My Little Gift ('The Orphan' - Season 2) escrita por Stéfane Franco


Capítulo 17
Capítulo 16 – Your Greatest Treasure


Notas iniciais do capítulo

FInalmene a segunda tarefa!! Sei que estão doidos para saber quem é o tesouro da Violet... :D

Boa leitura!!!



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Capítulo 16 – Your Greatest Treasure

“Seu maior tesouro”

– Violet – 24 de fevereiro de 1995 –

Minha noite não poderia ser pior.

A imagem da serpente insistia em permanecer na minha mente.

Depois que Sophie saiu e voltei a dormir, mas sonhei a mesma coisa de antes. Acordei gritando novamente e, daquela vez, não era Mary quem me acordava e sim Snape. Estava tão assustada que não olhei para lugar nenhum, apenas deixei-me ser abraçada por meu pai, que acariciava meu cabelo e confortava-me.

– Volte a dormir Violet, são 6h30 e você precisa estar bem às 9h30... – disse ele após um tempo em silêncio.

– Não... Não quero... – insisti – Se eu dormir terei pesadelos novamente...

A cena das férias do ano passado estava repetindo-se. Eu com medo de dormir por conta dos pesadelos, ele ao meu lado.

Sem ao menos avisar, Snape levantou-se e sentou-se ao meu lado, encostando-se à cabeceira. Logo passou um dos braços por meus ombros e puxou-me mais perto, fazendo-me deitar em seu peito.

– Volte a dormir Violet... Não terá mais pesadelos... – sussurrou beijando o topo de minha cabeça.

Surpreendentemente adormeci instantaneamente, mergulhando num sono profundo e sem sonhos.

– Narradora –

Snape comportou-se como um verdadeiro pai aquela madrugada. Enquanto Violet adormecia, conjurou um feitiço do sono, contribuindo para que sua filha conseguisse finalmente dormir. Embora pudesse sair e deixá-la, não queria se afastar. Seu coração de pai pedia para permanecer, e foi o que fez.

Snape permaneceu ao lado da filha até 8h30, quando beijou-lhe a face e desceu as escadas, encontrando duas garotas envoltas em seus livros.

– Sophie –

– Srta. Seyfried é melhor que acorde a Violet, ela não pode se atrasar para a segunda prova... – pediu Snape assim que desceu as escadas do quarto.

– Tudo bem... – assenti.

– Obrigada professor Snape... – disse Mary quando ele estava prestes à sair.

– Pelo quê? – perguntou ele confuso.

– Por ajudá-la... – começou Mary

– Ela é minha filha, não há nada a agradecer. – falou calmamente e saiu.

Pela primeira vez, vi algo diferente em seus olhos. Não estavam frios ou duros esta manhã, mas sim tranquilos e calorosos.

– Que diferença um filho pode causar num pai não? – comentou Mary.

– Vamos logo, ela precisa acordar... – avisei subindo as escadas.

– Violet –

– Violet? – chamou-me alguém – Violet! Acorde... Você precisa se arrumar para a prova...

– Hmm... – bocejei

– Bom dia Bela Adormecida... – disse Mary com um sorriso no rosto.

– Bom dia... – falei levantando-me.

– Bela Adormecida? – perguntou Sophie

– É uma expressão trouxa... – expliquei.

– Está melhor?

– Sim... Aliás... O que aconteceu ontem?

– Você não lembra?

– Lembro dos pesadelos...

– Depois da quinta vez que acordou gritando Sophie foi chamar Dumbledore e acabou trazendo o Snape... Ele ficou até agora pouco aqui com você e pediu para chamá-la...

– Ele... Ele ficou aqui, nesse quarto, comigo? – perguntei surpresa.

– Quem diria que o “Morcegão das masmorras” daria um bom pai hein? – disse Sophie sorrindo – Mas agora trate de levantar e tomar um banho que a próxima prova é em menos de uma hora... – avisou

– Uma hora?! – exclamei.

Levantei rapidamente e “voei” para o banheiro. Tomei um bom banho e troquei meu querido pijama por algo confortável o bastante para nadar.

