Memórias Eternizadas escrita por Portgas D Giovanni


Capítulo 1
Lembranças para Serem Vividas




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O que é a vida? A vida é algo único que devemos viver intensamente? É uma passagem de transição para aprendizagem? É simplesmente algo que passa independente de como você a trate ou haja. Sinceramente não sei o que é e para que serve a vida. Só sei que ela termina algum dia e temos que ver o tempo passar até lá. Para quem tem uma boa vida, passar ela é algo incrível, mas isso não ocorre com todos. Será que suicídio é realmente algo tão errado? Afinal, pessoas passando fome, sofrendo e que não possuem expectativas devem manter-se nela para o que?

Bem, não sou eu quem vai dizer o que é certo ou errado e acho que já filosofei demais. O que interessa é o que se passou com a minha vida e o que estou preso agora. Chamo-me Arthur Pena. Não era um jovem com problemas graves como passar fome ou não ter família. Entretanto minha vida passava e eu vivia inerte de tudo pelo menos quando aquilo aconteceu...

Eu estava na faculdade de Administração. Um curso o qual havia escolhido como segunda opção. Aquele não era o meu sonho, viver uma vida burocrática dentro de um escritório. Mas até era interessante. Porém todos os dias pareciam que não valiam a pena. Eu não tinha amigos na universidade, apenas um rapaz que costumava conversar sobre os animes que eu via. Meus pais eram boas pessoas mas não eram meus amigos. Eu não tinha conversa nem proximidade com eles. Eu simplesmente chegava em casa e ia para o computador e depois dormia.

O que realmente me fazia mal eram as lembranças do passado. Lembranças de um tempo em que eu era muito feliz, mas fui idiota para deixar tudo aquilo desmoronar. A época em que eu estava com o amor da minha vida, Marina Vianna. Marina era uma garota incrível, tinha os gostos parecidos com os meus, agüentava todos os meus problemas emocionais e fazia ótimas massagens. Ficar abraçada com ela era a melhor sensação do mundo.

Infelizmente nossas personalidades eram muito fortes e teimosas. Além disso, os dois eram bem esquentados o que acabou causando muitas discussões e isso fez nosso amor enfraquecer a um ponto em que pelo menos para ela não havia mais volta. Eu pensei em recomeçar mas na cabeça dela não tinha como apagar os erros do passado. Eu havia perdido a garota que mais havia me feito feliz em toda a minha vida.

A partir desse momento, algo curioso aconteceu comigo. Uma voz me dizia:

- Na barca, o sofrimento terá fim.

Eu achei que estava ficando louco então simplesmente ignorei, até por que só ocorreu uma vez. Os dias continuaram passando. Um dia após o outro e eu via aquilo passar sem perspectiva, sem vontade de ver o amanhã.

Passou-se cerca de um mês desde o término quando aconteceu o que eu não esperava. Estava indo para a faculdade à noite. Para isso eu peguei um ônibus até as barcas. Era um dia chuvoso. Eu via as pessoas e os carros passarem e a cidade estava bem iluminada. Apesar disso tudo, aquele lugar parecia tão inerte e sem vida para mim. Não adiantava nada tanta pessoa no mundo se eu não podia voltar a estar com a pessoa que eu realmente queria nunca mais como antes.

A barca atrasou um pouco, pois era a de modelo antiga. Eu entrei nela sem saber o que vinha pela frente. Sentei próximo a janela e fiquei olhando as águas da baía se moverem. Não pensava em nada, estava completamente apagado de olhar fixo. Quando notei, a chuva estava muito forte. Não era comum chuvas daquele tipo na cidade que vivia. As ondas começaram a ficar muito fortes então fiquei preocupado. E só piorou quando ouvi falarem pelo alto falante:

- Caros passageiros, pedimos que por medidas de segurança pegassem as bóias e deixem elas em suas mãos.

Pensei que provavelmente era só por prevenção pois era muito raro casos de acidente nas barcas. Até que um homem aparece do meu lado com capa preta. Alto, cabelo escuro e grisalho, olhos pretos, bem magrinho e de pele branca.

- Boa noite, Arthur. – disse a mim, me fazendo ficar de olhos esbugalhados.

- Que... Quem é você? – disse gaguejando e com medo.

- Bem, eu sou... A morte. – nesse momento eu fiquei paralisado mas depois ri.

- Hahaha, a morte. Esta bem... Acredito... E eu sou o papai Noel.

- Arthur, essa barca vai afundar e ninguém vai sobreviver, essa chuva vai virar uma tempestade quando vocês estiverem no meio da baía e vocês não conseguiram nadar com o mar tão agitado. – disse sério e com a mesma expressão anterior que não havia mudado com a minha piada.

- Como você pode provar isso?

- Você nasceu a 18 anos atrás no dia 10 de Novembro e terminou com sua namorada a 1 mês. Queria Relações Internacionais, mas acabou em administração.

- Como você sabe disso tudo!?

- Por que eu sou a morte, essa é a prova!

Nessa hora eu entrei em pânico. Vi minha vida passar diante dos meus olhos em questão de segundos. Como em filmes ou animes. Não cheguei a chorar pois vivia por inércia. Só fiquei preocupado em como seria após o fim. Se haveria vida após a morte. Fiquei confuso demais.

- Mas morte, por que você esta se comunicando comigo?

- Por que você não está a procura da vida após a morte, mas também não quer que tudo acabe. Estou aqui para propor-lhe uma coisa.

-Isso é possível? Essa situação é tão bizarra, eu realmente não entendo – nessa hora estava tremendo.

- Eu sei que é difícil, mas eu não tenho escolha. Quando venho, devo levar todos para o outro mundo. Exceto você, eu posso mandá-lo para um lugar diferente.

- E onde seria isso?

- O mundo das lembranças. Um mundo onde você poderá reviver as suas lembranças mais queridas eternamente e você pode escolher quais delas irá reviver. O negativo disso tudo é que você não vai mais viver. Vai apenas repetir os mesmos momentos eternamente. Eu também posso mandá-lo para o mundo dos espíritos, é você quem decide.

Eu fiquei um tempo pensando no que faria mas no fim optei pelo que já esperava.

- Eu quero ir para o mundo dos sonhos.

- Você tem certeza disso?

- Tenho, eu não me importo de viver as minhas lembranças para sempre. Eternizá-las seria a coisa mais incrível de todas.

- Tudo bem então, o tempo esgotou-se. – Disse desaparecendo de uma hora para a outra.

Quando notei o barco estava virando. Eu estava pronto para aquilo. Caí na água e afundei. Quando estava prestes a perder a consciência me debati mas no final não salvei-me a tempo.

Quando notei estava aos braços de minha amada Marina na cama do meu quarto vendo um episódio de Toradora, nada poderia me deixar mais feliz que aquilo. Continuei vivendo cada momento daquelas lembranças sem me enjoar pelo resto da eternidade. Se fiz a escolha certa ou não, eu não sei. Mas me sentir mais vivo naquele mundo de lembranças do que na vida que estava vivendo antigamente


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