Um Beijo No Passado escrita por Carolina Fernandes


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Realmente não sei se ficou bom, apenas tive a inspiração há alguns dias e fiquei com vontade de escrever.


Espero de verdade que quem ler, comente. De verdade, nem que for para falar que realmente odiou. :}


De qualquer forma, espero agradá-los. ^^=



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≠Um Beijo No Passado≠

Já ouvi dizer que a vida é para os vivos... E acho que não posso discordar disso.

Eu gosto de vê-lo dormir. Seus cílios mexem levemente e seus lábios, às vezes, tremem como se estivessem refletindo alguma emoção forte vivida por ele na terra dos sonhos. Seu peitoral sobe e desce com suavidade, sua expressão é tão serena que fico com vontade de voltar a dormir, já que pareço estar ouvindo uma bela canção de ninar. Seus braços são tão quentes e confortantes quanto seu hálito sempre fresco em minha nuca. Ele sempre foi assim, um casulo protetor onde eu posso me esconder de qualquer dor e sofrimento que queira me atingir. Por isso gosto de vê-lo dormir, pois nesse estado seus olhos não mostram aquele eventual brilho de preocupação, por mais que ele tente disfarçar, e sua expressão não adquire aquele tom de antecipado sofrimento toda vez que ele acha que não perceberei. Adormecido, o meu amor está sempre feliz e tranquilo, fazendo com que eu me acalme e nada tema.

Eu gosto de vê-lo dormir, porém ele sempre acaba por acordar. E essa é outra felicidade, já que ver seus olhos abrindo, confirmando que ele ainda está comigo, faz meu coração se aquecer e palpitar. Eu acaricio seu rosto e ele sorri, beijando a ponta do meu nariz segundos depois. Sempre igual, sempre com o mesmo carinho e amor. Nunca entendi o motivo desse gesto antes do rotineiro selo em meus lábios saudando-me um bom dia, contudo não importa, todos os seus beijos me fazem feliz. Ele me faz feliz.

—Pensei que havia dito que iria embora... — ele comenta ainda sonolento. Eu envolvo seu tronco com força e fecho meus olhos ao inalar seu cheiro suave e sedutor.

—Eu vou, apenas não consegui ainda... Gosto de ficar ao seu lado. Dormir ao seu lado. — sua respiração foi pesada. Talvez ele estivesse sofrendo mais uma vez. Sim, eu estou sendo egoísta, mas nessa vida solitária, ele foi a coisa mais perfeita que já me aconteceu. Dói-me no coração e na alma ter que ficar muito tempo longe de seu toque.

—Eu gosto também... Na verdade, eu amo isso, como você já sabe. Por mim, ficaríamos abraçados até o fim dos tempos... Mas, eventualmente, você vai ter que ir e não sei como irei conseguir superar sua falta...

Eu entendi o que ele quis dizer. O lado direito de sua cama ficaria vazio e frio, ele acordaria todo dia sozinho e eu não estaria lá para implicar com as pequenas coisas as quais ele não se atentava. Prolongar só o faria sofrer mais e no fim, quem sabe, ele apagaria todas as evidências de nossos dias juntos. Ao mesmo tempo em que não quero que sofra, também não quero ser esquecida ou apagada. Quero continuar sendo amada, mesmo que minimamente. Quero que ele continue apegado às nossas memórias e com o tempo consiga relembrá-las com felicidade, não tristeza.

—Eu só queria ficar mais essa noite. Juro que será a última. Então, se esqueça de todo resto por hoje e apenas me ame e aceite meu amor. — beijei seus lábios com suavidade e uma lágrima escorreu de seus olhos brilhantes. Meu amor nunca chorou, ele sempre foi forte e enfrentou tudo com positividade e cabeça erguida, mas quando é ao meu respeito, uma lágrima ou duas escampam-lhe e eu amo a forma como isso o deixa envergonhado, fazendo-o virar o belo rosto para outra direção e apertar minha mão com força. — Vamos, você vai conseguir superar. Você é lindo, por dentro e por fora, não demorará até que alguém ocupe meu lugar. — ele me abraçou de repente, surpreendendo-me. Acariciei seus cabelos sedosos por alguns instantes. Só quero vê-lo sorrir uma última vez. Faz tanto tempo que não o vejo sorrir com alegria, que não o vejo iluminar o ambiente com seu belo sorriso e sonora risada. Eu quero essa felicidade uma última vez. Esse calor genuíno em meu peito que só ele sabe causar, uma última vez, antes de dizer adeus.

