Acordei naquela manhã chuvosa com os beijos do meu pai em minha bochecha.

Acordei e eu encarei:

-Bom dia, abelhinha...-ele disse:

-Bom dia...-eu digo olhando o relógio. 

Levei um susto! Já eram dez pra às nove! Eu estava mega atrasada!

Levantei em um pulo, gritando:

-Pai!Olha a hora!Estou atrasada! ATRASADA!-grito e ele ri:

-Eu e sua mãe resolvemos te deixar em casa hoje....-ele diz e me sento na cama ao seu lado:

-Por que fariam isso?!-perguntei:

-Porque ela me contou o que tinha acontecido e enfim...Tivemos uma discussão até eu explicar a ela, que ela estava errada...-ele diz:-Deve estar com fome!

Depois que ele falou isso, senti minha barriga doer de fome:

-Estou faminta...-digo e ele sorri:-Mamãe já saiu?

-Já sim...Eu já vou! E...Hoje é reunião na escola da Suri e eu vou com ela, Léu vai ficar em uma creche hoje, porque Nanny está estudando, e sua mãe foi levar ele, e a Clara...Vai para casa de uma amiga no final da escola...-ele diz enquanto estávamos descendo para a cozinha.

-Quer dizer que ficarei em casa sozinha?!-pergunto sentindo uma felicidade grandiosa...

Sim, eu adorava ficar sozinha em casa! Aliás quem não gosta de vez em quando?!

-Sim...Na hora do jantar iremos chegar!-ele diz arrumando cereal e panquecas para mim:-Pegue a matéria, com algum colega e copie...E se ficar com fome, tem biscoitos, e um pouco do jantar de ontem se quiser!

-Pode deixar!-eu digo começado a comer:

-Coma devagar, Luna...Quer passar mal?!-ele pergunta e eu riu.

Ele me dá um beijo na testa e pega sua maleta, e vai embora:

-Tchau abelhinha...Até o jantar!-ele diz:

-Tchau pai!-eu digo.

Logo que acabo de comer, subo para o meu quarto, e dou comida a Marrie.

Abro a janela e coloco uma roupa...

Blusa listrada de manga comprida, porque hoje estava meio friozinho, uma saia jeans, e um all-star branco de cano alto.

Deixo meu cabelo com seus cachos soltos, e coloco meu colar de bailarina que ganhei de vovó Tina...

Esse era com certeza o objeto que eu mais amava no mundo. Era muito importante para mim esse colar.

Pois foi quando eu salvei a vida de Clara.

Isso mesmo que leram, caros leitores...Eu já salvei a vida da minha doce e malvada irmã.

"Eu estava em casa, fora a uns dois anos atrás...Clara estava brincando no jardim e eu estava vendo televisão.

Meu pai e minha mãe foram fazer mais uma ultrassom, para saber se era menino ou menina. Era o Léu...

Então fiquei em casa tomando conta da Clara. Eu dizia sempre para Clara não ficar muito no jardim. Como a mamãe estava grávida não podia fazer exercícios muito pesados e como consequência o jardim estava uma verdadeira floresta...

Então do nada eu ouvi um grito estridente de Clara e saí correndo porta a fora, e a encontrei caída no chão, chorando e tremendo, e ao seu lado uma cobra cascavel

Entrei em pânico ao ver a cena, peguei um pedaço de pau e fui para cima da cobra tentado proteger Clara de outra picada, porque a filha da mãe da cobra continuava se aproximando de Clara.

Eu não sei como, mas matei a cobra a punhalada,  depois peguei Clara no colo e a levei para dentro de casa.

Liguei para a emergência, e deles disseram que logo estariam aqui em casa.

Não dava tempo mais, a ambulância iria demorar muito, até ela chegar Clara morreria.

Então peguei uma faca e cortei o braço dela, onde a cobra havia picado, saiu sangue que foi uma beleza. Fiquei enojada no início, mas logo vi que não teria jeito...

Eu comecei a sugar o veneno que estava no braço dela indo direto para todo o corpo.

Eu ia rápido tentando tirar ao máximo o veneno...

Logo a ambulância chegou e os médicos disseram que não havia quase nada de veneno. E eu expliquei o havia acontecido...

Só sei que depois disso, eu vomitei até as tripas e quase todos o órgão também...."

Pois é....As vezes eu me pegava pensando nisso, tinha horas, eu salvei Clara de morrer...Ela não estaria aqui hoje me deixando com raiva se eu não tivesse feito aquilo. Não me arrependo, apesar de tudo somos irmãs...Brigar fazia parte.

Mas se alguém fizesse isso comigo, me salvar daquele modo, eu iria agradecer todos os dias...Não estou dizendo que ela deveria fazer isso, ou a mamãe, mas...De vez em quando lembrar disso não seria ruim.

Eu esperei dar a hora, e quando vi que todos os alunos da minha sala já haviam saído da escola, resolvi ir na casa de Emyli pedir seus cadernos emprestados.

Se eu não fosse tão lerda, e avoada, eu iria ter percebido de que meu assassino havia me olhado naquele momento sair de casa e levando a chave comigo, e ir me acompanhando até a casa de Emyli...E depois desaparecer com ideias sombrias em sua mente. pertubada....