Assassino De Aluguel escrita por marychristine


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Postarei uma vez por semana!
Boa leitura *_*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/421199/chapter/1

Mesmo estando acordada, não queria abrir os olhos. A realidade era dolorosa demais para mim. Uma fresta de luz incomodava o retorno do sono e sabia que se eu levantasse, não conseguiria dormir novamente. O barulho ensurdecedor dos vizinhos estava me irritando. Rezei internamente para que meus pais não estivessem aqui, muito menos minha irmã mais velha, Trudy, que adorava me irritar.

Abri os olhos vagarosamente sentindo o peso do sono se esvaziando sobre mim e encarei o quarto em que vivia. Seu papel de parede esverdeado já estava desgasto e sujo, os móveis eram velhos e amadeirados. O cheiro empoeirado de minha escrivaninha impregnava o quarto. Levantei-me com dificuldade e esfreguei os olhos.

Caminhei até o banheiro e fiz a minha famosa higiene matinal, além de passar um pó compacto em meus graves machucados feitos por meus pais. Ambos adoram descontar a raiva em mim, mesmo que a culpa não tem sido minha. Arranquei meu pijama rosado de algodão, colocando um agasalho e uma calça jeans, escondendo o restante dos hematomas.

Sai de meu quarto pegando meu irmãozinho, Peter, no colo. Ele sofria tanto quanto eu naquela casa por simplesmente não receber o devido amor. Trudy, como de costume, estava na sala, observando os movimentos de um personal, em um canal de TV.

Me sentei na velha mesa da família. Apenas uma cadeira havia condições para que pudéssemos sentar. Preparei o cereal de Peter lhe dando um beijo estalado na bochecha ao ver que o mesmo comia toda a comida da vasilha.

- Quero ver televisão. – Comentei baixo, mas ainda de modo audível para minha irmã.

- Problema seu, pirralha. – Ela sorri sinicamente, saindo da sala para pegar algum objeto no quarto. Peter sai de meu colo e pega algum brinquedo para se distrair.

Aproveitando a deixa, aperto alguns botões na TV, mudando para um canal de culinária francesa, um dos meus canais favoritos.

- Sua vadia. – Trudy reaparece gritando estrondosamente pelo cubículo que era aquela sala e caminha furiosamente até mim, segurando o controle remoto. Corro em disparada para o corredor, procurando por meus pais.

- Mãe, ela vai me bater. – Irônico eu dizer isso, afinal, aposto que a mesma apoiaria a ideia de Trudy. Abro a porta do banheiro e dou de cara com meus pais transando logo acima da pia. E pensar que escovo os dentes ali. Que nojo!

- Saia daqui, sua estúpida. – Avisa meu pai quase como um gemido. Fecho a porta automaticamente e me escoro no batente da porta recebendo os fortes murros de minha irmã no estômago.

- Rídicula. – Diz ela voltando para a sala.

Em questão de segundos minha mãe sai do banheiro, me dando um forte tapa na cara e indo até Trudy para dar bom dia. Sim, ela era a queridinha da casa. Charlie também sai do banheiro e segura meus braços me levando até seu quarto.

- Sabia que você atrapalhou meu momento mais prazeroso do dia? – Pergunta acariciando minha barriga. Sinto um nó em minha garganta. Respiro com dificuldade e nada respondo. – Sua vez de me dar prazer. – Ele sussurra em meus ouvidos, arrancando minha blusa e jogando em algum lugar do quarto, beijando cada parte do meu corpo e, enquanto fecho os olhos, uma lágrima solitária cai sobre meu rosto.

[...]

Coloco minha última peça de roupa, arrumando meu cabelo bagunçado e deixando o velho Charlie esticado na cama, caminho até o quarto de Peter que ainda brincava. Queria ser como ele, que ignorava tudo a sua volta com um simples carrinho velho feito por nosso avô um ano antes de morrer.

- Vou sair Peter. Fique aqui até eu chegar, tá bem? – Ele simplesmente assentiu.

Sai de seu quarto após dar um beijo em sua testa, pegando a chave e trancando a porta para que nada de ruim acontecesse com o mesmo.

Suspirei pesado ao dar de cara com meu pai. Ele sorri de orelha a orelha satisfeito com o que havia me forçado a fazer e caminha até minha mãe que usava uma lingerie vibrante (Sim, ela era prostituta, e meu pai não se importava com isso).

Revirei os olhos e caminhei até a cozinha, pegando um maço de cigarro escondido em cima do batente da porta. Escondo-o na blusa e caminho até a sala. Charlie já havia saído para vender drogas enquanto minha mãe fechava o zíper de suas botas vermelhas chamativas. Ela mal se importava com o fato de Charlie abusar de mim todos os dias. Dois cornos assumidos.

Sai do apartamento e me escorei na parede do corredor, me sentando ali e fumando. Comecei a fumar aos cinco anos, mas também, quem não começaria tendo mal exemplos dentro de casa? Quando pequena, meus pais eram heróis para mim, na época bajulavam mais a mim do que Trudy, tudo era perfeito até ser obrigada a fumar por minha mãe e abusada por meu pai. Após minha recusa, apanhei tanto que mal conseguia andar. Claro que Trudy aproveitou a deixa também.

Passei a fumar desde então para tentar esquecer e ignorar tudo a minha volta. O prédio no qual eu moro foi interditado por causa de manifestação de ratos, mas várias pessoas aproveitaram o local para se abrigar e desde então moramos ali e vez ou outra faço dos ratos, meus únicos amigos. Irônico e maluco, não?

Ouço passos na escada, se aproximando. Escondo o cigarro de forma desajeitada e observo o caminhar do estranho homem que se aproxima. Um homem estranhamente lindo. Seus olhos eram de uma cor verde, pareciam diamantes; seus cabelos possuíam um tom dourado e sua boca era bem desenhada. Ele usava um casaco que aparentava ser bastante caro e uma velha maleta de cor marrom. Ele paralisa a minha frente e me encara enquanto eu tento com todas as forças tirar o peso dos meus olhos dos dele, quando o mesmo pigarreia. Saio de meu transe depois de alguns minutos de silêncio e ele sorri de lado. Que sorriso! Sorri de volta.

- Bom dia. – Diz ele já entrando no apartamento ao lado. Ele era meu vizinho!

- Bom dia.

Assim que o mesmo abre a porta, ele a fecha automaticamente me encarando.

- Por que está escondendo um cigarro? – Pergunta ele. Sua voz era grossa, mas transmitia segurança.

- Porque as pessoas daqui comentam, sabe. – Suspirei pesado. – Bando de fofoqueiros. – Sussurrei para mim mesma.

- Fique tranquila, não direi nada.

- Eu agradeço. Muito. – Peguei o cigarro e voltei a fumar enquanto o mesmo me encara por alguns minutos até finalmente entrar no apartamento. Sorrio de orelha a orelha. Era a primeira vez que conversa com alguém!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continuo ou está uma merda?