My Little Gift ('The Orphan' - Season 2) escrita por Stéfane Franco


Capítulo 19
Capítulo 18 – Suspicions


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo 18 – Suspicions

“Suspeitas”

– Harry – março de 1995 –

Quando março chegou o tempo ficou realmente seco, mas os ventos cortantes esfolavam o rosto e as mãos todas as vezes que saíamos aos jardins.

Desde aquela noite nas masmorras em que a sala do Snape fora invadida passei a observá-lo melhor. Karkaroff o procurava cada vez mais com um semblante preocupado e até mesmo desesperado, o que levantava ainda mais suspeitas sobre os dois. Hermione recusava-se a acreditar que Snape, o mesmo que salvou minha vida no 2º ano, estava tramando alguma coisa e afirmava que estávamos apenas nos deixando levar pelas aparências. Rony, no entanto, seguia com sua teoria de que Snape tinha sim “culpa no cartório”, e as visitas constantes de Karkaroff e as investigações de Moody eram apenas provas de que estava certo.

– Então você acha que Snape pode estar aprontando alguma? – perguntei à Sirius em uma de nossas visitas à Hogsmead.

– Olhem, eu não acredito no que vocês estão dizendo, Dumbledore confia em Snape... – interrompeu Hermione.

– Ah, corta essa Hermione – disse Rony impaciente – Eu sei que Dumbledore é genial e tudo o mais, mas isto não significa que um bruxo das trevas realmente inteligente não possa enganar ele...

– O que você acha Sirius? – perguntei novamente.

– Acho que os dois têm certa razão – respondeu pensativo encarando Rony e Hermione – Desde que descobri que Snape estava ensinando na escola tenho pensado por que Dumbledore o contratou. Snape sempre foi fascinado pelas artes das trevas, era famoso por isso na escola. Um garoto esquivo, seboso, fechado... Ele conhecia mais feitiços quando chegou à escola do que metade dos garotos do sétimo ano...

– Mas isso não significa muito... A Violet também chegou a escola sabendo mais que muitos alunos... – disse Hermione

– Ele também fazia parte de uma turma da Sonserina que, na maioria, acabou virando Comensal da Morte. Rosier e Wilkes, os dois foram mortos por aurores um ano antes da queda de Voldemort. Os Lestrange se casaram, mataram e torturaram os Longbottom e quase foram presos, conseguiram escapar. Avery, pelo que ouvi dizer, livrou a cara dizendo que tinha agido sob o efeito da Maldição Imperius e continua solto, assim como os Malfoy. Mas até onde sei, Snape nunca foi acusado de ser Comensal da Morte... Não que isto signifique grande coisa. Muitos deles jamais foram presos, e Snape certamente é muito inteligente e astuto para conseguir ficar de fora...

– Snape conhece Karkaroff muito bem, mas não quer divulgar isso – disse Rony.

– Você devia ver a cara do Snape quando Karkaroff apareceu na aula de Poções ontem! Ele queria falar com o Snape, disse que o professor andava evitando ele... Karkaroff parecia bem preocupado... Mostrou alguma coisa no braço, mas não consegui ver o que era...

– Ele mostrou algo no braço pro Snape? – exclamou Sirius espantado – Bom, não faço ideia do que possa ser... Mas se Karkaroff está genuinamente preocupado, procurou Snape para obter respostas... – falou frustrado – Mas ainda temos o fato de que Dumbledore confia nele... Sei que ele confia no que muita gente não confiaria, mas não consigo vê-lo deixando Snape ensinar em Hogwarts se algum dia tivesse trabalhado para Voldemort...

– Então por que Moody e Crouch estão tão interessados em entrar na sala do Snape? – insistiu Rony.

– Bem... Eu não duvidaria que Olho-Tonto tivesse revistado as salas de todos os professores quando chegou em Hogwarts. Ele leva a sério a Defesa Contra as Artes das Trevas. Não tenho certeza de que ele confie em alguém... Se bem que na juventude era bem próximo do Snape... – acrescentou - Mas vou dizer uma coisa a favor do Moody. Ele nunca matou alguém se pudesse evitar, sempre capturou as pessoas vivas quando era possível. Ele é durão, mas nunca desceu ao nível dos Comensais. Já Crouch é outra conversa... Ele está mesmo doente? Se estiver, por que fez o esforço de se arrastar até o escritório do Snape? E se não está... O que anda tramando? Que é que ele estava fazendo de tão importante durante a Copa Mundial que não apareceu no camarote de honra? Que é que ele está fazendo enquanto devia estar julgando o torneio?

