Flying With Bloody Wings escrita por Amaryllis Namikaze


Capítulo 1
Capítulo Único




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Eu voei bem, bem alto com minhas asas sangrentas.

Fazendo uma trilha vermelha atrás de mim,

As imagens de meus pesadelos, horrendas,

Com as dores e temores, eu desisti – ao fim.

-

Naruto sempre se considerou uma pessoa forte. Ele não tivera muitas pessoas com quem conversar quando menor. Em tardes ensolaradas em que crianças brincavam umas com as outras, o pequeno loiro ia para o escritório de Hokage-jiji e contava histórias fantasiosas, que sempre terminavam com ele mesmo sendo o Godaime-sama e com uma família.

Ele não sabia na hora, porém, mais tarde, descobriu que fazia isso somente para esconder sua dor de Jiji, que sorria vendo sua pseudo-felicidade.

Eu faço versos como quem chora.

Naruto nunca desistiu. Ele sabia que desistir era inútil. Tão inútil quanto querer algo. O que ele quisesse, sempre teria de lutar para alcançá-lo. Ele sabia que não podia ficar quieto, à espera que as coisas acontecessem. Além disso, nem havia mãe a quem pedir, nem pai a quem fazer cara de cachorrinho perdido.

Naruto, na verdade, aprendeu realmente rápido quedesistirenão chorareram palavras-chaves. E, assim sendo, ele não chorou ao ouvir palavras feias, nem desistiu ao não ter nenhum amigo ou reconhecimento.

De desalento... Dedesencanto.

Naruto não deixou a decepção ou desânimo alcançá-lo. Se algo não era fácil de conseguir, então ele trabalharia duas vezes mais. A frustração de ser sempre o último dos últimos em sua turma ninja não o chateava realmente. Se fosse honesto consigo mesmo, até poderia dizer que tinha orgulho de quem era.

"Naruto Uzumaki, eu serei Hokage um dia!", era o que o loirinho gritaria para quem quisesse ouvir; e, mesmo quando havia somente Hokage-jiji, Iruka-sensei e um garoto engraçado e preguiçoso em sua sala de aula para escutar, o menino ignorou – e continuou falando.

-

Fecha meu livro se por agora

-

Não foi uma ou duas vezes que Naruto quis parar tudo, sentar-se no chão, como alguém muito velho e cansado, e desistir. Assim como não foram três ou quatro vezes que ele gritou de frustração no meio da noite porque queria que sua vida fosse diferente.

A primeira falha no teste Genin não foi dolorosa. Honestamente, a segunda foi quase tola. A terceira, no entanto, foi ridiculamente decepcionante. Sentado no balanço, Naruto deixou sua máscara cair – era impossível olhar para famílias verdadeiramente felizes enquanto sentisse que começaria a chorar a qualquer momento.

Foi a primeira vez em anos que ele não usou seu sorriso falso.

Não tens motivo nenhum de pranto

E, mesmo que doessem infinitamente, Naruto aprendeu a ignorar os insultos. Aprendeu a ignorar a preguiça de Kakashi-sensei, a arrogância de Sasuke e os "Baka!" de Sakura. Naruto sabia ― como sabia desde criança ― que chorar não adiantaria. Era seu código. Não chorar.

Porém, lá, lá no fundo, ele soltava lágrimas; se nem seu time Genin o aceitava e reconhecia sua força, por que o fariam os outros? Ele simplesmente suspiraria em casa, ergueria a cabeça e não deixaria a decepção cobrir seus pensamentos.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...

Naruto não soube quando, exatamente, as coisas começaram a mudar. Pode ter sido naquela maldita floresta, como pode ter sido naquela arena. Fosse como fosse, Sasuke não era o mesmo. Sakura ainda o perseguia, Kakashi-sensei ainda chegava atrasado, e ele ainda era um bastardo arrogante. Naruto queria pensar que era sua imaginação e paranoia – talvez somente ele estivesse reparando na mudança. Na hora, o pequeno loiro não sabia, mas seu interior também mudava.

Ele reparou nisso somente quando viu seu próprio sangue na luta contra Kabuto e escutou as palavras ― ele não era tão bom quanto Sasuke, nunca seria. Então, Naruto confirmou que seu amigo e rival mudava, assim como ele próprio o fazia.

Tristeza esparsa... Remorso vão...

Naruto, então, aprendeu a observar. Ele odiou com todos os seus poros o que percebeu de suas meticulosas observações. Não gostou da solidão devido à morte de Hokage-jiji e não gostou doChidoride teme. Não gostou da obsessão de Sakura, muito menos da desatenção de Kakashi.

Ele ignorou e chegou à conclusão de que talvez fosse melhor parar de observar e concentrar-se somente em seu treinamento com Ero-sennin e missões dadas por Obaa-chan.

Dói-me nas veias.

Enquanto corria atrás de Sasuke, Naruto revisou suas regras.Não chorar. Não quebrar promessas. Ignorar desânimo e decepção. Seguir em frente. Correndo, ele escolheu a mais apropriada para a situação. Ele tinha prometido a Sakura que traria Sasuke de volta.

