Lost Heaven escrita por Luneburg


Capítulo 12
Capítulo XII - Desentendimentos




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Ao abrir os olhos, Rasiel viu que Jean já estava de volta naquela pequena sala. Conversando com ele estava Raphael. Percebeu que não sentia mais dores, todas as feridas estavam curadas, com certeza fora aquele anjo que o curara. Levantava-se e caminhava até ficar próximo dos dois, dizendo logo em seguida:

─ Obrigado por me curar, Raphael, e obrigado por tudo, Jean. Se não fosse por vocês, estaria perdido.

─ Quem é você? Onde está o Rasiel que eu conheço? ─ perguntava Raphael em um tom de brincadeira.

Jean rira um pouco, abafando o sorriso, aquela face jovial era um tanto parecida com a de Rasiel, mas havia em suas expressões algo que ele não tinha, maturidade. Tinha uma personalidade bem mais adulta, podia até ser comparado com o outro presente na sala. Este logo dizia, mudando o assunto:

─ Então, o nosso plano está seguindo como planejado, exceto pelo atraso do despertar de Rasiel. E isso vai nos trazer problemas futuros caso não façamos algo para adiantar esta situação.

─ E o que você pretende fazer? ─ indagava Raphael, enquanto Rasiel apenas ouvia a conversa.

─ Creio que teremos de pedir ajuda, não temos tempo para fazê-lo lembrar naturalmente, se nem a presença dos demônios Mephistopheles e Myrho foram capazes...

No momento em que os nomes foram pronunciados, Rasiel cerrava os dentes, seu desejo de vingança ainda ardia intensamente, mas continuava em silêncio remoendo-se por dentro. Era óbvio que os dois anjos perceberam a mudança do rapaz, apenas não comentaram nada sobre o assunto.

─ E a quem ─ dizia o anjo da cura, continuando a conversa. ─ você pretende pedir ajuda? Não me recordo de nenhum anjo que possa nos ajudar.

─ Anjos não tem essa capacidade. ─ respondia Jean. ─ Eles não podem investigar a mente e nem lê-la.

─ Vai pedir ajuda a Deus? ─ o outro parecia surpreso. ─ E como pretende fazer isso se nosso caminho para chegar lá fora destruído?

─ E quem disse que nossas oportunidades estão restringidas à divinidade? ─ ao terminar a fala, o anjo sorria de canto.

─ Está se referindo aos demônios? ─ intervia Rasiel na conversa. ─ Espero que não!

─ Então me diga, rapaz, és capaz de despertar agora? Tens a capacidade de relembrar de todo seu passado de lutas, com vitórias e derrotas? Lembras-te de suas habilidades divinas e das habilidades de teus inimigos? ─ a voz de Jean soava imponentemente, quase como um trovão, deixando o outro em completo silêncio.

Raphael não parecia impressionado com essa maneira do companheiro, já o vira assim muitas vezes, ele havia uma capacidade de se impor sob qualquer circunstância, era realmente um dom. O anjo da cura gesticulava levemente a mão, chamando a atenção de Jean, fazendo-o olhar em sua direção.

─ Seu plano é se encontrar com Azazel?

─ Exatamente, mas teremos de ser cautelosos. Apesar de nunca tê-lo visto pessoalmente, contam rumores dos quais dizem sobre sua crueldade.

─ Pretende mesmo me colocar nas mãos de um demônio que até mesmo os rumores são ruins? ─ perguntava Rasiel, ainda se negando a continuar com aquela loucura.

Antes que pudesse perceber, já estava colocado contra a parede, tendo o pescoço pressionado pelo próprio braço, forçado pelas mãos velozes de Jean. Este havia perdido a paciência, sua expressão séria causava certo arreio, a voz fria e quase que silenciosa era temida por muitos. Encarava diretamente os olhos do rapaz, assemelhava-se até a uma ameaça, pela forma que a situação estava.

─ Vou lhe dizer mais uma vez e será a última! Preste muita atenção. Você é um inútil agora, um estorvo enorme. Está atrasando os planos que você mesmo fez, eu não deixarei que atrapalhe nossa caminhada. Demorou muitos anos para que finalmente chegassemos tão perto do Paraíso! Se reclamar mais uma vez, pode ter certeza que eu mesmo me encarrego de mandar você para Asylum Garden, ou quem sabe para o Abyss. Então... Cala essa boca e coopere pelo menos agora!

Terminando a fala, pressionava com mais força o pescoço de Rasiel, soltando-o em seguida. O jovem pego de surpresa, caía no chão, tossindo fortemente, enquanto fitava o anjo que lhe atacara. Raphael abaixava, ficando ao lado dele, colocando a mão direita próxima à garganta deste. Uma luz dourada surgia dali, quente e calorosa, retirando a dor que fazia-o tossir. Em seguida levantou-se novamente, falando com os dois, dando um sermão.

─ Parem agora! Você Rasiel, compreenda que este é o único caminho que nos restou, sem dizer que assim que recuperar suas memórias, será capaz de entender nossa maneira de agir.

Rasiel apenas virava o rosto para o lado, não queria a ajuda de demônios, principalmente depois de ver Christopher ser assassinado.

─ E você, Jean! ─ continuava o anjo da cura. ─ Deixe de agir de maneira tão impulsiva! Todos esses anos de batalhas e guerras não fora o suficiente para fazê-lo compreender que o companheirismo é importante? Esses anos não o fizeram crescer nem um pouco, continua um típico jovem rebelde que não tem noção do que faz.

Jean apenas fitava o outro friamente, não pretendia continuar com aquela discussão inútil e sem futuro.
Raphael suspirava. Parecia um pai encerrando a briga de dois filhos. Compreendia a situação dos dois. Um vira o amigo morrer diante de seus olhos por um demônio e agora era proposto que tivessem a ajuda de um. Já que o outro, por mais que fosse contra seus propósitos, era o plano, e fazia isso para o bem dos outros anjos que esperaram tanto tempo para poder voltar ao verdadeiro lar, e isso, estava incluso ele próprio. Pegava um cigarro e colocava-o na boca, precisa relaxar. Assim que ia acender, o mesmo fora retirado de seus lábios, juntamente com o maço que carregava no bolso. Jean estava com ambas as coisas na mão, sua expressão era de desaprovação.

─ Não na minha frente, Raphael. ─ dizia o jovem, que ainda vestia as roupas clericais. ─ Não quero vê-lo fumando, isso me dasagrada.

O anjo da cura apenas sorria, entendera que a ação do colega era bem intensionada e por isso não fazia menção de tomar as coisas de volta, respondendo em um tom tranquilo.

─ Certo, você venceu.

Jean colocava os itens sob aquele pequeno armário, virando-se em direção aos outros dois.

─ Temos que ir, não há muito tempo para perder aqui, temos que nos encontrar com Azazel.

─ Certo, vamos. ─ concordava Raphael.

Rasiel não dizia nada, apenas levantava do chão, onde estava sentado. Estava de braços cruzados e se recusava a olhar para o anjo que lhe atacara de repente.

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