Frio Como A Neve escrita por Miyuki Yagami


Capítulo 1
O Forasteiro




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A nevasca de 1965 devastou toda a população de Magnólia. As pessoas foram surpreendidas pela força da neve que caía sem parar e pelos fortes ventos.

Várias pessoas morreram.

Juvia Lockser permaneceu junto à janela. Ela observava os flocos de neve cair. A nevasca já havia acabado, porém, era inverno. Ela não aguentava ver mais neve. Estava ficando tão insuportável como dias chuvosos.

Ela odiava dias chuvosos.

A garota de cabelos azuis continuou sua análise da movimentação. Ou melhor, da falta dela. Suspirou. Que dia mais sem graça...

Sua casa a estava sufocando. Sempre sozinha, sem alguém que lhe desse atenção, ou ao menos que fingisse lhe dar atenção. Juvia ajeitou o vestido roxo rodado. Dias tão cansativos a deixavam tão exausta.

Juvia se aproximou e abriu a janela. O vento balançou e bagunçou seus cabelos. O fogo da lareira tremulou por alguns segundos. O chapéu de Juvia voou e caiu em meio à neve. Juvia deu de ombros. Poderia pegá-lo mais tarde.

De repente algo prendeu sua atenção. Cambaleante, uma pessoa apareceu, deixando pegadas na neve. Andava lentamente e se segurava as residências. O garoto deu mais alguns passos e desabou de joelhos. Começou a engatinhar e andou dois metros até desabar por completo.

Juvia correra até fora de casa. Empurrou a porta de madeira com uma força surpreendente e correu até o forasteiro. Ela virou seu corpo e tirou a neve que mascarava seu rosto. Passou os dedos. A pele era fria, mas o rosto era muito bonito. Ajeitou os cabelos pretos e também tirou a neve dos mesmos. Não poderia deixá-lo ali. Sem sombra de dúvidas, ele morreria.

Mas, e se ela o levasse e ele fosse um criminoso? E se ele a matasse?

Juvia o olhou novamente. Não tinha cara de assassino ou algo do gênero. Pegou os braços do garoto e começou a arrastá-lo até a casa, deixando um grande rastro. Apesar da maneira como o trouxe, Juvia tivera muito cuidado.

Deixou-o no chão e fechou a porta. Subiu as escadas e fechou a janela. Colocou mais madeira na lareira. Desceu as escadarias e novamente segurou o garoto pelos braços e o levou até perto da lareira. Jogou umas cobertas no chão, e o deixou ali.

Juvia não conseguia saber se ele estava respirando. Suas vestes, muito gastas, contava que o homem ali deitado viajara muito até chegar aonde chegara.

Talvez devesse viajar mais, Juvia não sabia. Porém, isso não a preocupava. Ela ficou de joelhos, e depois colocou o ouvido no peito do homem. Conseguiu escutar batidas fracas de seu coração.

Suspirou aliviada.

Juvia passou doze dias cuidando dele. Dando carinho, comida, abrigo, amor. O homem poucas vezes acordava, e quando o fazia, Juvia só o mandava comer e, em seguida, dormir. Ele sempre a obedeceu.

Certo dia, porém, ele finalmente despertara por completo. Acordou e se descobriu. Virou para o lado e encontrou uma garota de cabelos azuis dormindo ao seu lado.

Por pouco não gritou.

Ele se levantou e foi até a janela. Tudo estava escuro e havia poucas estrelas no céu. Ele abriu a janela.

- Não está pensando em fugir, está? – perguntou uma voz atrás dele. O garoto se virou. O vento balançava o vestido de Juvia. Ela o olhava preocupada e também o condenava por ter aberto a janela.

- Quem é você? – perguntou ele.

- Sou Juvia Lockser. A mulher que cuidou de você por todo esse tempo. – Juvia despejou. Não estava cobrando nada. Só se sentia injustiçada por não ter sido avisada sobre esta partida.

- Ah... – O forasteiro pigarreou antes de continuar. – Obrigado, mas preciso partir.

Juvia se aproximou e segurou as mãos do forasteiro.

- Só me diga quem é você. – pediu.

- Gray. – murmurou. – Gray Fullbuster. Eu não sou daqui, você deve saber. Então é melhor eu partir, ainda preciso achar alguém e...

- Gray-sama. – sussurrou Juvia.

Gray não entendia como alguém poderia cuidar de um desconhecido. Muito menos se importar com ele. Ele, pelo menos, não o faria.

- Por favor, não vá agora. – pediu Juvia. – Por favor.

Gray decidiu fechar a janela. Devia algo a ela. E realmente seria rude de sua parte sair assim. O que aconteceria se ficasse uma noite a mais?

Juvia ficou sentada perto da janela para evitar que ele fugisse. Gray sentou no amontoado de cobertas onde estava. Tinham o cheiro dela. Era um cheiro bom.

Juvia continuou o olhando até acabar dormindo sentada. Acordara apenas no outro dia, envolta de cobertas e perto da lareira. Do seu lado, seu chapéu, que havia esquecido de pegar. Ela se levantou rapidamente e correu por toda a casa. Mas ele não estava lá.

Gray Fullbuster havia desaparecido no meio da noite, como ela sentiu que ele faria.

Juvia não conseguiu evitar as lágrimas. Sem querer havia se apaixonado por aquele ser misterioso. E então se lembrou que, mesmo aquecido, ele ainda continuava frio como a neve.


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