Blue Sky! escrita por Caio V


Capítulo 8
Primeiro Monstro.


Notas iniciais do capítulo

... Preguiça.
Espero que gostem.



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Ainda que eu venha a cair nos braços da morte, peço que não me esqueça. Peço que me ame. Peço que se lembre de mim, por toda a eternidade.

O resto da noite foi tranquilo. Na verdade, eu caí no sono assim que Atena deixou meu quarto. Tive um sonho estranho naquela noite.

Eu estava novamente na Ferrari vermelha de Apolo. O deus dirigia.

- Confuso? – ele perguntou olhando-me curioso. – Atena não é a única que deixa as pessoas confusas, não é?

- Do que está falando? – perguntei suavemente.

- Afrodite – ele disse. De inicio não entendi muito bem, mas depois de uns segundos consegui compreender. – Ela gosta muito de você. É o primeiro mortal que ela simpatiza há cem décadas.

- São muitos anos – eu disse.

- Concordo – ele disse.

- Lorde Apolo – eu disse calmamente. Ele me olhou. –, o que sabe sobre a minha profecia?

Apolo freou bruscamente. O carro voltou-se para o céu ensolarado e ele acelerou. Em alguns segundos sobrevoávamos o Caribe. Que lugar lindo, tive vontade de saltar do carro e cair nas águas. Paramos em uma cachoeira. Apolo estacionou no topo da montanha e sentamos ao pé de uma árvore.

- Você sabe – ele disse. – eu sei o mesmo que você. Sei que se uniu ao exército de Atena e que algo grande, muito grande se aproxima. Tome cuidado.

Sabe quando você nota que o problema é sério? Quando no meio do seu sonho um dragão gigante aparece e parte o deus do Sol ao meio. E foi exatamente o que aconteceu.

Acordei em um salto.

- Que diabos...

Sentei na cama e olhei para o relógio. Sete e meia. Atrasado. Resolvi que ficaria em casa naquele dia.

Ouvi um barulho da cozinha, aparentemente, mas alguém resolveu ficar em casa. Desci e antes que eu fosse notado parei e tomei um susto. Beatriz e John estavam aos beijos na cozinha. Por pouco não passavam dos beijos.

- Hã-hã – eu disse tentado ser notado. O beijo foi interrompido e eles me olharam incrédulos e trêmulos. – É isso que você faz quando não tem ninguém em casa?

- C-Caio – ela gaguejou. John ficou calado boquiaberto. Olhei para ele.

- Entendi – ele disse. Olhou para Beatriz. – Até mais.

- Até – eles se aproximavam novamente quando eu fingi uma tosse e John dirigiu-se para a porta. Beatriz virou para mim e me fuzilou com os olhos. – Precisava fazer isso?

- Sim, precisava – eu disse dirigindo-me até a mesa. Sentei e comecei a comer um pão. – Já tomou café da manhã?

Levantei um pão e ela puxou da minha mão.

- Sério? Não acha que exagerou um pouco? – perguntou ela irritada.

- Você é minha irmã mais nova...

Ela me fuzilou novamente.

- Eu adoro que você queira me proteger, sabe disso, mas Caio... eu tenho quatorze anos – ela disse irritada.

- Ainda é cedo demais – eu disse. Beatriz murmurou alguma coisa e subiu para o quarto.

Comi o pão e fui ao banheiro escovar os dentes.

- Deveria estar na escola – disse Palas... quer dizer, Atena, ainda não sei bem. Aparecendo na porta.

- Lady Atena? – assustei-me. – Algum problema?

- Nenhuma referência? Francamente, para onde foi a educação dos mortais? – ela murmurou. Abaixei a cabeça e logo depois a levantei novamente. – Bem melhor. Agora quero que preste atenção na minha mensagem.

- Sim.

- Tome cuidado – foi tudo o que ela disse antes de desaparecer.

- Ótima mensagem... muito autoexplicativa, por sinal – murmurei entrando no banheiro. Escovei os dentes e saí novamente.

Ouvi um barulho vindo da cozinha. Então notei que não era um barulho, era mais como um uivo, um rugido, algo assim. Corri até o quarto de Bia, ela assustou-se a me ver.

- Outro sermão? – ela perguntou irritada.

- Não – eu disse. Olhei para ela. – Apenas fique aqui.

- Não pode me deixar de castigo – ela murmurou levantando-se da cama.

Um rugido ainda mais alto percorreu toda a casa.

- Pensando bem. To bem aqui – ela disse sentando-se novamente. – O que é isso?

- É o que pretendo descobrir – eu disse.

Desci as escadas, mas antes que eu pudesse chegar ao andar de baixo eu vi um par enorme de chifres. Os chifres sem moviam de um lado para o outro enquanto eu ouvia o barulho de coisas quebrando. Ótimo, minha mãe vai me matar. Desci as escadas e o monstro me encarou. Seus olhos brilhavam em um vermelho intenso e sanguinário, o pelo marrom cobria todo seu corpo, tinha cerca de dois metros e meio de altura e estava de pé em minha frente. O Minotauro.

- O.K... – eu disse olhando assustado para o Minotauro. Ele rugiu e correu em minha direção. Saltei para o lado e vi-o destruir a escada, Beatriz gritou do quarto assustada. Segurei o rabo do Minotauro e puxei-o, depois tentei soca-lo na barriga, ele quase não sentiu nada, apenas rugiu mais alto e tentou me atacar, por pouco eu não fui atingido.

Corri para a cozinha e o Minotauro me seguiu. Peguei uma faca e ataquei-o, em vão, a faca não causou nenhum ferimento nele, já era de se esperar. Ele segurou-me pelo braço e me arremessou contra os destroços da escada. Vi o Minotauro correndo minha direção, ele me segurou pela perna e levantou-me, me deixando de cabeça para baixo.

