Eu Não Preciso De Amor escrita por Hanna Martins


Capítulo 4
O Casanova


Notas iniciais do capítulo

Um novo personagem entra na história...



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Deslizo minha mão pela ampla prateleira de livros, até me deter em um dos livros. Apanho o livro e o folheio ao acaso, sentindo o cheiro de livro novo. Adoro cheiro de livro novo. Estou em minha livraria predileta, posso ficar horas aqui sem nenhum problema.

– Olá, Katniss – diz uma voz atrás de mim.

Nem preciso me virar para saber que é ele.

– Olá, Gale – respondo sem me virar ou retirar meus olhos do livro que tenho em mãos. – Não pensei que frequentasse estes lugares – coloco o livro de volta na prateleira, e me volto para Gale.

– E eu não frequento – me responde sorrindo. – Mas ela frequenta – faz um vago sinal com a cabeça, em direção a seção de sociologia.

Compreendo imediatamente o que ele quis dizer, uma bela ruiva, que deve ter uns vinte e três anos, folheia alguns livros na seção de sociologia.

– Você não muda nunca!

Ele sorri. Gale Hawthorne, belo, alto, corpo sarado, pele sempre bronzeada, e herdeiro de uma bela fortuna. Gale tem apenas dezoito anos, mas já é considerado um dos jovens herdeiros mais cobiçado da alta sociedade. No entanto, nenhuma garota pode ter a ilusão que irá conquistar o coração de Gale. Ele é um dos maiores Casanova que já conheci. Gale vive cercado por belas garotas, sua cama costuma receber uma garota diferente cada noite, ou até mais...

Como eu o conheci? Foi quando eu tinha catorze anos. Eram as férias de verão, passava meus dias, ocupada em ver filmes, ler livros, escutar música e navegar pela internet, já que meu pai estava viajando. Rue passava as férias na casa de praia de sua tia. Ela estava muito empolgada, conhecera um garoto, Marvel, nos falávamos quase todos os dias pela internet. Ela só falava neste garoto e no quanto ele era perfeito. Até me enviou fotos de Marvel, que só confirmaram minha opinião sobre ele. Marvel era um daqueles típicos gostosões, que tem músculos no lugar de cérebro, capitão do time de futebol do colégio, popular, o cara que as garotas amam correr atrás. Para mim, Marvel era um cara estúpido que não merecia o amor de Rue. Porém, ela não ouviu os meus conselhos, Rue não conseguia ver nada o que tinha em sua frente a não ser Marvel. Até brigamos por isso e ficamos sem nos falar por algumas semanas.

Um dia Rue me ligou, chorando. Como eu desejei estar errada sobre Marvel, mas não estava. Marvel tinha simplesmente sumido, não atendia os telefonemas de Rue, ela desconhecia o seu paradeiro, já que ele tinha ido viajar para outro país.

– Rue, não fica assim! Esquece este cara! – falei indignada. – Ele não te merece.

– Mas... Katniss – ela soluçava.

– Rue... Você não me contou toda a história direito, não é? Você está me escondendo alguma coisa! Pode falar!

– Katniss... – Rue começou a chorar.

– Vai fala, Rue, o que aquele canalha fez com você? Ele não...

– Eu transei com ele! – falou baixinho entre soluços.

– Você o quê? – gritei.

– Ele me disse que eu era especial... – chorava cada vez mais alto.

Sua voz soava extremamente angustiada. Tentei me acalmar e controlar minha vontade de matar Rue por ser tão idiota, e como Marvel podia fazer aquilo? Como? Rue mal conhecia esse tal de Marvel.

– Rue, eu poderia te dar mil conselhos, mas não vou fazer isso, nem gritar com você por você ser tão estúpida. Se controla, Rue, você já fez a besteira, e agora não tem como voltar atrás.

Escutei outro soluço no telefone.

– Rue, não me diga que você não se cuidou! E que você... – não completei a frase, ela era absurda demais.

– Eu não sei Katniss... Minha menstruação está atrasada... – depois disso, ela não conseguiu falar mais nada, pois começou a chorar sem parar.

Eu tinha que fazer alguma coisa, não podia deixar Rue naquela situação. Me lembrei que em uma de nossas conversas, Rue mencionou que um primo de Marvel morava perto de minha casa. Ele se chamava Gale.

Eu nunca conheci minha vizinhança direito, perguntei para Mags se ela conhecia algum Gale. Mags me contou que poderia ser o filho dos Hawthorne, que moravam em um condomínio, que ficava a quatro quadras de minha casa.

Sem pensar duas vezes, fui até este tal condomínio. E bati literalmente na porta dos Hawthorne.

– O Gale está? – perguntei para a empregada que me atendeu.

– Quem deseja falar com ele?

– Diga que é uma amiga de seu primo Marvel, e que preciso falar com ele.