– 9h10. Pronta? – perguntou Mary enquanto eu descia.

– Pronta. – falei pegando minha varinha e deixando o Salão Comunal.

– Temos novidades... – disse Sophie

– Quais?

– Enquanto Snape cuidava de você, eu achei um livro que o Prof Moody me deu no início do ano, lembram-se dele?

– Sim...

– Adivinha o que eu achei...

– O quê? – perguntei enquanto descíamos as escadas do jardim em direção ao Lago Negro.

– Tem uma planta que, se comê-la, você consegue respirar debaixo d’água...

– Sério?! É tudo que eu preciso! Mas... Não temos tempo para procurá-la, temos?

– Não. Enquanto vocês dois estavam no quarto, eu fui até a sala dele e encontrei a planta no estoque particular... Está no meu bolso. – sorriu.

– Você... Você invadiu o estoque particular do Snape? – sussurrei surpresa – Mary, agora me sinto culpada... Nós corrompemos a Sophie! – debochei.

– Exatamente, a culpa é de vocês mesmo... – riu a loirinha – Tudo que tem que fazer é engolir a planta antes de pular na água. Dura mais ou menos uma hora.

– Mais ou menos? – indaguei.

– Existem divergências... O tempo é diferente em água doce e salgada...

– E só diz isso agora? – exclamei, o nervosismo atacando novamente.

– Desculpe... Só quero ajudar....

– Tudo bem... Só estou nervosa... Onde está a Alessa? Pensei que viria!

– Ela sumiu desde ontem... Desculpe Violet... – pediu Mary.

– Pelo menos vocês duas estão aqui...

Conforme nos aproximávamos percebi que as arquibancadas que tinham rodeado o picadeiro dos dragões em novembro estavam agora dispostas ao longo da margem oposta do Lago Negro, quase explodindo de tão lotadas. Todos os alunos estavam claramente excitados, o que me deixava mais nervosa.

Numa mesa logo no centro das arquibancadas estavam Dumbledore e os demais juízes, assim como Minerva e Snape. Percy Weasley sentava-se numa das cadeiras, o que significava que o Sr. Crouch mais uma vez não compareceria.

– Já sabe o que fazer, não sabe? – perguntou Sophie assim que chegamos.

– Sei... – falei.

– Você consegue... – afirmou Mary

– Vou fazer tudo que for preciso para vencer... Já que estou no Torneio, vou lutar! – garanti abraçando-as.

– Boa sorte... – piscaram afastando-se.

Eu vou conseguir... Sei que vou.

– Violet? – chamou Snape, puxando-me para um canto onde não seríamos vistos. – Está melhor?

– Sim... Obrigada por ficar comigo... – sorri.

– Sou seu pai... Nunca te deixaria sozinha... – garantiu – Agora... Você sabe o que fazer?

– Sei. – garanti novamente – Eu vou conseguir.

– Eu sei. – sorriu – Boa sorte – disse beijando minha testa.

Assim que nos separamos voltei para o meu lugar na fila dos campeões. Ao meu lado estava Cedrico, seguido por Fleur e Vitor. Vi que Harry me encarava com uma expressão preocupada, mas assim que nossos olhares se encontraram tratei de sorrir, garantindo que estava bem. Harry sorriu novamente e sua expressão pareceu suavizar-se.

Dumbledore pediu silêncio á todos e, murmurando “Sonorus”, passou a falar.

– Bom dia à todos... – começou - Ontem à noite uma coisa uma coisa foi roubada de cada um de nossos campeões, um tesouro! Os quatro tesouros, um de cada campeão, estão agora no fundo do lago negro. Para vencer, cada campeão precisa achar seu tesouro e trazê-lo à superfície. É muito simples, exceto por uma coisa...

– Ponha isso na boca agora! – sussurrou Moody repentinamente, obrigando-me a engolir a erva.

Quando ele apareceu?!

– ...eles só terão 1 hora para fazer isso. – continuou o diretor - Uma hora somente, depois disso estarão sozinhos. Nenhum feitiço irá salvá-los. Assim que o apito soar, podem começar... Boa sorte campeões...

