Treacherous escrita por Leloty


Capítulo 10
Uma confusão atrás da outra


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo vai fazer os amantes de Luca me matarem '-' Please, calma, respirem fundo e não me batam u.u



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No entanto, quando Luca chegou a casa, a última coisa que pensou em fazer foi descansar. Ele entrou em seu quarto, trancou a porta e sentou-se na cama, tirando do bolso do jeans a foto e o bilhete que havia surrupiado do quarto de Sharon. Ele releu o bilhete, tentando sentir novamente aquela alegria que sentiu quando leu pela primeira vez, mas seus pensamentos agora estavam conturbados pela frase que Aaron não terminou, mas que ele mesmo havia completado mentalmente.

Ele começou a visualizar imagens que não queria, de Sharon e Aaron... Ele não queria ver aquilo. Não, ele podia estar blefando, certo?

Por mais que Luca duvidasse dessa possibilidade, agarrou-se a ela e tentou focalizar sua mente nela. Novamente, quando relaxou mais, sentiu aquele incômodo que avisava que ele estava prestes a se teletransportar, mas justo quando sentiu o chão sob seus pés desaparecer, aquelas cenas que Aaron havia insinuado voltaram à mente do garoto. Ele estava quase animado por estar pegando prática naquele negócio de aparatar e rastrear pessoas, quando perdeu o controle por causa do que havia imaginado. Ele não tinha pensado em Sharon, ele tinha pensado em Aaron e Sharon em situações dignas de filmes pornôs.

Consequência: Dessa vez ele realmente foi parar num lugar que não sabia onde era. Quando a sensação de náusea passou e ele pôde finalmente abrir os olhos, não reconheceu onde estava. Seus olhos foram aos poucos se adaptando à pouca luz do ambiente, enquanto seus ouvidos captavam uma conversa baixa vindo de algum lugar próximo. Luca então deu de ombros e seguiu a voz. Ele deve ter passado por uns quatro ou cinco corredores antes de parar em frente a uma cortina, e ele notou que de trás dela vinham as vozes. E, bom, ele notou também que uma das vozes era de Aaron.

Eram três vozes masculinas rindo de alguma bobagem, sendo que uma delas era de Aaron. Uma voz, mais grave e máscula, falava assim:

–...Então eu falei que demorei porque me perdi no caminho e ela acreditou! – e os outros riram.

–Caramba, cara, você tem a melhor namorada do mundo! – falou Aaron – Ela nem desconfiou?

–Você não pode reclamar de nada, Aaron – uma terceira voz, sarcástica, falou – Aquela sua namorada é uma tentação, e também nem desconfia das suas escapadas

As três vozes riram com aquele comentário, deixando Luca intrigado.

–Olha, eu acho que vocês tem mais é que imitar as nossas meninas aqui, estão bem caladinhas, só trabalhando.

Aaron disse aquilo, ao que os dois riram e logo em seguida Luca ouviu um som estranho, como um gemido abafado. Não aguentando mais de curiosidade, ele passou a espiar a cena por um pequeno espaço embaixo da cortina, e o que viu deixou seu estômago revirado.

Ele viu dois caras loiros, idênticos, conversando sentados num sofá de cor escarlate. Luca notou que um tinha a voz mais aveludada, enquanto o outro era o dono da voz grave, mas eram irmãos gêmeos. E essa seria uma situação normal, se ambos não estivessem absolutamente nus. No entanto, virando um pouco mais a cabeça, Luca viu Aaron, também nu, com uma garota nua cavalgando em seu colo, ao que uma segunda garota, morena, saiu de perto dele e foi “brincar” com os irmãos.

Então... Aaron traía Sharon.

Ele não sabia o que fazer, se continuava parado ali assistindo Aaron transar com a garota em seu colo ou se saía dali naquele exato instante. Ele estava em choque.

Bom, ele devia realmente ter escolhido logo a segunda opção, pois numa coincidência, os olhos verdes de um dos gêmeos encontraram Luca, ao que ele deu o alarme aos outros dois.

–Hey, pessoal, tem um fedelho nos assistindo ali embaixo – ele apontou para Luca, chamando a atenção de Aaron, que logo jogou a garota no sofá de qualquer jeito e ficou de pé, exibindo sua nudez sem pudor algum.

–Eu conheço esse intrometido! Ele quer a minha namorada! – Aaron falou, e foi nesse momento que Luca percebeu que precisava dar o fora dali – Hayden, Maccario, peguem-no!

Infelizmente, os loiros foram bem mais rápidos do que o nosso querido ruivo. Eles puxaram Luca para dentro do quarto, cada um segurando um braço dele, prendendo-o de frente para Aaron, que graças aos deuses havia vestido uma bermuda.

–Que bom que você veio até mim e eu não precisei te caçar por aí – o moreno riu – Você não sabe que é feio ficar espionando os outros?