Perguntas sem resposta.

Se Snape está realmente envolvido com as trevas, por que se aproximou da Violet? Se Rony estiver certo, por que Snape colocou o nome da própria filha no Cálice, condenando-a a uma perigosa “jornada”?

Por mais que tenha minhas desconfianças sobre o Snape, não acredito que ele faria algo de ruim à própria filha...

Só espero que eu esteja certo...

– Violet -

Os próximos dois meses foram terríveis. Rita Skeeter continuava a me perseguir com suas matérias e insinuava um possível romance com Vitor, assim como ciúmes do Harry e até mesmo inventou perseguições e favoritismos.

– Sophie, o que é tudo isso? – perguntei durante um dos jantares assim que três corujas pousaram em nossa mesa.

– Eu fiz assinaturas de alguns jornais e artigos... Cansei de ficar sabendo as coisas pelo Malfoy... – respondeu ela pegando uma das edições do Profeta Diário. – Olha isso...

– “Violet Prince: boa aluna ou apenas a favorita do professor?” – li – Isso é ridículo!

– “Os campeões de Hogwarts e Durmstrang, respectivamente Violet Snape e Vitor Krum foram vistos inúmeras vezes juntos. Aparentemente, o amor pode passar até mesmo por rivalidades e preconceitos. Krum teria, inclusive, convidado sua ‘amiga’ para passar o verão em Durmstrang!” – leu Alessa.

– Como é?! – exclamei vermelha como pimenta – Como... Como ela descobriu? – sussurrei.

– Descobriu o quê? – perguntou Mary com um olhar interrogativo

– Vocês estão mesmo namorando?! – exclamou Alessa com um enorme sorriso no rosto, atraindo ainda mais atenção das pessoas.

– Alessa fecha essa boca! – mandei ainda vermelha – É claro que não estamos! Ele é meu amigo! E desde quando a Skeeter me chama de Violet Snape? – falei tentando mudar o rumo da conversa

– Desde que ele é seu pai... – respondeu Sophie como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Tá mas... Legalmente, meu nome não tem o Snape no final... – sussurrei.

– Olha esse outro... – começou Sophie – “Vitor Krum vem sendo motivo de discórdia entre os irmãos Snape e Potter. Desde que o Sr. Krum começou seu relacionamento com a Srta. Snape, o Sr. Potter, protetor em relação à irmã, tem se afastado cada vez mais da mesma, infeliz por sua escolha”...

– “Aparentemente o próprio pai da garota desaprova o relacionamento, porém, como a adolescente rebelde que é, Violet Snape recusa-se a deixar o namorado” – continuou Alessa – Conte-me mais Violet, como é estar namorando o Sr. Krum e nem saber disso? – provocou.

– Não começa Alessa! – falei arremessando uma bolinha de papel em sua direção – Eu não me conformo! De onde ela tira tudo isso?? E como soube do convite do Vitor?

– Espera, então ele realmente te convidou? – perguntou Mary

– Sim... – admiti envergonhada – Ele me convidou durante o baile... Mas não tinha ninguém por perto! Estávamos dançando a música de abertura... E a Skeeter não estava lá! Como alguém que teoricamente foi proibida de pisar no território de Hogwarts descobriu isso? E como ela pode insinuar que tenho um “amor adolescente” com o Vitor, que o Harry se afastou por casa disso e que meu pai não aprova?!!

– Esse é o preço da fama... – lamentou Sophie

– Não, isso se chama perseguição! – retruquei – Eu cansei de dizer a todo mundo que é mentira e que não estamos namorando! Quando as pessoas começam a acreditar, essa Skeeter escreve outro artigo e tudo recomeça... Ela merece uma boa lição...

– Posso não ser uma das melhores alunas de Adivinhação, mas prevejo muitas confusões entre Skeeter e Violet... – riu Alessa.

– Todo artigo te chama de Princesinha Mestiça ou Princesinha de Hogwarts, pois, de acordo com sua... “condição”, tem regalias com os outros professores... – começou Mary enquanto lia outro artigo – Isso é mal... – sussurrou - Violet, o que você faria se ela descobrisse algo que só nós quatro sabemos? – falou apontando o artigo em suas mãos com um olhar receoso.

