A ponte vacilou assim que deram os primeiros passos. A estrutura firme de rocha sólida parecia prestes a se desfazer e engoli-los a qualquer instante. Emma e Gold caminhavam na frente, seguidos por Regina, Henry e os outros. Eles prosseguiam com extremo cuidado, tentando evitar os estouros de lava incandescente que subiam do rio corrente.

Depois de um bom tempo naquele ritmo, eles avistaram finalmente o término da travessia. Ainda era um grande caminho a ser percorrido, mas a sensação de um fim naquela imensidão era uma visão agradável. Quanto mais percorriam a ponte, mas o rio se tornava caudaloso e imprevisível. Emma já estava louca para correr até o outro lado, porém sua intuição lhe dizia que algo não estava certo.

Uma bolha quente estourou no ar bem ao lado deles, respingando o líquido fervente sobre aqueles que se encontravam na dianteira. Gold, por instinto, preparou-se para lançar um feitiço, porém foi detido na hora por Emma. A loira o puxou bruscamente para o lado, livrando o homem do alcance da lava.

– Lembre-se do que Morgana disse, Gold... Se a situação puder ser resolvida sem o uso da magia , devemos evita-la ao máximo.

Emma parafraseou a maga como um reforço de precaução para todos do grupo. Ela se virou e procurou pelo olhar da dona das palavras, mas logo sua expressão se tornou sombria. Ela percorreu novamente cada membro do grupo. Regina notou a preocupação nos olhos da loira e quando repetiu o gesto de Emma, pôde entender o porquê. Logo sua própria face foi tomada pelo mesmo sentimento, que foi se transformando lentamente de preocupação a medo.

– Morgana ela..._ - Emma começou a dizer, mas faltou-lhe forças para concluir a frase.

Todos agora se viraram e para sua surpresa, logo atrás de Ruby, onde a maga deveria estar, encontrava-se apenas o vazio.

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Assim que a nuvem negra se dissipou, Morgana se viu em uma ampla sala escura, iluminada apenas por duas tochas em sua extremidade norte. O trono de pedra se elevava acima de uma escadaria e a luz emanava por detrás dele, projetando sua imensa sombra pelo salão à frente. O mago estava sentado calmamente, os cotovelos apoiados nas laterais do assento e os dedos entrelaçados sobre o peito.

– Seu maldit..__ - Morgana rugiu por entre os dentes, mas assim que deu um passo em direção ao homem, uma parede de energia a jogou para trás.

A maga aterrissou no chão de forma brusca, batendo os dois joelhos contra o piso.

– Por que é afinal que precisa de mim, Mordok?! – a parte do nome ela pronunciou com asco – Já não fui parte suficiente do seu plano diabólico?? O que é que você ainda quer?

Um sorriso maldoso brotou dos lábios do mago. Seus dentes se projetavam como presas.

– Não tem se sentido um pouco fraca ultimamente, Morgana..?? – ele fez questão de lhe retribuir o mesmo tom.

A maga desviou o olhar para o vazio, refletindo.

– Não sei aonde quer chegar com isso... – ela mentiu.

Já fazia um bom tempo desde que a coisa começara. Morgana não entendia o porquê e de início havia pensado que todos os seus anos e acontecimentos sofridos apenas estivessem cobrando seu preço. Mas algo ainda lhe cheirava mal e aquela pergunta um tanto retórica do homem a fez acreditar que não era apenas uma coincidência.

Ele deu uma risada, observando como ela começava agora a ligar os pontos. Com um estalar de dedos, uma nuvem mágica surgiu à frente da mulher, mostrando a ponte e seus integrantes.

– Você vai mata-los e quer que eu assista, não é..? – ela arriscou, tentando ganhar tempo com conversas e pensar em uma forma de sair dali.

Emma e os outros na ponte aparentemente já tinham notado sua ausência e ela pode ler o medo em seus olhos.

– Ohh não, minha querida... – o mago fez uma pausa olhando ameaçadoramente nos olhos de Morgana – Você mesma é quem vai...

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– Onde ela foi parar??? – Ruby perguntou nervosa.

– E como é que eu vou saber, ela estava bem atrás de você! – Regina retrucou.

