Neko Café - Interativa escrita por Lady Blue


Capítulo 5
Amigas


Notas iniciais do capítulo

Oi, novos leitores o/
Bem, acho que vocês não precisam saber disso realmente, mas esse capítulo era dividido em três, e eu acho que todo mundo que acompanha a história já sabe, então esse aviso vai só para os novatos ou para os veteranos perdidos.

Personagens da Leh Crazy e da Yume fairy, okay? São a Mey Misaki e a Tohka Kawashima :)



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POV Mey Misaki

Eu e a Tohka-chan estávamos saindo da escola, deviam ser 12:10hr. Tohka-chan estava falando de algum trabalho que tínhamos marcado para fazer, mas nunca foi feito de verdade. Eu reclamei por ela estar sempre focada nos estudos. Não estava prestando atenção no que ela dizia, mesmo que estivesse de braços cruzados com ela.

Reparei que um grupo de pessoas estavam passando na rua. Eles estavam todos juntos, correndo apressados para algum lugar. Um homem gordinho com olhos pequenos estava andando na frente do grupo. Eles nunca tinham passado por ali antes.

– Olha, olha, Tohka-chan! - interrompi o discurso dela "sobre como eu era irresponsável e como ela já sabia que eu não iria fazer nada para o dever" e falei para ela olhar para o grupo que passava.

– Eu estou falando, Mey! - ela reclamou.

O grupo já estava bem perto de nós, vindo na direção contrária.

– Vamos, é o melhor café que já provei! - falava o homem gordinho a frente.

– Onde é? Eu nunca vi - disse uma mulher que andava apressada quase caindo com os enormes saltos que usava.

– É logo ali, é um café com gatinhas - explicou o gordinho.

– Eu acho que vi quando passei de manhã - falou um homem um pouco mais magro que o gordinho.

O gordinho passou por nós e eu puxei Tohka para deixar as pessoas passarem.

– Hmm, é alguma coisa com Neko, né? - continuou o homem meio magro.

– É, eu acho que é Neko Café ou alguma coisa assim - falou o gordinho, que já estava na frente.

O grupo de mais ou menos 10 pessoas passaram rapidamente por nós e seguiram andando para o tal Café. Eu olhei para Tohka, eu estava querendo trabalhar, e como eles disseram que nunca tinham visto o Café antes, talvez eles ainda estivessem contratando e fosse novo.

– Tohka-chan, vamos lá? - falei.

Tohka pensou um pouco, ela não parecia muito animada, mas eu não conseguia dizer bem o que ela estava pensando. Ela geralmente era bem quieta, ficava no canto dela, mas estava sempre criando briga quando falavam dela. Viramos amigas numa briga que eu meio que arrumei para ela. E depois de eu ter assustado ela com fantasias e histórias de terror.

– Vamos, eu estou com fome mesmo - ela disse.

POV Reiko-chan

Eu servi o café para o homenzinho, e três horas depois, logo depois de sair do trabalho, ele voltou com mais dez pessoas. Eu fiquei admirada por ele gostar tanto do meu café para voltar, e ainda voltar com mais pessoas do que eu esperava que fossem entrar na loja só naquele dia.

Eu fui até a porta e acompanhei os visitantes até uma mesa que Tamaki-chan havia preparado especialmente para eles, com 13 lugares. Eu estava tão feliz, eu não parava de falar, as pessoas também falavam, eram legais como eu, como a Junko. Os clientes foram apressados para a mesa e se sentaram meio desajeitados. Eles ficaram um tempo para escolher o lugar de cada um, mas no fim todos estavam nos seus lugares certos.

Eu fiquei perto do homenzinho que iria pedir primeiro, Junko iria anotando os pedidos que começavam a ser comentados do outro lado da mesa. Eu tive vários pedidos de café, e os bolinhos da vitrine quase foram extintos pela fome daquelas pessoas. Descobri conversando que eles faziam estágio em uma empresa, e que adoravam café. Disseram que meu café era um dos melhores, o que me fez quase desmaiar, e que iriam voltar quando pudessem.