Uma brisa impiedosamente fria alcançou meu rosto, afastando meus cabelos violentamente. Logo o som duro do apito soou e todos os campeões pularam no lago. As águas estavam tão gélidas que senti como se minha pele queimasse. À medida que me aprofundava no lago, mastiguei a erva com mais força. O gosto era horrível, e sua textura borrachuda e viscosa a tornava ainda pior.

Foi então que algo estranho começou a acontecer. Era como se uma almofada invisível cobrisse minha boca e meu nariz. Meus pulmões pareciam vazios, e meu pescoço começou a latejar de dor. Assim que levei minhas mãos à garganta senti duas aberturas abaixo das orelhas.

Tenho guelras!

Minhas mãos ganhavam membranas entre os dedos, assim como minhas pernas pareciam nadadeiras de um peixe. A água, antes gelada, tornava-se extremamente agradável. Meus olhos já não sentiam a necessidade de piscar, e minha visão melhorou consideravelmente, fazendo surgir novos cenários conforme eu avançava.

Da escuridão à minha frente emergiam florestas de plantas, extensões de lodo e pedras lisas brilhantes. Eu descia cada vez mais, os cenários eram ainda mais lindos e, consequentemente, escuros. Peixes passavam velozes como flechas prateadas, porém, não havia sinal algum dos outros campeões, nem dos sereianos nem, graças a Merlin, da lula gigante.

Nesse momento senti algo agarrar minhas pernas, vire-me e dei e cara com um Grindylow, um pequeno demônio aquático de chifres e presas pontiagudas à mostra. Seus dedos compridos e frios apertavam minha perna.

Eu passei por um dragão, não será você que vai me impedir!

Imediatamente peguei minha varinha, porém, à essa altura mais Grindylows emergiam das plantas e tentavam arrastar-me para o fundo.

– Relaxo! – falei, porém, som algum saiu de minha boca, apenas uma grande bolha.

Minha varinha, em vez de atirar faíscas contra os Grindylows, golpeou-os com algo que pareceu um jato de água fervendo, pois a pele verde escamosa dos demônios ficava avermelhada. Olhei para o lado e finalmente vi Fleur Delacour lutando contra alguns outros, porém, ao contrário de mim, estava sendo vencida.

Nadei o mais rápido que pude por, ao que me pareceu, vinte minutos. Ao longo do percurso lancei vários feitiços por cima do ombro sem realmente ver, vários Grindylows continuavam a me perseguir e prendiam minhas pernas novamente, porém, chutei todos com força. Vendo seus esforços serem em vão, um deles resolveu enlaçar meus braços, prendendo-me instantaneamente.

Assim como no primeiro dia de treinamento com Alessa, girei os punhos e agarrei os tentáculos que me prendiam. Soltei um sorriso irônico e puxei o Grindylow numa velocidade impressionante. Poucos segundos antes de nos “encontrar”, levantei meu cotovelo para atacá-lo, o que deu certo, pois com o impacto o pequeno demônio verde ficou zonzo e soltou meus braços, caindo nas profundezas escuras.

Voltei a nadar, atravessando então grandes extensões de lodo escuro e grossas cortinas de algas. Então, finalmente, ouvi um trecho da música misteriosa dos sereianos.

Uma hora inteira você deverá buscar,

Para recuperar o que lhe tiramos...

Nadei ainda mais rápido e percebi um grande penhasco emergindo na água lodosa à minha frente. Nele havia pinturas de sereianos: carregavam lanças e caçavam algo que parecia ser a lula gigante. A música continuava cada vez mais alta e clara.

Já se passou meia hora, por isso não tarde

Ou o que você busca apodrecerá aqui...

Assim que aproximei-me deparei-me com inúmeros rostos ao redor de uma construção antiga que, para os trouxas, passaria normalmente por Atlântida. Os sereianos tinham peles cinzentas e longos cabelos verdes desgrenhados. Seus olhos eram amarelos como seus dentes quebrados, todos usavam grossas cordas ao redor do pescoço e, assim que passei, lançaram-me olhares desconfiados.

