Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina


Capítulo 9
Capítulo 9 - Cachoeira de sentimentos


Notas iniciais do capítulo

RECOMENDAÇAAAAAAAAAAO O/
WHATEVER, SUA LINDA ♥ FIQUEI FELIZ PRA CARAMBA QUANDO LI, SERIÃO, VALEU MESMO :3333

Esse capítulo vai para você ♥ ♥



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Serena

— Quem era aquele cara? — Thomas engrossou a voz e invadiu o quarto, tentando fazer pose de irmão superprotetor.

— Heath — respondi, cantarolando baixinho em minha cabeça uma melodia que eu estava compondo.

— E por que Heath — ele me imitou ao dizer o nome. — estava te carregando até o seu quarto?

— Porque ele é um ogro maldito.

Queridos, cheguei! — ouvi a voz de Patricia. — Thomas, venha ajudar com as compras!

Meu irmão bufou e desceu as escadas de dois em dois degraus como sempre. Tá aí uma mania que ele pegou de mim.

A dark shadow hid your face... — cantarolei baixinho. — When I found out you didn't say...

— Eu estava pensando em pedirmos pizza hoje — Patricia invadiu o quarto, sorrindo.

— Por que não arrancam logo minha porta?! Ninguém nunca bate nela!

— O que acha?

— Tanto faz — não olhei para ela.

— Tudo bem, então — Patricia suspirou e saiu do quarto.

Heath

— Aqui, para você — entreguei um colar à Serena no dia seguinte. Era simples, com uma pequena pedra vermelha como pingente.

— Que merda é essa?

— Achei que combinava com você.

Ela ergueu uma sobrancelha, como se dissesse "Tente de novo".

Suspirei.

— Certo! Eu tenho um também — tirei outro colar idêntico do bolso. — Vai me permitir saber quando você está em apuros.

— Ah, então eu apenas tenho que usar isso por aí, como uma coleira, para que meu dono sempre saiba onde estou?

— Eu não disse que ele me mostrava onde você está. — rebati. Ela ergueu a outra sobrancelha. — Certo, ele brilha mais forte quando estou perto de você e você está em apuros.

— Como os seus olhos — ela me fitou por um minuto. — Ficam dourados quando você olha para mim.

— Como você...? — acho que minha expressão denunciou que eu nunca tinha me dado conta disso. Ela me surpreendeu.

— Percebi quando você estava com o Damien ou com a Audrey. E quando olhava para mim logo depois.

— Depois de todo o momento Argent Holmes, você vai usar a droga do colar?

— Nem ferrando. Não quero que você saiba onde estou. Não sou seu cachorrinho — ela revirou os olhos e jogou o colar em mim.

Eu nunca vou facilitar nada para você

Ela precisava mesmo levar sua promessa tão a sério? Droga.

Serena

Eu estava lendo calmamente em meu quarto depois da escola quando ouvi uma batida na janela.

— Por favor? — ele balançou o colar.

— Caralho, Seeler! Você não pode aparecer na janela das pessoas assim! — disparei, alterada. — E tire esse colar da minha frente antes que eu o jogue na China e faça você ir buscar como um cachorro indo buscar um graveto!

Heath passou os três dias seguintes tentando me convencer a usar aquela merda. Inclusive o colocou em meu pescoço sem que eu percebesse.

Funcionou. Durante cinco minutos. Depois joguei a coisa longe e ele demorou duas horas para se dar conta de que eu estava no telhado da escola há tempo demais.

Infelizmente, o maldito tinha asas, então buscar um colar no telhado não foi lá muito difícil.

— Serena — Patricia entrou no meu quarto à noite. — Encontrei isso aqui na porta com um bilhete que dizia "Argent, por favor".

Ela tinha o colar de Heath na mão.

— Não sei o que é isso — menti.

— Certo... O que quer que eu faça com ele?

— Me dá aqui — escondi-o embaixo da cama.

* * *

— Você não tem nenhum escrúpulo, não é mesmo?! — Heath me encurralou em meu armário no dia seguinte. Depois do terceiro período. Eu não o havia visto até então.

— Olha só, Seeler me xingando com palavras difíceis — zombei.

— Você deixou o colar em casa. Eu pensei que estava doente, ou pior... que eu havia falhado e você tinha sido atropelada ou sei lá. Talvez estivesse em coma, ou com um corte enorme na cabeça — ele me fuzilou. — Mas você nem liga, não é? Não liga para ninguém além de si mesma.

— Ah, sr. Altruísmo, conta outra! Como se você não fizesse tudo isso só por si mesmo. Só para que você possa ter sua vidinha de volta. Então por que eu tenho que me preocupar com você?

Heath não parecia irritado. Bem, parecia um pouco, mas não era o mesmo irritado de quando eu o xingava e ele dizia que me odiava.

Ele parecia frustrado e cansado, além de verdadeiramente... farto.

— Ah, quer saber? Vai ser assim mesmo! Eu estou tentando dar meu máximo para pedir com gentileza e não xingar você, mas, caralho, você realmente não está facilitando! E nem se importa! Acha que as coisas estavam ruins? Parabéns, elas acabam de ficar pior. — dito isso, ele bateu o próprio armário e saiu andando.

Não falou comigo o dia inteiro. Não olhou para mim. Ah, que maduro, Seeler! Que maduro!

Não apareceu na minha janela.

Nem uma vez sequer.

No dia seguinte, encontrei-o na aula de Poesia. O professor havia nos dividido em duplas e, como eu sentava ao lado de Heath, estava com ele.

Heath Seeler não olhou para mim uma vez sequer. Todo o som que produzia era alguns suspiros ocasionais.

— O que acha que esse verso significa? — mostrei a ele um verso do poema de Dickinson que tínhamos que interpretar.

