Lost Heaven escrita por Luneburg


Capítulo 7
Capítulo VII - Reencontros




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Como Rasiel não queria mais comentar sobre as batalhas que ocorreram, futuramente sabia que seria necessário pesquisar essa história mais afundo, estava envolvido e se manter informado era uma das primeiras coisas que deveria fazer. Olhava para trás, o silêncio estava incomodando-o. Observava novamente aqueles anjos adormecidos, as asas deles eram tão bonitas, todas as penas se movimentavam levemente, como se recebessem uma leve brisa. O rapaz então notou algo errado, eles tinham asas! Raphael dissera que os expulsos do céu tiveram as mesmas arrancadas. Virou-se para fitar o loiro de cabelos compridos, perguntando rapidamente.

─ Como eles possuem asas? Pensei que não mais a tivessem.

O anjo da cura retirava o cigarro dos lábios, segurando-o entre os dois dedos da mão, assoprando a fumaça antes de falar alguma coisa.

─ São falsas.

─ Falsas? ─ indagava o jovem impressionado, era um pouco difícil considerá-las falsas. ─ Por acaso eles não são cobaias, não é?

─ Não me insulte, rapaz! Nunca os utilizaria como cobaias! ─ Rasiel parecia realmente irritado ao dizer tais palavras.

─ Desculpe, já não sei mais o que pensar.

─ Então ficasse calado.

Rasiel percebera que havia dito algo sem pensar, ofendera o anjo que cuidou dele todo aquele tempo. Chamava a si mesmo de idiota mentalmente, mas logo voltava a falar, tinha de sanar suas dúvidas.

─ Então... Para que eles estão com essas asas?

O outro olhava de canto para o jovem, tragando mais uma vez o cigarro, pronunciando-se logo que expirava aquele ar químico.

─ Para que possam voar novamente, afim de chegarem ao último refúgio.

─ Estão ali por vontade própria?

─Exatamente. Mas estou aqui apenas para mantê-los vivos se acontecesse algum problema.

Antes que Rasiel pudesse perguntar alguma outra coisa, um ruído musical tocava, vindo do bolso do anjo da cura. Este por sua vez, retirava um celular, olhando o número que ligara para ele. Fazia um sinal com a cabeça, se retirando do local, para poder ter uma privacidade merecida. O jovem White olhava para Raphael até vê-lo sair. Desviava sua atenção para os outros anjos novamente, mas dessa vez para seus rostos, caminhando entre diversos corredores de vidros. Pensava consigo mesmo, como poderiam se submeter a isso? Tudo para conseguir voltar para o céu tão desejado? O que tanto temiam aqui na terra? Seria talvez uma questão de honra? Gostaria de conversar com um deles, assim dir-lhe-iam seus motivos, mesmo que ainda parecesse incompreensível ficar à mercê dos outros, praticamente mortos.
Foi quando interrompido em seus pensamentos percebeu que um deles estava acordado, na verdade era uma mulher, ela tinha cabelos compridos e lisos. Assim como todos os outros, utilizava uma túnica branca. Parecia desesperada, variava a direção do olhar entre Rasiel e a máquina que lhe garantia a respiração, era uma mensagem silenciosa. O jovem percebera imediatamente o que estava acontecendo, aquele anjo não recebia oxigênio, assim agira rapidamente. Aproximou daquele enorme vidro, notou que o mesmo não era tão resistente ao toca-lo. Afastou-se alguns passos e olhou novamente para a garota diretamente nos olhos, sorrindo de tal forma, que foi capaz de tranqüiliza-la. O rapaz respirou fundo e desferiu um chute no vidro, rachando-o, repetindo a ação mais uma vez, quebrando-o por completo. O líquido químico escorreu pelo chão, deixando-o escorregadio.
Rasiel se aproximou daquele anjo, retirando a máscara do rosto dela, dizendo logo em seguida, com a voz imparcial, já não sorria mais.

─ Está tudo bem, chamarei meu pai... digo, Raphael, ele te libertará.

Afastava-se daquela garota, dando-lhe as costas e assim que o fizera, escutara algo, porém não havia entendido nada. O jovem White virou apenas uma pouco com afim de poder vê-la, percebeu que a mesma estava com a face rosada. Sentada naquele local mesmo, ela repetiu o que havia dito.

