Blue Sky! escrita por Caio V


Capítulo 10
Sonho.


Notas iniciais do capítulo

Então... Preguiça.
Espero que gostem.



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O verdadeiro guerreiro não é aquele que luta por honra e dinheiro, e sim o que luta por amor e felicidade.

Naquela noite eu tive um sonho conturbado.

Estava em minha casa novamente, tomando café da manhã sozinho. E com um jornal na minha frente. Peguei-o e li.

- Dia 29 de Setembro de 1955 – li em voz alta. – Acusado de assassinar esposa e enteada é preso. Wilmer Sterson, um londrino de 45 anos, assassinou a esposa, Meredith Mickaelly e a enteada, Clivia Mickaelly, depois de uma suposta briga familiar. Relatos dizem que Wilmer abusava sexualmente de sua enteada, e esse pode ter sido o motivo do assassinato. O senhor Sterson será julgado nesta terça feira. Leia mais na página 03.

Pulei para a página três, mas o jornal estava mais moderno. Olhei para a data 26 de Março de 1990.

- Depois de trinta e cinco anos preso em regime fechado, Wilmer Sterson, acusado de matar a enteada e a esposa é solto. – Li. – Senhor Sterson agora cumpre prisão domiciliar na casa de seu irmão gêmeo, Diogo Sterson.

O jornal mudou novamente de data. Agora estava em 27 de Março de 1990.

- Wilmer Sterson, que cumpria prisão domiciliar, foi encontrado morto na piscina de seu irmão, Diogo Sterson, hoje às quatro da manhã. – Li. Paralisei por um momento. – Os médicos não tiveram dúvidas: Wilmer foi morto afogado durante um churrasco de boas-vindas na casa do irmão. Diogo disse em entrevista: - eu não sei o que aconteceu, em um segundo ele estava bem, comendo e bebendo como os outros, e então ele simplesmente mergulhou e ninguém conseguiu levanta-lo até que estivesse morto. Como se alguém o puxasse lá em baixo – disse o irmão de Wilmer. A piscina tinha apenas cinco mil litros e é difícil que um homem adulto se afogue nela. O caso Wilmer continua em aberto.

Não tive tempo para ficar assustado, confuso ou impressionado com aquilo tudo. Pois logo depois eu me vi em outro cenário. No topo de um prédio no coração de Hollywood.

- POSEIDON, QUANTO TEMPO VAI DEMORAR PARA ENTENDER QUE NÃO DEVEMOS NOS ENVOLVER EM ASSUNTOS MORTAIS?! – gritava um homem encapuzado.

- Não sei, por que se importa. Tenho a eternidade inteira pra isso – respondeu Poseidon de forma irônica.

- Você é irritante – murmurou o primeiro homem.

- Como se eu me importasse com o que pensa – Poseidon respondeu em um tom despreocupado.

- Ele era um mortal, você não tinha o direito de...

Poseidon empurrou o outro deus contra a parede. Seu capuz caiu e seus olhos brancos e cabelos castanhos e curtos, com uma expressão de raiva no rosto, foram revelados.

- Ninguém tem o direito de dizer a mim o que devo ou não fazer quando se trata dos MEUS filhos – Poseidon disse imprensando o irmão contra a parede. – Nem mesmo você! Ou nenhum dos outros deuses!

O deus fez força contra Poseidon e soltou-o.

- COMO OUSA FALAR ASSIM COMIGO?! – ele berrou. Raios tomaram conta dos céus.

- Não pode me matar, irmão – Poseidon sorriu. – E não digo isso porque sou imortal.

- Isso é um desafio?

- Talvez.

Uma nuvem negra tomou conta do prédio. A nuvem se uniu e formou um homem. Cabelos negros, olhos vermelhos e aparência rude, mas com uma expressão de diversão no rosto.

- Vocês parecem dois velhos... Ops – disse o homem com um sorriso frio no rosto.

- Hades? O que faz aqui? – perguntou Poseidon.

