Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina


Capítulo 7
Capítulo 7 - Confie no perseguidor seminu


Notas iniciais do capítulo

CARA
CARA
CARA
PARA TUDO!
RECOMENDAÇÃÃÃÃÃÃO S2
MEU DEUS, MENINA, VOCÊ QUER ME MATAR?! ♥
E não foi uma simples recomendação, foi tipo a recomendação mais diva que eu já tive em uma fanfic minha, cara.
Então... Não consigo pensar em palavras tangíveis em nenhuma língua que expressem o quão feliz eu fiquei ao lê-la.
Tudo o que tenho a dizer é... HeyLuce, esse capítulo é para você.



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Serena

— Então... Você está me dizendo que você — apontei para Heath a fim de enfatizar. — é o meu... É o meu o quê?

— Anjo da guarda — ele repetiu pela terceira ou quarta vez, e não parecia nem um pouquinho menos convencido.

Imagine a cena. Um cara que você mal conhece — vestindo apenas uma bermuda de praia, todo ensopado, no estacionamento de um restaurante — dizendo a você que é algum tipo de força celestial enviada dos Céus para te proteger, e por isso é perfeitamente cabível que ele siga você a todos os lugares.

— Eu estava certa. Você é esquisito, Heath Seeler. Eu apenas não tinha me dado conta de quanto.

— Certo, eu não esperava que você acreditasse, mas aí está. A grande verdade.

— E quanto ao meu antigo anjo da guarda?

— Não sei. Foi demitido, ou se demitiu. Depois de, você sabe — ele apontou para a minha testa e para a minha perna. — Não o culpo realmente.

— Eu o conhecia?

— Provavelmente.

— Você é completamente louco.

— Argent...

Afastei-me.

— Só... fique longe de mim, está bem? — encarei-o. — Seja lá o que você ache que é, você não é. Você é apenas um adolescente perturbado que precisa de ajuda.

Ele deu mais um passo à frente.

— Está tentando me convencer — seus olhos dourados me fitaram. — Ou está tentando convencer a si mesma?

— Você tem que voltar para a escola — dito isso, saí andando.

— Nem ferrando! Vou com você até a sua casa. E deveríamos esperar essa chuva baixar.

— Não! Sai daqui! Você não vai comigo!

— É mesmo? E como pretende me impedir?

Em resumo, ele me acompanhou até em casa naquele maldito dilúvio. Ficou calado o caminho todo, o que apreciei.

Tentei abrir a porta, mas estava trancada. Toquei a campainha, e Patricia abriu a porta logo depois.

— Filha? O que faz aqui? — ela cravou os olhos em um ponto atrás de mim. — E quem é o seu amigo?

— Meu nome é Heath. Eu sou... — ele sorriu.

— Ele é da minha escola — completei rapidamente. — Eu estava passando mal.

Patricia continuava com os olhos cravados em Heath.

— Você deve estar com frio! Não quer entrar, querido?

— Na verdade, eu preciso ir...

— Bobagem!

— Sério, eu adoraria ficar, mas realmente não posso.

— Está bem, então — Patricia me fitou. — Você, entre logo.

— Pode deixar.

E então ela se distanciou.

— Só para ficar registrado mais uma vez: — encarei Heath. — Você é louco.

— E não somos todos?

— Pode até ser, mas você abusa desse privilégio.

— Se você diz. Boa noite, Serena Argent.

— Não está de noite.

Ele abriu um sorriso enigmático.

— Ah, mas você sabe por que eu disse isso.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele saiu correndo. Quando saí para observá-lo, ele tinha desaparecido.

"Você acha que é o quê, meu anjo da guarda?"

"Sim. Na verdade, é exatamente isso que eu acho. Boa noite, Serena Argent."

Não era um sonho. Era... uma memória.

Corri escada acima e tomei um longo banho quente para compensar a chuva e Heath. Vesti um moletom dois tamanhos maior que o meu e jeans surrado. Foi quando notei algo na cabiceira.