Estava conversando com uma moça sobre leite condensado, quando Lysander me chamou. Eu o mandei ficar quieto e ele continuou a me chamar.

– Rei! Olha, novos clientes - ele falou.

Aquilo me fez pular da cadeira, como um canguru ou alguma coisa do tipo. Eu me virei com um sorriso fofo no rosto e disse: "Onde?". As meninas estavam do lado de Lee-chan, ele estava de mãos dadas com uma delas, que parecia comentar sobre aquilo com a amiga com longos cabelos roxos.

Eu pensei em não falar nada e ver o que ele ira fazer, mas ele não era bom com essas coisas, então eu não iria fazer essa maldade com ele.

– Lee-chan, sua mão, não acho que deva fazer isso com clientes - sussurei. As meninas riram, uma delas parecia nervosa.

Lee-chan corou, ficou vermelho como um tomate muito vermelho! Ele soltou a mão da menina e agiu como se não tivesse feio nada. As meninas riam baixinho e ele tentava recuperar a auto-confiança perdida com o toque na mão da garota. Imagino que ele tenha a guiado assim até mim e se esqueceu de soltar a mão dela.

Eu ri baixo.

– Eu... tenho que ir! - disse Lee-chan, meio constrangido e correu para a cozinha.

– Então, meninas, o que vão querer? - sorri. Procurei uma mesa para dois e as levei até lá. - Aqui, podem ficar a vontade!

Minha vó sempre me disse que os mais novos são os mais difíceis de se conquistar, então eu estava tentando fazer com que aquilo fosse uma ótima visita ao café.

– Ei! - chamou a menina mais baixa, seus cabelos em um pouco mais claros que o da acompanhante dela, um pouco rosas, avermelhados, admito que tentei analisar de que cor eram os cabelos dela enquanto ela continuou: - Você abriu o café agora?

– Sim, sou Rei-chan - falei.

– Rei! - gritou Junko, ela estava perto do balcão. - Venha fazer mais café! - ela deu um pausa e se abaixou para pegar um bolinho, logo depois se virou para Tamaki-chan, que segurava um prato para colocar o bolinho. - Viu? É divertido.

– Já vou! - gritei, e retomei minha atenção para as garotas, que pareciam assustadas com os gritos, principalmente a de cabelos roxos. - Do que estávamos falando mesmo?

– Ah, eu queria saber se... Hm, você não precisa de ajuda com o café - a de cabelo com cores estranhas corou. - Não que eu queira dizer que você é ruim, quer dizer você é ótima, eu gostei de tudo, hm... a decoração e tudo, ai, é muito lindo e... - ela continuou falando mil coisas sobre o café, mas eu não escutei nenhuma, minha mente estava focada na frase "Você precisa de ajuda com o café?".

Eu a cortei:

– Você quer trabalhar aqui? - meus olhos brilhavam.

– Hm, sim, mas se não precisar, sabe, não precisa, eu só queria...

– Aceita! - falei, a garota ficou um tempo pensando, seus olhos começaram a brilhar e ela se levantou e me deu um abraço. Eu me assustei com o abraço repentino.

– Muito obrigada! Sabe, você me ajudou muito! Estava procurando um emprego, muito obrigada mesmo! - ela dava pulinhos de alegria.

Eu sorri, também era muito importante para mim.

– E você, Tohka? - ela se virou para a garota de cabelos roxos. Ela estava quieta, admirando a mesa, pelo o que eu vi.

A menina demorou um tempo pensando.

– Ok, vai ser divertido, além disso eu preciso de cds novos - ela disse direta.

– Por que não pede pro seu pai?

