O Dia Seguinte escrita por ChatterBox


Capítulo 1
~Bonjour~


Notas iniciais do capítulo

Olá genteeeeee
Obrigada por terem clicado na minha fic. :)
Prometo dar o meu melhor.
Boa leitura :)
Beijocas, Anonymous girl writer s2.



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O sol bateu no meu rosto, apertei os olhos contra a luz que me cegou, ao tentar abri-los. Um latejar fortíssimo se iniciou na minha cabeça, quase como um martelo sendo lançado no meu cérebro e fez com que soltasse um gemido baixo e agoniado.

Me remexi preguiçosamente nos lençóis, meu corpo estava dolorido. Meu estômago estava revirado. Virada do lado contrário à luz do sol, pude abrir meus olhos onde havia sombra, e esfregá-los, pois minha visão estava embaçada de mais para enxergar qualquer coisa nitidamente. E assim que consegui recuperar minha visão, eu franzi o meu cenho e uma interrogação pulou na minha mente.

Que lugar era aquele? De repente parecia que não fazia a menor ideia de tempo e espaço, e sentia como se as memórias não estivessem acessíveis, quando tentei recorrer a elas. Apoiei minha mão na cama, e devagar, com as articulações rangendo, fui me levantando para me sentar no colchão.

Não, eu não conhecia aquele quarto. E o mais estranho é que não sabia como fui parar nele. Carpete bege, roupas espalhadas por ele todo... Mancha de vômito...?

Nem sequer acordei no lado certo da cama, estava atravessada transversalmente do colchão. E só tendo essa percepção, foi que notei que alguém estava deitado ao meu lado. Na verdade, não estava deitado, estava esparramado, com seus pés sobre minhas coxas, e os braços esticados para os lados diferentes da cama.

O mais interessante é que também não conhecia aquele sujeito. Pele bronzeada, cabelos pretos, um pequeno brinco na orelha direita, e tinha os olhos cerrados como se estivesse morto.

Claramente algo estava errado ali. Levantei da cama, para averiguar o quarto. Era amplo. Havia uma mesa de madeira talhada de quatro cadeiras no canto direito, um lustre de vidro pendurado no teto... Cortinas de seda cobriam as janelas, deixando escapar aquele feixe de luz do sol que me acordou. Uma porta de maçaneta dourada estava bem do lado. Fui até lá e abri. Um banheiro luxuoso se revelou.

Pia de mármore, banheira de hidromassagem... Que estava cheia de água inclusive, como se tivesse sido usada. Chão de porcelanato cintilando. Espelho dos pés até a cabeça...

Presumi que estava num Hotel bem caro.

Voltei para o lado de fora e cruzei os braços para o estranho deitado. Fechei os olhos. Era hora de resgatar alguma lembrança, qualquer uma, sobre a noite passada, vamos lá...

Algo que tivesse a ver com a minha dor de cabeça, meu embrulho no estômago, e minha moleza no corpo... Estava bêbada? Uma ressaca?

Deveria ter bebido noite passada... Eu fui numa boate! É claro, aos poucos as informações começaram a se ligar entre si. Era meu aniversário de vinte um anos, finalmente estava legalmente autorizada a entrar numa boate. E eu fui com minhas duas melhores amigas. Peggy e Kathrin...

Depois disso, a última coisa que me lembro, foi o meu corpo debruçado sobre o balcão de bebidas, pessoas gritando e apostando pelo minha última dose de Tequila. Número quinze.... Dezesseis...?

Meu Deus, aquele cara na cama, ele teria me levado para aquele Hotel? Eu e ele tínhamos... Transado? Como isso é possível? Eu tenho minha cabeça no lugar... Eu só fui naquela boate porque Peggy e Kath me arrastaram, e eu fui bem clara sobre não dormir com ninguém. Lembro bem dessa parte.

Como poderia ter perdido tanto os limites a ponto de não lembrar de nada agora? Tinha feito sexo com um homem que nem conheço, e nem sabia onde estava...! Cacete...

Comecei a ficar preocupada. Aliás, fiquei com raiva de mim mesma, raiva de Peggy e Kathrin, e raiva daquele pervertido deitado na cama, que nem tinha nome!

Como poderia ter me levado para aquele lugar? Que tipo de mulher pensa que eu sou?

Fui até ele, e cutuquei o seu ombro com grosseria. Nada aconteceu. Então fiz mais uma vez, e ele gemeu, apertou os olhos e mudou de posição. Soltei uma baforada impaciente, e cutuquei de novo, com ainda mais força e sem parar. E foi aí que finalmente o sujeito se virou na cama, e produziu um ruído parecido, com:

– Ahh...!

Apertou os olhos e sentou na cama, com eles ainda fechados. Provavelmente estava bêbado e mal lembrava o nome dele. Mal podia acreditar que estava na mesma situação. Eu não era daquelas. Achava bom que ele me levasse pra casa, que pagasse aquele Hotel ridículo, e que nunca mais visse ele de novo.

Ele finalmente abriu os olhos. Quando fez isso, se deparou comigo, de braços cruzados, enfezada, encarando ele.