– Tenho outro namorado?? – perguntei ironicamente enquanto Alessa pegava o artigo das mãos de Mary.

– Isso não é nada bom... – comentou

– O que foi dessa vez? – perguntei enquanto levava o copo de suco à boca.

– “Além de ser filha do professor de poções de Hogwarts, Violet Snape tem mais regalias do que imaginávamos. Toda criança tem padrinhos, certo? Porém, os da Srta. Snape não são nada convencionais. Temos fontes seguras de que Minerva McGonagall (vice-diretora de Hogwarts, professora de Transfiguração e diretora da casa Grifinória) e Alastor Moody (ex-auror e atual professor de DCAT em Hogwarts) são os padrinhos da garota sonserina” – concluiu Alessa.

Nesse momento engasguei com o suco de abóbora e comecei a tossir. Senti meu rosto ferver e minha garganta permanecia fechada. Mary, que estava ao meu lado, começou a dar tapas nas minhas costas a fim de me desengasgar, o que causou mais atenção do que deveria.

– Melhor? – perguntou ela assim que parei de tossir.

– Como ela... Ela... – tentei concluir a frase, porém, minha garganta continuava seca – Maldita Skeeter! Eu juro que se um dia eu ficar frente à frente com ela eu a esgano! – exclamei limpando minha saia – Como ela descobre essas coisas?! Como ela consegue?!!

– Violet você está vermelha! – avisou Alessa

– É claro! De raiva! – respondi – Não faz sentido! Como ela coseguiu entrar em Hogwarts mesmo sendo proibida? Como ela descobriu tudo isso e inventou o resto? – exclamei.

– Violet, se acalme... Estão todos olhando... – sussurrou Sophie estática em seu lugar.

– Perderam alguma coisa?! – elevei minha voz para os mais próximos, que voltaram sua atenção no jantar. – Isso precisa parar... – sussurrei para as meninas.

– E o que pretende fazer? – perguntou Mary

– Não sei... Mas ela vai pagar... Eu ainda descubro quais são essas “fontes seguras” – falei encarando Malfoy.

Com o passar das semanas recebi mais apelidos do que poderia contar. Moody, obviamente, ignorava qualquer comentário à respeito do acontecido, e aquele que ousasse perguntar algo sobre, ganhava uma passagem só de ida para a detenção com o Snape. Minerva, embora um pouco encabulada com os artigos, não se intimidou com os comentários e tampouco tratou-me diferente.

Já Snape, bom, desde que me disse que me amava passou a ignorar as insinuações sobre nosso parentesco. Dentro da sala de aula, por sua vez, tratava-me como mais uma de suas alunas. Harry também decidiu ignorar qualquer pergunta sobre nós, o que deixou-me extremamente aliviada, afinal, não era novidade seu desafeto com Vitor e meu pai.

Quanto aos pesadelos, Dumbledore estava certo... Depois daquela noite as imagens e as conversas diminuíram significadamente, e com o tempo, desapareceram. Certamente eram apenas frutos da pressão sobre mim e dos conflitos internos pelos quais estava passando.

O início do trimestre de verão chegou rapidamente. Normalmente eu estaria treinando para a última partida de Quadribol da temporada. Este ano, porém, era para a terceira e última tarefa do Torneio Tribruxo que eu precisava me preparar, mas eu sequer sabia qual seria.

Finalmente, na última semana de maio, Snape pediu para que eu ficasse um pouco depois da aula de Poção.

– Você deve ir ao campo de quadribol hoje à noite, às nove horas. O Sr. Bagman estará lá para falar aos campeões sobre a terceira tarefa. – disse ele.

– Finalmente! – suspirei sorrindo

– Não desvie-se do cainho na volta, sim? – pediu.

– Sim senhor! – falei batendo em continência e saindo de sua sala.

Então, às oito e meia da noite, deixei minhas meninas no Salão Comunal e fui em direção ao saguão de entrada, onde encontre Cedrico subindo da sala comunal da Corvinal.

– O que você acha que vai ser dessa vez? – perguntou-me enquanto descíamos os degraus para o jardim – Fleur não para de falar em túneis subterrâneos, acha que vamos ter que encontrar um tesouro...