— Significa "Foda-se".

— Ui, esquentadinho.

Heath me encarou com aqueles olhos dourados.

— Você não entendeu?! Não vou mais perder meu tempo com você, Argent. Cansei, está bem? Só vou garantir que você não se machuque. Isso é tudo.

Eu jamais admitiria, mas as palavras dele machucavam. Não deviam, mas machucavam. E não tinha a ver com ele. Era só que...

— Eu devia saber. Todo mundo sempre desiste de mim no final — suspirei, engolindo em seco.

— Eu não sou o vilão. E você não é nenhuma mártir.

— Tá.

Ele queria falar, eu podia ver na cara dele. Mas estava bravo demais. Cansado demais.

E era um cabeça dura, isso sim.

* * *

Eu ia para a escola e voltava todos os dias com Heath e Damien no carro que eles haviam pegado emprestado da mulher com quem estavam morando, mas, desde que Heath declarara sua total falta de interesse em olhar na minha cara, eu estava voltando só com Damien, que me enchia de comentários do tipo:

— Eu nunca o vi tão puto.

— E eu não poderia me importar menos.

Até que, dois dias depois, meu querido anjinho apareceu na volta da escola.

— Não sei por que me obrigam a vir com vocês — resmunguei. — Damien no volante é mais perigoso do que qualquer calçada.

— Pode até ser, mas calçadas nunca são boas o suficiente para você. Serena Argent sempre se joga no meio da rua — Heath bufou.

— Ei, eu...

— Para de falar, eu não estou a fim de ouvir a sua voz.

— Seu grosso!

— Ah, só você pode?

— É diferente quando eu faço! Eu... — minha voz falhou.

— Você o quê? — o tom de voz dele se suavizou. Mas logo depois, como se a frase anterior nunca houvesse existido, ele voltou ao tom irritado: — Chegamos. Dê o fora daqui.

— Escuta — fuzilei-o, encostando meu dedo indicador no peito dele. — Você pode ser babaca o quanto quiser. Mas apenas tente soar convincente, está bem? Talvez assim você consiga convencer alguém de que me odeia. Talvez consiga convencer a si mesmo.

E saí andando. Minhas botas faziam um barulho forte conforme eu caminhava.

Passei o dia trancada no quarto, para a felicidade de Heath Seeler. À noite, como se o dia não estivesse ruim o suficiente, Patricia entrou no quarto.

— Como foi seu dia? — ela sorriu.

— Uma bosta.

— Olha a boca.

— Foda-se.

— Serena!

— Eu não quero falar com você, está bem? Pare com esses sorrisinhos e com esse tom de voz gentil! Tudo o que sai da sua boca é mentira! Sempre foi! Só mentira em cima de mentira, todo esse tempo!

— Filha, eu amo você. Sobre o que está falando?

— Não me chame assim. Você não é minha mãe. — fuzilei-a. — Não é mesmo, Tia Patricia?

A mulher ficou branca.

— Quando pretendia me contar?! — disparei.

— Em breve!

Nunca é breve o suficiente para você?!

— Eu estava apenas esperando...

— O momento certo? Você teve dezesseis anos. Esse aqui lhe parece o momento certo? — abanei os braços.

— Serena. Escute. Eu sou sua mãe. E Thomas é seu irmão.

— É mesmo? Como acha que ele vai reagir ao descobrir que, na verdade, é meu primo?!

Assim — disse uma voz entrecortada na porta. Thomas nos encarou por um minuto no batente, e depois saiu correndo. Ouvimos o barulho da porta do quarto dele batendo.

— Querido, espere...! — Patricia suspirou. Depois se virou para mim. — Somos sua família. Sua única família.

— Que grande consolo.

Patricia me lançou um último olhar de pena — como ela ousou! — e saiu para tentar falar com Thomas.

Eu precisava dar o fora dali.

Então dei, porque eu era assim. Serena Argent: Rebelde sem causa. Bipolar. O pesadelo dos anjos da guarda.

E fugitiva em ascensão.

Não fui muito longe, na verdade. Parei em uma praça perto de casa porque não conseguia parar de chorar. Sentei-me em um banco de pedra e me debulhei ali por alguns minutos.

Até que vi uma sombra se aproximando.

— Você, não — funguei, suspirando.


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Notas finais do capítulo

Então... Já que alguns de vocês parecem gostar do meu jeito de escrever, só queria avisar que eu comecei uma nova fic (que não vai interferir de jeito nenhum nas postagens dessa aqui)... Então, se vocês quiserem dar uma olhada...
Sinopse:
"A chegada da californiana Angie Brooks em Phoenix três meses antes da formatura vira a vida de todos os veteranos de cabeça para baixo (inclusive a dela própria). Com o pouco apoio do Estado na educação pública, os alunos do último ano da Mackenzie High se veem em uma situação complicada: eles têm noventa dias para levantar toda a grana para a sonhada viagem de formatura. E para isso vão fazer de tudo, desde uma venda de cupcakes, até iniciativas que tomam proporções inimagináveis.
Angie, fanática por coisas antigas, grava toda a sua jornada em fitas cassetes, com a ajuda dos irmãos Lightbody: a misteriosa Tori e o charmoso Jem.
O que a faz continuar é o acordo que fez com o pai: Noventa dias. Se depois da formatura ela ainda quiser voltar para casa, eles se mudam de volta para Mendocino, Califórnia. Mas, depois de algum tempo... Todo lugar tem seu encanto, não é?
E se todo encanto tem seu nome, o de Phoenix certamente se chamava James Lightbody."
http://fanfiction.com.br/historia/425334/90_Dias/
(Não tem anjos caídos nem o Heath, mas eu prometo que é legal. Haushaush)