Se não estivesse tão ocupado pensando na promessa, Naruto poderia ter percebido a mudança. Pouco a pouco, incompreensivelmente para ele, sua visão sobre o moreno mudava. Quando o bastardo passou de teme para teme importante em sua vida?

Quem sabe se Naruto tivesse sido observador, ele tivesse notado isso? Mas, semanas atrás, ele escolhera concentração acima de percepção. Concentrando-se na promessa, o loiro ignorou as observações.

Amargo e quente

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Naruto simplesmente encarou aqueles olhos da cor do ônix. Azul e ônix simplesmente se olharam. O azul olhou para baixo ― havia algo correndo através de seu peito. Naruto estava tão confuso, ele não conseguia dizer exatamente o que era. Aquilo eram raios?

Se ele estivesse pensando claramente, saberia que era um Chidori. Mas ele não estava em sã consciência. Na verdade, os raios não machucavam muito, mas faziam um barulho engraçado, como mil pássaros raivosos cantando. O azul levantou o olhar e encarou o ônix novamente.

O ônix estava satisfeito. Principalmente ao tirar os raios do azul.

Cai, gota a gota, do coração.

Naruto sentiu cheiro de sangue. Suas pálpebras piscaram e o menino viu que se encontrava na margem de um rio, e o som de uma cachoeira soava ao redor, não muito longe dali.

Céus, por que sua cabeça doía tanto? E aquele cheiro de ferro era tão enjoativo... Naruto olhou à sua volta, sem muita vontade e força realmente. Pela primeira vez em anos, quebrou sua regra sobre desânimo. Ele não tinha força o suficiente para olhar para baixo e ver sangue em seu peito, ver os estragos do golpe.

Naruto deitou a capeça em um pedregulho próximo a margem em que estava estirado e permitiu-se descansar.

E nestes versos de angústia rouca

Tinha sido tão rápido! Tão... simples. Ele era realmente tão fraco assim? E todos esses meses que proclamara a todos que ele ― (use travessão) Naruto Uzumaki ― (use travessão) tinha se tornado um dos melhores ninjas de Konoha foram somente inutilidades? Todas as suas regras de vidas, todas as suas forças. Como somente uma pessoa conseguiu quebrá-las? Como Sasuke conseguira quebrá-lo?

Seu peito doía, mas ele tinha certeza de que não era por causa do Chidori.

Assim dos lábios a vida corre,

A promessa a Sakura fora quebrada. Regra número um: não quebrar promessas. Ele não conseguira e somente desistira, estirado ali, ao chão de pedras. Regra número dois: seguir em frente. Sem vontade ou forças para quererlevantar. Regra número três: ignorar a decepção e o desânimo. Lágrimas escorrendo por seu rosto sujo de poeira. Regra número quatro: não chorar.

Impedindo os soluços de virem mais ridículos e vergonhosos do que suas próprias lágrimas, Naruto perguntou-se quando ele se tornara tão patético a ponto de quebrar suas próprias regras.

Quando criança, ele olhou para Hokage-jiji e disse agarraria qualquer oportunidade de amor e felicidade com as duas mãos. Nunca perderia qualquer chance que tivesse de fazê-lo. Nunca. Fora nesse dia que ele estipulara regras. E, ora, tão fácil, tão simplesmente, Naruto não soltara as duas mãos? Não fora tão ridiculamente ignorante por não ter pensado que Sasuke fora a Orochimaru por livre e espontânea vontade? E ali, deitado à margem daquelerio sujo com seu sangue, ele não chorava? Quando foi que as coisas mudaram tanto? Quando ele se tornou tão fraco? Ele quase tinha vergonha de pronunciar seu nome e dizer que seria Hokage algum dia.

Deixando um acre sabor na boca.

Em sua infância, ao sentar-se na torre do Hokage para contar suas fantasiosas histórias, nenhuma delas tinha sangue ou morte. Somente ele ― poderoso, forte e com uma família. Pelo que parecia, nenhuma dessas coisas se tornaria realidade.

Neste cenário triste e solitário que era o Vale do Fim, a única semelhança com o escritório acolhedor de Jiji era sua máscara de contente. Não era uma máscara física. Ele somente usava um sorriso falso, mas tão falso, que Naruto convencera-se de que não mais sumiria. E tornar-se-ia real.

O pequeno loiro mexeu-se inquietamente. O cheiro de sangue ainda estava forte e seu peito doía horrivelmente. As lágrimas já haviam secado. Apesar de tudo, o menino sorriu. Era um sorriso falso, até mesmo para ele.

No entanto, fechando os olhos, ele somente desistiu de suas regras e pensou no quanto fora bobo. Nem mesmo suas histórias fantasiosas o salvariam agora.

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Eu faço versos como quem morre.

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Notas finais do capítulo

- O final era pra ser vago assim mesmo.

— O poema usado nesta história é do Manuel Bandeira e se chama Desencanto. Eu o li na minha aula de Português e fiquei-o repetindo na minha cabeça durante três dias. E hoje finalmente cheguei à conclusão que se não usá-lo para algo, pirarei. Então, aí está.

— Sobre o título e a poesia no início, ambos são meus. Não sei se existe alguma música com esse nome, muito menos sei se a poesia (ridiculamente fraca) do começo existe. Eu precisava de algo adequado e não queria chamar minha história de "Desencanto".



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