– Até que não seria tão mal... – ri

Caminhamos alguns minutos pelos gramados escuros até o estádio de quadribol, atravessamos uma abertura sob as arquibancadas e saímos no campo.

– O que fizeram com o campo? – perguntou Cedrico indignado

O campo estava realmente diferente. Ao invés de ser plano e liso, parecia que alguém andara construindo longas muretas que cruzavam-se em todas as direções.

– São... Sebes? – concluí num tom interrogativo.

– Ah, aí estão vocês! Aproximem-se! – gritou Bagman animadamente ao lado de Vitor e Fleur.

Assim que nos aproximamos Fleur lançou-me um grande sorriso. Sua atitude comigo mudara bastante desde que salvei sua irmã.

– Bem, o que vocês acham? – perguntou Bagman assim paramos ao seu lado – Estão crescendo bem, não? Deem mais um mês e Hagrid vai fazê-las alcançar cinco metros de altura. Mas não se preocupem, terão seu campo de Quadribol de volta quando terminarem a tarefa! – acrescentou ele assim que viu minha expressão preocupada, bem parecida com a de Cedrico. - Agora... Imagino que podem adivinhar o que estamos fazendo aqui? – perguntou

– É um labirinto – sussurrou Vitor após longos segundos.

– Exato! Um labirinto. A terceira tarefa na realidade é muito simples. A taça do Torneio Tribruxo será colocada no centro do labirinto, o primeiro campeão que puser a mão nela recebe a nota máxima...

– Teremos que atravessar um labirinto? – indagou Fleur.

– Haverá obstáculos – disse Bagman alegremente como uma criança - Hagrid está providenciando algumas criaturas... E haverá também feitiços que vocês precisarão desfazer, essas coisas! Agora, os campeões que estão liderando a contagem de pontos entrarão primeiro no labirinto – sorriu para Cedrico e eu – Depois entrará o Sr. Krum e por último a Srta. Delacour. Mas todos terão a mesma possibilidade de vencer, dependendo da perícia com que superarem os obstáculos, claro. Será divertido, não acham?

– Se o Hagrid é quem irá arranjar as criaturas para um evento desse porte... Com certeza será divertido... – ironizei.

– Muito bem... Se não tiverem nenhuma pergunta a fazer, vamos voltar para o castelo, está meio frio aqui não acham? – disse ele aproximando-se de mim assim que começamos a voltar para o castelo.

– Violet, posso falar com você um momento? – pediu Vitor

– Claro... – respondi.

Vitor guiou-me para fora do estádio, mas, para minha surpresa, não ia até o navio de Durmstrang, e sim para a Floresta.

– Por que estamos indo nessa direção? – perguntei assim que passamos pela cabana do Hagrid.

– Não quero que nossa conversa renda outra matéria para o Profeta Diário – respondeu um tanto mal humorado.

Quando finalmente chegamos á um trecho sossegado a poucos passos dos cavalos de Beauxbatons, Vitor encostou-se numa das árvores e encarou-me.

– Desde quando somos namorados? - perguntou irritado.

– Não somos. – respondi.

– Não é o que a tal Skeeter diz...

– Aquela mulher é uma praga! Desde que eu entrei no Torneio ela vem me perseguindo com suas matérias inconvenientes... – expliquei rancorosa

– Mas por que ela faz isso? – perguntou um pouco mais calmo.

– Aparentemente, ser irmã de Harry Potter e filha do professor Severo Snape já é motivo suficiente... – concluí

– Isso me deixa bem mais aliviado... Sabe, o Profº Karkaroff disse que você era apenas uma menina sedenta por fama que usaria qualquer artifício disponível... Inclusive inventar um namoro com outro campeão...

– Porque será que isso não me surpreende? – brinquei – Ele não gosta muito de mim...

– Nisso tenho que concordar... – riu ele

Nesse momento algo se mexeu ás costas dele entre as árvores, o que fez com que Vitor pegasse meu braço e me a me puxasse para o lado.

– O que foi? – perguntei encarando o lugar.

Nesse momento um homem saiu cambaleando de trás de um alto carvalho. Por um instante não o reconheci, porém, conforme se aproximava, percebi que era o Sr. Crouch. Tinha a aparecia de quem estava viajando há dias. Os joelhos de suas vestes estavam rasgados e ensanguentados, seu roso arranhado e ele, barbudo e pálido, seus cabelos e bigode sempre impecáveis precisavam de um bom xampu e de um corte descente. Porém, o mais estranho era o modo como agia. Resmungava e gesticulava, parecia estar falando com alguém que somente ele conseguia ver.