Essas sereias não são nada parecidas com as versões trouxas... Onde está aquela garota ruiva filha de Tritão?

Continuei a nadar velozmente e logo as “casas” tornaram-se mais numerosas. Os sereianos apareciam por todos os lados, observando-me ansiosos e conversando entre si.

Um grande número de sereianos flutuava diante de casas enfileiradas que pareciam uma versão local de uma praça de povoado. Um coro cantava no centro chamando os campeões e, logo atrás, erguia-se a tosca estátua de um gigantesco sereiano esculpido em um pedregulho. Assim que olhei senti meu coração se apertar. Quatro pessoas estavam firmemente amarradas à cauda da estátua.

Não... Alessa!

Alessa estava entre o irmão mais novo de Vitor, David Krum, e Cho Chang. Na outra extremidade havia uma garota que não aparentava ter mais de oito anos e cujas nuvens de cabelos prateados deu-me a certeza de que era a irmã de Fleur. Os quatro pareciam profundamente adormecidos, suas cabeças balançavam molemente sobre os ombros e um fluxo contínuo de pequenas bolhas saía de suas bocas.

Nadei rapidamente até os reféns sem me importar com os inúmeros sereianos que observavam. Alessa parecia extremamente pálida, o que preocupou-me ainda mais. As cordas que a prendiam eram grossas, viscosas e muito fortes. Olhei para os lados à procura de algo que pudesse ajudar até que encontrei uma das pedras do solo com aspecto afiado e passei a cortar a corda que prendia Alessa.

Depois de minutos de esforço consegui romper a corda. Alessa flutuou inconsciente, a alguns centímetros do leito do lago, acompanhando o movimento da água.

Olhei ao redor e, novamente, não vi sinal algum dos outros campeões.

Onde estão? O que eu faço?

A música era clara... Se os “tesouros” não fossem salvos, seriam perdidos para sempre e, embora não conhecesse os demais, não podia deixá-los morrer. Com determinação aproximei-me do irmão de Vitor, o primeiro da fila, para soltá-lo também, porém, os sereianos apontaram excitados para algo acima de minha cabeça. Virei-me afoitamente e deparei-me com Cedrico nadando em nossa direção.

– Me perdi! – disse ele silenciosamente com uma expressão de pânico. Ao redor de sua cabeça estava uma enorme bolha – Krum está vindo agora e Fleur deixou a prova. Seja rápida! – avisou enquanto libertava Cho com um canivete.

Cedrico puxou-a para cima e desapareceu.

Fleur deixou a prova?!

O pânico começou a invadir-me novamente.

A garotinha...

Novamente os sereianos apontavam para o alto e, assim que virei-me, vi um corpo humano de calções de banho com uma cabeça de tubarão... Vitor.

Krum nadou direto para o irmão e começou a puxar e morder as cordas que o prendia, em vão, afinal, seus enormes dentes eram impróprios para morder algo menor que um golfinho. Percebendo que não conseguiria, pegou uma das pedras do chão e libertou David Krum, pegando-o pela cintura e subindo rapidamente.

– Mary –

– Onde ela está? – perguntou Sophie preocupada

– Está demorando muito... – comentei

Nesse momento algo começou a balançar as águas escuras.

– O que... – começou Sophie, porém, parou no meio da frase quando Cedrico Diggory e Cho Chang emergiram das profundezas do lago.

Os espectadores bateram palmas fervorosamente enquanto Cedrico e Cho aproximavam-se da bancada. Os alunos de Hogwarts estavam eufóricos com seu campeão.

– Cedrico Diggory conseguiu realizar a segunda tarefa com louvor! Graças a Merlin ele e seu tesouro estão bem... Só nos resta esperar pelos demais campeões e seus respectivos tesouros... – anunciou Dumbledore enquanto Madame Ponfrey cuidava de Cedrico e Cho.

Segundos depois Vitor Krum também emergiu das águas e, em seus braços, um garoto de aparentemente 9 anos lutava para chegar à bancada. Novamente Dumbledore anunciou a vitória do campeão de Durmstrang.

– Se o tesouro do Cedrico é a Cho, e o do Vitor é o irmão mais novo... – falei - O tesouro da Violet é...

