Trabalho, Trabalho.

Armin estava curvado na bancada de seu pequeno laboratório, uma grande conquista para ele já que os detetives eletrônicos “juniores” da policia de Railroad ficavam sempre espremidos em varias repartições de uma mesma sala, mas ao longo de três anos e dezenove casos bem resolvidos dentro da corporação, o Secretário Key reservou um espaço especial para o detetive.

Acordado a mais de 24horas e com o organismo funcionando a base de cafeína, Armin estava quase a ponto de ter uma epifania. Os sequestros de Peggy Baelles e Ella Bloch se tornaram prioridade máxima para ele e para mais alguns detetives.

Nenhum foco do rosto dos sequestradores foi captado pelas câmeras da vizinhança, apenas partes do corpo, como braços, uma parte branca da bochecha, mas nada de muita relevância. Armin já havia entrado em contato com as companhias de trânsito Da cidade para rastrear os carros, por que a pesar de terem o mesmo modelo eram de placas diferentes e de dois homens, que nem se quer vivos estavam.

–Merda de programa! –esbravejou ele, quando uma janelinha acusando erro no programa apareceu. Armin se esticou na cadeira sentindo seu corpo dormente, fechou os olhos cansados e tentou passar as imagens das câmeras de segurança na mente. Devo estar deixando alguma coisa passar, mas o quê? Ele se levantou para pegar mais café, e viu uma mensagem da DDE de San Diego, deixando o café de lado e se sentou novamente em frente ao computador e começou a olhar as imagens.

Agora ele tinha certeza de que a pessoa que sequestrou Ella era a mesma que assassinou a sangue frio três meninas naquela cidade, o mesmo modo de agir, a mesma vestimenta e os mesmos cabelos longos. Agora só faltava descobrir a identidade da mulher.

–Algum progresso? –Castiel e Nathaniel entraram no laboratório, os dois estavam com expressões cansadas.

–Não. A não ser que você esteja disposto a interrogar as milhões de pessoas de Railroad que usam toucas e tenham cabelos longos.

–Não obrigado. –disse Nathaniel com um riso sem humor.

–Vocês chegaram a tempo de assistir comigo o vídeo que chegou de San Diego. –Armin se esticou na cadeira e pôs o ultimo vídeo para tocar. O vídeo não tinha mais que 25 segundos, as imagens passavam muito rápido, os olhos de Armin acompanhavam tudo e ele pausava o vídeo nos momentos em que os tenentes pediam.

–Acho que sei quem é ela. –Armin se surpreendeu com a palidez no rosto de Nathaniel, sem aviso o loiro saiu da sala seguido por Castiel. Parcialmente satisfeito com trabalho realizado Armin se permitiu alguns minutos de descanso.

–---X----

–Psiu! Acorda! Pelo amor de Deus não dorme.

Melody estava desesperada, Ella não acordava e tinha sangue saindo pela cabeça dela, ela sabia que tinha usado força demais na garota, mas não tinha cogitado a hipótese de que aquela ruiva não ser a ruiva traidora, então tinha descontado toda sua frustração nela. Porém quando olhou mais de perto viu alguns detalhes marcantes, enquanto Iris não tinha nenhuma tatuagem ou piercing à garota a sua frente tinha um piercing no septo e algumas tatuagens pelo braço.

O que vou fazer? Serei acusada de sequestro e mais mil e uma coisas.

No tempo que passou com Nathaniel, Melody aprendeu algumas coisas sobre pena de morte, leis e coisas do tipo. Mas antes nada daquilo havia a preocupado, antes ela estava segura num relacionamento, antes ela só era a filha mimada de um decorador famoso, mais isso bem antes...

Os olhos azuis da garota vagaram sem rumo, enquanto ela pensava no que fazer, e fugir era a opção mais provável e concreta que tinha naquele momento, mas o que fazer com Ella? A ruiva ainda estava descordada e Melody suspeitava que fosse passar um bom tempo assim.

Indo até a conzinha a garota pegou uma tesoura, sentiu o peso do objeto de metal e teve que contar até dez para criar coragem para fazer o que era necessário. Sua mão se fechou em torno da tesoura e seus dedos encaixaram nos devidos lugares, Melody respirou fundo e cortou a primeira mecha do próprio cabelo. Ela tinha assistido em uma série televisiva que quando os criminosos fugiam eles sempre arranjavam um disfarce e como não tinha tinta para tingir os cabelos ela resolveu cortá-los. Na frente do espelho deu os retoques finais e decidiu que estava pronta.

Foi para seu quarto e em uma pequena mochila, ela arrumou alguns pertences valiosos para ela.

Voltando para o porão, Melody pegou seu celular e ligou para o numero da emergência, se identificou como uma vizinha e deu o endereço para a atendente, pedindo rapidez para a mulher. Se esforçando Melody arrastou Ella até a escada, afinal tinha que parecer com um acidente domestico. Respirando com dificuldade e quase deslocando o próprio ombro, Melody conseguiu posicionar a garota no pé da escada.

Dando uma ultima olha na cena em geral, ela se despediu mentalmente das lembranças e saiu.

–---X----

–Olha o sinal vermelho! Porra Nathaniel se você quer me matar, avisar cara! –Apesar de saber que estava assustando o amigo, Nathaniel não diminuiu a velocidade do carro, Castiel precisava provar um pouco do próprio veneno.

–Não se preocupe, não vamos levar multas às sirenes estão ligadas. -Ele passou direto por uma lombada fazendo toda a cor sair do rosto de Castiel.

–P-Pode pelo menos me dizer onde estamos indo?

–Já já você vê. –Nathaniel virou a curva da rua que conhecia tão bem, percebeu o momento em que Castiel reconheceu e cessou os xingamentos contra ele.

O loiro a avistou, no momento em que Melody saia da casa. Com um aperto no coração, ele parou na frente do portão da casa dela, impedindo sua passagem. Nathaniel ouviu as sirenes das outras viaturas, mas não se importou, apesar da escuridão da noite, viu apenas o choque no rosto de sua ex-namorada. Seus olhares se encontraram e ele sentiu vontade de confortá-la apesar de tudo, Melody fora uma boa amiga para ele.

–Melody Prettier, coloque as mãos onde eu possa ver. –berrou Castiel, ele tinha a arma apontada na direção da garota, apesar de ser obviamente desnecessário o uso dela.

Melody olhou em todas as direções e para todas as armas, provavelmente avaliando suas chances e seus próximos passos, felizmente, ela decidiu se entregar, levantou as mãos lentamente e se abaixou enquanto dois policiais pulavam o pequeno portão e a algemavam.

Nathaniel continuava parado no mesmo lugar, olhando fixamente para ela. Quando os policiais se aproximaram com Melody, ela sussurrou alguma coisa parecida com: Foi por amor.

–Você está bem? –Castiel voltou correndo de dentro da casa, ou loiro acenou. –Bom, encontramos uma das desaparecidas e não é a Peggy?

–Ella? Iris vai ficar tão feliz. Ela está bem?

–Não sei ao que parece ela caiu da escada, mas não posso afirmar com certeza. Os paramédicos estão chegando. Melody, apesar de tudo, ligou para a emergência a poucos minutos.

–Certo. –os dois ficaram em silêncios por um tempo, até que ouviram o estalar do rádio de uma das viaturas: “Todas as unidades... Suspeita de invasão no colégio Sweet Amoris... Viaturas próximas ao local, favor se dirigirem até lá com urgência... Não sabemos se os invasores são perigosos...” –O dever nos chama. –disse Nathaniel com um riso sem humor algum.