–A Sharon não sabe disso, sabe? – Luca perguntou, ignorando o que o outro falava.

–Não, e nem vai saber.

–Tem certeza?

–Tenho certeza absoluta – Aaron sorriu – Porque eu vou te deixar tão quebrado que você não vai ter coragem de falar nada para ela, idiota.

E com aquele feliz comentário, o aperto nos braços de Luca aumentou, para que ele ficasse paradinho enquanto recebia os chutes e socos que viriam a seguir. Aaron começou socando continuamente o abdômen do ruivo, sentindo o maior prazer do mundo ao ver Luca se contorcer de dor. Após isso, foram desferidos socos e tapas seguidos em seu rosto, que logo estava todo manchado de icor. Aaron fez de Luca um boneco daqueles que lutadores usam para treinar, desferiu diversos chutes nas costelas do garoto, deixou o pescoço dele vermelho por causa de alguns segundos apertando ali, e por fim os gêmeos soltaram-no, deixando Luca cair no chão.

–Isso foi só um lembrete, Luca – Aaron falou, desferindo seu ultimo golpe: um chute bem no meio das pernas do ruivo – Espero não ter que me irritar com você novamente.

Então todos saíram dali, levando consigo as garotas e deixando Luca ali no chão, destruído.

*.*

Ali, deitado na cama de Afrodite sentindo todo o seu corpo doer e tendo a deusa do amor afagando seus cabelos, Luca se sentia exatamente como Aaron queria: quebrado e derrotado. Quase uma hora depois de ter levado uma surra, Luca ainda estava estirado no chão do quarto, exatamente como Aaron o havia deixado, até que Hermes passou por ali procurando o tal do Maccario e encontrou o ruivo ali no chão. Como Artemis estava na caçada e Apolo não estava em casa, Hermes deixou Luca com Afrodite, assim como este havia lhe pedido, e agora o garoto estava ali, ouvindo a deusa do amor suspirar.

–Eu sabia que isso não ia acabar bem desde o momento em que ele entrou por aquela porta e anunciou que estava apaixonado por Sharon.

–Apaixonado uma ova! – Luca resmungou – Ele só quer transar com ela, nada mais.

–Luca, cale-se. Você precisa descansar.

–Eu já estou um pouco melhor, obrigado. – Ele falou, e estava mesmo. Afrodite tinha cuidado muito bem dele, agora ele estava ali, de banho tomado,rosto limpo, porém ainda um pouco cansado, dolorido e com muitos hematomas no corpo.

–Que bom que está, agora pode aguentar o segundo round? – ambos ouviram a voz de Aaron rindo daquilo quando este entrou no quarto sem aviso algum.

–O que você quer, Aaron? – Afrodite vociferou, irritada com o garoto.

–Quero ajuda, ué. Preciso encontrar Sharon, e por alguma razão agora estou bem mais relaxado. Quem sabe agora dê certo.

–Não creio que você deixou Luca nesse estado e ainda tem essa cara de pau de vir aqui me pedir ajuda!

–Você prometeu me ajudar, certo?

–Errado, eu prometi ajudar os dois a encontrá-la, mas desse jeito – ela apontou para o ruivo – não dá.

Luca fechou os olhos, tentando ignorar a gritaria ali. Suas mãos foram até o bolso do jeans, onde ele encontrou aquele papel amassado que tinha a última tentativa dela de escrever para ele e o último resquício de esperança do garoto. Então, ao apertar dentro da mão aquele papel, Luca lembrou-se de algo que havia acontecido muitos anos atrás...

Os olhos de Luca percorriam aquele imenso campo procurando por Sharon. Eles haviam combinado de se encontrarem ali para conversar, como sempre, mas a melhor amiga dele custava a aparecer. Ele, entediado, sentou-se no meio daquelas plantinhas que lhe faziam cócegas e ficou a esperar por ela. Muito, mas muito tempo depois, Sharon apareceu, trazendo consigo um cheiro de canela que se espalhou pelo ar, fazendo Luca prestar atenção nela. Aquela provavelmente era a primeira vez em seus onze anos de existência que ele notou o quanto ela era bonita.

Sharon não vestia sua roupa de sempre, ela estava com um vestido vermelho de uma alça só, deixando que seus cabelos loiros cobrissem o ombro desnudo. Sim, o cabelo dela havia crescido, mas só então Luca reparava nisso também. Quando ela se aproximou dele, aquele cheiro de canela ficou mais forte, envolvendo-o.

–Você demorou – foi tudo o que ele conseguiu dizer.

–Mulheres costumam demorar – ela deu de ombros – Minha mãe sempre diz isso para meu pai quando eles se atrasam para sair.

–Mas você mal tem onze anos – ele riu – Já se considera mulher?

Sharon pareceu irritada com aquele comentário, fazendo Luca rir mais um pouco com a expressão que ela fazia.

–Sim, por quê? Algum problema com isso?