Uma flecha passou por baixo da minha cabeça, atingindo o Minotauro no joelho esquerdo. Ele caiu de joelhos e me soltou, bati com a cabeça no chão, mas não senti dor alguma, apenas vi algo prateado se aproximando.

- Herói – ouvi uma voz soando com desdém por trás de mim. Levantei e olhei para ela. Uma garota mais ou menos da mesma idade de Bia me encarava, olhos prateados e vividos, cabelos lisos, cumpridos e negros como a lua, pele branca e pura, sem nenhuma espécie de marca, como se ela tivesse acabado de tomar o primeiro banho depois do nascimento. Comparação estranha, eu sei. Ela vestia um manto prateado e antigo, aparentemente uma das antigas vestes gregas. Pendurada atrás de suas costas, uma aljava repleta de flechas emitiam um ofuscante brilho prateado. Seus olhos me encaravam como se a garota fosse a capitã do exército e eu tivesse acabado de cuspir em um gatinho. – Recomponha-se. Isso não é forma de apresentar-se para uma deusa.

- L-Lady Ártemis? – deduzi. Ela assentiu triunfante. Levantei-me e vi o Minotauro evaporar ao meu lado. – Obrigado.

- Atena pediu que eu viesse leva-lo até ela – disse Ártemis. – Sua irmã deve ficar. Apenas você, filho de Poseidon, deve vir comigo.

- Não posso deixa-la sozinha, e se...

Um brilho rosa pink tomou conta da minha porta. Afrodite entrou e olhou com desdém para Ártemis.

- Ártemis – ela disse seca.

- Afrodite – cumprimentou Ártemis ainda mais seca.

Afrodite aproximou-se de mim e segurou minha mão.

- Olá, Caio – ela disse sorrindo.

- Afrodite, afaste-se do semideus, por favor – disse Ártemis impacientemente. Afrodite encarou-a. Ártemis adiantou o pé direito. – Atena pediu que eu levasse-o até ela.

- Eu sei o que Atena pediu-lhe – disse Afrodite. Os olhos das duas deusas se cruzaram ferozmente, acho que eu perdi algo. – E no pedido dela não incluía: faça com que Afrodite fique longe do semideus.

- Francamente, Afrodite – murmurou Ártemis. Ela puxou minha mão. – Eu vou leva-lo e ponto.

- Quer medir forças comigo, Ártemis? – Afrodite disse furiosamente. Os olhos das duas deusas se cruzaram. No primeiro momento, pensei ver faíscas surgirem entre as duas. Ártemis deu um passo atrás. – Assim é melhor. Eu cuido de levar o garoto até Atena, ele precisa de uma proteção extra.

- Preciso? – perguntei interrompendo-as. As duas olharam para mim e assentiram juntas com a cabeça. Ótimo, a primeira vez que elas concordam em algo, e esse algo é que eu sou um fraco que preciso ser protegido. Resmunguei. – Que seja então.

- Faça como quiser, mas se algo acontecer ao garoto, a responsabilidade será sua – murmurou Ártemis.

- Pode deixar, Lady Ártemis – ela disse ironicamente. Com certeza Afrodite tem um lado muito... divertido.

Ártemis murmurou palavrões em grego antigo e desapareceu em uma fumaça prateada. Afrodite segurou minha mão novamente, toda vez que ela fazia isso, eu sentia meu coração disparar e todas as imagens bonitas e momentos marcantes que eu vivi viam em minha cabeça. Acho que isso significa que ela gosta de mim, caso contrário... bem, prefiro não saber.

- Perdoe-me por isso – ela disse. Sua voz passara de um tom furioso a um tom suave e aconchegante em um estalar de dedos. – Pronto para uma viagem ao mundo dos livros e projetos?

- Acho que sim – eu disse lentamente.

Afrodite sorriu. A deusa segurou minha mão, em um milésimo de segundo estávamos no topo de uma montanha, com gelo espalhado por todos os cantos. Mesmo com tanto gelo e tanta altura, eu me sentia aquecido, como se estivesse no Caribe.

- Não a vejo – eu disse procurando por Atena.

- Ela não está aqui – Afrodite disse calmamente.

Meu coração disparou.

- Por que me trouxe até aqui então? – perguntei assustado. Repentinamente eu comecei a sentir o frio que fazia naquela montanha.

- Não se preocupe, semideus – ela disse elegantemente. Sentou-se no topo da montanha e balançou as pernas sobre o gelo. Bateu ao lado dela como se pedisse que eu sentasse. Foi o que fiz. Afrodite fechou os olhos. – Em momentos assim, precisamos fechar os olhos e nos desligar do mundo. Ir para um lugar isolado e esquecer-se de tudo. Tente, feche os olhos.

Segui o conselho de Afrodite. Fechei os olhos e comecei a concentrar-me no som da montanha, no silêncio do gelo. Senti algo doce e levemente gelado em meu lábio superior, abri os olhos. Afrodite segurava-me pelo queixo e seus lábios se aproximavam dos meus, por um momento eu quis impedir, mas entreguei-me ao momento. Nossos lábios se tocaram, nossas línguas se entrelaçavam. Ela mordeu levemente meu lábio inferior e levemente ela se afastou. Implorei que aquele momento não acabasse. Quando abri os olhos novamente, ela sorria para mim. Seus olhos azuis e doces, cabelos dourados e lisos, quando um fio caía sobre seu olho direito, mas sem que ofuscasse seu brilho natural. Ela sorria levemente.

- Sua deusa o espera – ela sussurrou ao pé do meu ouvido.


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Notas finais do capítulo

Cadite? Afrio? e.e'
Gostaram? Comentem. E digam-me: tia Dite não é a deusa mais perfect de todos os milênios? *-*