Finalmente estavam ali. Sempre foi o sonho de Anna conhecer aquele lugar. Ela não sabia por quê, não entendia, mas sempre nutrira um sentimento especial por aquela cidade. Passava horas, antes de dormir, deitada sozinha na cama, imaginando como seria percorrer aquelas ruas movimentadas, sentir o cheiro de seus cafés, ver os artistas se apresentando livremente pelas ruas.

Paris.

E agora, enfim, ela realizaria a parte mais esperada de seu sonho. Ver a Cidade-Luz inteira de cima, do terceiro andar da Torre Eiffel, a quase 280 metros de altura. E não o realizaria sozinha.

Seu pai estava com ela. Anna olhou para Booker, apoiado na grade. Ele parecia cansado após a subida. Porém, ele não iria desistir depois de chegar tão perto. Seu pai, seu antigo companheiro de aventuras, estava mais velho agora. Tinha até alguns cabelos brancos, percebeu. Já fazia algum tempo que ele havia abandonado as armas. Nem se lembrava da última vez em que o havia visto pegar um revólver. O mantinha trancado na gaveta, apenas por proteção. Booker sempre sentira que, um dia, alguém poderia invadir seu apartamento e sequestrar sua única filha. Ela apenas seguia os conselhos do pai, sem questionar. Ambos não sabiam do motivo, mas estavam sempre prevenidos.

“Anna, venha aqui”, ele chamou. “Mas tome cuidado, não queremos que você despenque da Torre.”

Ela sorriu. Mesmo com 21 anos, ele ainda estava sempre tomando conta dela. Encostou a cabeça em seu ombro e entrelaçaram as mãos, enquanto olhavam para Paris, que se entendia à frente deles. Tudo parecia tão pequeno… As casas pareciam de brinquedo, e as pessoas, formiguinhas. Dali de cima, nada os poderia atingir.