Perdidos No Amor escrita por Carol di Angelo


Capítulo 4
Problemas




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Se eu encontrasse uma Akuma no Mi de teleporte, confesso que acabaria por come-la. Essa habilidade seria muitíssimo útil no momento em que observava a mulher por quem estava apaixonado estar a segundos de virar almoço de leão. Nada que eu pudesse fazer adiantaria.
Nem mesmo meu grito desesperado de aviso serviu.

- ROOBIN!!!

Deu tempo apenas para sua expressão de tranquilidade ser substituída por uma feição assustada e surpresa. Momentos depois ela foi derrubada pelo imenso carnívoro que a atacara pelas costas.

Não hesitei um segundo antes de correr em sua direção e descontar minha raiva em um único golpe fatal. O felino caiu morto aos meus pés, mas o estrago já estava feito.

Ajoelhei-me ao lado de Robin e a tomei em meus braços. Seu rosto sem expressão mostrava a boca e os olhos fechados, uma leve corrente de respiração saindo de seu nariz.

Desmaiada. Ótimo,pensei.

Desviei a visão para mais abaixo, e quase tive um ataque quando olhei para meu braço. Estava levemente tingido de vermelho, e o líquido vinha das costas dela. Girei seu corpo e encontrei a origem do sangue: um longo corte feito pela garra do leão atravessava sua omoplata direita.

Controlei meu desespero, dizendo a mim mesmo que a situação não precisava de todo esse pânico. Ora, eu precisava apenas voltar para o navio e deixa-la sob os cuidados do Chopper e tudo estaria resolvido. O ferimento nem chegava a ser grave;o contato com a lâmina da pata fora apenas superficial, nada que causasse uma grande perda de sangue ou coisa do gênero. Mesmo assim, o simples fato de vê-la machucada e indefesa assim me deixava preocupado, ainda mais sabendo que fora tudo culpa minha.

Não a fim de perder mais tempo, comecei a envolve-la delicadamente em meus braços (momento que meu coração começou a bater rápido) e a ergui no colo. Ter seu corpo em contato com o meu me deixou nervoso, e me perguntei se estaria violando alguma privacidade ou mesmo sendo ofensivo. Não, não, ela precisava de ajuda.

Ok, primeiro obstáculo: qual a direção do navio? Esse não é um problema que eu costumo admitir, mas tenho certas dificuldades com direção. Não tinha ideia de qual lado deveria seguir pra começo de conversa. Poderia subir em uma árvore e ir pulando de galho em galho como um macaco até encontrar o barco, para mim não havia dificuldades. Mas carregando a Robin inconsciente, não acreditava ser capaz de leva-la desse modo sem feri-la.
Teria de ser do jeito mais difícil. Bem, me lembro que, do caminho que viemos, Sanji e Brook seguiram pela outra divisão. Poderia voltar e ir atrás deles, mas não fiz isso. Meu orgulho besta me obrigou a tentar me virar sozinho.

Olhei para o rosto sem expressão de Robin, tombado no ombro e encostado em meu braço. Inclinei minha cabeça para próximo de seu rosto e sussurrei em seu ouvido: ''Não se preocupe, vou cuidar de você.''

Depois de um tempo caminhando pude dizer que estava oficialmente perdido. Não sabia de onde tinha vindo, muito menos para onde ir. Provavelmente passei um bom tempo andando em círculos. Tentei fazer marcações em árvores, e passei pela mesma umas cinco vezes. Orientação pelo sol também de nada adiantava, se eu não observei sua posição no começo daexpedição.

Por falar em sol, conforme eu passei a olhar para cima, notei que o céu estava adquirindo um tom laranjado, se preparando para o anoitecer. A preocupação tomou minha mente quando vi que não havia feito progresso algum nessas horas todas. Olhei para Robin, mas ela continuava desmaiada. Não tinha ideia de seu estado, mas sabia que ela não estava tendo nenhum sonho agradável.

Continuei caminhando enquanto observava o crepúsculo, já certo de que não encontraria ninguém antes do anoitecer. Preocupei-me então em procurar abrigo. Se dependesse da situação, teria de acabar fazendo uma cabana... Mas nesse momento, me veio a memória de um pensamento que tive logo que chegamos na ilha: as árvores. Lembrei de como eram abertas e espaçadas no topo, o que dava um bom lar provisório.

Parei e observei a árvore mais próxima. Era enorme, mas consegui identificar a clareira em sua copa, e decidi que era lá que ficaríamos por enquanto. Ok, abrigo: confere. Próximo passo: chegar lá em cima. Seria muito simples se eu estivesse sozinho, apenas correr pelo tronco até alcançar os primeiros galhos e saltar até o topo. Porém, escalar uma árvore colossal carregando uma mulher inconsciente era um pouco mais complicado.

Olhei em volta para tentar encontrar um meio de subir, mas como esperado não vi nenhuma escada, apenas folhas, pedras, cipós, flores... Ah, cipós, ótimo. Deitei Robin delicadamente no chão e corri para juntar as plantas enquanto o plano já se formava na minha cabeça. Não era a coisa mais estratégica e elaborada do mundo, mas não havia muitas opções.

