje, então deve estar bem. Espero que esteja.

***

A noite chega rápido demais, talvez por termos ficado em silêncio por tanto tempo. Agora eu e Lexy sentamos uma de cada lado de Harry, perguntando sobre coisa ou outra. Estou quase apagando de cansaço.

Nenhuma morte é anunciada quando o hino da Capital toca, o que me dá alívio e medo. Alívio porque as pessoas com quem eu me importo estão vivas, e medo porque algumas das pessoas com quem eu me importo podem me matar a qualquer instante.

– Faith? - ouço a voz doce de Lexy. - Está bem? Um dos seus olhos está fechado de um jeito estanho, você está quase babando...

Passo a mão pela boca com vergonha. Estava tão cansada desse jeito?

– Nossa, que sono! - diz Harry rindo um pouco. - Pode descansar. Você também, Lexy. O primeiro turno de vigia é meu.

Ele abre a minha mochila, mas não vejo o que ele pega, porque já desmaiei no seu ombro.


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Notas finais do capítulo

3 reviews para que eu continue?
Ah, e um feliz natal a todos (:



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