─ M-muito obrigada por ter me salvado... Eu me chamo... Elizabeth!

O outro não dizia nada em resposta, apenas sorria levemente, como um sinal de quem compreendera, virando-se de costas e saíndo daquela sala à procura do anjo da cura.


Christopher havia sentado no campo, encostado no mausoléu, observando o céu clariar um pouco mais, já sentia o dia se aproximar a cada minuto que passava. Ainda não havia saído daquele local pois, apesar de não ter ouvido nenhuma ameaça de Mephistopheles, sabia que estava sob o olhar dele. Não sentia medo, o que era estranho, nada daquilo era normal. Voltou a pensar em tudo o que ocorrera nesse último dia, foram tantas coisas, passaram tão depressa. Imaginou se nada tivesse acontecido, provavelmente nessa hora estaria dormindo tranquilamente, sem muitas preocupações além dos estudos. O moreno suspirava, não sabia o que estava esperando, talvez acordar de um sonho maluco como este que estava tendo.
Virou o rosto, olhando para o demônio, este não havia mudado de expressão, mas olhava fixamente para um lado, como se estivesse enxergando ao longe alguma coisa. Christopher por mera curiosidade, fitou também e se arrependera amargamente. Aquela garota que havia encontrado ao caminho do campo, que possuia o rosto de sua avó Juliet, estava vindo naquela direção. Levantou-se apressadamente e correu até Mephistopheles, ficando atrás deste. O outro nem se incomodara, não tinha nenhuma intensão de proteger o rapaz e garantia sua própria segurança, todavia conhecia aquela garota, que para seus olhos possuia uma aparência diferente.
A garota se aproximava e quando finalmente parava, estava diante de ambos, olhando somente para o demônio, sorria amigavelmente, como se já fossem conhecidos, não havia nem percebido a presença de Christopher. Falva com um tom de voz bem animado.

─ Olá, Mephizinho! ~ Como vai, meu caro amigo que não gosta de luz?

─ Cala a boca, mil-faces, já lhe disse para não me chamar assim.

─ Hey! Combinamos que você não falaria mais esse apelido idiota! Meu nome é Myrho! M-Y-R-H-O!

─ Eu já sei e pouco me importa.

─ Uf.. Continua chato como sempre.

─ E você intrometido.

O moreno observava aquela discussão ainda um pouco assustado com a presença de outra pessoa, ou como tinha quase certeza, de outro demônio. Ainda via diante de si, sua querida avó, mas tinha outra coisa em seus pesamentos.Por que seu apelido era mil-faces? O nome Myrho, assim como o de Mephistopheles, não lhe era tão desconhecido, porém para sua infelicidade, esquecera completamente de onde lera sobre. Sentia que cada vez mais estava entrando para um mundo totalmente desconhecido.
Myrho, como havia se apresentado, finalmente percebeu a presença do rapaz de cabelos escuros. Olhava para ele, sorrindo da mesma maneira de antes, logo dizendo:

─ Neto! Como você está?

Christopher olhava para o demônio com uma expressão risonha, apesar de estar com seres totalmente diferentes, não conseguia deixar de imaginá-los como humanos. Ria da atuação do outro, pois de nada funcionaria, já havia revelado sua verdadeira identidade, mesmo que indiretamente. Incrivelmente não sentia mais medo desses dois, até lhe transmitiam certa confiança e amizade também.

─ Prazer, Myrho, sou Christopher... Apesar de achar que você já sabe.

─ Eh? ─ parecia impressionado ─ Como descobriu?

─ Idiota, você mesmo deixou a máscara cair, retardado. ─ Mephistopheles parecia inconformado com aquela cena, até franzia a testa.

─ Oh, droga! Deixei de assustar mais um! ─ exclamava o outro.

─ Como assim outro? Aliás onde está seu "pertence"? ─ perguntava o demônio.

─ Acabei devorando, senti muita fome.

─ Arg! Não deixa de ser idiota!

Christopher passara a observar e escutar a conversa daqueles dois seres. Já havia até se acostumado a ver a aparência de sua avó mais jovem. Estava começando a não julgá-los pelo título de "demônio", eram muito mais humanos do que qualquer outro.


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