POV AUTORA:

Charlie andava de um lado para o outro em seu quarto, vestia um terno preto com uma blusa azul clara assim como Percy, nenhum dos dois usava gravata, de acordo com Silena mostrava rebeldia e os deixava sexy.

Mesmo não sabendo como ele um menino de nove anos poderia ser sexy agradeceu por não ter que usar aquele acessório que lhe apertava o pescoço.

O pequeno Chase coçava a nuca e bagunçava ainda mais os cabelos loiros em um claro sinal de nervosismo, definitivamente não estava preparado para aparecer naquela festa ao lado de Percy.

Olhou em volta e foi atraído por um pedaço de coral que repousava em uma das prateleiras de sua estante, presente de seu avô que conhecera naquele dia mais cedo, a primeira vez que Charlie riu depois da morte de sua mãe.

Flashback on:

Jackson’s

Os dois andaram em silêncio passando pela área das piscinas, as pessoas olhavam surpresas para Percy que já se acostumara com isso, algumas crianças correram em sua direção pedindo autógrafos que logo receberam do Jackson. Antes de sair olharam para Charlie se perguntando quem era aquele garoto sortudo?

O pequeno Chase sorria envergonhado e acenava com a cabeça.

Continuaram a andar, passaram pelo aquário, o menino ficou impressionado com a magnitude dos tanques e a quantidade e variedade de animais marinhos que havia ali.

Parou um instante para observar os pinguins.

Percy riu ao seu lado.

–Não acredito.

O mais novo olhou pare ele intrigado.

–Ali – disse apontando para uma das aves que estranhamente devorava um sunday de anchovas? Ou será que eram sardinhas, tanto faz. – Aquele é o Dexter, não acredito que ele ainda está vivo e o chantagista ainda obriga os funcionários a fazer aquele maldito sunday, eu detestava ter que dar banho nele todos os dias.

–Você trabalhava aqui? Porque ele não se limpa sozinho? Não é bem mais fácil ele pular na água?

O Jackson sorriu, lembrara-se de ter feito as mesmas duas últimas perguntas para seu pai.

Depositou a mão no ombro do filho e o conduziu até a arena de espetáculos.

–Não exatamente, eu costumava ajudar o meu pai, geralmente eu cuidava dos animais ou ficava no caixa do restaurante e tipo, se ele pular na água todo sujo, consequentemente vai sujá-la também e é bem mais barato e prático dar banho nele do que trocar a água do tanque todo dia.

O menino assentiu.

Logo chegaram à arena, onde um homem de meia idade estava sentado à beira de uma piscina gigantesca vestindo aqueles macacões de surf enquanto observava um garoto de aproximadamente 18 anos treinar uma baleia orca.

O homem tinha cabelos negros grisalhos e olhos verdes, mantinham uma expressão divertida ao ver o rapaz sendo derrubado diversas vezes pela orca quando tentava montá-la.

O adolescente de cabelos castanhos e olhos verdes resistia bravamente em sua tentativa, mas o mamífero apenas se divertia com toda aquela teimosia.

Apesar da fama de assino de sua espécie (o que não é exatamente verdade) aquela baleia era extremamente doce, fora criada desde filhote ali, por isso já estava acostumado com todos, sabia que não lhe fariam nenhum mal.

Charlie olhou para Percy que sorria de orelha a orelha.

–Hey Tyson! 10 X 0 para o Hitler! Gritou Percy.

O homem olhou para trás e encarou os dois surpreso, assim como o rapaz que caiu mais uma vez na água ao se distrair com aquela voz que não ouviam pessoalmente há muito tempo.

–Hitler? Perguntou Charlie rindo para Percy.

–É por causa daquela mancha branca logo acima da boca dele, me lembrou do bigode do Hitler, então eu achei que seria interessante colocar esse nome.

O menino riu.

– Mas o bigode dele é preto, pensei que fosse um trocadilho tosco por causa da fama das orcas assassinas e tal...

–Não, isso é muito complicado para a cabeça do Percy – disse o senhor de meia-idade quando se aproximaram dele.

Tyson que acabara de subir a borda da piscina e andava em direção a eles gargalhou.

–É verdade!

–EI! Resmungou o Jackson. Também senti a falta de vocês – continuou irônico.

–É só brincadeira garoto, vamos dê um abraço no seu velho – Pediu o mais velho abrindo os braços. Tyson pulou em cima deles fazendo assim um abraço coletivo.

Charlie observava os três timidamente, se sentia um intruso ali.

–E você meu jovem, quem é? Perguntou Poseidon quando se separou dos filhos.

–Charlie, Charlie Chase.

Poseidon olhou para Percy buscando explicações.

O Jackson passou o braço pelos ombros do Chase.

–Pai, este é o seu neto.

–OHO! Eu já sabia, ele é a sua cara! Venha aqui dar um abraço no vovô!

Percy olhou cautelosamente para Charlie com medo de que ele saísse correndo, mas o garoto o surpreendeu e abraçou o avô que o pegou no colo.

Poseidon sabia o motivo pela qual o filho tinha ido embora, queria proteger a namorada, só teve notícias dele pela televisão, revistas ou internet, agora ele aparece de repente com um filho e pelo sobrenome e a cor dos cabelos do menino só poderia ser filho de Annabeth, a surpresa foi realmente boa, deixaria o resto para depois.