– Alessa. – concluiu Sophie desesperadamente – Por Merlin, onde estão essas duas!

– Violet -

Fleur não virá... Isso significa que...

O tempo corria e eu tinha que tomar uma decisão. Aproximei-me rapidamente da garota com a pedra que usara anteriormente nas mãos, mas o sereianos também se aproximaram balançando a cabeça negativamente.

– Apenas um! – disse-me um deles apontando a lança em minha direção.

– Não vou deixá-la morrer! – respondi firmemente, novamente apenas bolhas saiam de minha boca. – Saiam da frente – gritei apontando-lhes minha varinha.

Aparentemente entenderam o recado, pois todos os presentes encaravam a varinha com medo e recuaram. Apressei-me com a pedra e segundos depois consegui partir as cordas que prendiam a garotinha à estátua. Agarrei-a pela cintura e com a outra mão segurei o braço de Alessa e impulsionei-me para a superfície.

Sem as mãos para me ajudarem, tive que contar apenas com as nadadeiras, batendo-as furiosamente. As meninas estavam certas quando disseram que teria que treinar minha força, Alessa e a garotinha estavam verdadeiramente pesadas e puxavam-me para baixo.

Eu consigo... sei que consigo... vamos Violet!

A subida foi um verdadeiro suplício. Os sereianos rondavam-me sem esforço e observavam a força que eu empregava. Se estivesse em terra firme certamente estaria suando. Por um momento pensei que puxariam-me para baixo, mas tudo que faziam era observar.

– Mary –

O tempo passava e nada delas voltarem.

– 10 minutos... – avisou Sophie apontando para o relógio.

Vamos Violet, você consegue... Por favor!

– 5 minutos... – avisou Sophie novamente, o desespero ficando mais evidente.

– Vamos logo... – sussurrei encarando o lago.

Snape e Minerva estavam extremamente nervosos, assim como Harry e os demais alunos da escola. Todos de Durmstrang e Beauxbatons, exceto Vitor, comemoravam a derrota da “garotinha”, e Malfoy ria com os amigos.

– Violet -

Meus braços doíam com o esforço de arrastar Alessa e a garota, minha respiração começou a falhar e senti novamente aquela dor no pescoço.

Não... Agora não... Por favor...

Pouco a pouco consegui ver a luz do dia invadindo as águas, estava perto. Bati as nadadeiras ainda mais forte, mas estas já não existiam. A água invadia meus pulmões, senti tudo começar a girar ao meu redor. Prendi a respiração e prossegui.

Falta pouco... Muito pouco...

Sem as nadadeiras parecia que eu estava carregando um caminhão. Sacudi as pernas com tanta força que senti meus músculos protestarem. Eu estava encurralada, totalmente presa e sem saída, precisava de oxigênio, mas não podia parar..

Não posso parar... Eu preciso voltar... Preciso!

Nesse momento senti algo pegajoso enrolar minhas pernas e puxar-me para baixo. Assim que olhei percebi que os malditos demônios haviam voltado. Faltavam poucos metros! Com as forças que me restavam, empurrei Alessa e a garota, que flutuaram rumo à superfície. Os sereianos continuavam a me observar atentos.

Os Grindylows estavam em maior numero e puxavam-me com força. Eu estava afundando!

– Mary –

– Cinco... Quatro... Três...

Antes que terminássemos a contagem, uma mancha vermelha e outra amarela apontaram na superfície do lago, e repentinamente duas garotas emergiram.

– Ela conseguiu... Ela conseguiu!! – gritei abraçando Sophie.

Por todos os lados as pessoas gritavam e comemoravam, porém, quando chegamos mais perto, vimos que apenas Alessa e uma garotinha loira apareceram. Fleur correu para a borda e chamou histericamente a menina.

– Violet –

Olhei para cima e percebi que as meninas estavam se movendo. Fechei meus olhos e realizei um feitiço não verbal, fazendo os pequenos Grindylows recuarem. Voltei meu olhar para baixo e, acabando com todo o oxigênio que me restava, apontei a varinha para cima.