Vi ele inflar o peito, coçar os olhos, franzir as sobrancelhas, e perguntar:

– Quem é você...?

Com a voz rouca. Arregalei os olhos, incrédula. Só podia estar brincando.

– Quem sou eu....? Você tem que me dizer quem é você! – ralhei, abismada. – O que eu estou fazendo aqui? Por que me trouxe aqui? Por que não estou em casa?

Ele fez expressão de confusão, olhou para os lados. Para o teto. Inclinou-se para olhar a porta que levava a saída, e depois falou:

– Que lugar é esse?

Mais confuso ainda. Inflei o peito de ar, esperando que junto com ele, entrasse a calma.

Você-me-trouxe-aqui. Você que tem que lembrar que lugar é esse! Eu não me lembro de nada, eu... –pairei, porque vi que também não podia estar reclamando. Mas não vinha ao caso, ele era o culpado de tudo ali. Tinha certeza de que, se estava ali, com certeza, não foi por vontade própria. Aquele sujeito me persuadiu, me usou, e fez seja lá o que esses estranhos estão acostumados a fazer. – A questão é que tem que me levar para casa. Eu não quero saber de nada sobre o que aconteceu, só... Vamos fingir que nunca aconteceu, está bem?

Parei na frente dele, ainda posicionada para me impor. E por algum motivo, só então reparei que ele estava de cueca Box preta. Tinha o peitoral despido e o abdômen divido à mostra. Devo dizer que, aquele cara não era exatamente um cara feio. Ainda bem que ao menos isso. Deve ter sido uma boa transada, vamos ser francos.

Mais uma vez ele pausou e olhou ao redor, cheio de confusão. No fim, mais uma pergunta idiota foi feita:

– Nós transamos?

E coçou o cabelo preto espetado na testa. Abri a boca e fechei, antes que soltasse um grito de ódio e descontrole. Fiquei corada, é claro. Não estava acostumada com aquele tipo de situação. Quanto mais a naturalidade com que ele tratava daquele assunto, que pra mim era uma tragédia. Me sentia uma vadia, meu Deus.

– Não interessa. – foi tudo que consegui responder. – acho que pode deduzir por si mesmo, não é?

– Ah, então isso explica tudo.

Finalmente ele disse algo que não fosse mais uma pergunta irritante. E levantou-se da cama num instante, o que me deixou meio paralisada e tímida, não sabia o que fazer com aquilo tudo... Não sabia como agir com naturalidade. Estava morrendo de vergonha, só de pensar que devia ter agido como uma vadia para aquele cara, e provavelmente ele devia estar me vendo como uma naquele momento. Ou mais uma.

– Geralmente eu nunca lembro do que eu fiz na noite passada mesmo. Relaxa. Eu te levo pra casa, deixa só eu... – começou a andar pelo quarto, catando sua calça jeans, e a camisa jogadas no chão. E parou no meio do quarto, como se de repente tivesse se dado conta de algo. – Espera, esqueci que esse não é meu apartamento. Isso é novo. Como vim parar aqui, e que lugar é esse?

– É o que eu quero saber!

Protestei.

– Parece bem chique, eu... – foi até o banheiro, abriu a porta, e depois saiu, com a expressão de chocado. – Uau. Isso deve ter sido muito caro!

– É, eu sei. Mas você veio aqui, porque deve poder pagar, não é mesmo?

Presumi, e na verdade, estava temendo a resposta. Vi ele ficar um tempo estarrecido, pensando no que responder, e em seguida dizer:

– Eu? Mas é claro que não! Você deve ter pagado isso aqui, eu não viria pra um Hotel! Tenho um apartamento com um sofá bem confortável, sabia?

– É lógico que eu não tenho como pagar isso aqui! Você me trouxe aqui!

– Ai, caramba, eu não lembro de nada... – murmurou, esfregando o rosto com agonia. O cabelo emaranhado. – Talvez eu... Tenha ganhado isso de presente, talvez tenhamos ido à algum lugar e ganhado essa noite aqui, é a única explicação pra isso... Isso nunca aconteceu antes.

– Eu só quero ir pra casa, está bem? Dê um jeito.

Cruzei os braços, com intolerância. Ele deu as costas, sem se importar com a minha irritação e foi até a janela, arrastando os pés no carpete.

– Que horas são...?

Perguntou, e antes que pudesse checar o horário, ele abriu a janela e ficou paralisado.

– Santo Deus...Caramba...! – esbravejou, com o olhar chocado para o lado de fora. Meu coração acelerou. O que tinha acontecido? Fui até lá para ver o que tinha o deixado tão apavorado, e quase caí para trás. – Eu estou em Paris? Cacete... Estou em Paris! Eu não...? Como...? Não posso...? Caramba!!

Ele gritava desesperado. Eu ainda estava congelada na frente da vidraça. Olhando para aquela vista privilegiada para a Torre Eiffel, e aqueles carros, aquelas esquinas... Meu Deus... Como isso é possível?

– Por favor, me diga que isso é um papel de parede muito real e panorâmico da cidade de Paris...