–Assim você ofende o menino Pai – disse Tyson – Ninguém merece ser feio igual o Percy! É claro que ele é mais parecido com a Annabeth, por isso que é bonito como eu.

Avô e neto gargalharam enquanto Percy fechava a cara.

–AI! – Gritou Tyson quando recebeu um pescotapa do irmão.

Charlie pela primeira vez desde que sua mãe morreu estava se divertindo de verdade, mesmo não tendo se acostumado com o fato de Percy ser seu pai, adorara conhecer o avô e o tio.

Um jato de água lançado para cima chamou a atenção de todos, Hitler, a baleia havia subido numa espécie de plataforma um pouco mais baixa que a beirada da piscina, provavelmente era utilizada como parte de sua apresentação.

Tyson sorriu.

–Acho que ele quer conhecer você Charlie.

Poseidon devolveu o neto ao chão.

–Eu... Acho que não é uma boa ideia – tentou protestar o menino.

O Jackson mais velho riu.

–Não se preocupe, o máximo que ele pode fazer é te engolir!

O garoto arregalou os olhos arrancando mais risadas dos presentes ali.

–Pai, você está o assustando – disse Percy controlando o riso – Não está ajudando.

–Faz parte do show dele Charlie, ele apenas o coloca dentro da boca e depois abre devagar e você finge que está abrindo a força, a plateia pensa que você é um herói entende? – Explicou Tyson.

–Venha vamos trocar de roupa – Chamou Poseidon – Deve ter algo do seu tamanho na loja, você vem Percy? Acho que o seu velho macacão ainda serve em você.

Percy assentiu prontamente e todos os quatro andaram em direção a loja do restaurante.

As pessoas ainda paravam para olhar o dono da Jackstation passando, Tyson e Poseidon pareciam não se importar e Charlie resolveu ignorar também.

Logo chegaram ao restaurante, algumas famílias almoçavam em mesas, haviam homens sentados ou apoiados no balcão do bar tomando algo silenciosamente, um pouco mais ao canto do balcão uma rodinha se formava, quando viram os quatro chegando a roda se abriu dando passagem a um homem talvez um ou dois anos mais velho que Percy, tinha cabelos castanhos e olhos verdes e sorriu sarcasticamente ao vê-los.

–Percy! Quanto tempo! – Cumprimentou ele.

–Ah, oi Tritão com vão as coisas? – Falou Percy apenas por educação nunca gostou muito do irmão mais velho, sempre brigavam quando estavam juntos.

Percy abriu a boca para apresentar seu filho, mas foi interrompido.

–Eae Carinha – falou ele e trocou um soquinho com Charlie.

O menino sorriu abertamente.

–Como foi a temporada?

–Horrível, ganhamos um ou dois jogos e perdemos os outros, teríamos chance se você voltasse – afirmou o garoto.

–Não garanto nada, mas podíamos marcar qualquer dia para um mano a mano, topa? Sem regras, o vencedor paga um sorvete depois!

Percy estava completamente confuso, de onde eles se conhecem? Como viraram amigos assim tão íntimos? – Eram essas as perguntas que estavam na cabeça do Jackson, além de sentir uma pontada de ciúmes, afinal seu irmão conhecia mais seu filho do que ele mesmo e o menino com certeza gostava mais dele, tentou tirar esses pensamentos sacudindo a cabeça.

–Pode ser, só preciso me recuperar melhor do meu pé...

–O que houve? – Perguntou Tritão preocupado.

–Nada demais, aterrissei de mau jeito no último jogo e meio que rompi um ligamento.

–Tá tudo muito bom, mas vamos nos trocar para nadar com o Hitler? – interrompeu Percy.

–Você vem Tritão? – Perguntou Charlie esperançoso.

–Não posso campeão, tenho que ficar aqui olhando o bar, deixa para outro dia.

O Chase assentiu e seguiu os outros.

–Pega! – Disse Tyson e jogou um macacão preto e vermelho para o menino. Aqui o seu Percy!

O moreno observou seu velho traje preto e azul.

–É, certas coisas nunca mudam – falou para si mesmo.

Passaram o resto da manhã e o começo da tarde na piscina, depois seguiram para o shopping onde Silena estava os esperando para comprar os ternos.

–Charlie! – Chamou Percy lá de baixo. Está na hora de ir!

O garoto desceu as escadas silenciosamente e caminhou até o pai.

...

Como era uma festa e com certeza Percy iria beber decidiu-se por ir no carro junto com os seguranças.

O carro acabara de parar em frente ao grande salão de festas onde fotógrafos lotavam a entrada.

Era a premiere de lançamento de Ognarom 3, representantes da Microsoft e da Playstation estavam ali para conferir o novo jogo que “rodaria” em seus consoles, famosos apreciadores do vídeo game também encontravam-se ali, além dos sócios e todos os que trabalharam no desenvolvimento do novo jogo.

Percy desceu do carro e logo foi cercado pelos seguranças que vinham naquele e no carro de trás.

O clarão dos flashes logo o atingiu e Charlie hesitou em descer,

–Vamos, não precisa ficar com medo, eu estou aqui – disse Percy confiante colocando a cabeça para dentro do carro.

–Para você é fácil falar – resmungou ele e ainda relutante saiu.

O Jackson sorriu para o filho, passou o braço por seus ombros e o guiou até a entrada.

–Percy! Aqui! Percy! Percy vem falar com a gente! Aqui! – Os repórteres gritavam.

–Talvez mais tarde – disse simplesmente.