Mistérios de Frost Ville escrita por Isa Holmes


Capítulo 10
Já nos acostumamos com suas loucuras.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Peri sorriu, logo me entregando o livro. Assim feito, ela subiu na sua bicicleta, que antes estava encostada na caixa de correio, e despediu-se, dizendo que tinha algo importante para fazer antes de o sol desaparecer no horizonte. Deixei que ela fosse, mas antes tirei o último sarro, perguntando se era algum encontro secreto. A garota com rosto de fada apenas me mostrou a língua e desapareceu na esquina. Quando tive certeza da sua deixa, encaixei o livro entre os braços e entrei novamente na casa. Subi as escadas discretamente, tentando não chamar a atenção de Stoick, no qual parece ter dado certo. E, assim que me encontrei no corredor, corri em disparada como um tornado enfurecido.

Assim que atravessei a soleira do quarto do Soluço, encontrei todos conversando animadamente sobre um assunto no qual não consegui escutar. Eu simplesmente dei de ombros, mas acho que essa não era a opção certa.

Logo notada a minha presença, todos me voltaram os olhos, enquanto, pelo que percebi, seguravam sorrisos de deboche . Não tinha dúvidas de que a graça fosse do assunto. E, de que pelo jeito que todos me encaravam, que o assunto fosse sobre mim.

— Você conseguiu mesmo o livro, não é Jack? — a garota ruiva cruzou as pernas na cama do menino viking, apoiando as mãos no tênis preto. O sorriso que cobria os lábios de Meri aumento, e então ela colocou uma mecha de cabelo ruivo atrás da orelha — O que acha de apostarmos algo também? Tenho dinheiro aqui.

— Como é? — gargalhei, entendendo o motivo do deboche — Vocês escutaram a nossa conversa? Como?

— Pois é. Essa é a vantagem de ter uma janela virada para a rua. Eu consigo escutar cada coisa. — Soluço disse, sorrindo — Ah e... Também acho que meu pai é capaz de quebrar alguém no meio. Com certeza.

Wilbur revirou os olhos, dando uma cotovelada na barriga do Soluço. O garoto de cabelos negros havia se acomodado no chão, ao lado do menino viking.

— Esquece seu pai, Soluço! Isso aí tá na cara que pode acontecer. — e então ele se levantou, aproximando-se de mim. Wil apoio sua mão direita no meu ombro e disse: — Ó Jack, por que não nos falou que seu aniversário está chegando?

— Porque isso não é tão importante.

— Como não Jack? — Rapunzel levantou em protesto, fazendo a cama ranger baixo — Todo aniversário é importante!

— Não agora — revidei, levantando o livro na altura do peito — Acho que há algo mais importante do que os meus breves 16 anos.

— Cê que pensa — Merida fungou.

Encarei a ruiva, pigarreando. Em seguida me aproximei da escrivaninha do Soluço e depositei o livro.

— Por que mesmo esse treco é tão importante? — Violeta aproximou-se, porém não apenas ela. Todos estavam em volta da escrivaninha de carvalho em fração de segundos.

— Por causa que nós achamos um pingente com esta mulher na foto — apontei para a capa decorada do livro —, junto de um homem. Um dos homens que sequestrou uma das garotas. Também tem o fato de isso ser meio estranho. Uma pura coincidência as duas imagens. — olhei em seus olhos azuis — Lembrou?

Vivi assentiu.

— Ótimo! — suspirei — Soluço, é esse o livro que você viu aquele dia?

O garoto olhou por sobre o meu ombro e confirmou a pergunta.

— Então vamos logo com isso! — Merida resmungou, pegando o livro de cima da mesa. Tentei protestar e pegar o livro de suas mãos, mas ela me empurrou em direção à mesa.

— Caramba Meri, será que dá para deixar de violência por pelo menos um minuto?! — rugi, endireitando-me.

— Você tem sorte de eu ter deixado o meu arco e flecha lá em baixo, junto com as nossas bolsas — revidou ela, sentando na cama — Agora veremos o que esse livro esconde de tão importante.

A garota ruiva apoio o objeto grosso sob as pernas e o abriu. Merida revirou as páginas várias e várias vezes, deixando a todos nós confusos. Seus olhos celestes reviravam de um lado para o outro a cada folha, até que eles pararam. Ela enrugou a testa e nos olhou por entre as sobrancelhas ruivas. Fechando o livro, disse:

— Isso é uma palhaçada! Não tem absolutamente nada escrito aqui!