– Ele não era um dos juízes? – perguntou Vitor encarando-o – Não é do seu Ministério? – acenei positivamente e aproximei-me lentamente do homem que falava com uma das árvores.

– ... e depois que fizer isso, Wearherby, mande uma coruja a Dumbledore confirmado o número de estudantes de Durmstrang que virão ao torneio, Karkaroff acabou de mandar uma mensagem dizendo que serão doze...

– Sr. Crouch? – perguntei cautelosamente.

– ...e depois mande outra coruja á Madame Maxime, porque ela talvez queira aumentar o número de estudantes que vai trazer, agra que Karkaroff arredondou para uma dúzia... faça isso, Wearherby, por favor? Por favor? Por... – seus olhos estavam saltados e encaravam a arvore assustadoramente, nesse momento, cambaleou para os lados e caiu de joelhos.

– Sr. Crouch! – chamei em voz alta aproximando-me rapidamente – O senhor está bem?

– O que é que ele tem? – perguntou Vitor encarando o homem à minha frente.

– Não faço ideia... Acho que é melhor você ir buscar alguém...

– Dumbledore! – gritou Crouch inesperadamente, agarrando minha capa firmemente e puxando-me de forma que fiquei de joelhos. – Preciso...ver...Dumbledore...

– Tudo bem, se o senhor se levantar, Sr. Crouch, podemos ir até...

– Fiz... uma... idiotice... – murmurou ele aparentemente perdido e sem forças – Preciso...falar...Dumbledore...

– Levante-se Sr. Crouch! Assim posso levá-lo até ele! – gritei atraindo sua atenção.

– Quem é você? – sussurrou

– Sou aluna da escola... – falei atenciosamente.

– Você não é... dele? – sussurrou ele amedrontado.

– Não... – falei sem ter ideia do que Crouch dizia

– De Dumbledore?

– Isso... – sorri na tentativa de acalmá-lo.

Crouch puxou-me ainda mais para perto, deixando-me a centímetros de seu rosto. Tentei soltar suas mãos de minha capa e gravata, mas ele era realmente forte.

– Avise... Dumbledore...

– Vou buscar Dumbledore se o senhor me largar – falei já perdendo a paciência – Me largue Sr Crouch, e vou buscar o diretor!

– Obrigado, Weatherby, e quando você terminar isso, eu gostaria de tomar uma xícara de chá. Minha mulher e meu filho vão chegar daqui a pouco, vamos assistir a um concerto hoje à noite com o Sr. e a Sra. Fudge – disse Crouch voltando sua atenção á arvore como se eu nem existisse.

Mas... O que deu nele?!

– Meu filho recentemente obteve doze N.O.M’s com boas notas obrigado, claro, realmente muito orgulhosos. Agora, se você puder me trazer aquele memorando do Ministério da Magia de Andorra, acho que terei tempo de preparar uma resposta...

– Você fica aqui com ele – falei a Vitor – Eu vou buscar Dumbledore, faço isso mais rápido, sei onde é o escritório dele...

– Ele está doido – disse Vitor encarando Crouch, que ainda tagarelava com a árvore, aparentemente convencido de que falava com Percy.

– Só precisa ficar aqui com ele – falei começando a me levantar.

Meu moimento pareceu atrair outra mudança súbita no Sr. Crouch, que agarrou minha gravata novamente e puxou-me de volta ao chão.

– Não... me... deixe! – implorou esbugalhando os olhos novamente – Eu...fugi...preciso avisar...preciso contar...ver Dumbledore...minha culpa...tudo minha culpa...Berta...morta...tudo minha culpa...minha culpa...diga a Dumbledore...Harry Potter...Violet Prince...o Lord das Trevas...mais forte...Violet... Prince...

– Vou buscar Dumbledore se o senhor me deixar ir! – exclamei – Será que dá para me ajudar? – perguntei a Vitor, que permanecia parado encarando-nos. – Não deixa ele sair daqui – pedi assim que Krum posicionou-se ao lado de Crouch – Eu volto com Dumbledore... – avisei desvencilhando-me das mãos do Sr. Crouch.

– Não demore! – respondeu ele enquanto eu corria pela Floresta e já ia subindo os gramados na escuridão da noite.