—Isso é injusto. Não estou pronto... Fique mais uma noite. — ele implorou com sua voz embargada. Bem que eu queria. Outra noite vendo-o dormir. Outra noite sentindo-me segura e sem medo. Outra noite esperando até a hora de seus olhos abrirem e sua voz melodiosa encher-me de felicidade. Outra noite esperando até a confissão de amor, oferecida a mim todos os dias, sempre com a mesma intensidade e sinceridade.

—Você já desperdiçou noites de mais comigo... Mesmo que eu fique mais essa noite, isso não significará que estamos unidos pelo resto da vida. — afastei-me dele, para encará-lo nos olhos. Sorri, pois queria que ele me imitasse. — Eu te amo, isso é o que nos deixará unidos pela eternidade. Mas se, e somente se, você não se esquecer do seu amor por mim...

—Eu nunca irei me esquecer. Eu te amo mais do que meu coração pode aguentar. — seus olhos cintilavam devido às lágrimas acumuladas e isso me fez chorar. Só de olhar em seus olhos eu soube que não seria esquecida, mesmo que o mundo todo me esquecesse, no coração dele eu estaria viva e meu nome e minha memória não seriam esquecidos. Somente isso fazia a vida valer a pena. Somente isso me dava a certeza de que eu havia vivido e de que nada havia sido em vão.

Ele secou minhas lágrimas com beijos. E, quando elas sumiram, os segundos pensamentos que eu começava a ter sumiram junto. Meu amor merecia continuar vivendo. Merecia ser feliz. Outra mulher merecia receber seu carinho e ter suas lágrimas secadas com beijos um dia. Ele merecia o direito de poder amar outra pessoa o tanto quanto havia me amado.

—Você sabe que tudo o que mais quero é que seja feliz. Seu coração pode aguentar esse amor assim como pode aguentar muitos outros. Por favor, sorria. Quero que se lembre de apenas nossos dias felizes e siga em frente, pois eu não posso ficar outra noite.

Beijei-o com todo o amor que ainda me restava. E era muito. Poderia me perder no meio de seus braços e viver de seus beijos, mas nunca poderia impedi-lo de viver.

—Por favor, não me deixe... — implorou ao encostar sua testa contra minha. Sua respiração estava pesada e eu parecia ouvir seu coração bater cheio de dor e angústia. Eu beijei cada um de seus olhos antes de selar seus lábios longa e demoradamente. Voltei a encarar seus olhos penetrantes. Sorri-lhe e acariciei mais uma vez seu belo rosto.

—Eu nunca te deixarei. Sempre... Sempre estarei aqui, ao seu lado, te observando dormir. Esperando que você acorde e faça meu mundo mais feliz. — Voltei a beijá-lo, pois queria guardar a memória do toque, do sentimento, da palpitação em meu peito, do calor em meu corpo. — Mas agora, você precisa fazer seu próprio mundo mais feliz, por isso acorde, meu amor. Acorde e siga em frente... Eu estou viva e com você, por isso não sofra mais. Eu nunca te deixei e nunca escolheria te deixar.

Ele chorou pela primeira vez e eu tomei em minhas mãos cada lágrima brilhante dele. Encostei minha testa na dele enquanto ele fechava os olhos e murmurava repetidamente as palavras “eu te amo”.

—Acorde... Você está vivo, por isso viva a vida que lhe é de direito... Acorde, meu amor. Não desperdice outra noite comigo.

Então tudo sumiu e ele acordou. Seus olhos se abriram contra o sol forte da manhã e a brisa salgada, devido ao oceano não muito longe de seus pés, bagunçou alguns fios de seu cabelo sujo de areia. As garrafas vazias de álcool eram suas únicas companheiras. Eu não estava com ele. Já havia o deixado há dois meses, mas sempre o observava dormir e o esperava acordar.

Pela primeira vez, ele acordou com uma expressão serena e tranquila. Meu amor finalmente estava em paz. Finalmente havia seguido em frente. Ainda sim, eu conseguia ficar ao lado dele, o que me provava que seu amor por mim ainda estava lá, porém, agora, não o machucava ou o fazia sofrer.

Ele se sentou e observou a bela praia, então o que eu desejava ver aconteceu. Meu amor sorriu e sussurrou aos ventos um “eu te amo”. Chorei mais uma vez. Uma última vez.


É... Eu gosto de vê-lo dormir. Mas eu realmente amo vê-lo acordar.

Já que de nada serve a vida, a não ser que você a viva.


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