Acordei no dia seguinte com meu celular tocando, olhei vagamente para a janela, ainda estava amanhecendo, peguei meu celular e atendi, sem ver quem era.

   - Hum? – perguntei um pouco irritada.

   - Santana? É Rachel.

   - Oi meu amor... – minha voz agora estava mais carinhosa.

   - Te acordei?

   - Não. – menti. – Te fizeram acordar essa hora? Porque se fizeram...

   - Calma Santana. Ninguém me acordou, eu só não estava com sono. Pensei em falar com você, mas se você não quiser...

   - Rachel, nem fale uma coisa dessas, estou muito feliz por estar falando com você.

   Me levantei e sai do quarto, para não acordar Nick.

   - Como a Sarah está?

   - Está bem, mas ainda está muito preocupada.

   - Você disse para ela porque estou aqui?

   - Ainda não... queria saber primeiro se você quer contar.

   - Ah Santana... isso é tão difícil, ainda mais para mim... – ela respondeu com a voz manhosa.

   - Está bem, eu conto para todas.

   Me sentei no sofá, esperava que Rachel dissesse algo a mais, mas ela estava em silêncio, isso tudo era difícil para ela, e eu ficava triste por ver ela assim.

   - Rachel?

   - Sim? – sua voz estava diferente, parecia estar chorando.

   - Escuta, não precisa chorar... eu prometi que tudo ficará bem, lembra? Assim que eu sair da faculdade, vou direto para o hospital ficar com você.

   - Eu sei, mas...

   - Rachel, você não está sozinha e nunca estará. Você quis se vingar, fez eu me apaixonar por você, agora não vai se ver livre de mim, nem quando eu morrer.

   - Se eu não morrer antes...

   Aquilo fez meus olhos se encherem de lágrimas, um nó se formou em minha garganta, normalmente eu saberia o que responder, mas ouvindo aquilo de Rachel, me fez ficar mais sensível.

   - Me desculpe Santana... eu sou uma idiota! – ouvi Rachel cortar o silêncio.

   Afastei o celular do meu rosto e comecei a chorar. Aquilo estava preso e agora foi liberto com uma simples frase da Rachel. Senti alguém puxar o celular da minha mão, eu não vi quem era, pois estava de olhos fechados e não conseguia abri-los.

   - Rachel? – era a voz da Julie. – Santana teve que ir ao banheiro rapidamente... quer falar com a Sarah?

   Ouvi Sarah conversar Rachel, logo senti um corpo me envolver em um abraço.

   - Santana... o que está acontecendo?

   Eu não conseguia responder, apenas chorava e soluçava. Eu estava exposta para Julie, isso me deixou com raiva de mim mesma, mas eu não conseguia controlar.

   Quando me acalmei, vi Sarah me olhar, parecia estar assustada.

   - Sant, você está bem?

   - Estou sim, querida. – respondi abrindo os braços.

   Sarah me abraçou e deitou sua cabeça em meu ombro.

   - Rachel está bem?

   - Está sim...

   - Então por que você estava chorando? Rachel ficou com medo...

   - Não é nada.

   Ela se afastou de mim e deu um leve sorriso.

   - Rachel disse que você vai ir ver ela hoje.

   - É verdade, hoje e sempre.

   - Você pode entregar uma coisa para ela?

   - Claro.

   Sarah se levantou e subiu as escadas correndo, Julie apareceu com duas canecas na mão.

   - Pegue, beba um pouco de café.

   Peguei a caneca de sua mão, esfriei um pouco o café e dei o primeiro gole quando Sarah voltou.

   - Fiz esse desenho para ela, mas você não pode ver.

   Peguei o papel de sua mão e sorri.

   - Por que não posso ver?

   - Porque é um desenho para Rachel.

   Dei uma pequena risada, olhei para o relógio da parede e me levantei.

   - É melhor eu começar a me arrumar.

                                                                                      ***

   Assim que cheguei no quarto da Rachel, a vi dormindo em um sono tranquilo, o que me deixou feliz e calma. Coloquei minha bolsa na cadeira ao lado da maca, me aproximei de Rachel e a vi sorrir.

   - Santana...

   - Oi amor. – respondi, em seguida lhe dando um leve beijo na testa.

   - Está muito tempo me esperando acordar?

   - Não, cheguei agora.

   Rachel se mexeu um pouco abrindo espaço para eu sentar, e assim fiz. Fiquei de frente para ela e acariciei seu rosto pálido.

   - De manhã eu...

   - Não vamos falar disso, Rachel.

   A beijei lentamente, em seguida fazendo-o ficar intenso. Nos separamos procurando por ar e com Rachel mordendo meu lábio inferior.

   - Sorte sua estarmos no hospital. – ela disse me fazendo sorrir.

   - Isso não é motivo. – eu respondi, colocando minha mão em sua cintura.

   Rachel riu, sentando-se. Ficamos com nosso rostos bem próximos, eu sorri, porque Rachel molhou os lábios com a língua.

   - Me desculpem incomodar... – ouvimos uma enfermeira dizer atrás de mim, revirei meus olhos fazendo Rachel rir. – A senhorita Berry precisa comer.

   Ela colocou a bandeja nos pés de Rachel e saiu do quarto, olhei e percebi que tinha uma salada e um copo de suco natural.

   - Você vai acabar morrendo só por comer isso. – eu disse, pegando o copo na mão.

   - Eu disse a eles que sou vegetariana, não posso comer nada alem disso.

   Cheirei o suco fazendo uma expressão de desgosto, Rachel riu e pegou o copo da minha mão.

   - É de beterraba.

   - Você bebe isso?

   - Sim, e acho que você também devia, faz bem.

   - Nem morta eu bebo isso!

   Rachel riu, pegou o prato e começou a comer. Minutos depois, quando Rachel terminou de comer, nos deitamos, Rachel deitou sua cabeça em meus seios e acariciou minha barriga.

   - É chato ficar aqui durante a noite e saber que não vou para casa de manhã.

   Comecei a acariciar seus cabelos, ela fechou os olhos e suspirou.

   - Sarah fez um desenho para você. – eu disse, sem me mexer.

   - O que é?

   - Não sei, ela não me deixou ver.

   Rachel sorriu, levantou sua cabeça e me deu um beijo rápido. Parecia querer avisar que ela estava ali, ao meu lado e sentindo meu corpo.

   - Sarah gosta de você. – ela disse, deitando sua cabeça novamente.

   - Eu sei. – voltei a acariciar seus cabelos.

   - Quando estávamos no primeiro ano, depois que você me chamou de Hobbit pela primeira vez, liguei para ela e...

   - Rachel, vamos esquecer o passado...

   - Por quê? O futuro é mais perigoso... não me importo de lembrar do passado.

   - Quer se lembrar do passado? Então me diga, que história é essa de você me amar desde o colegial?

   - O que? – ela olhou para mim.

   - Sarah me disse...

   - Não devia ouvir tudo que Sarah diz. Ela é uma criança, não sabe o que está dizendo.

   - Na verdade, Sarah sabe muito bem o que dizer, até nos momentos difíceis.

   A apertei mais forte, percebi sua expressão mudar.

   - Estou cansada, Santana...

   - Então deite-se, eu farei você dormir.

   Rachel deitou sua cabeça novamente, afaguei seus cabelos até ela pegar no sono. Assim que afastei minhas mãos de seus cabelos, vi alguns dos fios presos em meus dedos, me assustei, tirei-os dos meus dedos e olhei preocupada para Rachel, que dormia tranquilamente.