- O prazer é todo meu, Popo – Hades fez uma referência. Popo? Eu tenho quase certeza que ri na cama. Hades virou-se para o outro deus. – Zeus.

- Hades... – murmurou Zeus.

- Sabe que odeio que me chamem dessa forma – reclamou Poseidon.

- Eu odeio ficar no Inferno, você fez algo para mudar isso? – Hades perguntou. Poseidon rugiu. – Como imaginei. Então, o que as crianças estão discutindo nessa magnifica noite? Olhem aquela lua... uau.

- Aposto que Ártemis ficaria lisonjeada – disse Zeus com um sorriso forçado no rosto.

- Estávamos falando sobre o assassinato que cometi ontem – disse Poseidon.

- Eu ouvi falar – disse Hades sorrindo. – Ótimo trabalho, irmão. Fiquei quase orgulhoso de ser seu irmão mais velho. Mas eu lembrei que Zeus também faz parte da família.

- Vá para o Inferno – murmurou Zeus.

- Acabei de sair de lá e você já quer que eu volte? – murmurou Hades.

- Enfim... – Zeus disse ignorando-o. – Poseidon, não deveria ter feito aquilo. A garota já está com Afrodite, sã e salva.

- Não fiz pela garota – Poseidon disse. Saltou sobre o topo do prédio. Logo abaixo os mares estavam agitados. – Ele matou alguém importante para mim.

- Isso não é motivo para...

- Quem é você para julgar os motivos de alguém? – Poseidon disse e Zeus rugiu. – Tenham uma boa noite, irmãos.

Poseidon saltou sobre o mar e eu acordei.

Sentei na cama e peguei minha carteira na cabeceira. Abri-a e tinha uma foto de minha mãe e Bia sorrindo.

- Como vou ficar sem vocês pela eternidade? – perguntei a mim mesmo.

- É um preço que se deve pagar pela imortalidade – ouvi alguém dizer. Virei-me. Poseidon entrou no quarto. – Posso me sentar?

Assenti. Ele sentou.

- O que quis dizer?

- Eu estou vivo há milênios – ele disse. Sua expressão era triste, mais triste do que eu jamais vira. – Faz ideia de quantas pessoas perdi? Faz ideia de como era difícil não sentir nada em relação a isso?

- Poseidon...

Ele não deixou que eu falasse.

- Eu não queria... – uma lágrima escorreu pelo rosto dele. – não queria perder mais ninguém. A imortalidade é cruel.

- Eu...

- Sempre achei que a imortalidade era maravilhosa. Até conhecer a Medusa – ele disse. Olhei-o. – Ela era linda, tenho de confessar, mas a sede por poder tomou conta dela. Não era minha intenção tê-la, nunca foi, mas quando aconteceu...

- Você não conseguiu impedir – completei. Ele assentiu. Nunca imaginei que Poseidon, o lord dos mares, pudesse chorar, mas ali, sentado ao meu lado, eu notei que ele não era mais do que uma pessoa, mais do que um homem. Ele tinha sentimentos, e isso o tornava cada vez mais próximo de um verdadeiro pai.

- Caio, quando eu deixei sua mãe para trás... eu estava com... medo – a última palavra soou como se ele estivesse admitindo algo que, para um deus, era impossível. Ou difícil demais para se admitir. – Medo de acontecer como das outras vezes. Medo do inevitável.

- A vida é assim – eu disse. Poseidon me olhou. – Você perde pessoas importantes e não pode fazer nada para mudar isso. Nem mesmo um deus.

Poseidon levantou.

- Pai – chamei-o. Ele olhou para mim. – o que Atena escreveu... no cartão?

- Obrigado – ele disse e saiu.

Obrigado? Que espécie de mensagem fofa e meiga é essa? Deuses...

Ouvi alguém bater na porta. Abri-a e Julliana me abraçou.

- Pelos deuses, achei que estivesse morto – ela disse me apertando.


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Notas finais do capítulo

Tio Suquinho divo :3
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