–Não, Sha, deixe para lá. Você não vai sentar? – ele indagou, só então percebendo que ela ainda estava ali, parada, na frente dele. Ela, por sua vez, olhou para o chão, em seguida para o vestido e finalmente para Luca.

–Não, vai sujar meu vestido.

–Deixe de besteira, Sharon – ele rolou os olhos – Por que você veio de vestido, afinal?

–Por que você pergunta isso? Não ficou legal? – ela perguntou, olhando para si mesma com um muxoxo. Luca não respondeu. Ele ainda era orgulhoso demais para afirmar em voz alta que tinha gostado – Diga, Luca, eu não estou bonita?

Não se sabe quem ficou mais vermelho com aquela pergunta. Sharon estava envergonhada por perguntar aquilo tão diretamente e ele novamente era barrado por seu orgulho. Apelou então para a indiferença:

–Não sei, tanto faz – ele deu de ombros – Por que isso importaria?

–Bom, importaria para um homem de verdade – ela reclamou, irritada com a resposta dele.

–Hey, eu sou um homem de verdade!

–Mas você mal tem onze anos, já se considera um homem? – ela sorriu maldosamente, usando contra ele o mesmo argumento e deixando Luca inquieto.

–Eu sou sim um homem de verdade, e posso provar! – Luca levantou-se, batendo pé.

–Não, não é, você até tem medo de garotas!

Agora Sharon se divertia argumentando com Luca. A reação dele era exatamente como ela esperava: irritação.

–Não tenho e posso provar!

–Como? Você já beijou alguma ou algo do tipo?

Então ele parou com a pergunta. Respondeu baixinho:

–Não, mas...

–E nem vai, porque tem medo.

–Não tenho! – Luca insistia, ficando cada vez mais vermelho – Eu poderia te beijar aqui e agora, Sharon!

–E por que não beija? Eu duvido que consiga – ela riu, cruzando os braços e empinando o nariz. Luca, por sua vez, estava surpreso com o desafio

–Eu... eu consigo, você vai ver!

–Estou esperando – ela ria.

Então ele segurou-a pelos ombros, irritado com a descrença dela e meio nervoso. Não, Sharon não acreditava que ele fosse mesmo fazer aquilo, então apenas ficou parada enquanto observava os olhos dele se fecharem e ele se aproximar dela. No momento em que as pontinhas de seus narizes se tocaram, ela enfim ficou nervosa. Agora ela não tinha mais tanta certeza assim de que ele não conseguiria.

Na fração de segundos antes que os lábios deles se tocassem, Sharon soltou-se das mãos dele e saiu correndo, fazendo Luca abrir os olhos de novo e correr atrás dela, chamando-a.

Os chamados dele, no entanto, eram ignorados por ela, que tratava de fugir dele. Estava envergonhada, muito. Infelizmente, ele era muito mais rápido que ela, então logo a alcançou, segurando-a pelo braço e fazendo com que ambos parassem de correr.

–Por que você fugiu? – ele indagou, ofegante.

–Porque.... porque....

Ele não esperou que ela respondesse. Utilizando o pouco de coragem que tinha, puxou a garota pelo braço, aproximando-se novamente dela, dessa vez pegando-a de surpresa e colando seus lábios em um rápido selinho.

–Tá vendo? Eu consegui – ele sorriu, vitorioso.

Sharon, muito vermelha, empurrou o ombro do garoto, que caiu sentado no chão, rindo da expressão envergonhada no rosto dela. E jamais ele esqueceria daquela expressão, jamais.

Visualizando aquela cena, Luca notou que novamente sentia aquele repuxo no estômago, mas não sentia que tivesse forças para se teletransportar. Entretanto, as vozes de Afrodite e Aaron sumiram de repente, a cama na qual estava deitado também sumiu, tudo ao seu redor sumiu. Ele estava, sim, se teletransportando.

Quando finalmente ele sentiu que tinha onde pisar, abriu os olhos. Na verdade, não foi como se mudasse muita coisa, pois o ambiente era muito escuro, tocava uma música muito, muito alta e somente luzes coloridas piscavam mostrando a multidão que dançava. Ele desviou das pessoas, caminhando até um lugar que parecia um bar, iluminado por neon, e sentou-se numa das cadeirinhas. Fez sinal para o barman, que logo se aproximou e perguntou:

–Boa noite, o que o senhor deseja?

–Er... você pode me dizer onde eu estou?

O barman deu uma risada divertida, e falou:

–Eita, garoto, você já bebeu demais, não acha? Tente se lembrar, você está no maior Night Club do Rio de Janeiro.

Night Club?

–Sim, garoto – ele sorriu - Seja bem vindo a Vanity!


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Notas finais do capítulo

Então, e aí? Olha,contem até dez, respirem fundo e não me matem pelo que o Aaron fez. Eu não tive culpa, juro u.u