Um copo d'água enchido até a metade.

Você entrou pela janela do seu quarto. Eu te dei um copo d'água e saí. Pode olhar, se não acredita em mim. E tranquei a sua janela.

Forcei a janela. Trancada. Eu nunca trancava a janela.

Mas talvez devesse começar.

Certo. Isso não provava nada. Não provava que Heath Seeler era um anjo, muito menos o meu anjo.

— Foi você, não foi? Eu sei que foi! Mas mamãe está me culpando! — Thomas invadiu meu quarto, berrando.

— Calma aí, guri. O que aconteceu? — ergui uma sobrancelha.

— As plumas! Como se você não soubesse!

Que plumas?

— As penas brancas no quintal e em cima da sua cama.

Olhei para o meu lençol. Havia algumas penas brancas espalhadas por cima dela. Peguei uma na mão. Parecia reluzir em um dourado majestoso por causa da luz do sol. Não se parecia nada com penas de pássaro.

Abri a janela e estiquei o pescoço. O quintal estava cheio delas.

— E então? Vai me dizer do que são essas penas? — meu irmão questionou, impaciente.

— Se eu te disser que são de asas de um anjo, o que você diria?

— Diria que estava tão bêbada ontem que estava vendo coisas.

— Ainda não sei do que você está falando — abri um sorriso inocente. — Agora dê o fora do meu quarto.

— Mas...

— Agora!

Thomas bufou, mas o fez.

Heath

— Heath... Por que raios você está seminu e encharcado? — Damien ergueu uma sobrancelha quando cheguei.

— Eu odeio aquela garota! Odeio!

— Afinal, você não me disse quem é a Serena.

— Quem ela é? Quem ela é?! Ela é simplesmente a pessoa mais irritante, sem compaixão, inconveniente, ingrata, maldita, petulante, mal educada, inconsequente e ríspida que eu já conheci em toda a minha vida!

— Eu nem sabia que você conhecia metade desses adjetivos — comentou ele, sorrindo levemente.

— Afinal, você não deveria estar no colégio?

— Bem, você não estava lá, então qual era o ponto de eu ficar? — deu de ombros.

— É, eu estava salvando Vossa Alteza. — bufei. — De novo. Vou tomar um banho.

Passei a tarde toda deitado em minha cama, pensando que eu precisava que ela soubesse de tudo, agora que já contara uma parte. Era o único jeito de conseguir ajuda. Era o único jeito de sobrevivermos.

Então abri a janela do quarto e, rasgando mais uma camisa, voei.

Serena

Fiquei sentada, lendo um pouco até escurecer. Quando finalmente tinha conseguido tirar Heath e a coisa toda de anjo da cabeça, ouvi uma batida na janela.

— Você trancou — ouvi aquela voz irritante. — Que bonitinha.

Ele tinha que estar brincando. Abri a janela e encarei Heath Seeler.

— O que diabos você está fazendo aqui? — cerrei os dentes.

— Só queria ter certeza de que você está bem.

— É mesmo?! Porque algumas pessoas chamam isso de perseguição obsessiva, colega.

— Bem, eu dei a você muito para absorver.

— Você jogou plumas no meu quintal!

— Hã... Foi mal por isso — ele desviou o olhar. — Foi meio difícil voar, te carregar, e me aguentar na janela, sabe.

— Na verdade, não. Você me parece bem ordinário.

— Bem, olhe direito.

Finalmente encarei-o querendo ver. E vi.

Um par de asas brancas enormes se movendo levemente atrás dele. Não eram exatamente brancas. Pareciam mudar de cor rapidamente, como um caleidoscópio, e começaram a arder meus olhos depois que encarei-as por alguns momentos. Desviei o olhar.

— Você não estava brincando sobre essa merda toda, estava?

Os olhos dourados dele continuavam me observando.

— Não.

Ergui os braços, me entregando.