– Só um momento – disse a empregada fechando a porta.

Fiquei esperando na porta dos Hawthorne por uns cinco minutos, até que um garoto de cabelos negros, olhos acinzentados, alto e belo abriu a porta.

– Você queria me ver? – perguntou o garoto me analisando.

– Quero saber onde está seu primo Marvel! – disse o encarando.

– Meu primo? – Gale não parecia surpreso, parecia até estar acostumado com esta situação. – Eu não sei a onde ele está.

– Eu sei que você sabe! – disse mal-humorada. – Seu primo é um cafajeste, abandonou minha amiga – estava muito nervosa, queria exterminar a raça dos Hawthorne da face da terra. – Minha amiga pode estar grávida de seu primo! – gritei.

– O quê? – ele ficou surpreso, parecia preocupado e até assustado. – Não acredito que o Marvel fez isto! Este cara é um irresponsável! Entre – disse abrindo a porta. – Vou ligar para meu tio, ele deve saber onde o Marvel está.

Gale ligou para o tio, o qual informou que Marvel estava no México. Gale conseguiu falar com Marvel depois de muitas tentativas. E conseguiu fazer com que Marvel voltasse para a casa.

No final, Rue não estava grávida, só foi um susto. Ela e Marvel se encontraram. Ele disse que não queria nada com Rue, que só estava curtindo um tempo com ela. Sorte de Marvel que Gale estava por perto quando eu o vi, pois estava preste a cometer um assassinato. Foi Gale que me impediu de pular no pescoço de Marvel.

Rue ficou destruída ao constatar que seu príncipe não passava de um porco fedorento que gostava de brincar com os corações de virgenzinhas indefesas. Isso só me serviu para comprovar o quanto o amor é uma farsa, e que eu não preciso deste “amor”. Rue, apesar de tudo, ainda acredita em príncipes encantados, para ela só foi uma experiência ruim.

Embora Rue odeie Marvel, ela gosta de Gale, o considera uma pessoa legal. Quanto a mim, acho que Gale e Marvel são farinhas do mesmo saco.

– Vou dar uma festa... Você deveria ir – diz Gale, sorrindo.

– Não, obrigada.

– Tem certeza? Você nunca vai nas festas que eu dou – reclama.

– Não gosto destas... coisas.

– Katniss, você é mesmo ótima piadista – ri. – Mas eu acho que você deveria ir. Venha com Rue.

– Sei o que você pretende Hawthorne, mas nunca vou deixar Rue cair nas mãos de outro de sua espécie.

Gale ri.

– Katniss, você é hilária. Mas o convite está feito... Se você quiser é só aparecer, a festa vai ser hoje à noite na minha casa – ele olha para a bela ruiva. – Agora preciso cuidar de meus interesses – diz, saindo de perto de mim, seu andar é silencioso e sexy, é um caçador afinal.

Olho mais alguns livros e depois vou para minha casa. Peeta ficou bastante silencioso esta semana. Tenho tentado não expressar minha raiva, me comportando como alguém que está começando a cair em seu truque. Sou uma caçadora que espera que sua caça caia na armadilha. E a virtude mais imprescindível de um caçador é a paciência. Serei paciente, estarei a espreita aguardando o melhor momento de atacar.

Passo diante da biblioteca.

– Katniss – a voz de Peeta vem da biblioteca.

Dou um longo suspiro e resolvo entrar na biblioteca, mas antes coloco um belo sorriso em meus lábios. Preciso levar meu plano adiante, fazer Peeta acreditar que cai em suas garras, que seu plano de atuar como o tutor preocupado e desinteressado que apenas deseja o bem de sua pupila está dando certo.

– Me chamou, Peeta? – pergunto, sorrindo.

Ele desvia o olhar do livro que tem em suas mãos e detém seu olhar sobre mim.

– Katniss, você tem algum plano para hoje à noite?

– Hoje à noite? – falo cautelosa.

– Se você não tiver nenhum plano podemos ir jantar fora, abriu um restaurante de comida francesa – seu tom é doce.

Olho para ele tentando decifrar suas verdadeiras intenções. O que pretende? Eu não sei qual é seu plano exatamente, mas sei qual é o meu plano neste momento.

– Que pena, Peeta, já combinei com Rue de irmos a uma festa...

– Festa? – me olha interrogativo.

– Uma festa na casa de um amigo...

– Que amigo? – e aqui está ele agindo como um tutor preocupado.

– Um amigo, você não conhece... – pego um livro qualquer em uma das prateleiras. – Gale... Ele mora aqui perto... – coloco o livro no lugar e me volto para Peeta. – Se me der licença tenho que me arrumar para a festa...

Saio da biblioteca, mas antes lanço um último olhar para Peeta, sorrio.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Katniss tem um plano, mas será que vai dar certo?