Confuso, me aproximei dela e sentei ao seu lado.

— Como assim não tem nada aí? — perguntei.

— Veja você mesmo — a ruiva entregou-me o livro.

O abri e revirei as mesmas páginas. Nenhuma palavra, apenas várias folhas em um tom amarelado.

Irado, deixei o objeto de lado, pegando o meu celular.

Hei Peri. Achei que eu ñ iria te incomodar de novo, mas... Vc conferiu o livro antes de pegá-lo com o nosso prof?

— Jack, o que está fazendo? — Punzie se aproximou.

— Tirando conclusões.

Não. Por que o interesse, Jacky?

Por que parece que o Sr. D. te enganou. O livro é falso, ñ tem nada escrito. Ñ sei como ele talvez tenha feito isso, mas esse não é o livro original.

— Jack?

Levantando os olhos, encontrei todos me encarando. No mesmo minuto escutei um bipe, seguido de uma vibração. Isso me deixou mais decepcionado ainda. Não era uma notificação de mensagem de texto, era um aviso de que a minha bateria havia acabado.

— Maravilha! — resmunguei, jogando o celular também na cama — O livro é falso. Parece que nosso professor nos enganou.

— Ele trocou o livro? — Soluço perguntou — Por quê? Como?

— Não sei. Talvez tenha algo interessante naquele livro, algo de grande utilidade. Talvez nosso professor saiba de alguma coisa que esteja acontecendo. Ou talvez o livro seja de algum outro assunto aleatório, algo que eu tenho certa dúvida.

— Então acho que estamos indo pelo caminho certo — indagou Wilbur.

— Tá legal, isso quer dizer que o nosso professor pode ser um suspeito? — Punzie perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Talvez — respondi.

— E o que a gente vai fazer? Ir atrás do livro? Invadir a casa do Sr. Devalos? — Soluço perguntou, talvez querendo que aquilo soasse como tamanha ironia. Mas para mim não era.

Contorci os lábios em um sorriso malicioso. Soluço pareceu entender o que eu queria. Na verdade, todos pareceram entender o que eu tinha em mente.

— Não! Não, não, não! — ele protestou — É sério? — perguntou ele e eu assenti. Soluço então resmungou, cruzando os braços: — Da próxima vez eu calo a boca. Mas com suas ideias Jack, com certeza isso passaria por sua cabeça.

Apenas expandi o sorriso.

— Todo mundo gosta de surpresas, galera. Vai ser divertido. O que acham? Vamos?

Todos trocaram olhares, logo sorrindo.

— Já nos acostumamos com suas loucuras, Jack — Violeta respondeu — Apenas diga qual é o plano.

— Uma vez conversei com um grupo de garotos xeretas, que adoravam marcar cada detalhe da vida de alguns conhecidos. Uma das vítimas deles foi o nosso professor — comecei — Uma vez os garotos me levaram na casa dele, com a expectativa de fazer uma brincadeira, mas eu não participei. Lembro que um tempo depois eles pararam de espionar os outros por terem sidos pegos pela policia. Acho que duas vezes — dei uma pausa com a dúvida nos olhos de todos — O ponto principal do que estou tentando dizer é que sei onde o Sr. Devalos mora. É em um chalé na da floresta da cidade.

— Como exatamente iremos para lá? E como exatamente pegaremos o livro? — Rapunzel perguntou — Ele pode estar em casa, Jack.

— E é aí que você se engana loirinha — sorri — Ele pode parecer um homem de bom porte, com uma vida social organizada e sem nenhum problema, mas o que ninguém sabe é que ele bebe quase toda madrugada em um bar por aí. Os garotos que me contaram isso, antes de serem pegos. Nunca parei para pensar por que toda essa bebedeira... Mas, enfim. É neste momento que a casa está quase sempre disponível.

— Espera aí... de... madrugada? — perguntou Vivi.

Assenti.

— Suponho que pulem as janelas de seus quartos esta noite. Não seria muito inteligente usar a porta da frente diretamente. E... ah! Se forem descobertos por sair em plena uma hora da madrugada, espero que tenham uma boa desculpa aos seus pais.


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