As coisas já estavam difíceis o suficiente, e agora com o desaparecimento da maga e guia do grupo, a situação ia de mal a pior.

Emma começou a andar de um lado para outro na ponte quando uma voz despertou-a de seus pensamentos.

– Procurando por alguém?...

Todos se viraram em direção ao ruído e a expressão “boquiabertos” foi unânime. Um vulto se erguia a distancia, colocando-se entre eles e a passagem para o final da ponte. A figura deu um passo em direção ao grupo, tornando-se reconhecível em seu campo de visão. Emma soltou um suspiro espantado e Gold apertou o cabo da espada. Alguma coisa estava muito errada.

A sombra a frente era Morgana. Porém a maga não trajava seus costumeiros vestidos azuis, tampouco sua roupa de guerra prateada. A mulher à frente estava vestida com o manto da noite, toda em negro. A seu redor o ambiente parecia mais pesado, o ar, sem vida. Seus olhos claros e confortantes, haviam se transformado agora em duas esferas incandescentes. Ela não lembrava a Regina nem um pouco da mulher que conhecera.

– Morgana...? – Regina estava um tanto abalada.

A mulher abriu a boca em um sorriso de escárnio.

– Quem mais?

David empunhou a espada se colocando à frente de Mary e Ruby. Gold e Emma repetiram o gesto e Regina envolveu Henry.

– Mas... Eu.. Não entendo... – a morena continuou inconformada.

O sorriso da maga se intensificou, mas lá no fundo, bem no fundo, Regina conseguiu notar um traço de incerteza.

– Na verdade é muito simples, Regina..

Morgana começou a falar e sua própria voz parecia mudada. Gélida. Sem emoção. Mas foi ai também que a incerteza que a prefeita havia notado ficou um pouco mais evidente a ela.

– Tarefa número um: vamos ver como vocês se saem contra os amigos... – a última palavra soou um tanto trêmula aos ouvidos da morena e foi ai que ela teve certeza de que algo não estava normal – Vocês me matam... Ou eu mato vocês.

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Emma ainda estava incrédula... Até a primeira bola de fogo passar zunindo ao lado de seu corpo. Morgana não estava blefando... Se não tomassem uma atitude, ela iria cumprir o que havia dito.

– Morgana...– Regina se colocou à frente dos outros como escudo.

Emma passou Henry para os charmings e foi atrás da morena.

– Fique fora disso, Regina.. Você não é meu alvo. Não interfira e deixo você viver – a mulher respondeu já se preparando para um novo feitiço.

– Não pode estar falando sério!!

Uma nova esfera flamejante estourou das mãos da maga direto no grupo, mas Gold conseguiu bloqueá-la por um triz.

– Eu estou falando muito sério...

– Regina... Temos que fazer alguma coisa! – Emma cochichou em seu ouvido.

– Emma tem razão! – gritou Gold atrás delas – Não chegamos até aqui para nada.

O homem levantou a mão já se preparando para a batalha, mas foi interrompido por Regina.

– Nãao!! Não podemos mata-la!

Emma apertou seu ombro tentando conforta-la.

– Ela não é mais a sua amiga, Gina...

– Nãaao!! – a morena estava prestes a dar um passo, quando uma esfera mágica a prendeu.

Com um movimento, Gold deslocou a armadilha com a prefeita para o lado oposto, colocando Regina a salvo por detrás do grupo.

– Me desculpe, Madam Mayor... Mas precisamos passar...

– GOLD!! Não! – a mulher protestava batendo contra a camada de energia, mas não surtia efeito.

Ela procurou por Emma, que baixou os olhos tentando evitar contato.

Morgana sorriu. Tudo estava indo de acordo com o planejado. A loira passou Henry para os charmings e Ruby se colocou ao lado dela já em pose de combate.

– Fiquem com ele. Protejam Henry!

Os charmings assentiram e correram com o garoto para o lado oposto, as espadas em mãos.

– Não, Emma! – Henry gritou tentando impedir que o levassem – Você precisa ouvi-la!

A loira apertou os olhos, mas tentou se acalmar. Eles teriam de entender...

– Me perdoe, kid... – ela murmurou antes de se virar.

A maga esperava por eles, e em seus olhos agora Regina não conseguiu ler nenhuma hesitação.