– Aventio! – murmurei.

Uma corrente de água invadiu minha boca e inundou meus pulmões, porém, senti-me ser puxada para cima com uma rapidez impressionante. A claridade aumentou e então, finalmente, senti minha cabeça varar a superfície do lago e meu corpo ser lançado para a bancada.

A sensação da brisa fria cortando meu rosto e invadindo meus pulmões era algo maravilhoso. Senti minha garganta fechada e forcei o ar para fora, tossindo com todas as forças que tinha e soltando toda a água que tinha acumulado.

A minha volta ouvi os espectadores fazerem um estardalhaço, abri meus olhos e a luz forte do sol invadiu minha retina, olhei em volta e percebi que todos os alunos estavam em pé. Snape enrolava uma toalha seca ao meu redor enquanto Alessa e as meninas permaneciam ajoelhadas ao meu lado. Vi também todos os jurados em pé e Dumbledore conversando com cerca de vinte sereianos à borda da bancada. Madame Ponfrey cuidava de David, Vitor, Cedrico e Cho, todos enrolados em grossos cobertores.

– Violet, você conseguiu! – exclamou Sophie sorrindo. – Você conseguiu!

– Alessa, por favor, nunca mais suma sim? – falei com a voz rouca.

– Se ninguém me sequestrar de novo eu prometo... – riu Alessa.

Fleur tinha muitos cortes no rosto e nos braços, e suas vestes estavam rasgadas, mas nada disso pareceu importar.

– Você... Você salvou minha irmãzinha mesmo ela não sendo sua refém... – disse Fleur afoita aproximando-se – Obrigada, muito obrigada – agradeceu abraçando-me.

Logo em seguida Snape ajudou-me a levantar e levou-me até Madame Ponfrey. Meu corpo tremia de frio de tal forma, que não me importei quando ele sentou-se ao meu lado e permaneceu comigo nos braços. Estava tão cansada que não percebi que, para qualquer um ali, ver-me recostada no temido Prof Snape era uma surpresa e tanto.

– Senhoras e senhores, já chegamos a uma decisão. – disse a voz magicamente ampliada de Ludo Bagman – A chefe dos sereianos, Murcus, nos contou exatamente o que aconteceu no fundo do lago e, portanto, em um máximo de cinquenta pontos, decidimos atribuir a cada campeão as seguintes notas...

Todos fizeram silêncio, tensos com o resultado.

– A Srta. Delacour, embora tenha feito uma excelente demonstração do Feitiço Cabeça-de-bolha, foi atacada por Grindylows ao se aproximar do alvo e não conseguiu resgatar sua refém. Vinte e cinco pontos. O Sr. Cedrico Diggory, que também usou o Feitiço Cabeça-de-bolha, foi o primeiro a voltar com sua refém. Quarenta e sete pontos. – todos os alunos Lufanos explodiram em aplausos. - O Sr. Krum usou uma forma de transformação incompleta, mas ainda assim eficiente, e foi o segundo a voltar com seu refém. Quarenta pontos.

Karkaroff bateu palmas com especial entusiasmo, fazendo seu costumeiro ar de superioridade.

– A Srta. Prince usou Guelricho com grande eficiência – continuou Bagman – Voltou por último e ultrapassou em segundos o prazo de uma hora. Contudo, a chefe dos sereianos nos informou que a Srta. Prince foi a primeira a chegar aos reféns e a libertar sua amiga, e o atraso na volta deu-se em sua determinação em trazer, além da sua, a refém de Beauxbatons em segurança. Embora tenha sofrido demasiados ataques, conseguiu passar por todos os obstáculos com louvor e persistência.

Muitos olhares passaram a me examinar, e surpreendentemente, Snape não recuou, mas sim apertou-me ainda mais.

– A maioria dos juízes – Bagman prosseguiu encarando Karkaroff com indignação – acha que tal atitude revela fibra moral e merece o número máximo de pontos. Por maioria de votos, a Srta. Prince recebeu quarenta e seis pontos. – anunciou.