Corri como louca pelos degraus de mármore e atravessei as enormes portas do castelo em direção ao segundo andar, finalmente chegando à gárgula de pedra.

– Sorvete de limão! – ofeguei

Nada.

– Vamos, mexa-se! – exclamei – Droga!

Talvez ele esteja na sala dos professores...

Olhei para os lados e voltei a correr em direção à escada.

– VIOLET! – gritou Snape fazendo-me voltar

– Pai... – sussurrei assim que o vi emergir da escada atrás da gárgula de pedra.

– O que está fazendo aqui? E a história de não se desviar no caminho de volta? – perguntou levantando uma das sobrancelhas.

– Preciso ver Dumbledore! – falei sem fôlego – É o Sr. Crouch, ele acabou de aparecer... está na Floresta.. está pedindo...

– Fale mais devagar, assim não dá para entender nada!

– O Sr. Crouch, do Ministério! Ele está delirando ou algo assim... está na Floreta e quer ver Dumbledore! Ele não está bem... disse que precisa prevenir de algo... – falei rapidamente de novo - Me diga qual é a senha para entrar que...

Nesse momento a parede às costas de Snape se abriu, revelando Dumbledore com uma expressão curiosa.

– Algum problema? – perguntou ele

– Professor! O Sr. Crouch está aqui...está lá na Floresta e diz que quer falar com o senhor...

– Leve-me até lá... – disse ele prontamente, seguindo-me segundos depois – O que o Sr. Crouch disse Violet? – perguntou enquanto descíamos apressadamente a escadaria de mármore.

– Disse que quer prevenir o senhor... que fez algo horrível... mencionou o meu nome e o do Harry e falou também sobre Berta Jorkins e...e...Voldemort, alguma coisa sobre Voldemort estar mais forte... – falei rapidamente – Ele não está agindo normalmente... Parece que não sabe onde está. Fala o tempo todo como se achasse que Percy Weasley está lá e depois muda dizendo que quer ver o senhor... Eu o deixei com Vitor.

– Deixou? – exclamou Dumbledore com severidade e começou a andar mais rápido de modo que tive que correr para acompanhá-lo. – Você sabe se mais alguém viu o Sr. Crouch?

– Não... Vitor e eu estávamos conversando, o Sr. Bagman tinha acabado de nos falar sobre a terceira tarefa, ficamos para trás e então vimos o Sr. Crouch saindo da Floresta...

– Onde eles estão?

– Ali na frente... – falei apontando o caminho entre as árvores – Vitor?! – chamei. – Deixei os dois aqui! Eu tenho certeza... Vitor!

– Lumus – disse Dumbledore, acendendo sua varinha.

O fino feixe de luz deslocou-se de um tronco a outro, iluminando o chão onde encontramos Vitor.

– Vitor! – sussurrei aproximando-me.

Olhei ao redor e não vi nem sinal do Sr. Crouch. Dumbledore abaixou-se e gentilmente ergueu uma das pálpebras de Vitor.

– Estuporado – comentou

– O senhor quer que eu vá buscar alguém? Madame Ponfrey? – perguntei

– Não... Fique aqui – disse instantaneamente erguendo a varinha e apontando para a cabana de Hagrid, lançando algo prateado que voou entre as árvores. – Enervate – disse ele em seguida apontando para Vitor, que abriu os olhos imediatamente.

Ele parecia extremamente atordoado e quando viu Dumbledore, tentou se levantar, porém, o diretor pousou sua mão no ombro e o fez continuar deitado.

– Vitor... O que aconteceu? – perguntei ajoelhando-me ao seu lado.

– Ele me atacou! – murmurou levando a mão à cabeça – O velho doido me atacou! Eu estava olhando para os lados para ver onde você tinha ido e ele me atacou pelas costas!

– Fique deitado um pouco... – mandou Dumbledore.

Logo fortes passos ecoaram pela Floresta e chegou até nós, mostrando Hagrid com Canino.

– Prof. Dumbledore! – disse ele arregalando os olhos – Violet?

– Hagrid, preciso que você vá buscar o Prof. Karkaroff. O aluno dele foi atacado. Quando terminar, por favor, alerte o Prof. Moody...

– Não é necessário Dumbledore, já estou aqui – disse Moody mancando em nossa direção – porcaria de perna... Teria chegado mais rápido... Que foi que houve? Snape me disse alguma coisa sobre Crouch...