Quando tinha em mãos um pedaço considerável de cipó, encarei a árvore e comecei a aprontar as coisas. Amarrei uma das pontas no cabo de uma katana, e em seguida arremessei-a o mais alto que pude em direção a copa. Não me exigiu muito esforço, e minha mira garantiu que a lâmina da espada se fixasse bem onde eu queria. A outra ponta do cipó ficou balançando próxima as raízes. Se tudo corresse bem, em alguns minutos estaria em segurança em um esconderijo discreto, à prova de leões e cozinheiros idiotas (eu esperava).

Carregando a arqueóloga novamente, agarrei a corda improvisada e comecei o difícil trabalho de escalada. Lentamente, um pé atrás do outro, eu avançava ganhando altitude, o corpo dela esbarrando no meu a cada solavanco. Preocupei-me com a possibilitasse de algo dar errado, uma queda. Claro que ela estava bem amarrada ao meu peito, mas não era a segurança necessária para uma situação dessas. O suor já estava começando a brotar em minha testa quando me aproximei da abertura nos galhos.

Depois dos longos minutos de escalada tortuosa, minha mão conseguiu agarrar um suporte, e com cuidado consegui impulsionar Robin e a mim para dentro da caverna, onde me deparei com uma superfície realmente plana. Esperava encontrar um emaranhado de galhos de enroscando uns nos outros fazendo o chão, mas não. O terreno era relativamente liso, com alguns leves declives e lombadas, como se o tronco tivesse sido cortado fora a partir daquela parte, deixando apenas alguns galhos que continuavam a subir e fechavam o salão como cortinas.

Caminhei pela clareira admirando sua estranha beleza, o modo como a luz do luar bruxeleava contra o chão, atravessando fendas nas folhas, que balançavam no teto com a leve brisa e davam a impressão de que todo o lugar era vivo. Quer dizer, sim, eu sei que as plantas tem vida, mas era como se a árvore sentisse nossa presença, como se tentasse se manifestar também.

Estive tão concentrado analisando o ambiente por um tempo que me assustei quando minha companheira se mexeu inquieta em meus braços.

Sou idiota, como pude esquecerdela?,pensei.

Meus olhos se arregalaram de surpresa quando vi os dela se abrindo lentamente, quase com medo de receber a luz. Deitei-a no chão enquanto acordava, e ao acomodar-se, já sentava devagar passando a mão na cabeça. Assim que acordou de verdade, a preocupação e a agitação pesaram sobre seus ombros.

- Onde... o que aconteceu? - perguntou atônita - onde estamos?

- Calma calma - minhas mãos tinham ido parar involuntariamente em seus ombros. Retirei-as, nervoso, assim que percebi - Vou lhe explicar tudo, mas antes temos um problema para resolver.

Apontei para suas costas, e creio que seu coração tenha dado um mortal quando viu o ferimento. O que mais me impressionou foi a calma que ela demonstrou, mesmo depois de ver o enorme corte que escorria sangue seco em suaomoplata. É... maturidade realmente é outro nível.

- Hm... então realmente havia um leão atrás de mim - deduziu pensativa.

- Sim, ele foi estratégico - me lembrei da responsabilidade e novamente me senti culpado. Encarei e chão - Me desculpe por ter deixado o leão te atacar, a culpa foi minha.

Por algum motivo, encarar seu rosto pareceu a coisa mais difícil do mundo, mas quando finalmente consegui, encontrei um sorriso calmo e um olhar de afeto.

- Não foi sua culpa, eu apenas fui um pouco lenta - disse com uma risada, como se isso já fizesse parte da rotina.

Olhando-a desse jeito, não pode evitar me sentir aliviado. Ser motivo de chateação para ela não me parecia nada convidativo. Não pude evitar de sorrir também.

- Ok mas, precisamos dar um jeito no seu machucado. Eu estava a procura do navio e dos outros, mas acabei - fiquei um pouco envergonhado nessa parte - me perdendo.

- Tudo bem - seu tom mostrava que ela não se importava com esse desvio todo, o que era um milagre - A ferida não é grave, e aqui nessa árvore já tenho tudo o que preciso.

- Tem? - encarei-a duvidoso - Como sabe?

- O cheiro que vem dessas folhas - explicou - É o odor inconfundível de uma erva muito usada na medicina para limpar e cicatrizar ferimentos. Depois de passar um tempo com Chopper, aprendi a identifica-la apenas pelo cheiro.

Minha mente fez ''uau'' de admiração. Uma simples porém fantástica demonstração de conhecimento nesse estado me deixou de queixo caído.

- Se tem certeza disso, vou colher algumas dessas folhas pra você.

- Ótimo. Enquanto a erva faz seu trabalho, podemos trocar ideias sobre nosso paradeiro - ela ficou séria - porque, mesmo consultando o céu noturno, não tenho ideia deonde estamos.


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