Blefei, com os olhos arregalados e o fôlego raro. Ele foi até a janela, e abriu, jogando o braço do lado de fora e balançando no ar.

– Não, não é...! – contou, com desespero. – Isso é verdade... Puta que pariu, como isso foi acontecer??

– Eu é que pergunto...! – finalmente falar alguma coisa. Com os olhos queimando de raiva. – Eu me lembro muito bem de estar em uma boate em Londres, e agora, estou em Paris...? Você é louco? Isso é uma pegadinha? Você me traficou? Quem é você?? Qual o seu problema...??

Dei um passo a frente e empurrei o peito dele para trás, grunhindo de ódio.

– Quem garante que você não é a louca que me convenceu a fazer isso??

Defendeu-se.

– Eu não sou louca!! Esse é o problema, esse tipo de coisa nunca acontece comigo, o que obviamente coloca toda a culpa em você!!

– Essas coisas também não acontecem comigo, eu não simplesmente... Acordo em Paris!!

– E você acha que eu acordo??

– Tudo bem, vamos parar com isso, tá? – ele pediu, diminuindo o tom de voz. Inflei o peito para me controlar. – Nenhum de nós dois sabemos como viemos parar aqui, mas com certeza deve haver uma explicação lógica para isso.

– Qual??

– Não sei...! Me deixa pensar.

Pediu, impaciente. Sentei na cama, com um peso no peito, e esperei ele andar para lá e para cá no quarto, murmurando coisas inaudíveis, e coçando o cabelo com agonia.

– A gente deve ter ganhado isso aqui.

No fim ele disse, sério.

– É mesmo? Uma viagem pra Paris, uma noite num Hotel chique, tudo pago?? – indaguei, com ironia. – Claro, essas coisas acontecem o tempo todo com pessoas bêbadas.

– É a única explicação, tá bem? Que outra coisa você sugere?

– Eu sugiro ligar para a recepção do Hotel, e perguntar o que houve na noite passada.

Sorri para ele, debochando-o. Ele mudou de expressão, como se tivesse se dado conta de que aquilo fazia muito mais sentido, e se calou.

Me levantei e fui até o telefone no criado-mudo. Procurei o número da recepção num folheto e disquei. Duas chamadas depois, uma moça atendeu e disse “Bonjour” e mais algumas coisas em francês, que não fazia a menor ideia do que significava.

Me preparei para perguntar algo, mas não sabia por onde começar. E de repente uma mão afagou o telefone na minha mão e colocou no gancho; o sujeito.

– Qual é o seu problema? – indaguei, incrédula.

– Escuta, - ele se aproximou e segurou nos meus punhos, me olhando sério, com suas órbitas castanhas. – Acho melhor não fazer isso.

– Por quê??

– Porque digamos que nós não ganhamos essa noite nesse Hotel, e nem essa viagem à Paris. Digamos que nós fizemos essa loucura noite passada, e que estamos aqui, e que não temos dinheiro para pagar tudo isso... É melhor que ninguém lembre que nós existimos por enquanto. – contou. Fiquei quieta. Aquilo fazia sentido, mas o que adiantaria fingir que não existimos? – Porque nesse caso... – ele respirou fundo. -Vamos ter que sair sem pagar.

Pisquei, esperando que ele dissesse que estava brincando, mas nada aconteceu, então eu me alterei, de pavor:

– Nem pensar!! Você é louco?? Não podemos sair sem pagar! Vamos ser presos!!

– E que outra coisa você sugere?? Que contemos para eles que não lembramos de nada da noite passada, e pedir para encarecidamente para que esqueçam de tudo, e nos deem um café da manhã gratuito?

Indagou, impaciente, e cheio de ironia. Fiquei tensa. Porque era bem provável que fôssemos presos de qualquer forma.

– E se nos derem a opção de pagar o Hotel com serviços...?

Cogitei, alegre com a possibilidade.

– Já imaginou o quanto deve custar tudo isso? Esse quarto, com banheira de hidromassagem, com vista privilegiada para a Torre Eiffel...? Essa deve ser no mínimo uma das opções mais caras! Se quiséssemos pagar tudo isso com serviços, teríamos que trabalhar aqui durante no mínimo uma semana! Como vamos ter dinheiro para ficar aqui por uma semana?

Meu sangue gelou. As coisas estavam cada vez piores, tinha vontade de chorar. Nunca pensei que me envolveria numa confusão dessas, eu sempre tive minha cabeça no lugar. Não entendo o que houve.

Até porque, eu prometi que não iria para cama com nenhum cara porque... Eu ainda era virgem, e minha amigas prometeram que não iriam deixar que eu tivesse minha primeira vez com qualquer cara, elas disseram que iriam me parar se por acaso eu perdesse os limites. Onde elas estavam agora? Como tudo poderia ter virado de cabeça para baixo em apenas uma noite?

Pensei no que fazer. Pelo visto, não tinha mais condições de ficar enraivada, e reclamar de tudo, porque, agora estava ali, e não tinha saída. Tudo que podia fazer, era perguntar, derrotada:

– Então... O que vamos fazer?


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo. ;)
Espero que tenham gostado.
Beijocas, Anonymous girl writer s2.