– Crouch? – repetiu Hagrid sem entender.

– Karkaroff, por favor, Hagrid! – disse Dumbledore energicamente.

– Ah sim... certo, professor... – disse Hagrid dando as costas e desaparecendo entre as árvores.

– Não sei aonde foi parar Bartô Crouch – disse o diretor ao Moody – mas é essencial que o encontremos.

– Já estou indo – rosnou Moody puxando a varinha e desaparecendo na Floresta.

Nem Dumbledore ou Vitor falaram qualquer coisa depois disso. Por mais que eu quisesse perguntar o que estava acontecendo, o clima tenso continuava no ar, impedindo-me de abrir a boca.

– Que é isso?! – exclamou Karkaroff aparecendo entre as árvores ao lado de Hagrid e Canino – O que está acontecendo? – perguntou assim que viu Vitor no chão e Dumbledore e eu ao seu lado

– Fui atacado! – informou Vitor sentando-se – O Sr. Crouch ou que nome tenha...

– Crouch o atacou? Crouch atacou você? O juiz do Tribruxo?

– Igor...

– Traição! – gritou Karkaroff interrompendo Dumbledore – É uma conspiração! Você e o seu Ministro da Magia me atraíram até aqui sob falsos pretextos, Dumbledore! Isto não é uma competição honesta! Primeiro você sorrateiramente inscreve a Snape no torneio, embora seja menor de idade! Agora um dos seus amigos do Ministério tenta por o meu campeão fora de ação! Estou farejando falsidade e corrupção nesse torneio todo e você, Dumbledore, você, com a sua conversa de estreitar os vínculos entre os bruxos estrangeiros, de refazer velhos laços, de esquecer as velhas diferenças, isto é o que penso de você! – cuspiu Karkaroff aos pés de Dumbledore.

Com um movimento rápido, Hagrid agarrou-o pela gola das peles e ergueu-o no ar, empurrando-o contra uma árvore próxima.

– Peça desculpas! – rosnou Hagrid enquanto Karkaroff tentava respirar

– Hagrid, não! – gritou Dumbledore com os olhos faiscando pela primeira vez.

Hagrid soltou Karkaroff instantaneamente, fazendo-o escorregar pelo tronco e cair com um baque no chão.

– Tenha a bondade de acompanhar Violet até o castelo Hagrid – disse Dumbledore energicamente.

– Talvez seja melhor eu ficar aqui, diretor... – disse encarando Karkaroff

– Você vai levar a Violet de volta ao castelo, Hagrid – repetiu o diretor com firmeza – Leve-a diretamente á Masmorra da Sonserina. Violet, qualquer coisa que queria fazer pode esperar até amanhã. Fique lá, entendeu?

– Sim senhor... – concordei

– Vou deixar Canino com o senhor, diretor – disse Hagrid ainda encarando Karkaroff ameaçadoramente – Vamos Violet...

Levantei-me e o segui através das escuras árvores em silêncio. Hagrid parecia extremamente mal humorado.

– Como é que ele se atreve – rosnou – Como é que ele se atreve a acusar Dumbledore! Como se Dumbledore fosse capaz de uma coisa dessas... Como se Dumbledore quisesse que você participasse do torneio, para começar. Preocupado! Não me lembro de ter visto Dumbledore mais preocupado do que tem estado ultimamente. E você! – disse ele voltando-se para mim zangado

– Eu? – perguntei surpresa

– O que é que estava fazendo andando por ai com esse desgraçado do Krum? Ele é aluno de Durmstrang, Violet! Podia ter azarado você aí mesmo, não podia? Será que Moody não lhe ensinou nada? Imagina deixar que ele afastasse você dos outros...

– Hagrid! O Vitor é meu amigo! Ele não queria me azarar, só conversar sobre as mentiras que a Skeeter inventou. – expliquei - Nunca julgue um livro pela capa...

– O que quer dizer? – perguntou confuso, mas ainda zangado.

– É um ditado trouxa...

– Quanto menos contato vocês tiverem com esses estrangeiros, melhor vão ficar. Não se pode confiar em nenhum deles.

– Você parece estar se dando muito bem com Madame Maxime – respondi ironicamente.

