Confusão de Gênero escrita por Frida


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

"HAMSTER, É UM HAMSTER!"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/417443/chapter/1

Já tive tudo quanto é bicho de estimação que você possa imaginar! Cachorro, papagaio, tartaruga, gato, pônei, coelho, peixe beta e muitos outros tipos.

Meus pais, assim como eu, amam animais. Minha casa parece até um zoológico, uma confusão só. A maioria dos bichinhos, nós resgatamos da rua.

Num dia desses, estava voltando para casa, a pé, e decidi dar um pulinho na loja de animais. Lembrei-me de que o estoque de ração lá em casa estava quase acabando. Fui ao caixa para pagar e vi um animal diferente.

— Ei, o que são essas coisas aqui...? – perguntei ao seu Geraldo, dono da loja e amigo dos meus pais.

Apontei em direção a uma pequena gaiola, atrás do balcão, onde estavam duas “bolotas peludas” de cor branca na barriga, bege nas costas e com uma linha preta que ia do rabo à cabeça. Será que eram ratos? Minha mãe tem pavor de ratos! De vez em quando aparecem uns lá em casa, mas mamãe põe todos para correr.

— Esses daqui? Ah, são hamsters chineses.

Uau! Nunca tinha ouvido falar desses tais hamsters (que nome complicadinho de falar, hein?) muito menos vindos da China. Será que seu Geraldo não teria uns hamsters brasileiros para eu ver? Foi o que lhe perguntei em seguida.

— Chinês é o nome da raça. Igual tem o hamster Sírio, o Roborovisk, o Anão-Russo Campbells, o Anão-Russo Winter-White...

— Nossa, que nomes mais estranhos! Mas, vem cá, como é que eu cuido de um ham-hamster?

— É só dar comida, água e trocar a serragem, essa palhinha que cobre o chão da gaiola, uma vez por semana. Eles dão pouquíssimo trabalho, é como cuidar de qualquer outro animal de estimação.

Troquei mais algumas informações com ele. Descobri, por exemplo, que os hamsters chineses podem ter até 70 filhotes por ano. É muita coisa, né? Seu Geraldo foi até a gaiola e pegou um dos hamsters para me mostrar. Disse que era o macho e me aconselhou a levá-lo em vez da fêmea, que costuma ser mais anti-social.

Não pensei duas vezes antes de comprá-lo. Queria só ver, quando chegasse a casa, qual seria a reação dos meus pais. Aposto que ficariam muito felizes! Pois eles mesmos diziam: quanto mais animais melhor.

— UM RATO!! AAAAHHHH

Tá, por essa eu não esperava.

— Mãe, mãe! Ele não é um rato, ele é um...

Ah, péssimo momento para esquecer o nome do bicho! Como é que era mesmo? Ham, ham, ham...

— HAMSTER, É UM HAMSTER!

Em seguida, tentei argumentar de todas as maneiras possíveis para minha mãe me deixar ficar com ele. Mas, no final, acabei mesmo ficando é de castigo.

Por sorte, meus avós (após eu implorar muito) aceitaram ficar com o hamster, que apelidara de Bartolomeu. Não sei de onde tirei esse nome, simplesmente veio na minha cabeça!

Uma vez por semana ia à casa dos meus avós para cuidar do bichinho. Gostava de tirá-lo da gaiola e colocá-lo na hamster-ball (uma bola transparente e oca), para ele poder rolar pela casa. Outras vezes eu o deixava escalar meu braço (o que fazia muitas cócegas) e depois ele descia escorregando pela minha barriga. Sempre que chegava perto de sua gaiola, chamando por seu nome, logo ele vinha me receber.

Tá certo que os hamsters são meio ceguinhos, não enxergam lá muito bem, mas eles têm uma ótima audição e bom olfato. Outra coisa que você precisa saber a respeito desses bichinhos é que eles são noturnos. A maior parte do dia eles passam dormindo e a noite é o terror, fazem o maior barulho e não deixam ninguém dormir! (a sorte dos meus avós é que eles têm sono pesado).

Enfim, depois de algum tempo, começaram a aparecer alguns problemas que me deixaram bem preocupado. Um deles foi que Bartolomeu estava ficando muito gordo. Admito, ele é um pouquinho preguiçoso e meio sedentário, né? Ah igual a mim, devo dizer. Afinal, todo mundo sabe que para tratar a obesidade é preciso “fechar a boca” então falei para minha avó passar a controlar sua nova dieta, própria para hamsters.

Outro problema que surgiu, um bem mais grave, foi que Bartolomeu ficou muito arisco. Mordia todo mundo que o tentasse pegar, inclusive a mim!

Sua primeira “vítima” foi a empregada dos meus avós, Clementina. Eu estava por perto na hora e posso dizer, sem exageros, que a ferida foi bem profunda e sangrou bastante. Não sei nem como expressar em palavras o quanto fiquei chateado!

A partir daí, nada foi o mesmo.

***

Como o tempo passa rápido! Meu aniversário seria dali a alguns dias. E por incrível que pareça não me sentia assim tão feliz.

Minha mãe, talvez querendo me animar um pouco, trouxe a gaiola com o Bartolomeu para passar um dia conosco. Isso aconteceu na véspera do meu aniversário. Fiquei surpreso com seu gesto de permitir que um “rato” vivesse debaixo do mesmo teto que ela.

No dia seguinte, meu aniversário, acordei bem cedo como de costume e antes mesmo de abrir meus presentes, fui dar uma olhada no ham...

— O QUE É ISSO??

Dentro da gaiola havia umas coisas pequenininhas, rosa claro, em baixo do Bartolomeu. No segundo que compreendi que eram filhotes, explodi.

Comecei a gritar, fazendo um estardalhaço tão grande que era bem capaz de ter acordado toda a vizinhança. Porque agora TUDO fazia sentido! O fato de ele estar tão gordo e agressivo, mordendo todo mundo.

O Bartolomeu era, na verdade, uma Bartolomina!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Foto acima dos filhotes com uma semana de vida.
Imagem da capa de um desses filhotes com um ano de idade, chamado Fofuxo (✰ 06/09/12 ✞ 23/12/14).
→ [Extras] Para mais informações, curiosidades e saber o que aconteceu depois da história, leia aqui: bit.ly/1uqHf7s