Tohka pareceu sem resposta, um pouco admirada com a pergunta, talvez por que foi feita tão "do nada", mas logo disse:

– Ele não quer me dar, eu... eu estou de castigo, isso! Mas, então, Mey, tem certeza? - ela trocou de assunto.

– Claro! - disse Mey, então se virou para mim. Seu sorriso me fez achar que ela estava um pouco ansiosa demais. - Eu achei, Kawa-chan, meu primeiro emprego! Não credito que consegui meu primeiro emprego! Preciso jogar isso na cara do meu professor de matemática!

– Me chame de Tohka! - a menina de cabelos roxos disse, então se levantou. - Obrigada, agradeço mesmo! - o sorriso dela era fofo. - Mas, temos que ir, não é Mey? Hm, temos que ir... naquele lugar.

Pensei um pouco no que era aquele lugar

– No banheiro? - sugeri, curiosa.

Tohka, ou Kawa-chan, ficou mais vermelha que Lee e seu sorriso fofo virou um sorriso que dizia claramente: "Que vergonha".

– Não, não, naquele outro lugar, né, Mey?!

Mey demorou para entender o que Tohka queria.

– Ah, sim! Aquele lugar! - ela deu um sorriso como se estivesse imitando um agente secreto e estivesse numa missão. - Certo, tchau, Rei-san! Até amanhã às...?

– Oito? - falei.

– Ok! Até amanhã às oito! - falou Mey, sorrindo, Kawa-chan a puxou e as duas saíram do café conversando.

Voltei minha atenção para Junko, que agora estava tentando fazer o próprio café... Repito, só tentando, mas conseguir...

POV Tohka

– Onde vamos, Tohka? - perguntou Mey, enquanto era levada pela Tohka rua à fora.

– Ficou louca? Como nós vamos chegar em um lugar e simplesmente pedir para trabalhar nele? Isso vai contra tudo do que eu estudei! - respondi, estava meio apreensiva em trabalhar lá, embora eu quisesse muito meu pai não aceitaria que eu trabalhasse num café, isso seria uma desonra para a minha família.

– Deixa de ser chata, Tohka, às vezes as coisas não são como você estuda!

– Só estou dizendo que nós não devíamos fazer isso, nem conhecemos o café...

– Não precisamos conhecer, viu como a Rei-chan é legal, ela nos deu a vaga, não precisamos nos preocupar em conhecer o café! É por causa do seu pai, não é? - ela me puxou, ficamos paradas no meio da rua, uma olhando a outra.

Era estranho para mim falar do meu pai, mesmo que nós fossemos ótimos amigos, ele sempre foi o melhor pai de todos para mim, mas quando se tratava de trabalhos, escola, ele sempre queria que eu fosse a melhor, e claro, eu era, mas trabalhar como neko? Isso iria contra as regras de honra dele, imagina se ele me visse daquele jeito? E contar para a Mey tudo isso... Eu teria que falar da minha mãe, e isso me fazia chorar, eu não posso chorar, nunca.

– Ele... só não iria gostar de ver sua filha trabalhando como neko - respondi.

– Então por que aceitou?

– Por que... ah, Mey! Eu preciso ficar com você, somos amigas, não? Amigas se ajudam, e não faria muito mal trabalhar no café um pouco...

– Então não reclame, se é por mim não fale mais do café! Vamos chegar nele bem cedo amanhã e trabalhar, deixa de ser chata, Tohka, seja feliz pelo menos uma vez na vida! - gritou Mey, ela nunca tinha falado comigo assim antes, eu fiquei assustada com aquilo, meus olhos ficaram cheios d'água, minha vida voltou nos meus olhos.