– Não fale dela comigo! – disse Hagrid assustadoramente – Agora já sei quem ela é! Tentando voltar às minhas boas graças para eu contar a ela qual vai ser a terceira tarefa! Não se pode confiar em nenhum deles!

– Mais um motivo que comprova minha teoria... “Nunca julgue um livro pela capa”...

– Tá, o que isso significa? – perguntou, a curiosidade falando mais alto.

– Certo... Como posso explicar... – falei pensativa – Essa frase, em outras palavras, quer dizer que nem tudo é o que parece... Só porque uma pessoa parece ser das trevas, não significa que seja... E só porque uma pessoa parece um anjo, não significa que seja...

– Como assim? – perguntou, a raiva desaparecendo lentamente.

– Meu pai, por exemplo... O que você vê quando olha para ele? – perguntei sorrindo

– Ele é assustador... – disse envergonhado, o que fez-me rir – O quê?

– Já que você está com vergonha de me dizer, eu falo... – disse recuperando-me do ataque de risos – Quando eu olhei para ele pela primeira vez vi um homem solitário, raivoso, extremamente severo e muito bravo... – falei pensando em nosso primeiro encontro – Ele realmente me tirava dos nervos! Cheguei até a pensar que ele tinha prazer em fazer os alunos sofrerem...

– E não tem?

– Não! – retruquei – Talvez um pouco... - acrescentei – Enfim, depois que nos aproximamos eu percebi que, por trás daquele homem sério e carrancudo, existe uma boa pessoa... – Hagrid nesse momento bufou em contrariedade – Hagrid estou falando sério! Logo no primeiro mês de aulas eu percebi que, se ele passa caminhões de deveres e exige tanto, é porque, no fundo, quer que os alunos sejam bons em poções... O que realmente acontece, já que a maioria se esforça para ir bem nos exames... E você tem que concordar que nenhum aluno tira notas ruins com ele... Ou pelo menos são poucos... – acrescentei assim que me lembrei de Neville.

Hagrid suspirou e encarou o teto, a raiva tinha desaparecido completamente.

– Sabe Hagrid, não conta para ninguém, mas meu pai é um bom homem... E ao contrário do que todos pensam, ele tem sim sentimentos... E não é tão ruim assim...

– Dumbledore confia nele... Então talvez não seja sem motivo não é? – rendeu-se

– Só porque o Vitor é de Durmstrang não significa que ele seja como Karkaroff... Só porque eu sou de Hogwarts, não significa que sou como Dumbledore... As piores pessoas, em minha opinião, são aquelas que ficam nos rondando o tempo todo, nos bajulando e elogiando sem motivo algum... Com essas sim é que temos que nos preocupar...

– Tem razão... Você é uma boa conselheira Violet, conseguiu me acalmar e ainda me deu uma lição... – admitiu envergonhado. – Agora vá para seu quarto, não sou da Sonserina então não posso entrar nas masmorras...

– Tudo bem... Obrigada por me trazer até aqui... Boa noite Hagrid

– Boa noite Violet – disse enquanto se afastava.

– Quem diria... – sussurrei perplexa. - Um homem desse tamanho recebendo conselhos de uma garotinha...

– Então não sou tão ruim assim? – perguntou-me antes que eu entrasse no Salão Comunal da Sonserina. Virei-me lentamente e encarei aqueles olhos negros que insistiam em me perseguir.

– Sabia que é feio ouvir conversas alheias? – perguntei ironicamente

– Sabia que é feio falar dos outros pelas costas? – rebateu sarcasticamente.

– Qual parte ouviu? – perguntei encabulada

– Tudo... – admitiu com um tom divertido enquanto puxava-me para um abraço.


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Notas finais do capítulo

E então??

O próximo é o último antes da Terceira Tarefa... Muitas coisas ainda estão por acontecer :D

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Capítulo 19 Dream
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— Vejo duas possibilidades, Moody - respondeu Fudge - Ou Crouch finalmente enlouqueceu ou então... Bom, a garota foi a única a vê-lo, e todos dizem que o garoto é o namorado dela... Essa menina já causou grande alvoroço no mundo bruxo depois dos artigos da Rita... Talvez seja apenas fruto da imaginação de uma adolescente confusa... - continuou Cornélio, porém, estava tão envolta com meus pensamentos que não ouvi uma palavra sequer do que veio em seguida.
(...)
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Nos vemos no próximo capítulo!!!

Não deixem de comentar :D