MORDIDAS

Capítulo Único

Se tinha algo que Hanji gostava de fazer, era morder. Não que ela fosse uma canibal ou qualquer coisa do tipo, era sua maneira de demonstrar carinho em relação a Levi. Claro, não admitiria em voz alta que além da demonstração de carinho, esse era um gesto que exibia o tesão que sentia por ele.

Eventualmente quando conseguiam um dia de folga, o esquadrão costumava se reunir em volta da simples mesa de madeira, tomavam chá — ou até mesmo água — e conversavam sobre seus sonhos, sobre como as pessoas costumavam enxergá-los e divagavam sobre como seria voltar para casa. Esses dias eram especiais, porque de alguma forma, isso alimentava a determinação em querer continuar lutando, em continuar vivendo.

Nessas ocasiões, todos eles costumavam se vestir com algo mais casual, livrando-se por um instante dos incômodos uniformes que trajavam praticamente todos os dias. E Hanji adorava os dias em que Levi trajava aquela camisa branca de mangas longas que deixava seu lindo pescoço a mostra.

Seria afobação demais ela se sentir tentada a mordê-lo toda vez que usava aquela camisa? Oh Deus. Não era! Como resistir àquele pescocinho tão lindo?

As horas passavam devagar demais, e tudo que ela conseguia pensar, é que queria que todos fossem dormir logo, para que conseguisse ficar a sós com seu querido heichou e dar umas belas mordidas nele. E depois...

Pois é.

Era mais uma dessas ocasiões, a xícara de chá pousava a sua frente, praticamente intocada, enquanto seus olhos espertos por trás da armação avaliavam o parceiro de longe discretamente, de tempos em tempos o olhar dele cruzava com o seu, e um sorriso quase imperceptível passeava por seus lábios. Como se dissesse: Espere por mim mais tarde.

Ah, claro que Hanji Zoe esperaria. Tortuosamente, mas esperaria. Com prazer.

— Você parece distraída hoje, Hanji — Erwin comentou, tomando mais um gole de chá, seu tom era quase malicioso, apesar de sério.

— Hum, apenas estava pensando em algo — replicou soando entediada. — Está ficando tarde.

— É verdade — Armin comentou inocentemente. — Talvez seja melhor nós irmos dormir, o dia começa cedo.

— Então a conversa acaba por aqui, boa noite! — o comandante desejou, sendo o primeiro a levantar e ir para o seu aposento.

Um a um, eles foram saindo e se despedindo casualmente, deixando apenas Hanji e Levi no recinto. Dessa vez, a mulher levou a xícara devagar até os lábios e sorveu o líquido morno, os olhos sempre nele, enquanto continuava a beber.

— Você está me olhando de um jeito esquisito — ele comentou, levantando da cadeira do lado oposto ao dela e caminhando devagar pelo lugar.

— Hum — limitou-se a murmurar, lambendo os lábios devagar, os olhos castanhos reluzindo sedutoramente. Por fim, também levantou bruscamente da cadeira, sentindo todo o seu corpo esquentar de uma forma agoniante e prazerosa. — Ei Levi, sabia que seu pescoço fica cada vez mais atraente?

O cabo se virou para ela com uma das mãos pousando na nuca, como se recordasse de algo. Com as sobrancelhas erguidas, retrucou:

— As últimas marcas demoraram a sair. Você sabe, eu que deveria fazer esse tipo de coisa com você e não ao contrário.

— A culpa não é minha se sempre está com a guarda baixa — murmurou de volta ao caminhar na direção dele, deslizando o dedo pela borda da mesa devagar.

Seus hormônios estavam descontrolados, provavelmente esse era um bom motivo para que estivesse sendo tão tarada. Mas como poderia evitar? Não bastasse isso, o modo como ele fazia questão de seduzi-la não ajudava em nada.

Parou no meio do trajeto e esperou que ele terminasse o caminho até ela, mordeu o lábio inferior, vendo como cada passo dele parecia devagar demais, pequeno demais. Em um ato inesperado e rápido, Levi fechou o caminho até ela, imprensando-a contra a mesa, enquanto suas pupilas dilatadas mostrava todo o seu desejo.

— Desde quando você tem atração por pescoços? — perguntou com a voz pesada, uma mão passando por debaixo da blusa dela e a outra acariciando parte de sua coxa desnuda.

Um sorriso malicioso e matreiro cobriu os lábios femininos e Hanji se inclinou na direção dele apenas o suficiente para que alcançasse sua orelha, mordeu o lóbulo devagar, provocando-o e sentindo como ele apertava ainda mais o corpo viril contra o seu. Então, sussurrou:

— Você não entendeu. — Deu uma pausa. — Não é por pescoços, é pelo seu pescoço. — E como se fosse para comprovar o que tinha acabado de dizer, mordeu-o novamente com mais força que o necessário, fazendo questão de deixar a marca de praticamente todos os seus dentes. — Você é meu.

— Acho que já está na hora de eu te mostrar como se morde de verdade — sussurrou com a voz rouca, os lábios roçando nos dela.

Oh, estava perdida.

E adorava!