Todos foram pegos de surpresa e, encarando-me, começaram a rir e aplaudir com entusiasmo. Fleur também o fazia freneticamente, assim como Krum. Minha primeira reação foi olhar para o lado, onde encontrei dois olhos negros encarando-me.

– Você conseguiu! – murmurou puxando-me para um forte abraço – Eu sabia que conseguiria!

– A terceira e última tarefa será realizada ao anoitecer do dia vinte e quatro de junho – continuou Bagman – Os campeões serão informados do que os espera exatamente um mês antes. Meus parabéns campeões! – gritou entusiasmado.

– Seus amigos certamente querem comemorar... – falou ele indicando o grupinho onde Alessa, Sophie e Mary estavam – Pode ir... E passe na minha sala mais tarde... – pediu beijando meu rosto e soltando-me do abraço.

Com um enorme sorriso no rosto, deixei a cadeira que ocupava e andei na direção das meninas, que receberam-me calorosamente.

– Você conseguiu!! Eu sabia que conseguiria!! – exclamou Alessa

– Como tinha tanta certeza? – brinquei.

– Eu estava debaixo d’água... Tinha que acreditar em alguma coisa não é? – debochou.

Enquanto atravessávamos a bancada e nos dirigíamos de volta ao castelo, uma multidão de pessoas parou para me parabenizar. Harry, Rony e Hermione abraçaram-me assim que sai dos braços das minhas sonserinas prediletas, Fred e Jorge também me abraçaram e agradeceram, afinal, ganharam um bom dinheiro apostando na minha vitória. Luna foi a próxima, completando o enorme grupo que subia as escadas de musgo dos jardins de Hogwarts.

– Ainda não entendi essa história de “tesouros”... – começou Rony – O tesouro do Krum era o irmão mais novo, o da Fleur também e o do Cedrico era a namorada... Por que o seu não era o Harry?

– Ou o Snape, afinal, é seu pai... – completou Sophie.

– Isso eu posso explicar – falou Alessa abraçada à mim. – Ontem à noite a professora Minerva mandou que eu fosse até a diretoria. Quando cheguei, vi que o David, a Gabrielle e a Cho também estavam lá. O Sr. Bagman explicou que os tesouros dos campeões eram as pessoas com as quais tinham maior afinidade. Eu também perguntei por que o Harry ou o Snape não eram seus reféns... – explicou – E ele me disse que professores e funcionários não podem ser envolvidos no Torneio, além de que seria injusto com você... Todos os campeões tinham reféns “pequenos” e leves, e vamos combinar que o Prof Snape não é nenhum dos casos...

– Você também não é muito pequena ou leve... – debochei

– Engraçadinha! – disse Alessa mostrando-me a língua – E o Harry... Bom, digamos que vocês não se falam muito ultimamente... Logo, eu era a segunda da lista de afinidades.

– O importante é que vocês voltaram vivas e em segurança... – comentou Mary.

– Graças à senhorita fibra moral... – debochou a ruiva. - Se você não me tirasse daquele lago eu juro que voltava e te esganava!


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Notas finais do capítulo

E então?? Gostaram da minha escolha para o tesouro??

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Capítulo 17 I Love You!
(...)
— Posso fazer uma pergunta? - falei minutos depois
— Não vou dizer de onde vêm os bebês... - debochou.
— Que bom... Seria uma experiência traumatizante - brinquei - Mas falando sério... Aquela chave que me deu no natal... O que ela abre? - perguntei curiosa.
— Deixe de ser curiosa! - falou apertando meu nariz - Depois da terceira tarefa saberá...
— Isso é muita maldade sabia? - comentei
— É claro que eu sei... Por isso faço isso... - debochou - Agora vamos que, caso a senhorita tenha se esquecido, Dumbledore quer vê-la...
— Por que todo mundo pensa que esqueço as coisas desse jeito? - perguntei sarcasticamente enquanto saíamos de sua sala.
— Talvez porque seja verdade... - comentou casualmente.
(...)
—-----------

O título do próximo capítulo é bem sugestivo... O que acham que vai acontecer??? *o*

bjjss e até mais!

Obs.: Boa sorte para quem for fazer o Enem!!