— Certo. Conte-me tudo o que você sabe.

— Sobre anjos?

— Sei lá. Pode discursar sobre todo o seu conhecimento, se quiser. Tenho certeza de que só vai levar dez segundos.

Ignorando a provocação, ele entrou em meu quarto sem permissão. Suas asas haviam sumido. O único vestígio de que elas algum dia existiram eram os dois rasgos na parte de trás da camisa dele. Ele não os cobriu com a jaqueta, como se quisesse que eu me lembrasse de que tudo aquilo era real.

— Quem deu a você permissão para entrar, idiota?

— Observe o quanto eu me importo com o seu protesto — ele sorriu e se sentou numa ponta da cama, com as costas encostadas na janela.

— Então... Você é um anjo?

— Não, eu não sou um anjo. Sou um meio anjo. Nefilim. Mas estou fazendo o serviço de um anjo agora. Uma das categorias mais baixas. Eu poderia estar... Sei lá. Controlando tempestades. Mas não! — ele bufou. — Estou tendo que cuidar de você.

— Obrigada por me fazer sentir tão especial — zombei.

— É, causo esse efeito nas pessoas. Elas se sentem especiais simplesmente por falarem comigo.

— Podemos trazer meu antigo anjo da guarda de volta? — pedi, suspirando. — Sério, quebrar a perna dói menos do que ouvir você falar.

— Tarde demais, você vai ter que se contentar com o melhor anjo da guarda de todos.

— Ah, então você vai embora?

Ele demorou alguns segundos para entender a provocação, e então apenas revirou os olhos.

— Então... Não acha que sou louco?

— Acho.

— Mas...?

— Mas não somos todos?

Ele sorriu.

Querida, o jantar... — Patricia abriu a porta do quarto.

Joguei Heath pela janela. Ouvi um baque surdo logo depois. Merda.

— Que barulho foi esse?!

— Não sei — tentei sorrir. — O que estava dizendo?

— Ah, sim. O jantar está na mesa.

— Certo. Já vou descer.

Patricia olhou em volta por um momento, desconfiada, mas saiu do quarto.

Oi, anjo estatelado aqui embaixo, lembra?

Olhei pela janela e encontrei Heath caído no gramado do quintal.

— Largue de ser marica! E você não é um anjo. É um meio anjo, não se lembra?

— Você continua sendo uma maldita que me jogou pela sua janela!

— Eu achei que você fosse esperto o suficiente para voar!

— Ei, dê um desconto. Eu só tenho asas há quatro dias.

— E eu vou jantar. Tchauzinho.

— Eu detesto você!

— Deixe de ser tão insuportável, Seeler — abri um sorriso presunçoso.

Desci para o jantar.

— O que é isso no seu cabelo? — Patricia ergueu uma sobrancelha e tirou uma pena branca dele.

— Uma pena da asa de um anjo. Bem, não anjo. Meio anjo, na verdade. Nefi alguma coisa.

— Eu te digo que ela fuma — comentou Thomas.

— Cale a boca, você cheira meia. — sentei-me à mesa em frente a ele.

— E então — Patricia me encarou. — Vamos falar sobre o garoto ensopado vestindo apenas uma bermuda que apareceu aqui hoje?

— Não — enfiei mais alface na boca. — Vamos falar sobre o fato de você ter mentido para mim por dezesseis anos sobre algo tão pequeno quanto... Digamos... O que realmente aconteceu no dia em que eu nasci?

— Sobre o que vocês estão falando? — o olhar de Thomas se intercalava entre eu e Patricia.

— Ah, nada importante. Certo... Mãe? — sorri.

Quando voltei para o quarto, Heath tinha sumido. Mas tinha feito o favor de deixar um mar de penas na minha cama. No meio dela, havia um bilhete manuscrito numa caligrafia surpreendentemente caprichada:

Lembre-se de fechar a janela da próxima vez, Gato Preto.

Ah, ele ia ver só o Gato Preto.


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