Eu lembrei da minha mãe. Estávamos na sala de uma das grandes casas que tivemos, eu estava com minha velha fantasia de gatinho, minha mãe já estava mal naquele dia, eu parecia estar fazendo gracinha para que ela risse de mim, eu achava que rir a fazia ficar melhor. Ela estava sentada na cadeira de rodas, vesti minha fantasia e cheguei perto dela, sempre agindo como um gatinho. Eu olhei para ela por alguns segundos, ela estava sorrindo. E eu estava feliz. "Deixa de ser chata, Tohka, seja feliz pelo menos uma vez na vida!", Mey não sabia que aquela frase poderia me despedaçar inteira, mas eu sabia. Eu continuei o caminho até a minha mãe engatinhando como um gatinho, não era difícil para mim, eu fazia aquilo quase todos os dias para ver a mamãe sorrindo, para mim aquilo era mágico, o sorriso dela...

Mudou, eu estava no hospital, mamãe estava deitada, eu tinha minha fantasia guardada numa bolsa comigo. Ela não estava sorrindo, meu pai conversava com o médico do lado de fora. Pensei em fazer ela sorrir, ela não estava nada bem. Abri minha bolsa, peguei a fantasia e coloquei a por cima do meu uniforme da escola. Me abaixei no chão, eu iria aparecer para a mamãe logo depois, e ela iria sorrir. Subi na cama, achei estranho o fato de que a mamãe não olhava para mim. Eu sussurrei um pequeno: "Mamãe?". Ela não se mexeu, seu rosto estava virado para o lado, numa expressão horrível. "Mamãe!", gritei. Eu comecei a puxar ela, tirei a coberta de cima dela, mas ela não se virava para mim, não fazia nada. "Mãe! Olha!", eu gritava. Meu pai abriu a porta, eu estava mexendo ela para que ela "acordasse", dois ou três fios saíram. "Para com isso, Tohka!", gritou meu pai. Eu continuei, até meu pai me tirar de cima dela, eu me debatia, mas ele não me soltava. Ouvi um "biii", e o médico começou a mexer na mamãe e a revirar ela toda, recolocou os fios nela com pressa. Eu não conseguia me soltar.

A cena mudou outra vez. Duas semanas depois, meu pai não me deixava mais ver a mamãe, e eu não sabia por que, afinal eu não fiz nada com ela, ela que não estava prestando atenção em mim! Eu olhei para o fim do corredor, tinha que ficar do lado de fora, e meu pai entrava e saia da sala. O doutor veio falar com meu pai. Eles conversaram e o doutor entrou no quarto de novo. Meu pai veio até mim e disse que estava tudo bem com a mamãe. Eu perguntei se eu podia vê-la, e ele aceitou. Ela estava bem, estava sorrindo de novo. Eu me desculpei. E ela não entendeu. A minha felicidade era tanta, não podia segurar. Eu via a mamãe todos os dias até ela ficar estranha de novo, e então, dois meses depois, papai me falou que ela morreu.

"Deixa de ser chata, Tohka, seja feliz pelo menos uma vez na vida!", disse Mey alguma hora, mal ela sabia que eu já tinha sido feliz, mas a minha vida me fez mais triste do que ela poderia imaginar. Eu me tornei fria e insensível, mas eu gostava de mim assim, e meu pai sempre me dava os parabéns, eu não via problema naquilo. Mas na verdade eu estava sendo chata para Mey. Por que ela nunca me falou? Me senti mal.

– Tohka! Acorda! - gritou Mey.

– Ah... Sim, eu estou bem - falei, forçando um sorriso, como sempre. Não que eu fosse sempre séria, mas eu levava as coisas mais a sério que pessoas como a Mey. Eu senti meus olhos molhados, eu não havia chorado, mas meus olhos se encheram d'água. Que droga, preciso limpar isso, pensei.

– O que aconteceu? - ela perguntou, preocupada.

– Foram só alguns segundos de lembranças, é como se eu dormisse e tivesse um sonho, mas na verdade não é bem assim - expliquei.

– E isso acontece sempre? - perguntou Mey.

– Só quando a verdade é jogada na sua cara, Mey, mas esqueça isso, não quero que isso se espalhe.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado o/